DESEO EXTREMO
( Desejo Extremo)
E.R.CRUZ
•° ARMSTRONG °•
Recebi uma ligação na madrugada...
A seguir daquela ligação, eu soube que enfim, ELLA seria minha.
Aquele anjo da pele bronzeada e cabelos cacheados que tanto me fizeram desejar dominá-la. Rebelde, corajosa, belíssima e uma extrema mulher. Ela agora, me pertencia!
Tive que me confortar por um ano, à espera do vencimento daquelas promissórias — promissórias essas que um senhor viciado em jogos devia — Tal senhor de sobrenome D' Angelo, ofereceu o seu bem mais valioso em troca das dívidas que se acumularam em meu cassino na Espanha. Ele sabia que um dia teria que pagar, mesmo depois de implorar diversas vezes por mais tempo — tempo esse que acabou se esgotando. Enfim chegara o dia pelo qual eu tanto esperei, a veria em pessoa, não me contentaria mais em ver as suas fotos, tais fotos tiradas pelo meu detetive particular que estava na cola da senhorita D' Angelo, desde que o seu progenitor me entregou fotos dela e a ofereceu como moeda de troca, além de assinar um documento em que a tornava a minha esposa.
— Enfim te conhecerei, bela, como és rica! — disse e a minha voz soou fria e como um consolo para o silêncio naquele quarto escuro, iluminado apenas pela claridade da lareira.
Aquela madrugada de domingo estava fria, fria como eu.
— Farei você se apaixonar por mim! — balancei o uísque no copo e bebi todo o líquido em um só gole.
A porta do quarto escuro se abriu e aborrecida fiquei, porque a insaciável da minha namorada e a partir daquele momento, a minha ex, estava vindo ao meu encontro, como quase sempre fazia em todas as madrugadas, somente pelo fato de eu não ter tempo por causa do meu trabalho em minha empresa.
Ela era Paula, recentemente tivemos uma discussão e o nosso relacionamento se esfriou, no entanto, ela tentou de todas as formas ganhar o meu perdão e eu o dei. Paula era ambiciosa e eu gostava daquilo, porém, eu não a amava e nem era apaixonada, era mais um namoro de aparência e ela sabia disso. Sempre a alertei sobre o dia em que nós seguiremos nossas vidas e aquele dia já batia na porta porque eu teria dali pra frente, uma nova companhia, mesmo que esta companhia me desse um grande trabalho e dor de cabeça.
— Com quem estava conversando, meu amor? — perguntou e deu a volta na poltrona onde eu estava sentada observando o fogo na lareira.
— Não importa — disse e vi a oleosidade de sua pele clara através da claridade da lareira.
Paula amarrou seus cabelos ruivos e tirou o copo da minha mão, deixando na mesinha de centro ali próxima. Ela e eu trocamos um olhar intenso enquanto ela me olhava de cima, eu pensava na maneira mais gentil de terminar tudo com ela, ela já tinha a noção do futuro.
Paula se sentou com as pernas abertas em meu colo e segurou o meu maxilar. Sua boca veio na direção da minha e o único toque que ela pôde sentir, fora da minha mão aberta, que a impediu ligeiramente.
Se movimentou no meu colo, já ciente que eu não estava afim, na verdade, eu não queria mais ter relações com ela tão próximo da chegada da senhorita D' Angelo.
— Paula... está acabado!
E os seus olhos mostraram tristeza.
— Eu sei que não me deseja mais, sei que o nosso tempo juntas acabou, mas mesmo assim... preciso senti-la uma última vez. Você sabe que eu te amo, mesmo você sendo uma pessoa... — ela se interrompeu e eu a encarei.
— Continuei! — disse friamente.
— Não. — e seu rosto se virou para olhar para um ponto sem importância ali naquele ambiente.
— Diga que eu sou uma sádica! Diga que eu sou um monstro — esbravejei e a tirei do meu colo, onde me levantei e a empurrei contra a parede de pedras próximas de um quadro xadrez. — me insulte!
— Não, Armstrong. — ela abaixou o olhar.
Ela costumava me chamar pelo meu sobrenome quando estava com medo. Na verdade, o meu nome era Megan Armstrong, filha única de pais mortos e dona de um império exuberante. Dona de um cassino e de uma enorme linha de carros importados e esportivos, para a graça e prazer dos mais ricos.
A minha empresa, cujo nome era “ Armstrong More ” era localizada no centro de Londres e era lá que todas as vendas de carros e todos os consórcios eram tratados e negociados.
Meus pais, como também eu, éramos londrinos e muito reconhecidos pelas classes altas e mais ricas de toda Londres. Mas aquilo não era tudo, com a fama acumulada por anos, por elevações no mercado do exterior e por mais negociações, surgiu também os inimigos — inimigos esses que eram eliminados a cada passo que davam.
Eu pertencia a uma família que possuía segredos, erros irreparáveis e inimigos com sede de poder. Eu era sempre um alvo e a minha cabeça a cada segundo que passava no maldito relógio, era leiloada.
