CAPÍTULO 13

— Não se preocupe com o que pode acontecer aqui hoje a noite.

O sussurro de Megan na minha orelha fez eu me lembrar do que ela aprontou dentro do carro. Quando estivéssemos novamente na mansão, eu falaria seriamente com ela. Ela passou dos limites de novo sem se importar com o que poderia acontecer no futuro.

Foi realmente bom, senti tesão e sensações, mas ela não soube se controlar.

Olhei profundamente nos olhos de Megan, ignorando a beleza do terraço em que estávamos. O terraço estava sendo iluminado por velas e algumas luzes acima. A mesa na qual estávamos sentadas era enorme, com comida, bebida, cigarros e charutos, colocados de acordo com cada assento.

Ali no terraço até o momento, havia três garçons vestidos de preto e branco, mas apenas um estava nos servindo um vinho branco em nossas taças.

Mercier estava de prontidão atrás de nós e de pé, com um revólver na cintura e calado.

A situação ali estava um tanto intrigante, pensei muito que naquela noite iria acontecer algo. Era estranho e suspeito.

— E o que pode acontecer aqui? — perguntei e ela aproximou o rosto do meu, ignorando a presença de seu guarda costas leal atrás de nós.

— Bem… Em um jantar de negócios pode acontecer muitas coisas, várias discussões, planejamentos e etc, mas em um jantar de acerto de contas… alguém sempre sai ferido.

Eu engoli em seco porque suas palavras me fizeram ter medo. Comecei a pensar em um milhão de coisas e possibilidades nada legais.

Virei o rosto e me ajeitei na cadeira que era bastante confortável. No meu movimento, fiz Megan ficar um pouco distante, o que acabou fazendo o seu maxilar trincar mostrando sua rigidez.

— E que tipo de jantar teremos hoje? — perguntei e peguei a taça com o vinho branco na mesa para beber.

— Um jantar de acerto de contas!

— Um… — bebi um gole apenas e vi de canto de olho, Megan mordendo o lábio inferior e a sua mordida repentina me fez engasgar.

Megan levantou-se preocupada e tomou a taça de mim. Uma tosse repentina me pegou, mas logo voltei a respirar normalmente.

Olhei para Megan e a mesma analisava o meu estado além de observar o líquido doce na taça.

— Você está bem, princesa? — perguntou, assim que Mercier se aproximou e teve a taça em mãos.

— Sim… não é necessário tamanha preocupação. — falei, pegando um guardanapo para limpar os cantos da minha boca, o que fiz rapidamente.

— Devo me preocupar sim — disse ela se apoiando no encosto da cadeira, ficando com o seu rosto quase colado ao meu e assim, eu senti a sua respiração pesada.

Se ela se assustou quando eu me engasguei, certamente estava com palpitações e aquilo afetou a sua respiração.

— Devo me preocupar porque você é a minha esposa… sempre vou dar a minha atenção a você.

Apenas assenti, agora fixada nos seus azuis profundamente atraentes. Sua boca se aproximou e eu senti seu toque carinhoso na ponta do meu nariz.

— Mercier? — ela chamou por ele, que ainda estava próximo com a taça em mãos.

— Sim, Armstrong?

— Revista o garçom… Não quero que nada faça mal a minha esposa.

— Ok.

— Espera! — pedi e Megan juntou as sobrancelhas.

— Sim?

— Não assuste ele… o revista, mas não seja tão agressivo.

— Como devo agir… Armstrong? — Mercier perguntou, me ignorando completamente.

Minhas palavras não serviram de nada. Fazia sentido ele agir assim, eu não era a sua chefe e muito menos tinha voz para opinar ou dar ordens ali.

Megan olhou para ele e voltou a olhar para mim. Me analisou…

— Mercier?

— Sim?

— Faça de acordo com a ordem da minha esposa.

— Assim farei.

