...Eduardo...
Acredito que aquela mulher ainda está soltando fogo pelas ventas, ela brava é mais fofa ainda. O motorista do táxi me observava através do retrovisor, estava ficando meio desconfortável, ele deve pensa que eu sou um monstro.
Eu sou?
Sim, fui um pouco rude com a moça sim, talvez ela estava bem mais apressada que eu, mas eu não podia atrasar não no meu primeiro dia.
Desço do táxi rapidamente e vou em direção ao monumento enorme, agora iria ocupar minha mente e esquecer minha decepção. Andei pelas pessoas que passava pela calçada e alcancei a porta giratória do teatro, andei sem destino num corredor enorme até que uma voz.
-Senhor Eduardo! - Viro rapidamente- Creio que senhor esteja perdido? - Disse vindo em minha direção.
-Um pouco! - Sorri.
-Bem-vindo! - Ele estendeu a mão para um comprimento- Sou o diretor Rodrigo Fagundes e vou cuidar da peça!
-Ah, eu agradeço por ter me escolhido.
-Que isso Eduardo, só recebo elogios vindo do senhor! - Ele disse me puxando para sala que estava- É bem conhecido e será um prazer trabalhar com o senhor.
-Fez um sinal para que sentasse.
-Será um prazer para mim, trabalhar contigo.
-Só vamos esperar um pouco, Adriana está vindo. - Ele disse checando o relógio no pulso.
Ficamos em silêncio alguns segundos até que alguém bate na porta.
-Licença! - Uma voz feminina e adocicada dizia- Desculpe o atraso! - Me viro para ver quem era.
Era ela
...Adriana ...
Depois daquele cretino miserável ter roubado o meu táxi, demorou um pouco para encontrar outro. Comecei a admirar a paisagem pela janela do vidro, pensando em tudo o que fiz para chegar até esse lugar. Minha família, meus pais, minha irmã... tudo isso ficou para trás.
E não me arrependo.
Demorei muito para ser reconhecida, e se fosse para recomeçar, eu faria tudo de novo, sem medo. Meus olhos se desviaram um pouco para o táxi e me deparei com o olhar do motorista no retrovisor. Era um senhor mais velho, seu rosto carregava as marcas de uma vida sofrida.
-Primeira vez, senhora? - O homem perguntou com um sorriso no rosto.
-Sim, senhor! - Disse, tentando ser educada.
-Te desejo muita sorte, e tudo vai correr bem! - Senti firmeza em sua voz.
-Obrigada! - Sorri.
Logo já estava no local indicado, desci e agradeci ao motorista. Andei até a porta e depois até um segurança que estava parado. Perguntei onde era a sala e ele me apontou o caminho. Ao chegar lá, ao abrir a porta, me deparo com o roubador de táxis.
-Você? - Disse, olhando para ele.
Ele sorriu um pouco sem jeito.
-Pelo visto, já se conhecem! - O homem que estava perto veio em minha direção - Seja bem-vinda! - Disse, beijando educadamente meu rosto. - Pode se sentar. - Me levou até a cadeira.
Eu não acredito, aquele cretino estava ali. Eu pensei que nunca o encontraria de novo. Juro, se o moço não estivesse ali, eu teria matado ele ali mesmo.
-Fico feliz em saber que vocês já se conhecem, assim será mais fácil trabalhar com os dois. - O homem dizia empolgado.
-Eu vou trabalhar com ela? - Ele disse num tom rude.
-Como se eu quisesse trabalhar com você.
-Sim, a peça é bem simples! - O homem entregava para nós dois os papéis. - Vocês vão gostar muito.
O moço começou a explicar como seria a peça. Ele estava tão empolgado que conseguiu prender a minha atenção. Às vezes, eu olhava para o lado e via aquele roubador de táxis me observando. Não ia dar nenhuma brecha para aquele cretino. Por um momento, pensei em socar seu olho, mas talvez eu perderia a minha oportunidade.
Até que alguém bateu na porta.
-Senhor, estão te chamando!
-Espere um pouco, já volto! - O homem se levantou rapidamente e saiu.