Em um passado não muito distante, o meu jatinho foi alvo de um míssil, onde tive o desprazer de perder empregados confidentes e leais. Suas famílias tiveram o meu apoio e foram remuneradas por seus chefes de família terem sofrido e perdido a vida, enquanto estavam a trabalho e seguindo as minhas ordens.
Um tempo depois, na saída de um hotel de luxo, um tiro de sniper me acertou no peito esquerdo próximo ao coração e naquele dia, eu realmente pensei que seria o meu fim, mas a realidade foi diferente. Eu me recuperei pouco a pouco e aquele tiro me deixou uma cicatriz, tal qual faria parte de mim até o fim dos meus dias. O atirador, bem, eu não tive outra escolha a não ser mandá-lo para uma prisão, onde haviam muitos homens ruins e da pior espécie, psicopatas, assassinos e estupradores. Mas, nesse meu julgamento, não me vi cruel, pensei bastante em matá-lo, porém, a minha outra escolha foi a certa, ele sofreria horrores.
A londrina de cabelos negros como a noite — assim como o meu guarda costas Mercier me chamava — agora acariciava levemente o queixo de Paula e ela olhava amedrontada nos meus olhos azuis escuros, totalmente hipnotizada.
— O nosso fim chegou, Paula. — sussurrei em sua boca e ela tentou tocar os meus lábios com os dela, mas empurrei sua cabeça para trás, assim que apertei ligeiramente o seu pescoço, onde senti o pulsar de sua veia e a sua respiração descompassada. — eu disse — soprei em sua boca — o nosso fim chegou! Não existe mais nós... eu brevemente terei o que há muito tempo desejei em minhas mãos.
— Eu te amo. — ela disse e eu pude ver seus olhos cheios de lágrimas, mesmo estando um tanto turvo — e espero de coração que seja feliz.
— Eu deixei as coisas bem claras pra você, Paula, você sempre soube que eu estava atrás de outra pessoa.
— Sim... — ela lamentou e tirou a minha mão do seu pescoço, onde se afastou, me deixando ali de costas para ela — e eu sempre te amei loucamente.
Continuei naquela mesma posição, sentindo e ouvindo a tristeza e mágoa em sua voz mansa.
— Eu vou embora, vou seguir a minha vida, mas antes... — veio de gatuna e me abraçou por trás, onde senti o seu cheiro e o seu calor — antes quero que saiba de algo.
— Então diga.
— Eu e você fomos feitas uma para a outra e somente eu posso ter você!
— O que?
Sem esperar por tais palavras, de atitude de Paula e do aborrecimento em sua voz, contendo também raiva e domínio, senti meu abdômen sendo perfurado de uma forma rápida e precisa, com uma mão ágil e pesada e sendo girada, enquanto eu gemia com a dor e o ardor em meus órgãos que aquele objeto cortante causava em mim.
Gritei...
Paula se afastou e a única força que tive foi para olhar pela última vez nos olhos da mulher que dizia que me amava. Vi sua mão suja de sangue e um canivete com o meu sangue, seu olhar estava tenso e seu corpo tremia. Vi o arrependimento estampado em seus olhos e uma expressão de medo.
Caí antes da escuridão tomar conta dos meus olhos e da minha vida se esvair, eu a vi fugir, me deixando ali a ponto de morrer.
***
— Armstrong está acordando... ela precisa de...
Ouvi uma voz longe falando algo sobre mim, uma voz que ficava cada vez mais alta, de acordo com o meu despertar lento. Meus olhos ainda estavam fechados e pude ouvir a minha respiração um pouco pesada. Respirei profundamente por sentir a falta de ar em meus pulmões e gemi, sentindo um aperto de dor no abdômen. Acabei me lembrando da idiotice que Paula acabou cometendo.
Naquele momento, eu não me preocupei por ela, eu me preocupei somente com o meu estado enfermo e dolorido. Algo que me surpreendeu, algo que certamente deixaria uma cicatriz em mim. Paula já planejava uma vingança contra mim há muito tempo e eu não estava esperando por tamanha loucura da parte dela. Agora restava saber se ela foi pega, se os meus homens a jogaram na prisão da mansão ou se simplesmente a mataram por ela ter tentado contra a minha vida, como faziam com os meus inimigos.
— Armstrong?
Ouvi aquela voz rouca próxima da minha orelha me chamando, tal voz pertencia a Mercier. Ele já estava de volta da viagem a Nova York, onde fora cumprir a missão seguindo as minhas ordens.
— Armstrong? — me chamou mais uma vez e senti o calor de sua mão envolvendo a minha, de um jeito carinhoso, o que eu deixei de lado. Ele sempre se preocupou comigo como se fosse algum parente meu, agia como um pai super protetor, na verdade, sendo já um homem de 50 anos e dotado de força e músculos impressionantes.
— Diga, Mercier! — ordenei entre um bocejo e ele certamente sorriu.
— Como se sente?
— Quase morta, mas... estou bem.
Ele fungou entre um sorriso e apertou a minha mão, onde retribui o aperto.
— Voltei o mais rápido possível depois de cumprir a missão que me fora mandado, quando soube do que aconteceu com você.
— Obrigado por se preocupar. — falei e senti novamente uma dor embriagante envolvendo todo o meu tronco.
