CAPÍTULO 19

D'ANGELO

Em meio a madrugada, eu acordei e me deparei com o notebook aberto e ligado numa página de filmes e séries. Tive que assistir algo depois de comer hambúrguer com batata frita e refrigerante. Fiz aquilo para esperar por Megan.

James estava sempre por perto e um outro guarda costas estava do outro lado da porta. James estava sentado na poltrona perto de um abajur aceso e parecia estar dormindo.

Fechei o notebook e decidi caminhar pelo aparthotel, mas quando pisei no piso negro e frio, James se levantou meio assustado.

Ficamos nos olhando por um momento e assim ele começou a caminhar, já com a mão no revólver em sua cintura. Foi à janela, tocou as cortinas, foi em outros cômodos e quando voltou, assentiu, parecendo aliviado.

— O que foi, James? — perguntei e me levantei por fim, e acabei sentindo sede.

— Só estava dando uma olhada, senhora.

— Você pensou que tinha alguém aqui dentro além de nós dois?

— Devo protegê-la. Devo mantê-la segura. — disse com um olhar sério.

— Mas eu acordei e você estava dormindo!

— Eu não estava dormindo… apenas de olhos fechados.

E nos olhamos mais uns segundos…

— Ok… já que está tudo bem… posso ir tomar água?

— A vontade, senhora.

Caminhei para a geladeira, levando comigo o olhar atento de James. Viver sob pressão igual a ele, devia ser horrível. James com certeza estava cansado, ele não descansou e estava me protegendo desde que chegamos na Espanha, enquanto que Megan saira para punir, torturar e matar Posner. Ela seria cruel, sim e eu só gastaria o meu tempo bebendo a minha água.

Assim que peguei uma garrafinha de água e bebi um pouco, o meu estômago reclamou de fome, o que comi me saciaram por um momento, mas agora eu estava com fome.

Abri a geladeira novamente e me deparei com refrigerantes e uma caixa de pizza. Ali naquela cozinha tinha um microondas e eu não estava afim de comer pizza gelada, mas também, não estava com vontade nenhuma de preparar aquele lanche da madrugada.

Pensei em James…

— James? — gritei por ele e o mesmo chegou rapidamente, parecendo assustado.

— Tudo bem, senhora? Aconteceu algo? — perguntou girando na cozinha, olhando atrás até da geladeira…

— Não, James.

— O que aconteceu? — perguntou ele e levou a mão para pegar o revólver na cintura, mas eu segurei sua mão e nos olhamos.

James se fixou nos meus olhos e soltou o revólver, mas em segundos segurou a minha mão. Ele começou a se aproximar e aquilo que ele fez me intrigou, até que soltei a sua mão e me afastei, vendo já sua cabeça baixa.

Tratei de esquecer o que ele talvez tentaria fazer…

— O que aconteceu, senhora?

— Bem, James… — disse — estou com fome.

— É apenas isso?

— Sim… então já que está aqui para me proteger, proteja o meu estômago da fome. — disse cruzando os braços e ele não conseguiu esconder um sorriso que surgiu em seu rosto — Vamos, James! — ordenei.

Ele continuou com aquele sorriso e foi para a geladeira…

Me encostei no balcão que tinha ali para observar o trabalho dele com a pizza, o pratinho de vidro e o microondas.

James ficou de costas durante todo o momento e eu fiquei olhando, ignorando a fome no estômago.

Cortei o silêncio entre nós quando perguntei…

— Você tem namorada, James?

Ele me ignorou…

— Você tem namorado?

Meneou a cabeça, desprezando eu ali…

— Você sabia que se eu contar para Megan o que rolou aqui na cozinha, ela é capaz de te matar?! — brinquei…

James se virou assustado…

— Por favor, senhora, não conte… peço que me desculpe… eu…

— Contar o que? — perguntou Megan, chegando de repente na cozinha.

Seu silêncio deixou que ela ouvisse eu e James… James ficou vermelho de medo e sem reação…

— Contar que ele preparou um lanche para mim. — improvisei e vi James aliviado internamente.

Eu realmente não entendi o que ele pretendia fazer quando tentou se aproximar…

— Foi isso que aconteceu, James? — Megan perguntou e se aproximou de mim, pegando na minha cintura. Ela parecia desconfiada e com razão.

— Sim, Armstrong.

— Devo acreditar, Stella? — perguntou, apertando a minha cintura e aquele aperto me fez sentir dor.

— Se foi eu quem disse… você deve acreditar!

Ela nos olhou…

— Saia, James! — ela ordenou e o mesmo saiu, deixando o pratinho com a pizza no balcão.