Agora eu posso acabar com ele.
...Eduardo ...
Quando a vi sentar ao meu lado, juro que quase caí para trás. Não tinha reparado em sua beleza.
Ela é maravilhosa.
Quando o diretor deu um beijo em sua bochecha, tive vontade de fazer o mesmo gesto. No entanto, após ter roubado o táxi dela, acho meio difícil que ela cedesse a esse nível de proximidade.
Merda!
Roubei o táxi da moça que vai contracenar comigo, que burro que sou. Agora, seria ainda mais difícil construir uma amizade descente com ela. Esperei que Rodrigo saísse e tentei puxar um papo.
-Os textos são bem longos! - Disse, folheando algumas páginas.
Não obtive resposta.
-Desculpa por ter roubado seu táxi, não sabia que você estava vindo para cá. Se eu soubesse, poderíamos ter dividido o táxi. - Disse, olhando para ela.
-Você faz isso com todo mundo? - Ela perguntou num tom irônico.
-Não, desculpe, eu...
-Poupe suas desculpas, já aconteceu, não volta mais!
Ela me encarou e meu coração perdeu até as batidas. Essa mulher é linda de qualquer jeito.
-Eu entendo, você deve estar uma fera!
-Olha aqui...
Nossa conversa foi interrompida com a volta de Rodrigo, que se desculpava.
-Onde estávamos? - Ele perguntava, sentando na cadeira.
-Na leitura dos personagens. - Disse, sem perder a postura.
-Ótimo, obrigado, Adriana.
Não sei o que essa moça tem, mas juro que não estava prestando atenção em Rodrigo, mas sim, na beleza de Adriana.
...Adriana...
Juro que estava incomodada com o Eduardo. Além de ser um completo babaca, agora ele é meu parceiro. Não estou nada contente com isso. Sem falar que ele não disfarçava que estava olhando para mim.
Idiota.
Calma, Adriana. É só uma peça. É seu trabalho, e você não vai deixar que ele atrapalhe. Depois de várias explicações sobre a peça, o moço nos direcionou para uma sala com vários outros figurantes. Todos olharam para mim, espantados.
Morri de vergonha.
Depois das apresentações, começamos os ensaios. Primeiro, focamos na desenvoltura, interagindo com outros para nos soltarmos e conhecermos as pessoas com quem íamos trabalhar nos próximos meses. Um rapaz de 1,75 se aproximou, usando uma camiseta azul. Era loiro e usava óculos. Ele parou na minha frente.
-Não se importa, né? - Disse um pouco tímido.
-Não! - Respondi no mesmo tom.
-É nova aqui? - Perguntou, seguindo as instruções da professora.
-Sim!
-Seja bem-vinda! - Sorriu. - Meu nome é Antônio!
-Obrigada. Meu nome é Adriana.
-Belíssimo nome!
Ah, não, outro babaca não.
-Igualmente!
-Tenta mover mais os ombros! - A instrutora passou perto de nós dois.
-Não sei, mas isso foi uma indireta para mim. - Ele sorriu.
-Você acha?
-Tenho certeza. Nunca me dou bem com essas partes do teatro.
-Super te entendo! - Sorri.
-Já sabe qual é o seu papel? - Perguntou, curioso.
-Ainda não.
-Você deve ser a principal, não há dúvida.
-Não acho. Tem pessoas melhores que eu aqui.
-Na verdade, você é bem falada pelas pessoas aqui!
Nossa, que máximo! Estava sendo reconhecida. Meu coração acelerou e não consegui conter a vergonha que estava sentindo. Meu sonho estava se tornando realidade.
-Adriana? - Antônio me balançou um pouco.
-Desculpa, estava viajando!
-Percebi!
Rimos.
...Eduardo...
Eu não estava conseguindo disfarçar, estava estampado na minha cara. Percebi que ela também me olhava, e isso me deixava ainda mais nervoso. Eu estava parecendo um bebê babando.
Se controle, Eduardo.
Depois das explicações, Rodrigo nos direcionou para uma sala onde conheceríamos outra parte do elenco. Todos os olhares se fixavam em uma pessoa, e ela estava bem ao meu lado.