— De nada.
Houve um silêncio...
Mercier como também meus outros homens, já tinham regressado da missão em que os coloquei, e enfim, depois de um longo ano, ela estava lá, a metros de mim.
— Mercier?
— Sim, Armstrong?
— Onde ela está?
— No lugar em que você ordenou.
— E como foi a viagem de Nova York até aqui?
— Um tanto turbulenta por ela ser uma jovem é... uma jovem desobediente.
Aquilo me fez rir. Obviamente, a senhorita D' Angelo jamais aceitaria viajar para Londres com homens desconhecidos, mas ela não podia evitar, o seu futuro era estar ao meu lado.
— Qual método usou, Mercier?
— Tive que dopá-la depois que a sequestramos enquanto ela voltava para casa...
— E o que essa irresponsável fazia em plena madrugada nas ruas? — perguntei intrigada, onde interrompi Mercier e abri os olhos. Vi o rosto claro e os cabelos pretos, como também, os olhos castanhos de Mercier.
— Certamente voltava de alguma festa. A seguimos desde que ela saiu de uma casa onde tocava uma música alta e ela não estava bem... estava chorando, parecia arrependida.
A senhorita D' Angelo não estava bem... estava chorando... Chorando?
— Quero vê-la agora! — disse e tentei me levantar, mas acabei me dando conta de que havia uma agulha enfiada nas costas da minha mão, era soro. Acabei sentindo também dor no abdômen.
— Não pode se levantar, Armstrong...
— Eu preciso... eu necessito vê-la... necessito ouvir a voz dela, Mercier.
— Não é possível. Já faz um dia que você está nessa maca.
— Um dia?
— Sim... o canivete perfurou fundo a sua carne, mas não era tão grande, então não chegou a ferir o seu órgão.
— E quando poderei caminhar?
— O médico disse que em 4 dias você já estará melhor, assim poderá caminhar.
— E quem cuidará de mim nesses 4 dias?
— Contratamos uma enfermeira, ela já está aqui e vai fazer a limpeza da perfuração e te ajudar com o que você precisar.
— Ok.
Houve um silêncio, Mercier se levantou e caminhou no quarto. As cortinas da janela estavam abertas e pude ver que era noite.
A D'Angelo não saia da minha cabeça, eu a queria para mim, mas agora, eu teria que esperar mais 4 dias para vê-la. Estava tão próxima de mim, mas ao mesmo tempo, tão longe.
— Mercier?
— Sim, Armstrong? — disse ele se virando, mostrando-se muito preocupado e se aproximou.
— Traga ela até mim!
Mercier estava hesitante.
— Armstrong... sei que não devo opinar em suas decisões, mas somente desta vez, peço que espere mais um pouco. Você não está no seu máximo e não conseguiria passar por uma possível discussão ou alguma troca de força.
— É isso que você pensa, Mercier?
— Sim, mas... aqui quem dá as ordens é você.
— Certo, Mercier... vou seguir o seu conselho. Sei que não será um mar de rosas quando ela conhecer a pessoa com quem vai passar o resto da vida.
— Por falar nisso... o contrato de casamento assinado pelo senhor D' Angelo estará no escritório... quando for a hora... conte a verdade para ela.
— Sim, Mercier... a conversa com Stella D' Angelo será longa. Cuide dela enquanto eu estiver nesse estado, não a maltrate, não levante a voz e se ela quiser sair do nosso quarto... permita, mas não deixe que ela me veja assim.
— Assim será, Armstrong.
D' ANGELO
Nos três primeiros dias longe de tudo que eu conhecia, eu não pude sequer fechar os olhos para dormir. Fui sequestrada, fui dopada e aqueles que fizeram tal dureza comigo, não tiveram sequer a ideia de esconderem os seus rostos. Vi claramente cada um dos rostos dos homens enquanto eles me cercavam. Não tive forças para lutar contra aqueles brutamontes porque eu estava a ponto de desabar em lágrimas — lágrimas de arrependimento, de ódio e de um amor frustrado.
Naquela mesma madrugada, antes de ser sequestrada na ponte do Brooklyn por homens fortes em um carro preto, eu tive que suportar a dor, uma dor que era capaz de acabar com a alegria de qualquer um.
Eu tinha sido convidada para uma festa onde me encontraria com alguns amigos e colegas da escola, mas também, me encontraria com a minha namorada, tal que sempre me dizia todos os dias, que me amava. Eu tinha dezessete anos e já sabia que o amor que sentia por ela era real e que era o meu desejo tê-la ao meu lado para sempre. E naquela madrugada, enquanto procurava por ela em todos os cômodos da casa do amigo que nos convidou, eu a encontrei em um momento totalmente comprometedor juntamente com a que se dizia ser a minha melhor amiga. Eu chorei quando as vi e a única coisa em que pensei foi em fugir e me afastar. Minha agora ex-namorada que se chamava Ariana, me seguiu, tentando explicar como tinham sido as coisas, mas a única resposta que teve de mim, foi um tapa merecido e dado contra o seu rosto pálido.
Eu saí sem rumo, topando em quem não tinha culpa de nada e decidi percorrer as ruas de Manhattan.