Quando ouvimos a porta se fechando, Megan me empurrou na parede e prendeu meus pulsos dos dois lados da minha cintura, me causando uma outra dor e eu acabei gemendo.

— Por que você está acordada a essa hora?

— Fome. — disse simplesmente.

— Não dava para esperar até o dia amanhecer?

— Pra fome não tem hora.

Megan trincou o maxilar…

— O que que aconteceu aqui? O James não deveria estar de conversinha com você! — disse num tom ciumento.

— Já disse que ele estava preparando um lanche para mim.

Megan apertou os meus pulsos e eu mordi os lábios para ela não me ouvir gemendo novamente, mas o que fiz, acabou provocando ela.

— Morde os seus lábios, Stella… morde!

— Não!

Megan apertou os meus pulsos novamente, porém com mais força e eu me mordi e aquela mordida foi intencional.

— Isso… eu gosto assim. — soprou na minha boca e eu fechei os olhos.

— Você está me machucando, Megan.

Megan parou de me apertar e caiu com os seus lábios nos meus, me prendendo completamente na parede com o seu corpo. Senti o seu calor e aquilo me esquentou.

Fiz ela soltar os meus pulsos e ela os soltou e as suas mãos foram parar no meu maxilar para não me deixar escapar do seu beijo, o beijo que eu correspondi com o mesmo fervor.

Ela parou e ofegou, como eu também…

— Senti saudades da sua boca, Stella…

Voltou a me beijar e as suas mãos desceram para as alças finas da minha camisola preta de dormir, onde começou a descê-las lentamente, sem desgrudar da minha boca.

— Diga que sentiu saudades de mim, Stella. — falou contra a minha boca e eu só pude abrir e fechar os olhos para ver a ganância de sua boca.

Lembrei da pizza e também da fome e como se tivesse sido num passe de mágica, eu não estava mais com fome. O poder que Megan tinha agora nos meus sentidos me deixou intrigada.

— Por favor… ahmm… diga que me deseja como eu desejo você. — pediu-me já com a boca no meu pescoço, descendo para um dos meus seios, os quais estavam expostos agora.

— Megan… — arfei e os seus beijos e lambidas no meu seio me deixaram fraca.

— Sim, Stella?

— Podemos conversar?

— Quando terminarmos aqui… deixo você contar qualquer história que você quiser. — e chupou meu mamilo, deixando que eu ouvisse um estalo prazeroso.

Fechei os olhos com a sensação, ela estava começando a me convencer a ceder, a querer me entregar a ela, mas…

— Você matou o Posner?

Megan parou. Seus olhos azuis se ergueram e o seu desejo que antes via-se em seu rosto, tornou-se em frustração.

— Você o matou?

Megan ergueu as alças da minha camisola e se afastou. Suas mãos foram parar em sua cintura e ela começou a andar de um lado para o outro… Eu continuei encostada na parede. Ela parou, dizendo…

— Sim… eu o matei e foi uma morte merecedora de aplausos.

Engoli em seco com a forma fria e maligna, com o qual disse tais palavras. Internamente tentei e consegui aceitar aquele fato.

— Stella…

— Ok. — falei simplesmente, não demonstrando o meu sentimento.

— É sobre isso que queria conversar?

— Sim… — e ela trincou o maxilar — mas… também perguntar o porquê você demorou tanto. Eu… — dizia e me aproximava dela — eu te esperei até que o sono me dominou por completo.

Parei a centímetros do corpo dela e coloquei minhas mãos nos bolsos do seu terno, o que ela acabou estranhando.

— Assisti a um filme, mas eu queria assistir com você.

— Stella?

— Como a minha esposa… — e ela arregalou os olhos, o que eu ignorei — você deve assistir filmes comigo e fazer coisas legais comigo.

Megan pareceu não ter ouvido nada do que eu disse e abaixou a cabeça para me beijar, no entanto, desviei o meu rosto e recebi um beijo na bochecha.

— Você agora deve deitar e descansar…

— Estava querendo apenas fazer uma coisa legal com a minha esposa.

Eu a ignorei…

— Megan…

— Eu ainda não estou totalmente cansada… deixo você quitar o resto que me falta de energia.

— Megan… você e eu precisamos dormir.

— Achei que você precisava comer — disse e ambas olhamos para o pratinho com a pizza no balcão, tal que já deveria estar fria.

— A fome passou porque você chegou.

— A sua fome passou e eu fico feliz por você, mas agora… faça esse meu desejo por você passar… eu te ajudei, agora é a sua vez de me ajudar!

— Como quer que eu te ajude?

— Você sabe como! — ela pareceu embriagada quando disse tais palavras.