Adriana.
Ela ficou vermelha, e isso era lindo de ver. Fomos para nossos lugares e a professora nos deu algumas instruções. Íamos fazer uma espécie de gincana para nos conhecermos melhor. Quando estava indo em direção a ela, um sujeito metido se sentou na minha frente, chamando a atenção dela para ele.
Juro que senti uma raiva imensa.
-Eduardo, quanto tempo! - Um rapaz se aproximou de mim. - Você não se lembra de mim, não é?
Tentei vasculhar minhas memórias, mas não conseguia lembrar.
-Não! - Sorri.
-Fizemos a peça de Shakespeare juntos, "Uma Noite de Verão", lembra?
-Ah, claro, lembro sim!
Mentira, eu não lembrava.
-Que bom, foram os seis meses mais incríveis da minha vida.
Apenas sorri, minha atenção estava em outro lugar.
-Sabe, Eduardo, um dia poderíamos organizar um encontro com todo o elenco.
-É, poderíamos.
-Seria incrível, não é?
-Sim.
Nesse momento, o rapaz olhou para o mesmo lugar que eu estava olhando.
-Pelo visto, tem alguém apaixonado. - Ele disse num tom irônico, revirando os olhos.
-O quê? - Olhei para ele. - Nada disso, Pedro! - Sorri, tentando disfarçar minha vergonha.
-Sei, mas meu nome não é Pedro, é Matheus.
-Ah, desculpe!
-Sem problema, Eduardo! - Ele me deu um tapa no ombro. - Mas sabe, se você ficar só olhando, não vai adiantar em nada!
Por um lado, Matheus tinha razão. Olhar para ela não ia adiantar em nada. Aliás, eu era mesmo muito tolo por deixar meu coração me enganar de novo.
-Você está certo.
-Eu sei, querido!
-Está bem, pessoal. - A professora disse. - Podemos descansar um pouco!
Sentei-me no chão para esticar as pernas. Afinal, eu ainda não estava cem por cento. Vi que várias pessoas se aproximaram da Adriana, e ela sempre tratava todos com a maior educação.
Admirar não arranca pedaço, certo?
...Adriana...
Conversamos sobre muitas coisas, principalmente sobre Antônio. Ele se mostrou simpático e cavalheiro, o que me deixou animada, pois seríamos bons parceiros de cena, e isso seria ótimo. Percebi que o Eduardo estava se entrosando bem com outras pessoas também. Vi os olhares das meninas para ele, afinal, ele não é feio, mas seu jeito rude e ignorante costumava afastar as pessoas. Pelo menos, ele não estava mais no meu pé.
Finalmente, um alívio.
Depois da pausa ordenada pela professora, me sentei em uma cadeira próxima. Muitas pessoas vieram até mim para conversar, dar boas-vindas e fazer amizade.
Estou me sentindo querida.
Uma moça de pele morena, alta, vestindo um vestido florido, estava lindíssima, e ela se aproximou.
-Seja bem-vinda, Adriana! - Ela disse, sentando ao meu lado.
-Obrigada!
-Espero que possamos nos tornar grandes amigas aqui.
-Também espero.
-Que falta de educação a minha, meu nome é Daniela, mas todos aqui me chamam de Dani.
-Prazer, Dani!
-Posso te fazer uma pergunta?
-Claro, fique à vontade.
Ela apontou para Eduardo.
-Qual é o nome daquele rapaz?
-Eduardo, eu acho.
-Vocês têm algum tipo de relação?
Com aquele idiota? Nunca.
-Não, somos apenas colegas de elenco.
-Ah, que pena! - Ela disse, desanimada.
-Por quê? - Perguntei, curiosa.
-Eu ia te pedir para me apresentar a ele.
-Ah, entendi! - Sorri.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Silvaneide de lima barbosa Silvinha
nossa quando ele pegou o táxi no caso roubou o táxi Eu fiquei já imaginando que os dois iam se encontrar ainda
2023-09-14
0
Girassol
Eduardo deu um tiro no pé roubando esse táxi!😂😂😂
2023-08-19
0