Ariana entristeceu o meu coração e todo o meu ser, ela não devia ter feito aquilo na mesma noite em que comemoramos o fim do ensino médio e também em uma semana importante para mim porque os meus 18 anos já estavam batendo na porta.
No carro com os punhos amarrados e com os meus cachos bagunçados que caíam sobre o meu rosto o escondendo completamente, ouvi o senhor de cabelos pretos ao meu lado dialogando com o outro senhor que dirigia o veículo. O meu coração estava acelerado desde o momento em que fui pega, amarrada e jogada dentro daquele carro. Eu só imaginava o meu fim e nas maneiras que eles usariam para me matar. Eles não foram piedosos, mas também não me disseram nada, mesmo eu tentando dialogar com eles, e aquele seria o meu destino.
Em apenas uma madrugada, eu tinha sido traída, sequestrada, magoada e a única coisa que faltava era ser morta e estuprada. Sei que não estava raciocinando direito, o medo me consumia por inteiro, o desespero não me deixava respirar.
Um som de chamada soou ao meu lado e a voz rouca do homem começou a ser ouvida. Ele parecia estar falando com alguém de uma posição mais alta que a dele, um alguém de nome Armstrong. Ambos falaram de mim.
“ Já estamos com ela, Armstrong. ”
A ligação foi encerrada.
Armstrong com toda certeza seria um homem, o homem pelo qual ordenou os seus homens para me sequestrar. Com certeza era um tremendo hijo de puta, sádico do caralho e bastardo prepotente.
Aqueles homens estavam me levando para ele, alguém que eu comecei a temer e a odiar muito antes de conhecer.
Depois que senti ligeiramente algo como uma agulha me perfurando, eu comecei a me debater, mesmo presa ao cinto de segurança. Chutei o banco da frente e fiz um escândalo com gritos e xingamentos. O homem ao meu lado me segurou fortemente e tudo o que fiz, não valeu o esforço, e de pouco a pouco fui perdendo as forças e uma sonolência absurda tomou conta de mim... apaguei.
Quando acordei, vi que estava na companhia de homens vestidos de preto, com revólveres na cintura e seriedade em seus rostos e ambos olhavam para mim, o que me deixou enojada. Percebi que eu estava deitada em uma grande cama de lençóis vermelhos cor de sangue e com mesas de cabeceira ao redor, e abajures desligados. Já era dia e o sol clareava através da janela de vidro, com cortinas que desciam desde o teto.
Me movimentei na cama luxuosa e os homens tomaram prontidão, como se eu fosse uma inimiga do estado ou uma terrorista de merda, logo eu, que nem sabia o porquê fui sequestrada ou o porquê de estar em um lugar diferente.
Puxei o cobertor e me cobri completamente quando notei que a minha vestimenta, uma roupa totalmente diferente da que eu estava quando fui sequestrada, era um tanto saliente e eu não queria os olhos daqueles escrotos em mim, me encarando como pervertidos.
Respirei fundo, enquanto observava todo o quarto de paredes feitas de pedra negras e me deparei com uma lareira que havia sido apagada a pouco. Havia uma poltrona próxima da janela, como também uma mesinha de centro com garrafas de bourbon e uísque — os gostos alcoólicos de um homem — e onde o tal Armstrong estava?
Tinha medo de olhar ou se encontrar com a garota de 17 anos que mandou sequestrar?
A minha única vontade era de matar aquele que se dizia ser Armstrong, mas seguranças armados eram o meu impedimento.
Uma fome absurda tomou conta de mim e eu me levantei, ainda com o cobertor e pisei sob o piso negro e frio. Olhei para um dos seguranças e ele não era um dos que participou do meu sequestro.
O segurança de cabelos negros me encarou e eu fiquei pensando se dirigia a palavra à ele ou se esperava pela bondade de Armstrong para levar algo para eu comer. Eu pensei de tal maneira porque se fosse para me matar, com certeza eu já estaria a sete palmos abaixo do chão dentro de um saco preto.
Trocamos eu e o tal segurança olhares nervosos e quando dei um passo em sua direção, o mesmo se afastou como se tivesse sido repelido como um spray fazia a um mosquito. Dei mais um passo em sua direção, enquanto o outro segurança de barba e cabelos ruivos somente observava e o de cabelos negros se afastou novamente, onde acabou sacando o revólver e apontando para mim. Era um momento tenso e silencioso.
Por que eles estavam agindo daquela forma, se eu obviamente não era capaz de lutar contra eles? Por que não abriam a boca para me repreender? Por que ficaram mudos?
Aquele silêncio estava me atormentando...
Me sentei na ponta da cama e o segurança devolveu o revólver a cintura, ficando ali como um dos soldados da rainha.
Encarei o barbudo ruivo e ele não era tão feio e pensei no tal Armstrong e em como ele poderia ser fisicamente.
Será que era um daqueles chefes barrigudos nojentos dos filmes?
Será que era um chefão da máfia?
Ou será que era um gostoso irresistível que sequestrava garotas para serem suas escravas sexuais?
Eu, no meu mais puro coraçãozinho, escolheria a terceira opção, mesmo não tendo interesse algum nos indivíduos de cromossomo Y.
