Eduardo
Um vazio me preencheu quando nos separamos, como se uma parte de mim tivesse partido junto com ele. Agora eu entendi, nunca havia experimentado uma conexão tão forte assim. Eu queria sentir isso de novo, queria ter essa sensação novamente.
Eu quero você comigo!
A voz da professora parecia distante, eu não conseguia prestar atenção em nada que ela dizia. Minha mente estava completamente tomada por ele. Matheus me puxou para o lado, afastando-me dos meus pensamentos.
-Ó apaixonadão! - Matheus riu. Eu o olhei irritado. - Nossa ala é por aqui!
-Do que você está falando, Matheus? - Perguntei com irritação.
-Isso que dá estar apaixonado, nem presta atenção nas coisas!
-Por que estamos indo por aqui?
Caminhávamos por um corredor comprido.
-Porque os homens vão para este lado e as mulheres vão para o outro! - Matheus apontou. - Você estava tão distraído! - Ele zombou.
-Não enche, Matheus!
-Só falta você babar agora!
-Não gosto dela, está claro!
-Se não gostasse, não teria ficado tão grudado nela durante a dança que todo mundo percebeu.
Dane-se, eu quero que todos percebam.
-Ei! - O rapaz que havia conversado com Adriana se aproximou. - O que você é da Adriana?
O marido, namorado, amante... o que ela quiser.
-Por que quer saber? - Desafiei.
-Olha, cara, eu sei que você não quer nada sério com ela, que só quer brincar com os sentimentos dela, mas ela não está sozinha!
-Eu não vou brincar com a Adriana!
Ele me encarou e saiu andando.
-Acabou de deixar claro que gosta dela, Eduardo. Ela está sendo bem disputada. Queria alguém assim por mim! - Matheus sorriu.
Adriana
Eu me afastei o mais rápido que pude, não queria tê-lo por perto, apesar do meu corpo parecer desejar isso. Olhar para ele seria arriscado, porque se me perdesse em seu olhar, poderia me deixar levar por algo que não posso explicar facilmente. É difícil explicar essa atração.
A professora deu instruções e fomos para salas separadas. Vi quando ele foi chamado pelo amigo e percebi o quanto ele ficou irritado. Mais alguns minutos naquela sala e todos ali perceberiam o que estava acontecendo, se já não tivessem percebido.
-Você e o Edu parecem bem íntimos. - Dani estava ao meu lado.
-Não somos, na verdade. - Respondi.
-Não foi o que eu vi.
Eu sabia que ela ficaria chateada.
-Você está brava?
-Não, de jeito nenhum. Por que você acha isso?
-Apenas pensei.
-Arthur quer ir ao cinema hoje, você vai?
-Não posso, tenho algumas coisas para resolver.
-Vem com a gente, Dri, vai ser divertido.
-Agradeço, Dani, mas realmente não posso. Tenho assuntos importantes para cuidar.
Na verdade, eu não queria ir de qualquer maneira.
A palestra transcorreu em silêncio, e eu sabia que Dani estava chateada. Tudo isso era culpa de Eduardo e da situação estranha que estávamos vivendo. Após várias horas, finalmente chegou o momento de irmos para casa. Dani e Arthur decidiram ir ao cinema com os outros colegas, enquanto eu planejava pegar um táxi para evitar qualquer outra interação com Eduardo. No entanto, o dia ensolarado havia se transformado em uma chuva intensa, as gotas caíam do céu, encharcando meus cabelos e manchando a maquiagem que eu havia aplicado.
-Entra! - Eduardo estava no volante.
-Não precisa, vou pegar um táxi.
-Neste temporal, será difícil conseguir um. Prometo que não vou te sequestrar. - Ele sorriu.
Eduardo
Depois de passar horas intermináveis sentado em uma sala, ouvindo uma palestra que parecia não ter fim, finalmente pude esticar minhas pernas que estavam dormentes. Matheus não parou de me provocar durante todo o tempo, como sempre, ele parecia está naqueles dias mais irritantes.
Matheus sempre sabe como me irritar.
Quando a palestra finalmente terminou, alguns colegas me convidaram para ir ao cinema, mas eu realmente não estava no clima para isso. Saí da sala e segui para o estacionamento, onde meu carro estava estacionado. A chuva estava começando a ficar mais intensa, e a ideia de ficar em casa em um tempo assim era muito mais atraente.
Ela estava encharcada, a chuva transformando sua roupa em algo que delineava cada curva de seu corpo. Ela parecia vulnerável, mas ao mesmo tempo incrivelmente bonita. Minha atenção foi capturada por sua presença, e eu me vi parando involuntariamente para olhar para ela. Era como se o tempo tivesse diminuído enquanto eu a observava, e um turbilhão de pensamentos cruzou minha mente.
