Eduardo
Depois de um tempo conversando sobre coisas diversas, pedi a Gabriel que investigasse mais sobre a vida de Enzo. Eu queria saber mais sobre esse cara que claramente tinha deixado feridas em Adriana. Não sei se já expliquei isso antes, mas Gabriel é advogado e também trabalha como detetive na delegacia local, então ele tinha as habilidades e os contatos para obter informações sobre Enzo e seu histórico. Pode parecer uma paranoia, mas eu estava determinado a descobrir o que ele fez para afetar tanto Adriana.
Voltamos para a sala e continuamos conversando, embora o clima estivesse um pouco frio. Não estava rolando muita animação. Ver a porta se fechando e olhar para Adriana foi uma das melhores sensações que já experimentei. Única e real. Me aproximei dela e a puxei para mais perto do meu corpo, sua cabeça deitou em meu ombro e começamos a balançar suavemente para os lados. Fechei os olhos por alguns segundos e senti uma gratidão por não ter dado certo com ninguém antes e fiz um pedido silencioso para que dessa vez fosse diferente, que ela fosse única.
Ela apertou minhas mãos em suas costas e começou a falar sobre Gabriel e Helena, como eles estavam considerando terminar. Tentei confortá-la dizendo que poderíamos ajudar, mas também lembrei que a decisão final estava nas mãos deles.
-Podemos oferecer apoio, mas a decisão é deles, lembre-se disso - falei, tentando acalmar seus pensamentos.
-O Gabriel parece ser apaixonado por ela, mas isso não garante que as coisas vão funcionar - ela afastou um pouco para me observar melhor.
-Bem, talvez seja verdade... - Eu estava um pouco desconfiado, não conseguia acreditar totalmente nas minhas próprias palavras.
-Acreditar é uma coisa, mas entender o que realmente acontece na relação deles é outra - disse ela, e eu pude perceber um tom de frustração em sua voz.
-Os casais passam por altos e baixos, é normal - tentei argumentar.
-Não sei se podemos chamar isso de normal. Vocês homens acham que tudo é normal, mas não é.
-Ei, calma aí, não é bem assim... - Eu estava começando a sentir uma pontada de raiva crescendo dentro de mim.
-Não me faça rir... - Ela se afastou dos meus braços, parecendo irritada.
Um silêncio tenso pairou no ar por alguns momentos. Eu estava confuso com a direção que a conversa estava tomando.
-O que você quer dizer com isso? - finalmente falei, meus sentimentos começando a ficar à flor da pele.
-Quero dizer que os homens têm medo, mas raramente o mostram. Vocês não têm medo de perder alguém...
Suas palavras foram como um golpe no meu peito. Parecia que ela estava falando mais de mim do que sobre os outros homens. Minha irritação aumentou, mas eu tentei me manter calmo.
-Não generalize, Adriana. Eu tenho medo sim, mas isso não é algo que os homens saibam como lidar facilmente. E não é o mesmo que falta de confiança.
-Não me faça rir - ela se virou e se afastou dos meus braços.
Eu estava me segurando para não explodir, mas eu precisava expressar meus sentimentos.
-Eu tenho medo, medo de te perder, medo de ficar longe de você. Você não percebe que eu quero saber o que aconteceu com esse cara, o que ele fez com você? Mas você não me conta, esconde tudo. E tem alguém aqui do seu lado que quer saber, que quer te proteger...
-Eu não preciso da sua proteção! - ela gritou.
-Você diz isso, mas eu sei que sim - eu estava tentando falar com calma, mas minha frustração estava à mostra. - E não vamos brigar...
-E quem disse que eu estava brigando? Você que começou com seus dramas.
-Agora você está me chamando de dramático?
-Se a carapuça servir.
Eu estava quase perdendo a paciência, mas tentei manter o controle.
-Você está me provocando, Adriana.
-Você é quem está me tirando do sério!
-Eu? - apontei para mim mesmo. - Você está sendo completamente louca.
-E você um completo idiota. Um idiota total.
O silêncio preencheu o espaço entre nós.
-Acho melhor eu ir para o quarto. Aliás, onde é o quarto?
-Siga o corredor à esquerda - respondi com um tom ríspido.
-Obrigada - ela respondeu no mesmo tom.
Ela saiu da sala e eu fiquei ali parado, com uma mistura de emoções dentro de mim. Foi um momento intenso e carregado, e eu não sabia como prosseguir.