Acabei rindo daquele pensamento inútil e quando notei um sorriso duro sendo retribuído pelo ruivo, eu o ignorei e corri rapidamente para a janela, soltando o cobertor que caiu no chão, mas o segurança dos cabelos negros me segurou pelo antebraço, me paralisando.
O encarei furiosa, ignorando a posse do revólver que ele tinha na cintura e o empurrei para que ele mantivesse aquelas mãos imundas longe de mim. Em seguida, ele se afastou, se tornando como o barbudo.
Ali já estava óbvio que eles não podiam me tocar ou trocar palavras comigo e permaneci com aquele pensamento na cabeça. Daí, olhei para fora e vi através da janela, uma piscina rodeada por um grande jardim de rosas vermelhas e brancas.
Desde a margem da piscina, ao fim do jardim, podia encontrar um segurança andando de um lado para o outro, sendo atento e vigilante. Eu estava em um lugar onde as coisas não eram brincadeira e a ficha caiu, onde me entristeci. Nunca mais eu sairia daquele lugar, nunca mais veria o rosto da minha tia Geórgia e nunca mais falaria com o meu pai através de ligações. A minha vida já tinha mudado e ninguém seria capaz de me encontrar ou me resgatar dali. Só faltava acontecer um inferno no dia do meu aniversário, o qual estava próximo.
O meu estômago reclamou de fome e nisso andei para a cama. Quando me sentei e pensei em falar com o barbudo, a porta de madeira que se abria para os lados, foi aberta e o senhor de cabelos pretos que participou do meu sequestro, entrou trazendo consigo uma bandeja com o que me parecia ser o café da manhã desejado por todos. Frutas, biscoitos, suco, café ou chá. Meus olhos viram e o meu estômago desejou. Mas também viram aquele homem bruto que eu aprendi a odiar.
O senhor caminhou até a mesinha e colocou a bandeja, em seguida, se virou me olhando com um sorriso no rosto, como se fosse um mordomo sorrindo para um hóspede. Ele não era feio, tinha uma aparência agradável.
— Bom dia, senhora D' Angelo? — disse gentilmente.
Senhora D' Angelo?
— Bom dia é o cara...
— Insultos ou palavras de baixo calão não são permitidos nesta mansão, a não ser que Armstrong permita! — me interrompeu e eu tremia de ódio — deve estar com fome?!
— Diga ao tal Armstrong que ele é um bastardo desprezível e que vocês todos são uns hijos de puta de mierda! ( filhos da puta de merda! ).
— Ela é bravinha... — sussurrou o de cabelos pretos — mal sabe ela que o tal Armstrong é...
— Calado, Jones! — gritou ele e aquele grito me fez estremecer.
— Sim, senhor Mercier. — o tal Jones se calou, totalmente fraco e abaixou a cabeça.
Sorri daquela situação e me levantei indo na direção do tal Mercier. Ele ajeitou a sua postura, cruzando as mãos atrás de suas costas.
Pensei no que o tal Armstrong poderia ser... Por que Mercier o interrompeu logo na melhor parte? Intrigante.
— E quando Armstrong terá coragem de falar com a garota inofensiva que ele mandou sequestrar? — confrontei Mercier e ele se manteve calado, somente me observando.
Caminhei até a mesinha e tomei para mim uns morangos, os quais comi calmamente, mesmo estando desesperada para saciar a minha fome. Aqueles morangos eram deliciosos e só me deixavam com mais fome.
Sem me importar com os olhares dos três ali, peguei a bandeja e me sentei na poltrona, e comecei a comer de tudo normalmente porque não queria ver os sorrisos dos que me mantinham presa ali. A paisagem do lado de fora era agradável e eu não podia negar.
Vi por sobre os ombros, uma movimentação no quarto e quando me virei um tanto espantada e curiosa, vi que haviam somente eu e o tal Mercier. O Jones e o barbudo ruivo não estavam mais presentes.
Um instante depois, Mercier se aproximou e parou ao lado da poltrona, olhando para o jardim e eu somente saciava a minha fome.
Senti que ele desejava falar comigo e não estava confiante para fazê-lo, então com a boca cheia por biscoitos, perguntei:
— Que quieres? — não fui nada gentil, nenhum deles foi comigo.
Ela não respondeu. Não sabia se ele era fluente em espanhol, porque ele não possuía nenhum sotaque.
— O que você quer?
— Somente dar-te as boas vindas à mansão Armstrong, senhora e dizer-lhe que...
— Não me chame de senhora! — briguei — eu não sou casada... eu só tenho 17 anos, mas isso você obviamente já deve saber!
— E dizer-lhe que Armstrong se encontrará com você em breve. — ele disse aquilo, ignorando tudo o que eu tinha dito antes.
Me levantei já um tanto impaciente e a bandeja com tudo caiu no piso negro, onde o copo com o suco pela metade, como também a xícara vazia, caíram e se quebraram.
— Eu não quero conhecer Armstrong... — me sai dos cacos cuidadosamente — quero que você me deixe ir embora. Eu tenho uma vida, tenho família... tengo um padre!
