CAPÍTULO 8

— Senhorita Armstrong... hoje poderá escolher dentre os seguranças, um guarda costas para você — Mercier dizia de pé ao meu lado, enquanto eu lia um livro da biblioteca, sentada à borda da piscina numa cadeira de descanso.

Tive que buscar a ficção dos livros para me afastar um pouco da minha realidade. Eu estava fugindo insistentemente de algo que lutava de todas as formas para se infiltrar no meu coração.

Aquele beijo feroz, eu não o esqueci, nem mesmo com o nascer e o pôr do sol eu fui capaz de esquecer. Megan Armstrong estava me deixando pensativa, a ponto de vê-la sempre em meus sonhos.

Aceitei o fato de que ela me desejava, mas também que ela procuraria consolo na primeira mulher que encontrasse.

Eu não tinha o direito de me sentir incomodada, mas somente pelo fato de sermos supostamente casadas no papel, eu não me sentia confortável. Todos da mansão sabiam do nosso possível relacionamento e talvez do que ela fazia às escondidas ou nas calçadas das noites com a sua empregada. Eu não podia negar que Lola era uma mulher bonita e que ela era interessada em Megan.

Fiquei três dias sem ver Megan Armstrong e muito menos Mercier.

— Armstrong escolheu três, então decida qual você quer como o seu guarda costas.

Fechei o livro e vi o movimento da água na piscina, era calma. Como eu desejava voltar a ter a calma da minha antiga vida, eu jamais iria me acostumar com revólveres a centímetros de distância. Era loucura demais para a minha cabeça.

— Por que eu iria querer um guarda costas, se eu não saio dessa mansão?

— É para você se sentir sempre segura, senhorita.

— Não, obrigada... isso não tem sentido.

— Bem... em alguns dias, Armstrong irá te apresentar para todos como esposa e o seu guarda costas lhe acompanhará, como eu à Armstrong.

Me apresentar?

Ela deveria estar ali me dizendo aquelas coisas ao invés de Mercier. Agora ela iria me apresentar como se estivéssemos nos dando bem naquele casamento.

— Não sabia que você era o guarda costas dela, Mercier.

— Sou muito antes dela ter nascido.

— Umm... também não sabia que você era tão velho — sorri da brincadeira e sua face séria me olhava com desapontamento — Ah... qual é, Mercier, te magoou?

— Não, senhorita, eu aceito que sou velho, mas como vês, me cuido muito bem... e mais... Armstrong só tem 25 anos. Aos 23, eu comecei a trabalhar para a família.

— Vinte cinco? — uns anos mais velha... fazia sentido Megan Armstrong ser tão feroz e ardente. E eu que nunca tinha parado para refletir quantos anos a deusa tinha?! Haha.

— Exato, mas volta a falar sobre os seguranças escolhidos... — ele assobiou e James, Jones e um outro homem veio em nossa direção.

Pararam em posição de soldado a centímetros de nós e eu os olhei. Já que era para escolher, James seria a escolha — senhorita, escolha.

— Ummm... pode ser James.

James sorriu para mim animado, porém escondeu rapidamente o seu sorriso e eu acabei mudando de ideia.

— Na verdade... — olhei para Mercier — a minha mulher quem deve escolher! Onde ela está?

Todos me olharam surpresos com a minha afirmação repentina, enquanto que eu, acabei me sentindo poderosa por me referir a Megan como a minha mulher, posso afirmar que gostei.

— Me respondam! — ordenei, me contendo de todas as formas para não rir da minha pose rígida e da cara de espanto deles. Ilário.

— Armstrong está no escritório resolvendo assuntos de sua empresa e...

— E onde ela esteve durante todos estes dias, Mercier?

— Em viagens às filiais, negociando a exportação e a venda dos carros esportivos.

— Ela está bem? — me preocupei repentinamente.

— Só um pouco cansada, mas sim... ela está muito bem.

— Quero vê-la, leve-me até ela. — pedi me levantando e Mercier tomou a minha frente — O que foi?

— Ela não deseja ser interrompida!