Ela é única.
Ela virou o rosto na minha direção, e nossos olhos se encontraram por um breve momento. Senti um arrepio percorrer minha espinha. Rapidamente, ela desviou o olhar e continuou seu caminho. Meus pensamentos estavam em desordem, uma mistura de admiração, curiosidade e algo mais que eu não conseguia definir.
-Entra! - Disse, já abrindo a porta do carro.
-Não precisa, vou pegar um táxi.
-Neste temporal é difícil. Juro que não vou te sequestrar!
Embora, secretamente, eu quisesse fazer exatamente isso.
Ela hesitou por um momento, mas acabou aceitando minha oferta e delicadamente sentou no banco do passageiro. Não pude evitar de notar seu corpo molhado, o que me causou um arrepio. Rapidamente, peguei uma blusa de moletom que costumo deixar no banco de trás do carro para emergências, me virei e estendi a blusa para ela.
- Não precisa! - Ela hesitou ao receber a blusa.
-Vai pegar um resfriado assim. Coloca isso.
Ela me encarou por um momento e finalmente cedeu, vestindo a blusa com um agradecimento suave.
-Obrigada. - Sua voz era quase um sussurro.
-Não precisa agradecer. - Sorri.
Liguei o carro e comecei a dirigir devagar, aproveitando cada momento. A chuva do lado de fora criava um ambiente aconchegante dentro do carro, e eu queria prolongar aquele momento o máximo possível.
Adriana
Apesar da minha relutância, entrei no carro. Ficar ali na chuva não ia me ajudar a conseguir um táxi, especialmente quando a chuva começou a engrossar, resultando em um trânsito caótico. Olhei pela janela, observando a chuva cair e as ruas congestionarem, sentindo-me impotente. Evitei olhar para Eduardo; eu não queria que ele me visse naquele estado.
Vamos ficar presos aqui por horas.
Eduardo, por outro lado, parecia notavelmente calmo e descontraído, como se o trânsito intenso não fosse da sua conta. Enquanto eu o observava, meus olhos vagaram pelos seus traços, tentando entender um pouco mais sobre ele e seus mistérios. Subitamente, ele virou seu olhar em minha direção, pegando-me no ato.
-Eu gosto quando olha para mim! - Ele disse com um sorriso nos lábios.
-Eu não estava olhando para você, estava olhando para o carro ao lado!
Eduardo virou a cabeça na direção indicada e soltou uma risada.
-Você não sabe mentir!
-Pare de implicar, Eduardo!
Ele ignorou meu pedido e continuou a sorrir.
-Por acaso não foi ao cinema com aquele rapaz? - Ele perguntou, mudando de assunto.
-Não estava com vontade de ir, preciso estudar para a peça.
-Entendi! - Ficamos em silêncio por alguns segundos
- E você, por que não foi?
Tentei ser educada em minha resposta.
-Sabia que você não iria, então não me interessei.
Será que ele usa essas palavras com todas?
-Cínico! - Revirei os olhos.
Ele suspirou e olhou para mim.
-Você tem mudanças de humor drásticas, às vezes está doce como uma flor no jardim, como mel; e de repente se transforma em uma onça ou uma cascavel!
Fiquei furiosa com a comparação. Como ele ousa me chamar de cascavel ou onça?
-O que você disse? - Minha voz saiu carregada de irritação.
-Não vou repetir, não sou um papagaio! - Sua resposta foi cortante.
-Pare o carro agora! - Gritei, furiosa - Pare o carro!
Ele pressionou o botão de travamento das portas, impedindo minha saída.
Eduardo
Estar tão perto dela era perigoso e, ao mesmo tempo, incrivelmente relaxante. Perigoso porque a tentação de agir por impulso e beijá-la a qualquer momento era quase irresistível. No entanto, ao mesmo tempo, sua presença era como uma calmaria em meio à tempestade, e isso era viciante.
Nossas conversas podiam transitar entre momentos agradáveis e explosões súbitas de irritação. Era como se ela fosse um mistério a ser decifrado, alternando entre uma pessoa doce e amável e uma fera pronta para atacar. Tudo acontecia tão rapidamente, como se ela fosse uma onça pronta para dar o bote a qualquer momento.
No momento em que estava sendo charmoso e descontraído, ela mudava de humor como uma virada de maré. Era como se estivesse lidando com duas personalidades diferentes em uma única pessoa. Isso tornava cada interação uma montanha-russa emocional, e eu tentava acompanhá-la da melhor maneira possível, mesmo quando suas mudanças abruptas me pegavam de surpresa.