Mercier se foi e começou a revistar todos os garçons e enquanto eu via a ordem de Megan e minha sendo cumprida, ela puxou a cadeira, se sentou e continuou me analisando. Sentia a sua respiração no meu ombro despido e no meu pescoço. Era incrível o seu desejo por mim, por estar o tempo todo se aproximando, o tempo todo desejando me tocar, além de obviamente pensar sobre nós duas, pensamentos nada puros.

— Stella? — disse ela e a sua mão repousou na minha coxa totalmente espalmada e aquilo fez os meus olhos se fecharem. Eu não podia fazer o meu corpo repelir tais sensações.

— O que quer, Megan?

— Eu quero você!

— Agora? — perguntei, nada surpresa. Se ela tivesse dito outra coisa eu teria me surpreendido.

— Sim. — afirmou e fez sua mão entrar embaixo do meu vestido após ter sido puxado.

Ali na posição em que estávamos, ninguém podia ver o que a sua mão atrevida estava fazendo e pretendia fazer.

— Vejo que esqueceu sobretudo o que conversamos! — disse olhando nos seus olhos e ela tornou seu maxilar rígido. Tentou se levantar, mas eu segurei a mesma mão que ela estava querendo tanto usar — Não fuja!

— Quem foge de mim é você!

Um silêncio se instalou entre nós e ela tentou se levantar novamente, porém…

— Por você ter passado dos limites dentro do carro… eu não dormirei abraçada com você hoje!

Ela agarrou o meu maxilar e o girou, com agressividade.

— Eu que decidirei o que vai acontecer deste momento até o fim da noite, princesa!

— Megan… — tentei tirar sua mão de mim, já estava me causando uma dor — você está me…

— Machucando? Sim! Eu sei. — disse ela e soltou o meu maxilar.

Tentei falar algo, mas no mesmo instante, um grupo de homens engomadinhos e acompanhados por lindas mulheres de cores de peles diferentes e cabelos deslumbrantes, saíram em ordem pela porta que dava acesso ao terraço.

Uma das mulheres, de pele clara, cabelos loiros e de uma silhueta magra, olhou na nossa direção e sorriu, porém, seu sorriso foi direcionado somente a Megan, que não deu tanta importância porque o seu foco agora, era o senhor de cabelos ruivos, que se sentou à mesa do outro. Logo o senhor ruivo pegou um charuto para fumar, mas Megan ergueu o punho fechado e o senhor largou o charuto imediatamente.

Megan Armstrong, a mulher mais poderosa que eu já tinha conhecido, além de ser belíssima, era um deleite insano de prazeres.

Todos sentados à mesa e calados. Um clima tenso, olhares trocados a cada segundo. Prepotência, superioridade, farsa, egocentrismo, tudo junto num jogo sujo. Um jantar de acerto de contas, mas os senhores sentados à mesa estavam tranquilos, não pareciam estar prestes a discutir. Megan estava maquinando algo contra eles, eu podia sentir.

— Boa noite, senhores — disse Megan formalmente, ainda sentada — e… senhoritas.

Nem todos responderam porque apenas assentiram. Eu estava perdida e não sabia para onde olhar, para os rostos prepotentes ou para as mulheres jovens ali. Elas pareciam estar bem, enquanto que eu pensava totalmente o contrário.

— Sirvam-se. — falou, abrindo os braços, mostrando toda a comida e bebida ali.

Os garçons começaram a servir, em um trabalho perfeito e Megan apenas encarava todos eles, analisando sem piscar, além dos senhores e senhoritas.

Acabei pensando que seria um ótimo momento para me pronunciar e dizer a todos eles que Megan tinha me sequestrado e que ela era uma mulher mal, mas também pensei que seria inútil. Aqueles senhores eram sujos, pessoas ruins e simplesmente não fariam nada para me apoiar.

O garçom serviu a minha taça e antes de pegá-la, Megan pegou e bebeu, me impedindo de desfrutar daquele líquido suave. Beber era o meu escape para relaxar, o clima estava ficando cada vez mais tenso. Nenhum ali falava nada, apenas comiam e bebiam e olhavam para nós duas.

