Eduardo
O café da manhã foi bastante agradável. Conversamos sobre a peça, nossas vidas, nossos sentimentos. Apesar de passarmos mais tempo discutindo do que realmente nos entendendo, chegamos a um acordo de tentar diminuir essa dinâmica de brigas e nos dar uma chance de nos conhecer melhor. No entanto, havia um certo receio no ar, uma dúvida sobre se essa tentativa daria certo ou apenas agravaria as coisas.
No caminho de volta para casa, consegui convencê-la a ficar na minha casa por enquanto. Era uma questão de segurança, principalmente depois daquilo que aconteceu com Enzo. Eu sabia que ele não estava disposto a ter uma conversa amigável, seus movimentos agressivos deixavam isso claro. Ao analisar a situação, percebi que ele poderia facilmente perder o controle e representar uma ameaça real para Adriana.
A simples ideia de alguém machucando-a ativava um sentimento de proteção feroz dentro de mim. Eu longe
Depois de deixá-la em casa, decidi visitar a barbearia da minha infância, um lugar cheio de lembranças e conforto. A última vez que estive lá foi quando conheci Lorena, uma lembrança que eu preferia não reviver. Abri a porta com cuidado, encontrando meu velho amigo Afonso, que, apesar de sua idade avançada, continuava a trabalhar com determinação. Felizmente, o lugar estava vazio naquele momento, o que significava que eu não teria que esperar muito por um atendimento.
Enquanto ele começava a cortar meu cabelo, observei alguns quadros antigos pendurados nas paredes. O ambiente da barbearia me trazia uma sensação de nostalgia e conforto, como se o tempo tivesse parado ali por um momento.
-Me diz o que te trouxe aqui? - Ele perguntou curioso.
-Vim cortar meu cabelo.
Ele soltou uma risada.
-Na verdade, não, você só usa essa desculpa quando está interessado em uma mulher.
-Você me conhece bem...
-Então me diz, o que quer deste pobre velho?
-O que eu faço para que uma mulher acredite em mim?
Ele parou de passar a tesoura pelo meu cabelo e ficou silencioso. Parecia estar ponderando minha pergunta, talvez buscando uma resposta que fosse útil e sincera.
-Você deu algum motivo para ela desconfiar de você?
-Acredito que sim...
-É a mesma pessoa de antes?
-Não.
-Então fica difícil, você nunca está com a mesma mulher, sempre está trocando como se fosse roupa... - Ele sorriu de forma bem-humorada. - Isso acaba gerando dúvidas nas atuais, quando será que você vai deixá-las...
Aquelas palavras foram como um soco no estômago.
-Com essa quero ficar para a vida toda! - Afirmei, deixando claro a sinceridade do meu sentimento. Ela era única.
-Então comece a mudar suas atitudes. Ela já deve estar morando com você, já deve estar dormindo com você... - Ele me encarou.
-Ela está morando aqui, mas ainda não compartilhamos a mesma cama...
-Por quê?
-Ela não deixa, não acredita...
-Então ela não é qualquer mulher, está te fazendo questionar, não é?
-Sim, um pouco.
-Quer saber? Fico curioso para ver a sua expressão quando ela recusou... - Ele riu. - Ela conseguiu conquistar seu coração, não o seu corpo.
-O que você quer dizer?
-Ela não precisou se entregar fisicamente para mostrar que ama. Ela chegou e demonstrou isso de outras formas. E pelo seu rosto, dá para perceber que ela tem mexido com você de verdade.
Era verdade, ela mexia comigo de uma maneira que nunca experienciei antes.
-O que devo fazer?
-Seja você mesmo, Eduardo. - Ele bateu no meu ombro com gentileza. - Conheça a alma dela antes de desvendar o corpo. Descubra o que ela gosta, o que não gosta, se prefere frio ou calor. Seja mais do que um namorado, seja o amigo dela, alguém em quem ela possa confiar. - Ele começou a aplicar espuma de barbear. - Veja o pôr do sol juntos, almoce com ela, seja gentil em todos os sentidos. Se puder, leve flores, convide-a para dançar, acaricie o cabelo dela. Seja o homem que ela sempre sonhou.
-Você tem muito conhecimento sobre isso!
-Na verdade, estou apenas compartilhando conselhos de alguém que já perdeu um grande amor... - Ele pareceu triste por um momento. - Se eu tivesse feito tudo isso que estou te dizendo, talvez ela não tivesse partido. Estou apenas te alertando.
-Dessa vez, vou fazer dar certo.
