Capítulo 14

— Como foi a escola hoje filha?

Mamãe pergunta enquanto jantamos. Enquanto ela janta, na verdade, eu apenas estou brincando com a comida.

—Ah... Foi, normal eu acho.— Contar a ela sobre as fortes dores de cabeça só irá deixá-la mais preocupada ainda, tenho consciência de que o principal causador do meu mal-estar é essa mudança repentina.

— Fez amigos?

— Sim, a Anne. — sorrio involuntariamente ao lembrar da cena do refeitório, quando ela se engasgou com o próprio suco de tanto rir — Ela é legal. — Vejo os lábios da minha se esticarem

— Aconteceu algo mais? Se sentiu bem?— insiste e começo a estranhar o seu tom.

—Não, foi um dia normal, mãe. — Bebo um gole de suco e sinto o seu olhar sob mim. —O que foi?

—Ashley. —Ela sabe, ela sabe sobre a enfermaria. Solto o ar pesadamente em rendimento.

— Ligaram para você?

—O que você acha? —uma pausa — Não pode esconder as coisas de mim!

Ponho o garfo sobre o prato e Levanto-me, a náusea volta novamente e sinto um cheiro forte de terra enchendo minhas narinas.

—Não estou com paciência pra isso de novo.

—Volte aqui, Ashley Cooper! —Ela se levanta e começa a me seguir. — Você mentiu para mim e não é a primeira vez!

—O que há de errado com você? Eu não fiz nada de mais, apenas omitir algo, o que há de errado nisso?!— paro antes de subir a escada. A minha cabeça começa a latejar.

—Não estamos em Hudson, não pode esconder e nem omitir as coisas de mim aqui! Eu sou a única pessoa nesse lugar da qual você pode contar. Você precisa confiar em mim, filha. — seu tom sai em súplica e chego mais perto dela à encarando nos olhos, algo que nunca consegui fazer antes, mas a raiva está tão grande que não consigo me conter.

— É bem difícil tentar enchergar no escuro nao não é? Quer que eu confie em você? Então dê-me motivos para isso, ultimamente está em falta. — cuspo as palavras e ela arregala os olhos.

Me apoio no corrimão da escada, não consigo sustentar o peso do meu corpo, começo a chorar descontroladamente, parece que estão dando marteladas em minha cabeça. O cheiro se intensifica e não consigo respirar. A companhia da porta toca e o som agudo invade os meus ouvidos me fazendo chorar ainda mais.

Minha mãe gesticula com a boca, palavras que não consigo entender, ao poucos minha visão se esvai e não tenho noção do que está acontecendo, exceto que a porta acabou de ser aberta.

Numa fração de segundos tudo dentro de mim, explode, vomito todo o chão da sala e sinto mãos grandes levantando-me.

......................

Ouço distante o que parece ser algum tipo de discussão, tento identificar quais as vozes, mas ainda estou bem sonolenta. Abro os olhos lentamente e reconheço o lugar onde estou. Meu quarto.

Sento-me sobre a cama e ouço bem melhor as duas pessoas que estão discutindo. Minha mãe e…

Espera, o que Richard está fazendo aqui?

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