— Pai? — disse ele ironicamente e sorriu secamente, o que acabou me interrompendo — o seu querido padre, senhora D' Angelo, não está nem aí pra você!
— Isso não é verdade! Ele virá me procurar, seu... seu...
— Em outras circunstâncias talvez... — me interrompeu novamente e eu notei lágrimas se formarem nos cantos de meus olhos — mas nessa, isso é uma coisa impossível!
— Você é um mentiroso, desprezível...
— E você é uma moeda de troca!
Paralisei...
Meu coração apertou e meu sangue ferveu mais ainda...
Como assim, moeda de troca?
— De qué estás hablando?
— Do que você está falando?
— Bem... Armstrong tem o dever de te responder... já falei demais — ele disse totalmente maléfico e se virou para sair — mandarei a faxineira limpar a merda que você fez! — referiu-se aos cacos no piso negro.
Cacos? — pensei e de imediato reagi, sem pensar nas consequências...
Peguei um dos cacos e corri na direção dele, que parecia estar distraído e quando cheguei perto para perfurar qualquer parte do seu corpo musculoso, ele se virou e me parou com aquelas mãos grandes e fortes, onde fiquei completamente presa.
Ele me tomou o caco ligeiramente e me empurrou, me fazendo cair e o seu sorriso irônico se fez presente novamente.
— Armstrong terá um grande trabalho para te domar!
Domar?
Mercier saiu, me deixando ali trancada, sozinha e sem esperança de um dia poder voltar a viver a minha antiga vida.
Moeda de troca? Eu realmente era uma moeda de troca?
O que o meu pai fez?
Acordei de um pesadelo, olhei para tudo ao meu redor e notei que o pesadelo era real. Eu ainda estava naquela cama, sendo monitorada por seguranças.
A minha vida agora era o total oposto do que sempre desejei do meu destino.
E de um pesadelo, eu despertei, naquele que seria um grande dia, finalmente os meus dezoito anos haviam chegado, mas infelizmente, eu não iria poder realizar o que planejei por ter sido tirada da minha vida grosseiramente.
Abri os olhos naquela manhã de domingo e afastei a preguiça do meu corpo, com um movimento que fazia todos os dias antes de me levantar.
Nos últimos dias, eu permaneci naquele quarto, onde somente os seguranças e os empregados responsáveis por minha alimentação, poderiam adentrar. Eu não tinha feito nada, foram dias tediosos, mesmo o tal Mercier ter me dito que eu poderia desfrutar das outras repartições que haviam naquela mansão, algo que obviamente recusei, porque não iria adiantar de nada desvendar os lugares daquela mansão na companhia de dois seguranças armados.
Enquanto eu me levantava, senti algo se movimentando ao meu lado e logo me virei, assim me deparei com aquele rosto claro e feminino, totalmente perfeito, esculpido pelos anjos. Eu paralisei em sua beleza.
Era uma linda mulher de cabelos negros e lisos, rosto fino e lábios apetitosos. Meu coração palpitou com a sua forma de dormir e com a sua beleza.
Mas quem poderia ser ela e por que estava dormindo na mesma cama que eu?
Logo me dei conta de que estávamos apenas nós duas no quarto. Jones e o segurança barbudo, cujo era chamado de James, nome esse que fiquei sabendo ao passar dos dias, eles não estavam ali, somente nós duas.
Não me movi para não acordar aquela deusa, mas algo me impulsionou e eu acabei tocando levemente os seus fios negros, os quais soube de imediato que eram macios e sedosos. Toquei por mais uns segundos, até que ela se movimentou novamente.
Afastei minha mão ligeiramente.
Aquela era a primeira mulher que eu via após uma semana e eu respirei profundamente aliviada pelo fato de não ter sido a única sequestrada, mas ela era tão distinta, não parecia ter o perfil para os sequestradores.
Armstrong foi o mandante e a sequestrou como a mim, aquele filho de uma puta de merda!
Eu decidi me levantar e partir para a banheira de água quente e espuma. Eu estava aproveitando todo o conforto daquele quarto e principalmente o closet cheio de vestidos e roupas lindas, onde a maioria eram pretas. Eu não iria parar de me cuidar por ter sido sequestrada, eu somente iria me aproveitar de todas aquelas coisas belíssimas.
Quando toquei o piso negro e frio, eu senti uma mão quente me puxar fortemente pelo braço e eu fui de encontro com a cama, onde tive o corpo da bela mulher ao meu lado sobre o meu.
Eu parei de respirar, os meus sentidos se confundiram, meu coração começou a palpitar e eu só sabia olhar profundamente naqueles olhos azuis escuros que me analisava de cima. Aqueles olhos eram tão atraentes, tudo naquela mulher era atraente.
Não consegui me mover, mas eu não estava presa, eu somente paralisei.
A mulher se movimentou em cima de mim e tocou o meu rosto carinhosamente, fazendo eu me sentir importante, como se ela já me conhecesse há muito tempo.
Sua mão se afastou e lentamente, acompanhei a aproximação dos seus lábios que desciam na direção dos meus, e antes dela me tocar, eu reagi e a empurrei com toda a força que eu tinha, o que acabou fazendo ela se afastar.