Estávamos conversando de forma tranquila, até que, de repente, ela mudou completamente de humor. Eu estava tentando ser charmoso, e ela se transformou em uma pessoa irritada e agressiva, como uma onça pronta para atacar.
-Pare o carro agora! - Ela gritou repentinamente - Vamos parar o carro!
Eu sabia que não podia ceder, a chuva estava muito intensa e não seria seguro para ela sair assim.
-Não! - Eu disse, travando as portas do carro.
-Eduardo, eu não estou brincando, abra a porta ou eu vou jogar este carro contra qualquer poste! - Ela elevou ainda mais o tom de voz.
-Nesse caso, morreremos nós dois! - Respondi com ironia.
-Eu não me importo!
Ela estendeu as mãos em minha direção, tentando alcançar o volante, mas eu segurei suas mãos para evitar que ela fizesse algo impulsivo.
-Solte minha mão, Eduardo!
-Não, você vai nos matar, é isso?
Estávamos ambos extremamente tensos e alterados.
-Eduardo, solte a minha mão!
Eu balançava a cabeça negativamente, recusando a soltar sua mão. Foi então que ela se aproximou e deu uma mordida forte em minha mão.
-Ai! - Gritei de dor.
-Agora pare o carro! - Ela ordenou, afastando-se.
-Agora que eu não vou parar mesmo!
Ela começou a me bater, eu tentava desviar de seus golpes enquanto dirigia, e a situação estava ficando cada vez mais caótica. De repente, ouvimos uma sirene se aproximando e logo em seguida um carro de polícia nos parou. Ótimo, isso era tudo que eu precisava.
O policial se aproximou e cumprimentou educadamente.
-Boa tarde, senhor.
-Boa tarde, senhor policial.
-O que está acontecendo aqui?
-Briga de casal, sabe como é - Tentei justificar.
-Não é isso! - Adriana saiu do carro - Seu policial, ele me sequestrou! - Ela foi até o policial.
O que ela estava fazendo?
-Não foi nada disso, senhor policial - Eu me aproximei - Foi apenas um desentendimento.
-Foi sim, policial. Eu disse a ele para parar o carro e ele não parou.
-Eu não podia deixá-la sair na chuva - Tentei me explicar.
-Boa desculpa, seu Eduardo.
-É verdade, senhor, que você tentou sequestrá-la? - O policial olhava para mim confuso.
-Não! - Eu tentei parecer convincente.
-Sim, ele tentou!
Ela estava sendo completamente absurda.
-Me desculpe, senhor, mas você vai ter que nos acompanhar - O policial se dirigiu a mim.
-Como é? - Eu estava indignado - Por que eu tenho que ir?
-Porque você está sendo acusado de sequestro - O policial disse, olhando para mim com desconfiança.
-Você me mordeu e agora eu sou um sequestrador? - Eu gritei, frustrado.
-Você não quis parar o carro! - Ela respondeu no mesmo tom.
-Os dois, parem! - O policial interveio - Senhor, venha comigo. E senhora, arrume um táxi e vá embora.
Sem dizer uma palavra, eu travei o carro e fui em direção à viatura policial. Naquele momento, parecia até uma alternativa melhor do que continuar discutindo com ela. A situação estava ficando completamente fora de controle e eu preferia lidar com as consequências da acusação do que permanecer naquele impasse. Enquanto caminhava até a viatura, senti os olhos dela sobre mim. Seus olhares cortantes me acompanharam até que a porta da viatura se fechou atrás de mim. Respirei fundo, tentando me acalmar enquanto o policial conversava comigo e anotava algumas informações. Apesar de tudo, uma parte de mim estava incomodada com toda a situação. Eu não a tinha sequestrado, apenas tentei evitar que ela saísse em meio a uma chuva intensa. No entanto, a raiva dela e a forma como ela interpretou a situação como um sequestro me deixaram surpreso. Enquanto isso, a chuva continuava caindo lá fora, e eu tentava compreender a complexidade daquela mulher que havia entrado em minha vida de maneira inesperada. Mesmo diante das circunstâncias atuais, algo dentro de mim me dizia que essa história estava longe de terminar.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Imaculada Abreu
esta Adriana é muito chata
2024-01-20
0
Girassol
Caramba, agora Adriana pegou pesado! Acho que ela deveria dar um jeito de consertar essa cagada bem rápido, senão vai perder esse boy!
2023-08-19
0
E. Sena
Kkkk realmente
2023-08-16
0