— Então diga a ela que eu... — tomei coragem e engrossei a minha voz — que vou vê-la de qualquer maneira. James, me acompanhe!

— Sim, senhorita. — disse James, escondendo seu rosto do olhar fechado de Mercier.

Mercier não me impediu mais, então segui James.

Nós entramos na mansão e James seguiu calado. Eu apenas observei o caminho por onde passamos, gravando detalhadamente. Subimos uma escada de degraus negros e cintilantes e me apoiei no corrimão durante toda a subida.

Me atrevi a perguntar algo à James, assim que paramos na frente de uma porta de madeira negra que tinha a capacidade de abrir para ambos os lados, como a do quarto. James tornou-se um repelido.

— Há quanto tempo você trabalha para Megan?

— Há dez anos — sussurrou — agora vou indo, senhorita, com licença.

— Espere, eu... — tentei impedi-lo, mas ele desceu a escada apressadamente. Ele tinha tanto medo assim da poderosa chefe?

Respirei fundo, esperançosa para vê-la e quando abri a porta, me deparei com ela contando várias notas e juntando em montinhos.

Seus olhos se ergueram com desapontamento por ter sido interrompida em sua contagem e assentiu. Entrei fechando a porta e acabei desviando o olhar dela.

— O que faz aqui, Stella? — perguntou se levantando com as mãos espalmadas na mesa repleta de dinheiro.

Pude ver o estilo black-pink de sua vestimenta social. Sua blusa estava com os dois botões de cima aberto e eu pude ver um colar de prata em seu pescoço, o que acabou deixando ela mais atraente. Seus cabelos estavam amarrados e fios desciam em sua testa.

Eu paralisei e não consegui responder.

— Como encontrou o meu escritório, Stella?

— Ah... — acordei para a realidade e pude percorrer com meus olhos rapidamente todo o estilo amadeirado as paredes negras e vi um quadro enorme atrás dela — eu, eu — esconderia o fato de que James, o medroso, me ajudou a chegar naquele lugar frio, silencioso e um tanto turvo — eu estava percorrendo a mansão e fiquei curiosa para saber o que tinha atrás dessa porta.

— Umm... — ela se movimentou até mim e somente o seu vento, juntamente com o seu perfume me fizeram tremer — tenho a impressão de que isso seja mentira.

— Quero evitar que você devolve o meu guarda costas.

Megan sorriu e se afastou para trás, sem se virar e se encostou na mesa, ficando meio sentada.

— Homens fiéis a guarda da mansão não são degolados quando cometem um erro.

— Creio que pelo seu tom de voz maligno, isso seja mentira.

— Mentira é você sair dizendo pela mansão que eu sou a sua mulher — sorriu, porém sem expressão e eu não me importei. Mercier com certeza abriu a boca — você só terá voz dentro dessa mansão, quando você cumprir com o seu papel de esposa, seguindo todos os deveres de uma esposa.

— Bem... — eu precisava falar, me sentia mal pelo que fiz com ela.

— Agora saia do meu escritório — me interrompeu rudemente.

— Não! — me impus e seus olhos se fecharam um pouco, como num olhar analisador.

— Stella... não levante a voz para mim.

— Devo manter a voz firme enquanto você ficar me interrompendo.

— Então diga o que quer e quando terminar... vá lê aquele livro idiota.

Não era raro ela saber de tudo o que eu fazia naquela mansão.

— Bem... — me aproximei sem desviar os olhos dela, eu precisava senti-la de novo para ter certeza do que o meu corpo ou do que o meu coração estava sentindo.

Aqueles sonhos, aquela lembrança e até mesmo o toque dela.

— Quero que me deixe fazer uma coisa.

— Fazer o que?

Parei em sua frente e hesitei um pouco, enquanto ela me olhava sem entender.

— Eu quero te beijar, Megan.

— Haha — sorriu com ironia — que engraçada você, pena que não chega ao patamar dos palha...

Abocanhei sua boca antes dela terminar de falar e comecei a beijá-la, mesmo com os seus lábios parados.

Parei e tentei me afastar, já tinha a prova que eu queria para sanar a dúvida no meu coração, no entanto, Megan me agarrou pela antebraços e me olhou com seu olhar feroz.