Adriana
Após dar alguns conselhos a Helena, voltamos a ter uma conversa mais tranquila. Ela me questionou sobre o que eu estava fazendo na casa do Eduardo, e eu decidi compartilhar a situação com ela, explicando tudo. Helena me aconselhou a ser honesta com Eduardo e contar a ele sobre o que estava acontecendo, já que ele estava me ajudando e não era algo tão grave a ponto de ser escondido.
Suas palavras faziam sentido, mas eu não estava me sentindo preparada para revelar tudo a Eduardo naquele momento. Minha mente estava cheia de pensamentos, incluindo a busca por um novo apartamento e outras preocupações. Decidi me recolher no quarto e deitar, tentando organizar minhas ideias. O que eu deveria fazer?
Ainda estava pensando nas palavras de Eduardo, mesmo que elas tenham me tocado de alguma forma. Porém, meu celular tocou e o número apareceu como desconhecido. Fiquei hesitante por um momento, imaginando se poderia ser Enzo. No final, decidi desligar o telefone, pensando que talvez fosse apenas uma ligação equivocada ou algo assim. Porém, o celular continuou tocando, parecendo insistente.
-Alô?! - Perguntei furiosa.
-Amiga, pensei que você tivesse morrido ou algo do tipo por que não atendeu o telefone? - Claudia estava visivelmente irritada.
-Desculpe, amiga, pensei que fosse o Enzo.
-Então ele está aí?
-Sim, ele está aqui e já me procurou.
M-eu Deus, amiga, por favor, tome cuidado.
-Eu vou tomar, prometo.
Percebo que tanto Eduardo quanto Claudia querem me proteger.
-Enfim, onde você está? - Claudia perguntou ainda mais furiosa- Liguei para o seu apartamento e ninguém atendeu, depois liguei para o porteiro e ele disse que você não apareceu lá.
-Estou na casa do Eduardo...
-O quê? - Gritou- Você está na casa do cara que roubou o seu táxi? - Gargalhou- Você não perde tempo!
-Não é isso que você está pensando, Claudia. Não vim aqui por causa disso. Não é bem o momento para piadas.
-Ok, ok. Use proteção, pelo menos. Não quero que pegue uma doença grave ou algo assim...
-Claudia, pare com as bobagens. Enfim, tome cuidado aí, e por favor, cuide dos meus pais para mim...
-Nem precisa pedir...
-Adriana? - Ouvi Eduardo me chamando.
-Esse é o tal "ladrão de táxi"? - Claudia riu do outro lado da linha- Pela voz, ele parece um gato.
-Adriana? - Eduardo chamou de novo.
-Preciso ver o que esse chato quer, ligo depois!
-Cuide-se, tá? - Ela debochou- Beijos.
Desliguei o telefone rindo da possível expressão no rosto da Claudia.
-Olha, se você estava me ignorando, podia ter me avisado! - Eduardo estava apoiado na porta.
-Não estava vendo que estava no telefone? - Respondi.
-Já terminou a ligação? - Ele fez um gesto afirmativo e sentou ao meu lado. - O que acha de pedirmos uma pizza?
-Ótima ideia!
-Calabresa?
-Sim.
Ele estava prestes a se levantar, mas pareceu lembrar de algo.
-Ah, preciso te contar uma coisa... - Eduardo me encarou com um sorriso.
-Fala logo!
-Você vai precisar passar um final de semana comigo... - Sua voz ficou mais fraca no final.
Eu não acredito nisso!
-O que conversamos no carro? - Perguntei com raiva. - Eu disse que ia embora amanhã mesmo.
-Mas o Gabriel pediu para a gente cuidar do Júnior...
-Eu não me importo, Eduardo! - Gritei.
-Eu não sei cuidar de uma criança sozinho, não sei nem cuidar de mim mesmo.
-Não me importa, vou embora amanhã mesmo, e sabe de uma coisa? Deixe-me em paz! - Puxei-o para fora do quarto e fechei a porta. - E pode comer a pizza sozinho, perdi a fome! - Disse batendo a porta.
-Você é maluca! E sabia que não preciso de você para me virar, também não vou pedir essa maldita pizza, fique com fome! - Gritou do lado de fora.
-Não me importo!
Apenas ouvi seus passos se afastando da porta.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Acacia de Lourdes
bipolar essa moça
2024-09-29
0
Marluce Resende
Essa Adriana é louca kkkkk....coitado do Eduardo
2024-01-21
0