Eduardo
Encostado ali com ela, nossos corpos unidos, deu ainda mais absoluta certeza de que não era apenas ilusão, era amor, amor de verdade. Não demorou muito para chegarmos ao local, pequenas casas em uma ilha e à nossa frente, o mar. Dividimos os grupos para ocupar cada casa: eu, Daniela, Matheus, Antônio, Adriana e mais uma moça. O lugar era pequeno, mas aconchegante. Arrumamos nossas coisas e fui para o lado de fora da casa.
Que vista!
O sol estava se pondo, lançando seus últimos raios alaranjados no céu. O som do mar preenchia meus ouvidos, e eu fechei os olhos por alguns segundos, absorvendo a tranquilidade do momento. Até que sinto a presença dela, como eu sabia?
Seu perfume invadiu minha alma, meu corpo ficou alerta com sua proximidade, minhas mãos começaram a suar. Abri os olhos e lá estava ela, contemplando o pôr do sol.
-Incrível, né? - Disse.
-É sim!
-Ainda mais com você ao meu lado!
-Você é um tolo!
Sempre me xingando, isso é amor!
Ela revirou os olhos.
-Você faz isso com todas?
Fiquei em silêncio.
-Imaginei! - Disse indo embora.
-Espera! - Segurei seu braço- Por que não acredita em mim?
-Porque tenho vários motivos, não vou cair no seu papo, não gosto de você! - Gritou- Será que não entende?!
Talvez quem esteja amando sou eu, esteja forçando a barra demais, querendo algo que talvez seja impossível de conquistar. Nossos olhos procuravam respostas para as dúvidas de nossos corações. Eu soltei seu braço e me afastei, indo para outra direção, senti seus olhos me acompanhando. Estava tão magoado que queria sumir naquele momento.
-Hei! - Matheus correu em minha direção. - Que cara é essa, cara?
-Olha, não vamos falar mais da Adriana, ou dos meus sentimentos por ela. Na verdade, eu não deveria ter vindo! - Disse irritado.
-Que isso, cara? - Ele me perguntou espantado. - O que aconteceu?
-O que aconteceu? Ela disse que não gosta de mim, simples! - Disse sentando na areia.
-Do nada?
-Do nada!
-Talvez ela esteja confusa, ou com medo! - Ele repetiu o mesmo movimento.
-Não acho não!
-Calma, Eduardo. Vai desistir assim?
-Sim, algum problema? - Estava tão bravo que não estava medindo as palavras.
-Caramba, isso que é amor! - Disse se levantando. - Vou te deixar aí sozinho!
Observei ele partir.
Adriana
Ver o Eduardo contemplando o final de tarde foi tão fofo, ele estava parado, com os olhos fechados e um sorriso esplêndido no rosto. Me aproximei e observei mais, estava tão lindo, mas durou pouco a nossa paz. Comecei a questionar suas palavras, pois elas deixavam dúvidas em meu coração. Uma das principais dúvidas era se ele estava sendo sincero de verdade. Acabei usando palavras que não deveria, palavras que não precisavam ser ditas, e ele simplesmente me deixou ali sozinha.
Eu peguei pesado demais!
Voltei para a casa onde estávamos hospedados. As meninas conversavam sobre alguma festa que o pessoal ia fazer na praia mais tarde, mas eu estava apenas parcialmente presente, perdida em meus pensamentos. Matheus chegou chateado e sentou no sofá.
-O que foi, Matheus? - Antônio perguntava.
-Nada, só o Eduardo que está agindo como um idiota!
A culpa é minha.
-Esse cara é um babaca, eu nunca gostei dele!
-Caramba, Antônio, ele é tão legal! - Daniela o defendeu.
-É verdade, ele é um cara arrogante, olha, se eu perder a paciência com ele, juro que vou encher ele de porrada!
-Nossa, Antônio, o que o Eduardo fez para você ter tanta raiva dele? - Matheus perguntou surpreso.
-Esse cara deu em cima da minha namorada!
-Como é? - Perguntei chocada.
-Eu conheço o Eduardo há anos, sei que ele não presta!
-Desse episódio eu não estava sabendo! - Matheus perguntou confuso.
-Ele tem cara de santo, mas de santo ele não tem nada!
O Eduardo é um mulherengo então?
-O que você está dizendo de mim? - Eduardo apareceu na porta.
-Olha o idiota chegou! - Antônio se levantou e foi em direção a ele. - Conta para eles como você roubou minha namorada!
-Do que você está falando? - Eduardo perguntou irritado.