A experiência do Afonso era inestimável, ele era como um pai para mim, sempre me orientando com seus conselhos sábios. A sensação de poder perder Adriana me deixava incomodado, e eu estava determinado a fazer dar certo entre nós. Antes de voltar para casa, passei por uma floricultura e escolhi um belo buquê de rosas vermelhas, cuidadosamente embrulhadas em plástico branco. Com o presente em mãos, saí do local com um sorriso no rosto, até que esbarrei acidentalmente em uma mulher.
-Ei, presta atenção por onde anda! - Ela se virou para mim, claramente irritada. -Eduardo? - Reconheci Lorena, vestida com roupas de academia. Notei que seus olhos foram atraídos pelo buquê em minha mão. - Nossa, as rosas são lindas.
São realmente lindas, espero que a Adriana goste! - Falei com empolgação.
Adriana? - Parecia um tanto surpresa e perturbada.
Sim, bem... Foi um prazer te ver. Até logo. - Rapidamente me afastei, com pressa de continuar meu caminho e não permitir que nada estragasse aquele momento.
Adriana
Ele tinha o dom de tornar meus dias mais belos, mesmo que às vezes conseguisse tirar minha paciência. Observava cada detalhe, cada ação naquele café. Seus gestos, as carícias carinhosas que fazia, mostravam seu afeto por mim. Saímos de lá de mãos dadas, e o tempo parecia correr de forma diferente quando estava ao seu lado. Rapidamente, nos encontramos de volta em seu apartamento, ou melhor, no apartamento dele. Pedi permissão para mexer em seu notebook e ele consentiu, dando um beijo leve na minha testa antes de sair.
Decidi dar uma olhada no que Eduardo estava pesquisando.
E, entre nós, ele não pesquisava nada coerente. Havia fotos aleatórias de montanhas, imagens dele com amigos e um poema. Sim, um poema pela metade. Nele, ele descrevia sua solidão e como se sentia sozinho. Enquanto procurava apartamentos para alugar, percebi que a maioria deles ficava longe do teatro. De repente, a porta se abriu, e um buquê de rosas vermelhas entrou pela porta, seguido por um homem incrivelmente bonito.
-Para você! - Ele disse se aproximando.
-Nossa! - Fiquei surpresa.- Eu não sei o que dizer...
-Não precisa dizer nada! - Ele se sentou ao meu lado. - E então, encontrou algum apartamento? - Ele olhou para a tela do computador.
-Não...- Respondi desanimada. - Todos são longe do teatro...
-Ótimo, mais um motivo para você vir morar comigo! - Ele sorriu.
-Mais um motivo para eu querer quebrar sua cara!
-É assim que você me trata? Eu trago flores para você e você quer me bater?
-Então leve as flores de volta, eu não pedi por você! - Falei irritada.
-Você é impossível! - Ele riu. - Mas é por isso que eu sou apaixonado por você!
Minhas bochechas ficaram vermelhas.
-Não precisa ficar envergonhada, Dry!
-Eu não estou envergonhada, Eduardo. Agora, faça algo útil e arrume um vaso para as rosas, senão elas vão murchar.
-Está bem!
Ele não demorou muito para voltar com um lindo vaso.
-Olha, minha mãe me deu esse vaso, eu nunca usei, então vamos estrear hoje!
-É realmente bonito!
Nesse momento, alguém bateu à porta e a abriu, revelando a figura do Gabriel e da Helena. Estavam bem vestidos e mais animados do que da última vez que os vi.
-Oi, casal apaixonado! - Gabriel disse, trazendo o Júnior em seus braços. -Está aqui o pacotinho de gente.
-Já estão de saída? - Eduardo pegou o garotinho no colo.
-Sim! - respondeu Helena animada.
-Cuide bem do meu pequeno, Eduardo!
-Pode deixar, estarei aqui para ajudá-lo. - Falei com um sorriso.
-Agradecemos, Adriana! - Helena Sorriu.
-Precisamos ir! - Helena se apressou até a porta. - Até mais... - Eles saíram rápido
-Nossa, nem se despediu do filho direito... - Eduardo colocou o menino no chão. - Por que será que eles saíram correndo?- Juinior começou a chorar.
-Acho que não precisamos explicar o porquê deles terem saído correndo!
-Calma, Júnior, seu papai vai voltar! - Eduardo tentou pegar o menino, que rolava no chão. Quanto mais ele tentava, mais alto o choro ficava. - E agora, o que vamos fazer?
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Imaculada Abreu
😂😂😋😂😂😂😂
2024-01-20
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