Ela era realmente muito linda, atraente e apetitosa, no entanto, não tinha o direito de me tocar, não daquele jeito.
Me sai de perto dela e ela se arrastou ao meu encontro, onde me segurou pelo tornozelo e pressionou contra o colchão, já completamente bagunçado.
— Me solta! — disse, tentando puxar o meu pé de sua força e ela somente me assistia, enquanto eu tentava fugir dela.
O meu dia já estava começando a ficar complicado, aquela desconhecida estava fora de controle. Eu iria gritar para chamar a atenção dos seguranças se ela não parasse de ultrapassar os limites.
A mulher me soltou e fez um coque rapidamente em seus fios negros, onde pude ver novamente e agora completamente todo o seu rosto.
De repente, ela veio em minha direção e eu a empurrei com o pé, dando chutes enquanto ela lutava contra as minhas pernas e assim se seguiu e para o meu aborrecimento, eu fui completamente presa por sua força.
Ela estava sentada sobre a minha cintura, enquanto segurava os meus punhos fortemente e dolorosamente. Eu não podia combater ou lutar contra ela, ela era mais forte, mais ágil e mais tudo.
Ela fixou seu olhar ao meu e eu pude ver um sorriso fraco no canto de sua boca, enquanto minha respiração estava descompassada e a dela nem tanto.
Ela piscou, piscou e piscou...
— Feliz cumpleaños... — soltou os meus punhos — esposa!
“ Feliz aniversário... ”
Esposa? Esposa é uma ova!
Furiosa, consegui virar o meu quadril e a empurrei contra a cama, onde ela acabou caindo e gemendo. Gemeu estranhamente, pareceu sentir alguma dor.
Me levantei e corri desesperada para a porta, para fugir, mas quando tentei abrir, soube que a mesma estava trancada. Por que logo naquele dia ela tinha que estar trancada?
Bati várias vezes e chamei por Jones, como também por James. Tinha uma sádica pervertida falando absurdos.
Desisti de bater quando ouvi novamente a voz dela, a mulher que tinha me intitulado como sua esposa...
— James e Jones estão do lado de fora, chiquita, mas... — senti que ela se aproximou — mas tem a ordem de permanecerem lá pelo tempo que Armstrong desejar!
Armstrong, aquele bastardo que nunca apareceu!
— Então... — aquela palavra invadiu a minha audição, como também a mão quente daquela mulher, que invadiu ligeiramente a minha calcinha — agora — me prensou contra a porta e beijou o meu ombro nú, que a minha camisola sensual de alcinha azul não podia cobrir — você querendo ou não, será minha!
Sua? Jamais serei sua!
Sua mão entrou rapidamente entre as minhas pernas e quando senti ela tocando na minha boceta, eu segurei sua mão. Aquele era o meu dia e nada e nem ninguém estragaria, nem mesmo aquela deusa pervertida.
— Se me deixar consumir o nosso casamento... — falou contra o meu ombro e eu comecei a tremer, com o meu coração tendo terminações confusas e nervosas, tudo colidindo ao mesmo tempo.
Eu não podia estar sentindo aquilo, não por ela. Senti aquilo na primeira vez em que fiz amor com a minha ex namorada, sendo ela, a única até àquele momento que tinha me tocado.
— Te darei um presente de aniversário!
— Eu não quero nada que venha de você, sua sádica desprezível!
— Me insulte o quanto desejar, mas saiba que isso somente me excita!
— Você é uma pervertida desgraçada!
— Boquinha suja como a sua, eu jamais encontrei em toda a minha vida. Vou ter que limpar pra você. — e beijou novamente o meu ombro, tentando movimentar a mão que eu não largava por nada no mundo — o que me diz, esposa?
— Eu não sou a sua esposa e nunca serei!
— Eres mi esposa!
“ Você é a minha esposa! ”.
— Jamais... sua filha da...
Tampou a minha boca com a outra mão, reprimindo as palavras em minha garganta, como também o ar em meus pulmões agressivamente.
— Não ouse insultar a minha mãe, ouviu bem... sua adúltera de merda!
— Adúltera?
— Cala essa sua boca! — disse e me virou, pegando eu ligeiramente pela mão e me puxando para a cama, onde me arrastou depois que eu caí desajeitada no piso negro.
Ela me puxou e depois me jogou na cama, me deixando totalmente amedrontada com a sua maneira violenta de me tratar.
Ela andou de um lado para o outro, parecendo pensativa, com a respiração falhando.
De repente parou e tocou por um momento, o abdômen. Depois do toque, uma expressão de dor tomou conta de seu rosto sério.
O que poderia estar afligindo-a naquele momento?
Ela parou e se virou completamente para mim, me olhando por inteira, tornando o seu olhar, obsessivo e feroz.
— Você a partir de hoje, será a esposa de Armstrong!
— Eu não serei esposa de homem nenhum... Você é louca!
— Eu sou Armstrong!... Megan Armstrong!
O que?
Durante uma semana eu estive pensando que Armstrong fosse um homem.
Megan Armstrong, que me intitulava como a sua esposa, não, jamais seria esposa de uma mulher violenta.