-Agora vai negar! - Antônio riu. - Só porque tem garotas aqui, vai fingir que é mentira! - Ele empurrou Eduardo.
-Calma, pessoal, não briguem! - Matheus segurou Antônio.
-Você está mentindo, eu nem conheço sua namorada, nem sei quem é ela!
-Ah, você não conhece? - Antônio disse erguendo o punho. - Vou te refrescar a memória! - Ele deu um soco no rosto de Eduardo.
Antes que Eduardo pudesse revidar, entrei na frente dele, pedindo para que se acalmasse. Matheus ainda segurava Antônio, que parecia pronto para um confronto. Nossos olhos se encontraram e, em questão de segundos, peguei a mão de Eduardo e o conduzi para fora da casa. Andei em silêncio com ele até um lugar onde havia rochas. Estava bem mais escuro ali, mas a luz da lua iluminava nosso caminho. Soltei sua mão e andei um pouco mais, ficando afastada dele.
-Você acreditou nele? - Sua voz saiu um pouco triste.
-Você é bem mais galanteador do que eu pensava! - Falei, sem negar as dúvidas que pairavam na minha mente.
-Eu não dei em cima da namorada de ninguém!
-É um pouco difícil acreditar nisso.
-Por que você não confia em mim?
Eduardo
Ouvir aquelas acusações sobre mim foi o limite, eu não tinha feito nada daquilo. Tinha trabalhado com Antônio em apenas duas peças, nem sabia que ele estava namorando. Poderia ter revidado e mostrado a ele como meu punho podia responder a mentira com mentira, mas quando Adriana se colocou na minha frente, a raiva pareceu se dissipar, trazendo uma sensação de paz.
Ela tem esse poder sobre mim!
Apesar de ainda estar magoado com suas palavras, ela conseguia me deixar derretido, sem chão. Quando ela pegou na minha mão, senti como um choque percorrendo entre o meu cérebro e meu coração. Ambos me alertavam que algo sobrenatural estava acontecendo, e esse algo era o amor!
Já não tinha mais controle sobre meus próprios pensamentos, pois ela havia ocupado todas as partes do meu ser. Ela só precisava experimentar.
Ficamos ali parados, conversando, até que meu corpo agiu por impulso e a puxou para mais perto. Como ímã, nossos corpos se encaixaram, e eu podia sentir seu corpo estremecer quando minha mão alcançou sua nuca. Ela parecia surpresa, quase constrangida, e imediatamente corou.
-Me dê apenas uma chance... - Sussurrei.
Ficamos ali, olhando fixamente um para o outro. Ela não disse absolutamente nada, apenas o silêncio reinava entre nós. Nossos corpos estavam próximos, iluminados pela luz da lua, o vento soprando suavemente, nossas bocas a apenas pequenos centímetros de se tocarem.
Era como se fossemos apenas eu e ela ali.
Era eu e ela.
Era nós dois.
Adriana
Eu não conseguia mais fingir, não conseguia mais esconder. Minha mão estava em seu ombro, nossas testas se tocavam suavemente. Poderia empurrá-lo, afastá-lo, mas parecia inevitável. Meu corpo estava tenso, reagindo a cada toque dele. Meus sentimentos estavam em conflito, mas algo me dizia que era hora de confiar.
Aproximei-me mais, nossas bocas quase se tocando. Meus dedos deslizaram por seu cabelo, fazendo um pequeno cafuné. Uma de suas mãos segurou minha cintura, apertando-me suavemente. Era uma sensação avassaladora, ele estava mexendo com partes de mim que eu nem sabia que existiam.
-E se eu te der uma chance? - Sussurrei, buscando sua reação.
Ele me olhou intensamente.
-Vou te mostrar que tudo o que disseram sobre mim é mentira.
-Por que você acha que precisa provar isso para mim?
-Porque é a única maneira de te mostrar o que sinto.
Minhas emoções estavam em um turbilhão. Olhei profundamente em seus olhos, e então ele falou as palavras que eu ansiava ouvir:
-Eu te amo, e não posso mais negar isso.
Ele curvou o rosto e beijou meu pescoço, seus lábios estavam úmidos e sua língua roçou contra minha pele.
Um arrepio percorreu meu corpo.
-Eu quero ter você para mim, mas não como um troféu, eu quero te ter como mulher, esposa, amiga...
-Às vezes penso que você fala isso da boca para fora, todos os homens são iguais!
-Alguém te machucou tanto assim, para você desconfiar?
-Isso não vem ao caso agora! - Disse, tentando esconder minha raiva do passado.