Aqueles senhores não eram advogados e muito menos as senhoritas, elas eram tão assustadoras quanto eles.

Toquei o braço de Megan e a mesma repousou a mão na minha coxa, onde fez um quente carinho, assim me olhou e me ofereceu um copo quadrado com um líquido que parecia ser uísque.

— Pegue e beba. — disse baixo e eu aceitei.

Assim que o líquido tocou a minha língua, deixei o copo de lado na mesa e odiei sua atitude. Megan sorriu e eu tentei esquecer o gosto do chá na minha boca.

Chá? Odiei!

O garçom serviu algo para que eu comesse e Megan meneou a cabeça negativamente. Por que eu não podia comer ou beber? Eu já estava impaciente.

Aproximei o meu rosto do dela para reclamar, sem fazer nenhum escândalo e ela aproveitou aquele movimento para me beijar. Um beijo quente e inesperado por mim. Eu estava com medo de abrir os olhos e encontrar todos aqueles olhares sobre mim, eu estava envergonhada. E sim, eu fingi que estava tudo bem quando vi todos os olhares em mim. Até que…

— Parabéns… — disse uma voz feminina e eu olhei, já vendo a loira erguendo uma taça — finalmente se casou e nos deu o prazer de ver a sua linda esposa.

Blá blá blá…

— Obrigada Thompson… e obrigada a todos que estão aqui — Megan disse formalmente e se levantou, me erguendo junto, segurando a minha mão carinhosamente — como já devem ter notado… Eu me casei e esta ao meu lado é a minha esposa Stella D'Angelo, porém, que adotou o meu sobrenome… Podem chamá-la de Stella Armstrong.

Adotei? Não me lembro quando.

— Não nos vemos há um ano — referiu-se aos senhores ali e os mesmos apenas observavam calados e atentos — e durante todo esse tempo… muita coisa mudou.

Quando ela se calou, quatro guarda costas que trabalhavam para ela, saíram pela porta de acesso e no meio deles estava James, que trazia consigo um envelope preto. Ele estava com o revólver na cintura e os outros três estavam com as armas em punho. Tudo aquilo aconteceu muito rapidamente e quando percebi, Megan já estava do outro lado da mesa com as mãos sobre os ombros do homem do charuto e Mercier com a arma em punho ao lado dela.

Agora aquele jantar estava se transformando em um acerto de contas.

James parou atrás de mim e me entregou o tal envelope preto, o mesmo tremeu nas minhas mãos porque o medo do pior acontecer ali estava tomando conta de mim.

Por que ele me entregou aquilo?

Olhei para Megan e ela apertou os ombros do homem depois de me entregar um olhar maléfico.

— O que está acontecendo, James?

— Não pergunte nada, senhorita… apenas faça o que Armstrong te mandar fazer.

— E o que ela vai mandar eu…

— Vejam, senhores… — ela falou alto e eu dei a minha atenção para ela, ela estava fria e assustadora — as dívidas têm um prazo — os senhores ali ficaram agitados e as mulheres com medo, menos a loira chamada Thompson — e este prazo venceu hoje. Este é o jantar do acerto de contas!

— Armstrong? — um dos senhores se ergueu, mas acabou sendo empurrado na cadeira violentamente por Jones.

— Eu ainda não terminei de falar, Bryan. — e caminhou, caminhou calada e parou ao meu lado.

Não saber exatamente de nada era amedrontador. O que ela faria com aqueles senhores que deviam a ela? Os matariam?

— Todos vocês aqui me devem e muito e os prazos que dei se esgotaram. Creio que já conhecem o meu método e sei que vocês estão todos com medo.

— Então você nos matará? — perguntou o homem do charuto e Jones apontou o revólver para ele, que ergueu os braços.

— Digamos que… — me olhou e eu estremeci de medo — a minha esposa… decidirá.

