Capítulo 19

Sinto alguém me arrastar para fora do beco com força e pouso com uma pancada sobre o chão duro. O que quer que tenha sido aquilo, pulou o muro derrubando metade dos tijolos. Levanto-me sentido uma ardência na palma da minha mão, quando olho, vejo um arranhão sangrando e restos de terra sobre a ferida. O indivíduo ao meu lado bate o pé no chão, tirando a poeira consequente da queda.

—O que caralhos você está fazendo perambulando sozinha, em uma rua escura?! — A voz grosa saiu pouco mais que um grunhido.

Kaydan está de pé em minha frente, uma jaqueta de couro e roupas completamente pretas até os pés é sua marca pessoal. Seu busto sobe e desce freneticamente. Seu maxilar

trava ao me encarar com raiva.

— Kaydan? — É a única palavra que consigo formar em meus lábios.

— Não, o Peter Pan. —Devolve

— Tá mais para Peter Idiota. — Rebato.

—Vai me dizer o que estava fazendo aqui?

—Não é da sua conta. —Pego minha mochila do chão e começo a caminhar, hoje foi um dia bem fora do comum, não preciso que piore mais. Um trovão soa e logo pingos de chuva caem deliberadamente. — Ah! Que ótimo!

—Tá indo pra onde garota? — Pergunta, mas não me dou ao trabalho de responder, pessoas mal-educadas não merecem ser tratadas com educação.

Alguns minutos depois uma luz clareia a estrada, há um carro atrás de mim. Um jeep wrangler rubicon preto, aparece ao meu lado buzinando.

—Entra na droga do carro! —Kaydan grita para o lado de fora.

— Qual é o seu problema? Eu só quero ir para casa! — Ele para o carro.

—É exatamente pra onde vou te levar, estou oferecendo uma carona. — Ele me encara. —Entra no carro. — Sorrio em sarcasmo.

—Tá brincando? Eu conheço o seu "tipinho". Muito obrigada, mas não. —Volto a andar.

— Tem um assassino a solta, — Eu paro —Duas pessoas morreram hoje. Quer arriscar ser a terceira?

Encaro a rua escura para onde estou indo, está chovendo e mesmo que eu não queira admitir, não tenho chance alguma se alguém aparecer e tentar algo.

Dou a volta no Jeep e puxo a manivela da porta da frente e ela nem se mexe.

— Pensei que não quisesse carona. — Cantarola com aquele sorriso cínico, e tenho vontade de encher aquele rosto de socos. Um trovão alto ecoa e a chuva aumenta.

Ele aperta em um de muitos botões no painel e a porta se abre, entro rápido para evitar ficar mais encharcada. O garoto ao meu lado da partida e o carro se movimenta.

— Onde é a sua casa? —A pergunta fica no ar.

Nem eu mesma sei onde exatamente é minha casa, estou completamente perdida.

— São... São duas ruas. Não, Três ruas após a escola. —Ouço uma risada nazalada.

—Não sabe onde é sua casa?

— São três ruas depois da escola! Acabei de dizer.

—Não conhece a cidade e resolveu fazer um tour a noite?

—Não é da sua conta o que eu estava fazendo. — Encaro a chuva através do vidro e sinto a minha mão arder novamente, ainda está com sangue. — Muito obrigada pelo machucado de graça.

—O que você viu naquele beco? —Seu tom muda, se tornando sério.

— Isso é algum tipo de interrogatório? — Olho para Kaydan e vejo ele me olhar de relance, sério. — Como você sabe se olhei algo ou não?

— Porquê você estava paralisada, quando a puxei toquei no seu ombro e estava gelada. —Ele vira um canto a esquerda e vejo ao longe minha casa. — O que você viu no beco?

Não respondo sua pergunta. Há carros policiais em frente a minha casa. Há poucas pessoas na rua, ao todo três e um homem espiando da janela.

—O que está acontecendo? — Vacilo na voz. Kaydan parece perceber a movimentação.

— É o meu tio. Espera, a sua casa é aqui?

Murmuro um sim e saio do carro procurando por minha mãe. Quando a encontro a vejo chorando, as luzes azuis e vermelhas piscando, trazendo um ar de tristeza.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!