-Eu consigo ver, e quero curar a dor que te deixaram!
-Não quero falar do meu passado!
Tentei me afastar, mas ele apertou ainda mais, desta vez beijando minha bochecha. Ele consegue hipnotizar qualquer uma. Até que escutamos passos atrás de nós e nos afastamos.
-Desculpa, atrapalhei o clima, né? - Matheus chegava, envergonhado.
-Está tudo bem! - Disse, vendo a cara de desgosto do Eduardo.
-O Antônio mudou de casa, e a professora quer falar com Eduardo.
-Está bem.
O Eduardo saiu andando à nossa frente, e eu e Matheus fomos atrás, observando as estrelas. Para falar a verdade, queria ter beijado o Eduardo.
-Rolou beijo? - Matheus perguntou.
-Não!
-Bem que eu queria.
-Dizem que ele beija bem! - Sorriu.
Sorri.
Entramos dentro da casa e começamos a conversar sobre coisas cotidianas, como a casa, comida, enquanto a Daniela e a outra moça não estavam presentes. Notei que a Dani parecia estar agindo de forma estranha em relação a mim. Eduardo retornou pouco depois, sentou-se no sofá com uma expressão irritada.
-O que ela disse?
-Ela me chamou atenção! - Suspirou - Se eu fizer isso novamente, serei expulso.
-Mas você não fez nada! - Disse, sentindo indignação.
-Não foi o que o Antônio relatou para ela!
-Nesse momento, trocamos olhares significativos.
-Eu vou sair um pouco e já volto! - Matheus rapidamente foi em direção à porta.
Eduardo
Não a beijei, pois ainda sentia que ela não estava completamente segura. No entanto, vi firmeza em seus olhos e senti segurança em sua mão. Não vou permitir que essa oportunidade escape agora, estou decidido a fazer o que for necessário para provar meus sentimentos. Não vou fugir deste sentimento.
Talvez eu esteja ficando um pouco meloso, não é?
Enquanto Matheus saía, me aproximei ainda mais do corpo dela e me virei de costas, encostando-me em suas pernas. Com delicadeza, ela começou a acariciar meus cabelos, e aproveitei para observar seu rosto por alguns segundos.
-Então posso te chamar para sair?
-Pode! - Sorriu.
-E posso pegar na sua mão sem você brigar comigo?
-Sim! - Revirou os olhos.
-Posso te chamar de minha namorada? - Sorri- Ou minha mulher?
Ela corou.
-Por enquanto, apenas de Adriana.
-Sabia que iria dizer isso!
-Eduardo, que tal fazermos um acordo?
-Que tipo de acordo? - Perguntei confuso.
-Vamos manter em segredo que estamos juntos?
-Não posso te mostrar para o mundo?
Ela riu.
-Não, Eduardo, não pode.
-Um relacionamento escondido tem seu charme, não acha?
-Não seja bobo, só não quero contar ainda para os outros!
-Está bem, vou manter segredo!
-Obrigada.
Escutamos pessoas entrando na casa e rapidamente nos levantamos. Daniela passou por nós dois sem dizer nada, enquanto Matheus se sentava no meio de nós, contando sobre a aventura que teríamos na manhã seguinte. Logo depois, fomos para nossos quartos descansar.
-Sabe o que descobri? - Matheus disse arrumando sua cama.
-O quê?
O que o Matheus ainda não sabe.
-O Antônio gosta da Adriana.
-Como você sabe disso?
-Ouvi ele conversando com uma moça lá.
-Mas ele não vai ser um problema. - Disse confiante.
-Então vocês estão namorando?
-Não, estamos nos conhecendo.
-Vocês são muito enrolados, já deviam ter se beijado logo.
-Quero que seja especial para ela!
-Eu quero que seja logo, quem observa não tem paciência!
-Também quero que aconteça logo, mas não estamos prontos ainda.
-Amanhã você pode beijá-la durante a caminhada!
-Se rolar um clima, sim!
-Se rolar? - Ele exclamou- Vocês estavam quase colados um no outro agora mesmo, e você vem me dizer que talvez não esteja no clima? Vocês estão mesmo enrolados, hein?
-Calma, tudo tem o seu tempo.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Imaculada Abreu
O Antônio e o Matheus são cobras venenosas
2024-01-20
0
Joselia Santus
Matheus vai ser um traíra....
2023-11-19
1
Girassol
Eu vou socar a cara desse Antônio!!! Como se atreve a bater no meu Dudu? Rum m
2023-08-20
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