— Jamais volte a fazer isso!

— Está bem. — engoli em seco e aceitei, mesmo querendo repetir.

— O que você pretende com isso?

— Eu, eu...

— Não gosto que brinquem comigo, Stella! — começou a apertar os meus antebraços — Você acha que pode chegar aqui e fazer o que bem entender?

— Megan... — ela me causou medo.

— Não! Você não pode.

— Não me machuque! — esbravejei e me soltei de sua força.

Eu já tinha a minha resposta.

— Eu não machuco mulheres que eu desejo.

— Então por que me trocou por Lola naquela noite? — gritei aquelas palavras. Ela me machucou.

— Você sabe o porquê, mas não mandei você ir atrás de mim.

— Você me machucou e me fez chorar... você não devia ter me deixado, você devia ter... ter...

— Devia transar com alguém que nunca me desejou?

— Não... você devia ter me escutado! Nós teríamos resolvido.

— Resolvido o quê? Que você jamais iria me querer?!

— Não!

— Então o que? Queria que eu ficasse ao seu lado implorando?

— Não... somente queria deixar claro que naquele momento que eu... eu realmente desejei você.

— Não, você não me desejou! Você estava fazendo aquilo para salvar a vida de um desconhecido.

— Não, Megan... eu desejei você.

— Eu não acredito em você, Stella.

— Eu sonhei com você! — confessei e ela arregalou os olhos, atônita. — eu sonhei com você... com o seu beijo.

Ela meneou a cabeça e tentou se afastar, porém a cerquei com os meus braços, como num impulso desesperado e nossos corpos se tocaram.

— Me escute somente desta vez, Megan. — pedi em um sussurro.

— Não gosto que mintam para mim... eu odeio mentiras!

— Ninguém gosta de mentiras, Megan... eu quero apenas que você me escute.

— Diga?! — e ela abaixou a cabeça.

— Eu sonhei com você depois daquele beijo... e eu te beijei hoje para ter certeza de uma coisa.

— Que coisa? — sussurrou.

— De que eu não vou conseguir fugir do sentimento que tentei manter longe do meu coração. Você é uma mulher cruel, prepotente e fria, mas você também fez algo por mim que ninguém fez.

Ela me olhou e firmou o olhar em mim.

— Você me tirou das mãos daqueles que não me amavam mesmo sendo de uma forma suja, mas não me maltratou.

— Eu sei que sou cruel e reconheço...

— Você é verdadeira, Megan... e eu decidi que vou aceitar ser a sua esposa.

Houve um silêncio entre nós, mesmo com os nossos corpos se tocando a todo momento.

— Você não pode brincar comigo!

— Não quero brincar com você e muito menos brigar... eu realmente quero ser a sua esposa e a sua mulher — disse tocando o seu queixo, vendo os seus lábios bem próximos.

— Mas para isso você tem que me desejar. — tirou a minha mão.

— Eu quero você, Megan... eu quero agora. — confessei.

— Stella, Stella... — falou meu nome de uma forma tão profunda, que me fez desejar ela, senti um calor na nuca e suspirei — Stella, por favor?!

— Sim, Megan?

— O que você acha que eu sou? — esbravejou, com um ódio repentino no olhar e me empurrou — eu sei que você não me quer!

— Você ainda não acredita em mim? — tentei me aproximar, mas ela se virou de costas, me ignorando completamente.

— Não acredito! — ela afirmou.

De repente bateram na porta e ela se virou, mas eu corri e abri, já encontrando a querida Lola. Então era por isso que ela não queria ser interrompida?

Lola abaixou a cabeça e se virou para sair, mas...

— Entre Lola... — Megan falou atrás de mim — eu estou mesmo precisando conversar com você.

— Não, Lola! Vá e não volte. — disse gentilmente e a mesma hesitou em ir porque olhava para mim e para Megan decidindo qual ordem seguir...

— Devo ficar, Armstrong?

— Sim!

— Não! Neste momento estou ocupada com a minha mulher! — disse e bati a porta, me trancando com Megan ali naquele escritório.