O que?

— O que? — perguntei espantada e caí sentada na cadeira.

Megan não podia colocar aquela responsabilidade nas minhas mãos, eu não era como ela, eu jamais faria mal a um ser humano, a um semelhante. Jamais.

— É isso mesmo que você e todos aqui ouviram!

— Não! Jamais.

— Você fará e ponto final! — ela gritou com dureza e tomou o envelope, o rasgando e tirando um documento de dentro.

Me mostrou e eu vi que era um contrato onde mostrava vários nomes e sobrenomes, tais que pertenciam a aqueles senhores pois eram apenas nomes masculinos. As mulheres escaparam graças aos céus. Além dos nomes, haviam também punições bem medonhas.

— Por favor, Megan… não coloque essa responsabilidade nas minhas mãos. Eu não os conheço, nunca os vi… não tenho o direito de opinar nisso.

— Eu sei, mas também sei que você é bondosa… Lembro-me claramente do que você estava disposta a fazer para salvar a vida daquele imbécil. Hoje você tem a chance de salvar a vida de dois desses homens.

— Dois? — Bryan se desesperou e acabou levando uma coronhada de um dos guarda costas, assim Bryan caiu desmaiado e os senhores se assustaram como também eu.

— Agora você pode salvar a todos. — disse ela repentinamente e eu vi o alívio meu, mas também o de todos ali, via-se medo nos olhos amedrontados e ansiosos.

— Todos?

— Todos, no entanto… você decidirá quais serão as punições que os mesmos devem receber para ganharem a chance de viver.

Olhei para todos e abaixei a cabeça. Com certeza eu agora representava a eles uma ameaça ou uma forma de livrar a vida deles e eu simplesmente não sabia como me encaixar naquela situação.

— Abaixo de cada nome há três formas diferentes de punição. Você escolherá um em cada um dos nomes e deverá assinar o documento… se não aceitar e nem assinar… hoje você assistirá um massacre.

— Massacre? Mas Megan… — eu já estava com lágrimas nos olhos e o desespero me percorria por inteira. E o que pensar daqueles que eram os alvos e que poderiam morrer por minha causa.

Li uma das punições e imaginei tal cena…

Jamais pensei que Megan fosse capaz de punir alguém com cordas ou chicotes. Nunca esqueci do homem desacordado na cadeira depois de ser surrado.

— Assine e nenhum deles morrerá hoje.

— Não morreram hoje? Mas e amanhã? Daqui a dez dias? Ou até mesmo um ano?

— Não me importa a vida deles… se morrerem amanhã será porque mereceram.

— Megan… — pensei profundamente e olhei novamente para todos.

O meu coração apertou e senti uma lágrima no meu rosto, já escorrendo na minha bochecha e eu sei que Megan viu — vou assinar isso e marcar as punições, mas te peço que depois disso… você perdoe a dívida que todos aqui tem com você.

— Perdoar dívida? — estava sem expressão.

— Sim… Castigue, mas perdoe a dívida de todos. Essa é a única coisa que eu te peço.

Megan não demonstrou nada, então me sentei para começar a escolher as formas de punição ali determinadas.

James me entregou uma caneta e a minha mão tremeu. Olhei para Megan e ela apenas assentiu.

Depois dela assentir e eu assinar, eu esperava que ela fizesse como eu pedi. Se ela o fizesse, eu saberia que ela havia mudado, um pouco, mas mudado.

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Comments

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

eu deixaria meu coração escolher🤭🤭🤭

2024-03-24

2

Joiceane Silva

Joiceane Silva

gosto do peder da Megan e da bondade de Stella.

2023-09-15

6

Adriana Gomes

Adriana Gomes

facilmente nos apaixonamos pela D'Angelo
quem sabe depois de saber o levou Armstrong
a se torna essa pessoa ruim
quem sabe possa mudar de ideia🧐🧐

2023-09-03

1

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