— ¡Y ya eres mi esposa!
“ E você já é a minha esposa! ”.
— Não sou a sua esposa e jamais deixarei você me tocar.
— Se não fizer o seu papel de esposa, o seu querido papá... morre.
— Como assim? — perguntei furiosa e me levantei, indo enfrentá-la de perto.
Megan Armstrong me parou a centímetros dela assim que sua mão agarrou com força o meu pescoço. Ela me enforcou e me empurrou contra a cama, onde cai e já tendo ela sobre mim.
— Sua boca é irresistível. — ela disse, soprando em meus lábios.
— Não ouse me tocar!
— Posso fazer o que eu quiser com você!
— Eu vou te matar... sua cretina!
Megan sorriu ironicamente e largou o meu pescoço, porém continuou em cima de mim, onde fui envolvida pelo cheiro do seu perfume.
— Depois que te foder com força, você vai mudar totalmente esse seu pensamento sobre mim. — disse e desceu a mão ligeiramente para dentro da minha calcinha — não resista ou... será pior!
— Não faça isso... por favor... — implorei, já com medo e com lágrimas se formando em meus olhos.
— Não faça pedidos! — esbravejou e eu senti ela cada vez mais perto de fazer o que tanto desejava.
— Eu imploro, Megan... para, por favor? — engoli em seco — não faça isso, por favor?!
Megan parou, me olhando profundamente e se afastou, me deixando já com lágrimas escorrendo em meu rosto.
Ela caminhou até a porta e bateu duas vezes com os nós dos dedos. A porta se abriu e vi Jones entregar um papel para ela, que assentiu e fechou a porta.
Megan veio em minha direção, olhando para o papel e para mim e eu me sentei mais confortável na cama.
Aquele papel era um mistério e um terror para mim porque ali poderia estar escrito algo que me comprometesse por inteira.
Ela se sentou na poltrona, assim que deixou o papel na mesinha e abriu um pouco a cortina.
Ficamos em silêncio por uns segundos, ela não me olhou durante os segundos e muito menos eu a olhei.
— Stella? — chamou-me com uma voz incrivelmente calma e suave, o que me assustou, na verdade. Tudo nela até aquele momento me assustava.
Olhei e vi os seus olhos fixos em mim.
— Como sabe o meu nome?
— Eu sei tudo sobre você.
— Impossível!
— Totalmente possível... ou você acha que eu me casaria com alguém sem ter investigado a vida dela por completo?
— Eu não acho nada porque não te conheço.
— Então venha aqui... vou te mostrar o porquê está aqui e o porquê é a minha esposa.
— Estou confortável aqui.
— Venha agora! — ela ordenou rudemente e eu tremi.
Megan Armstrong era poderosa.
Me levantei e me aproximei, ignorando o meu receio de estar indo ao encontro de uma mulher totalmente estranha.
— Este é um documento assinado por Pedro D' Angelo — ela disse, apontando para o papel — e no mesmo diz que em troca das dívidas do cassino não serem pagas até a presente data, você... Stella D' Angelo estaria sendo oferecida como o pagamento da dívida.
— Impossível... — me desesperei — o meu pai jamais faria isso... ele me ama.
— Ama tanto que te vendeu por 100 mil dólares.
— Isso tudo é mentira... — lágrimas escorreram em meu rosto novamente — isso tudo é mentira.
Eu não tinha a capacidade e nem a força necessária para acreditar, era impossível, totalmente impossível.
— Se não acredita... leia o documento e veja a assinatura do seu querido papá.
Peguei o tal documento e hesitei por um momento a ler as palavras no papel. Mas desisti quando vi que realmente era a assinatura do meu pai.
Agora tudo fazia sentido.
Eu tinha sido a moeda de troca perfeita. Mercier tinha razão. Eu estava condenada.
— E neste mesmo documento está destacado uma coisa muito importante — a ignorei, mesmo sabendo que ela iria continuar falando — você é a minha esposa desde que o D' Angelo assinou este documento.
Rasguei o documento com ódio, enquanto sentia lágrimas transbordando.
— Digo... a cópia original deste documento, mas como você tinha apenas 17 anos, eu decidi esperar até que estivesse de maior.
Me virei e joguei os papéis rasgados nela, que não se moveu.
— Então foi por isso que você me chamou de adúltera?!
— É. Mas a partir de hoje... você será a minha esposa e mais ninguém irá te tocar além de mim — ela disse e se levantou.
Eu me afastei para qualquer lado do quarto e ela me agarrou pela cintura.
Me debati em seus braços e ela me soltou depois de gemer, como se tivesse sentido novamente a mesma dor.
— Nós conversamos depois... esposa!
— Não me chame assim... sua desgraçada!
— E você vai acabar com essa minha tesão... querendo ou não.
— Jamais deixarei você realizar o que deseja!
— Isso nós veremos, chiquita! — ironizou e após chamar por Jones, ela saiu do quarto, tocando o lado do abdômen.
Documento, casamento, pagamento de dívida, moeda de troca. Fui vendida e comprada e agora estava casada com uma total desconhecida, com uma mulher, com Megan Armstrong.
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