capítulo 5

Eu estou em um transe.

Algo estranho está acontecendo dentro de mim e não é nada relacionado fisicamente ao meu organismo, mas sim uma sensação duvidosa de que algo está errado.

Olhei para o meu reflexo pela última vez no espelho, as minhas madeixas ruivas estavam alinhadas na raiz, com cachos nas pontas, Layla fez um ótimo trabalho com o babyliss.

O penteado é delicado, sutil e exatamente o que estava precisando. A maquiagem leve, com bochechas rosadas e lábios brilhando sob o efeito do gloss e uma pequena quantidade de sombra cintilante no canto dos meus olhos, destacando sua cor.

—Você está maravilhosa, a roupa lhe cai tão bem quanto qualquer vestido que poderia escolher Aschy —Disse Lay, me olhando de forma orgulhosa. Ela usa um vestido preto com longas mangas até o pulso e a gola alta. Seus cachos negros soltos trazem a ela um ar jovial, sua pele bronzeada em contraste com os acessórios pratas, os seios fartos e sua cintura fina, juntos com as curvas do seu quadril, tudo em Layla é perfeito na medida certa.

O vestido em que estou é simples, tão simples que me deixa, de certa forma, elegante, exalando pureza. O seu comprimento vai até metade de minhas coxas, com uma fenda de cinco dedos do lado esquerdo, a sua cor branca se destaca com a cor dos meus cabelos, a seda é macia e confortável, um pequeno decote deixa meus seios sutilmente à mostra. Optei por não usar sutiã pois não há necessidade, já que o seu forro não deixa transparência.

Ao chegar em minha residência não encontrei minha mãe, acredito que esteja no local onde acontecerá a festa, cujo sua localização não faço ideia.

 É a minha festa de aniversário, mas não sei quem vai estar presente, qual será o lugar e nem mesmo vi como ficou a decoração do lugar, tem pessoas cuidando de coisas que eu mesma poderia fazer, mas não faço, no entanto, prefiro assim, fui criada assim. Me faz pensar que Peter estava certo sobre o termo "Mimada" do qual usou quando nos falamos pela última vez.

Não contei para ninguém o que aconteceu, assim como nem ele mesmo sabe o estrago que causou em mim naquele dia, ou melhor, naquela noite que dormi entre soluços.

Mas espero que ao menos compareça hoje a noite, já que nem se deu ao trabalho de me parabenizar nem por mensagem. Seria muito ruim se não o fizesse, não quero ter que lidar com mais um problema.

—E então, vamos? —Minha amiga fala ao estender sua mão em minha direção.

—Claro.

Então saímos em direção ao carro que nos levará. Durante todo o percurso me mantive calada, olhando através do vidro a cidade.

—Ei, está bem?— Noto preocupação em seu tom.

—Já teve a sensação de que tudo está errado? —Solto o ar pesadamente — Hoje deveria ser um ótimo dia, assim como nos anos anteriores.

—E ainda pode ser, tem uma festa linda esperando por você, pare de reclamar apenas um minuto.— Segura minha mão, sorrindo para mim.

—Estou com um mau pressentimento Layla.

Escuto uma gargalhada

—Mau pressentimento?— Ela ri novamente e dessa vez posso jurar que senti um pouco de nervosismo de sua parte—Qual é Ashley, o único mal que pode acontecer é o seu gloss borrar.

—Chegamos.

O motorista avisa.

Ao sair do carro me deparo com um prédio de cinco andares, a parte da frente é completamente de vidro e luzes luxuosas. Entramos no elevador até o último andar.

—Voalar! —Layla fala quando o elevador abre as portas, mas a vontade que tenho é de fechá-las novamente.

Não é uma festa.

É um evento.

Não tem apenas cinquenta pessoas.

Creio que chutar 150 ainda é pouco.

Grande parte da escola está aqui, alunos que fazem parte da "elite" da nossa cidade estão presentes, há pessoas mais velhas também.

—Layla. —Minha voz sai grave.

—Vamos, precisamos sair, o elevador vai fechar. —Alerta impaciente.

Saio apenas para não ficar presa.

—Isso é uma festa intimista para você? Olhe só para isso! Eu mal conheço toda essa gente.

Antes que ela se defenda sinto alguém chegar perto para me comprimentar.

—Oh! Querida, meu parabéns, você está divina!