Antes de me virar para encarar a minha suposta esposa, eu fui empurrada na porta e o meu pescoço dói agressivamente agarrado, me deixando sem fôlego por um momento, até que senti suas mãos puxando o zíper do meu vestido e o mesmo sendo rasgado ferozmente.

Sua boca mordeu a minha orelha seguido por...

— Agora sim você será minha.

E depois o meu ombro foi mordido, me fazendo sentir uma dor suportável.

— Como você expulsou a Lola, farei com você, o que eu faria com ela.

— Então é por isso que você não queria ser interrompida, sua cretina?!

Ela não respondeu.

— E não! Você não fará nada comigo! — disse, me debatendo e tive os braços segurados fortemente.

— Está vendo... você mentiu o tempo todo, você não me deseja.

— Desejo, mas não assim.

— Mas é assim que eu sou! Eu gosto de dominar.

Megan me virou e vi seus olhos cheios de ferocidade e desejo. Suas mãos me soltaram e uma deslizou do meu ombro até um dos meus seios, o que foi apertado, me dando uma sensação de entrega repentina.

— Ainda quer mentir e blá blá blá?

— Eu não menti... eu não mentiria sobre um sonho que foi capaz de se repetir três noites seguidas! — confessei e a empurrei, mas ela continuou ali como uma rocha na minha frente.

— Já que afirma que não é uma mentira tudo o que falou, me diga como me deseja?

Assenti simplesmente depôs de tomar fôlego e toquei os seus braços, seguindo e guiando o seu corpo para a mesa, onde a encostei. Sua boca estava ali a centímetros de mim, mas o que mais me chamou a minha atenção foi a blusa social rosa.

Comecei um beijo lento com ela seguindo no meu ritmo e assim minhas mãos foram desabotoando os botões da blusa. Sorri quando vi seus seios escondidos no sutiã sem bojo preto. Beijei seu queixo e desci o pescoço, e voltei a beijar aquela boca de movimentos incríveis.

Deixei Megan envolvida em meus lábios e de repente, consegui me vestir com a blusa dela ligeiramente, já deixando nossos lábios longe um do outro.

Me afastei e a sua fúria a tomou. Ela me agarrou, devido eu tê-la enganado e me debati, com ela me xingando.

— Sua desgraçada!

...

— Você vai pagar por isso!

Eu a queria, mas saber que ela iria me trocar por Lola mais uma vez, me levou a provocá-la, uma provocação bem mais que merecida.

— Com certeza vou pagar por isso, mas por enquanto... não deixarei você me tocar! — consegui me soltar.

Comecei a abotoar os botões, enquanto a encarava com um sorriso travesso, que a deixou mais furiosa.

— Se não me quer... vou procurar quem me deseja!

— Não! — esbravejei e cobri sua boca com a minha mão, a deixando puta da vida. — se o fizer, você não terá mais chances comigo.

— Não me ameace! — disse ela e veio pra cima de mim e eu a empurrei de volta na mesa.

Terminei de abotoar a blusa e...

— Agora vou voltar a ler o meu livro idiota e você... termine com esse seu dinheiro — disse, sabendo usar a ousadia e a ironia — nos vemos, esposa.

Sai e assim que fechei a porta, eu escutei um soco dado contra a mesa, ela descontou no pobre móvel toda a sua fúria.

Voltei para a piscina e por onde passei, os seguranças me olhavam e não piscavam. Minhas pernas estavam despidas porque a blusa social de Megan cobria somente até a metade das minhas coxas.

Com aquela imagem, deixei bem claro que algo comprometedor poderia ter acontecido entre eu e Megan. Mesmo eu desejando ela, não cederia se ela permanecesse sendo bruta e violenta.

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Comments

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

tá certa Stella... não é prq ela te comprou que tudo tem que ser do jeito dela🤭🤭🤭🤭

2024-03-24

1

Elizabete Silva Alves

Elizabete Silva Alves

Tá esquentando.

2023-10-23

4

Rosimary Da silva

Rosimary Da silva

Muito bom

2023-10-13

2

Ver todos

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