Capítulo 8

Acabei de desabafar com um desconhecido, pior ainda, chorei na sua frente.

— Desculpe. — Digo entre soluços, fungando o nariz puxando o catarro, para que eu não seja mais humilhada do que já fui.

— Acredite, o que é ruim sempre pode piorar e no seu caso pode ficar ainda pior.

—Ah nossa, muito obrigada pelo apoio! Já tentou ser psicólogo? — Indago irônica

— Não é muito a minha praia. — Ele apoia as costas no banco.

— Ah, Jura? Nem percebi, você é tão sutil quanto um coice de um cavalo.—Ele revira os olhos.

—O que eu quero dizer, é que, a vida não para depois de um término.

— Mas não foi um término, foi uma traição! Você escutou o que eu disse?

— Criança, esse garoto estava rejeitando você a um bom tempo, óbvio que foi termino, tem que ser muito burra para não perceber.

Arregalo meus olhos o encarando

—Você me chamou de burra?

— Sim, —Diz com total normalidade e confiança.—Vai me dizer que não? Então prove.

Encaro a fonte a minha frente, o chafariz despeja uma corrente de água sob a fonte, fazendo pequenas ondinhas.

—Sim, você te razão. Eu insisti.

— Exatamente. Agora podemos ir?

[...]

Quando cheguei em casa, minha me abraçou, vi que Layla não estava com ela, e desmoronei mais uma vez. Perdi meu relacionamento e a minha melhor amiga, o pior de tudo é que não terei como consertar as coisas, se é que há algo a ser consertado.

Mamãe se despede de Richard enquanto espero na cozinha, os dois estão conversando a algum tempo e começo a pensar que talvez, seria bom ela tentar algo novo depois do papai. Não sei como era a relação deles, pois não cheguei a conhecê-lo, apenas algumas fotos, no entanto, há entusiasmo e orgulho quando minha mãe fala dele. Meu pai era pintor, se formou em uma das universidades da França e foi lá que se conheceram. Alguns anos depois, quando eu estava com dois anos de vida, ele sofreu um acidente de carro e foi a óbito.

É cansativo sentir saudade de alguém que nunca conheceu, mas que sua ausência altera tudo que acontece ao nosso redor.

Ao encarar a porta de entrada noto pela primeira vez desde que voltei do parque, caixas grandes, médias e pequenas por toda a casa.

Não quero pensar em viagens

Não quero pensar em traições

E me recuso a pensar em amizades, ou num pai que está morto a mais de 16 anos.

Subo para meu quarto, e apenas me jogo em cima da cama no intuito de esquecer o dia de hoje. Porém, a cena do vestiário fica repetindo várias e várias vezes. Até que me rendo a lágrima sorrateiras. Depois de quase uma hora, consigo pegar no sono.

[...]

—O bolo não está tão ruim assim, está?—minha mãe indaga ao perceber que mal toquei no bolo que fez.

— Hunhum, não está...

Ela suspira ao meu lado. Antes que ela fale algo a companhia toca.

—Acho que é o caminhão de mudanças, vou lá atender.

Meu celular ainda vibra sem para, ontem não tive coragem de olhá-lo, no entanto preciso mandar ao menos um "Bom dia" para Layla.

A caixa de notificações está cheia, a maioria números desconhecidos. Entre eles estão, Ashley, Piter, David e a Professora Sophia?

Leio sua mensagem e apenas ignoro as "desculpas" e pulo para a de David, tem no total umas 10 mensagens, o respondo com um:

"Bom dia, estou bem e sim estou me mudando para Nebraska hoje"

A próxima mensagem é a de Layla. Quatro mensagens.

Onde você está?

Por favor, mande um sinal de fumaça!

Aschy!!!

Me ligue assim que ver estas mensagens.

Disco o seu número e na mesma hora sou atendida.

......................

Eu e Layla ficamos conversando por um bom tempo até que minha mãe me chamasse, pois logo partiriamos, consequentemente minha amiga pediu para que esperacemos, pois queria se despedir adequadamente, junto com ela veio David.

Nos abraçamos, choramos, específicadamente eu e Layla, já que David apenas ria da nossa cara de choro. Não demoramos muito, caso contrário eu e minha mãe chegaríamos muito tarde em qualquer que seja o lugar para onde estamos indo.

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