Uma mulher me abraça, olho para Layla pedindo socorro, pois não faço a mínima ideia de quem seja.

—Senhora Castelli! É um prazer contar com sua presença.

Minha amiga se pronuncia. Eu lanço um sorriso de orelha a orelha para a mulher quando Layla á puxa sumindo do meu radar.

Encaro o salão a frente, ninguém além da Senhora "sei lá o que", notou minha presença. Ainda.

Há mesas grandes redondas por todo o local, a decoração está em tons de branco e prata, está lindo, mas não está do jeito que quero. Quer dizer, algum tempo atrás eu adoraria. Mas não hoje.

Um verdadeiro evento, e eu sou a anfitriã.

Começo a caminhar em direção onde estão as pessoas, que aos poucos vem me cumprimentando.

Alguns garotos do time de basquete vêm ao meu encontro, Bryan e Alex. Me cumprimentam educadamente e me parabenizam.

—Você viu o capitão? —Por último Alex pergunta.

Não, eu não o vi.

Não sei onde está meu namorado desde ontem.

Não sei quem é a droga do meu namorado desde que agiu daquela forma comigo.

As palavras sobem a garganta, mas voltam novamente.

—Deve está procurando algo para beber

Digo sorrindo e peço licença ao me afastar.

Dessa vez procuro por minha mãe, a encontro na mesa do buffet. Vejo a preocupação exposta em seu rosto, me aproximo e logo minha presença é notada. O seu olhar antes preocupado, se transforma em um sorriso singelo.

— Uau! Você está maravilhosa querida—Diz em admiração —A minha menina cresceu.

Sorrio para ela e dou-lhe um abraço.

Não tocamos no assunto de ontem, talvez ela não queira estragar a festa.

— Entendo que a senhora e Layla são amantes de grandes eventos, mas isso aqui está… Um pouco de mais.

Tomo um gole do drinque que o garçon me oferece.

— Eventos que envolvem você como anfitriã. — Pontuou— Mas admito que Layla exagerou desta vez…

Ergo uma de minhas sobrancelhas quando ela para de falar. Estranhando a sua atitude me viro para a direção da qual o seu olhar está parado.

— Daiane, quanto tempo! — Um homem alto desconhecido se aproxima de nós e sinto o ar pesadamente em nossa volta.

— Richard—Ouço a minha mãe murmura surpresa. O homem não aparenta ter mais que 35 anos, os seus trajes são uniformes, os seus cabelos negros penteados para trás, dão-lhe o ar de poder, seu terno não há sequer um fio fora do lugar, o seu semblante sério e jovem faz qualquer um parar o que esta fazendo apenas para admirá-lo.

—Querida, pode nos dar licença? —pede e por mais que relute em ficar, sinto seu olhar ameaçador sobre mim. Por fim, acato sua ordem.

—Se me derem licença eu tenho que procurar o meu namorado.

Olho em volta e não o encontro em lugar algum. Procuro por Layla, mas é o mesmo que procurar uma agulha em um palheiro.

Ando por todo o salão o procurando.

— Céus Ashley! — Resmungou Layla vindo ao meu encontro —Onde esteve?

— Eu estava procurando o Pi...

—Vamos, irão começar as homenagens.

Sou puxada por ela antes mesmo de ter qualquer chance em perguntar sobre Piter.

— O quê? Não, Layla espera eu preciso...—Solto a minha mão da sua bruscamente e ela vira-se para mim —Eu preciso achar o Peter Layla!

A vejo revirar os olhos chateada. Layla inspira fundo e encara-me solene novamente.

— Ashley você não vê?

— Que precisamos achar o meu namorado, mas estamos aqui perdendo tempo? — Resmunguei e Layla ri com escárnio.

— Porquê você está procurando o Peter?

— Como assim "porque", ele é meu namorado Layla, óbvio que eu…

— Não, droga você não entendeu—Diz impaciente— Porque você tem que ficar igual uma maluca procurando o imbecil do Peter que nem sequer te mandou uma mensagem te parabenizando? Que não fez a mínima questão de ir hoje cedo na sua casa cantar parabéns para você e que não está aqui mesmo a sua própria mãe o convidando?

Encaro aqueles olhos castanhos em minha frente.

O Peter não veio.

—Meninas até que enfim achei vocês! —Mamãe chega me tirando do transe —Vamos, está na hora do parabéns.

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