— Megan… ahora tengo sueño.

“ Megan… agora estou com sono. ”

— Pero yo no!

“ Mas eu não! ”

— Sabe… — bocejei — essa conversa me cansou, até amanhã, esposa. — fui para a cama e Megan deixou, mas ela me acompanhou segurando a minha mão.

Fiz ela sentar na cama e me sentei ao lado dela, porém logo decidi fazer algo para deixá-la mais feliz e descansada. Ajoelhei na cama e fui tirando o terno dela lentamente, o qual joguei no chão. Por trás dela, desabotoei os primeiros botões de sua blusa e nisso, ela ergueu os cabelos e os enrolou em um coque, deixando o seu pescoço visível e eu o beijei levemente, vendo o seu arrepiar e sentindo o quão bom era o seu perfume, era aquele perfume apaixonante.

Ainda ajoelhada, eu comecei a massagear os ombros dela, mesmo não sendo uma massagista ou sabendo manusear as mãos ali. No meu terceiro movimento no seu ombro esquerdo, ela gemeu. Toquei novamente e ouvi o seu gemido rouco.

— Stella… depois do tiro, este meu ombro ficou sensível.

— Me desculpe?...

— Não se desculpe… você não sabia.

— Então… — beijei o seu ombro esquerdo por sobre o tecido da blusa — eu posso parar.

— Não, não pare… eu quero sentir o seu toque — disse ela e virou o rosto, onde nossos olhos se encontraram…

A seguir daquele olhar profundo, eu tomei a liberdade e a beijei lentamente, deixando que ela sentisse os meus lábios por algum momento, foi um beijo único e encantador…

— Desta vez… vou devagar. — disse em seu ouvido. Eu faria aquela massagem, lhe deixaria relaxada.

— Certo.

Toquei novamente os seus ombros em massagens lentas e sincronizadas, poupando um pouco da força das minhas mãos e assim seguiu até que percebi que o corpo dela estava caindo sobre o meu. A segurei com um pouco de dificuldade e fui me saindo, deixando o seu corpo caindo no colchão. Megan dormiu somente com o meu toque carinhoso e incansável. Certamente o que ela fez com Posner a deixou exausta.

Levantei da cama para tirar os sapatos dela, deixando-lhe com suas meias pretas, mexi nos seus bolsos para tirar algo na intenção de deixá-la mais confortável e acabei encontrando uma chave. Era a chave da porta daquele aparthotel porque possuía o mesmo símbolo triangular estampado.

Pensei em fugir e sem esperar, eu corri para a porta e encaixei a chave no trinco. Quando girei a chave lentamente, eu me virei para a cama e acabei percebendo algo.

Meu coração apertou porque Megan estava ali deitada, frágil, dormindo e confiando cegamente em mim.

Eu girei a chave na porta e abri lentamente para que nenhum ruído fosse ouvido e me deparei com um segurança do lado de fora atento em seu celular, estava de pé ao lado da porta como uma rocha. Desisti de fugir, mas não foi por ele, foi porque eu não consegui ultrapassar aquela porta, eu não tive força para dar o passo.

Voltei a fechar a porta e olhei para a mulher na cama. Me aproximei e enquanto caminhava, eu comecei a reconhecer que eu e o meu coração não podíamos fugir. Por isso que o meu coração reagiu de tal forma. Como uma angústia, eu senti o meu interior se acalmar e sorrir, sorrir para Megan Armstrong.

Cheguei na cama e me deitei ao lado dela depois de colocar as suas pernas em cima do colchão. Cobri eu e ela e me aconcheguei em seu corpo.

Decidi dormir abraçada a ela para descobrir se realmente era o certo que o meu coração estava tentando enviar para a minha mente, eu precisava confirmar se eu estava com algum sentimento por ela.

Mais alguns minutos se passaram deitada ao lado dela e eu ouvi ela falando em meio ao sono, palavras que tiraram um sorriso bobo dos meus lábios.

— Eu te amo, Stella D'Angelo.

Ela falou que me amava…

Me aconcheguei mais, ficando com a cabeça embaixo do seu queixo, sentindo a sua respiração calma na minha testa.

A mulher confessou que me amava. Ela confessou. Aquela que era cruel devido a acontecimentos no seu passado, acontecimentos que antes eu nunca imaginei.

Megan Armstrong me amava, ela me amava.

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Comments

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

Stella vc já ama Megan... seu coração não consegue mais deixar ela🥰🥰🥰

2024-03-24

2

San

San

A Stella aos poucos está se rendendo aos desejos de Megan

2023-09-08

5

Ana Faneco

Ana Faneco

amando autora manda maisss

2023-09-08

1

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