Próxima à mesa de bolos, sob o olhar de todos, encaro o aglomerado de pessoas em suas mesas, atenciosos ao que minha mãe fala sobre mim.
Há em média, cerca de duzentas pessoas presentes em meu aniversário. No entanto, não sinto remorso ao admitir que só me importo com 5% dos olhares que me circulam.
Os integrantes do time de basquete, e os seus semblantes moldados em pena.
O olhar da minha melhor amiga em pura frustração.
E no canto inferior do salão, na última mesa, um homem, me fitando estranhamente. Richard.
— ... E quando percebi, se passaram dezoito anos!
Volto a minha atenção para minha mãe sorrindo. Ela estende a mão e eu aceito.
— Feliz aniversário, filha.
Uma lágrima molha a sua bochecha, logo após outra e então um abraço, em seguida aplaudem. Gesticulo um obrigado acompanhado de um sorriso para ela.
Os garçons se movem para servir o prato principal, todos voltam a conversar novamente, mas noto um amontoado de seis pessoas que saíram de sua mesa para se juntar à mesa ao lado e conversarem. São Alunos da escola.
Eles mostram o celular uns para os outros e voltam sua atenção para mim. Uma garota de cabelos loiros se levanta e vai até onde os jogadores de basquete estão, ela vira o telefone para o rosto de David.
O melhor amigo de Peter me encara e novamente, vejo pena. Franzi o cenho e posso jurar que senti um sinal de interrogação em cima da minha cabeça.
Pela minha visão periférica vejo Layla vindo em minha direção.
Há algo errado.
— Ashy... — Preocupação em sua voz
—Layla? Acho que tem algo acontecendo, a garota...
—É o Peter.
E como mágica, toda a preocupação que rondava Layla, passou para mim.
—O que... — Não consigo terminar a frase com medo do que virá depois que eu disser ela.
Layla me mostra a tela do seu celular.
A página de um blog da escola. Em um gesto tiro o aparelho da mão dela e começo a ler.
...Amanhã será o grande dia! A nossa instituição dará um grande passo ao participar das finais do campeonato de basquete. Nós como meros estudantes temos conhecimento do quão árdua foi a caminhada dos Olympians até aqui, principalmente quando se trata dos jogadores. Que fique entre nós, mas os nossos meninos tiveram de fazer escolhas difíceis nos últimos 2 anos....
...Diversão ou Treino?...
...E obviamente optaram pela segunda opção. ...
...Bem, quero dizer, alguns pelo menos....
...Enquanto uns suavam na quadra, outros suavam na cama, ou no vestiário para ser mais exato. ...
...Mas, antes de tudo, quero parabenizar a nossa querida miss simpatia de Hudson! ...
...Por favor, aceite meus parabéns e aqui vai o meu presente de aniversário, queridinha....
Rolo a tela para baixo e vejo um vídeo, ciclo em cima da figura triangular dando início. A pessoa que está filmando não faz nenhum som, ela ou ele caminha em direção a pequena janela de aço do vestiário, o câmera sobe em uma caixa de madeira para alcançar a abertura até que consegue filmar dentro do vestiário.
Peter sem camisa. Uma mulher ruiva com os cabelos desgrenhados. Professora Sophia, está inclinada de bruços com os braços apoiados em cima de um balcão, enquanto Peter por de trás a penetra várias vezes.
Meu chão cai.
A camisa jogada no balcão é a mesma do dia em que o encontrei no vestiário com o cabelo bagunçado.
Não consigo ler o resto da publicação e entrego o celular para minha amiga.
Todos da cidade têm acesso ao blog, todos da cidade conhecem Peter. Olho para frente e os que não estão olhando para seus aparelhos, estão olhando diretamente para mim.
Piedade, acusação, e até mesmo risos abafados.
Minha mãe corre em minha direção, mas o peso da vergonha é maior. Passo às pressas entre as mesas, sentido vários olhares queimando minhas costas.
—Ashy espera!
Ouço a voz de Layla longe, pois já estou dentro do elevador. As portas se encontram, e tudo fica em silêncio.
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Atualizado até capítulo 49
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