IV

...Eduardo ...

O dia seguinte chegou e eu acordei com uma sensação diferente. Tudo parecia mais leve, mais animado. Aquela breve interação com Adriana no dia anterior tinha deixado uma marca em mim, e eu estava ansioso para encontrá-la novamente. Eu sabia que não podia permitir que meus sentimentos pela Lorena afetassem a forma como eu me relacionava com a Adriana. Ela merecia respeito e honestidade, não uma distração temporária.

Tomei um banho, me arrumei com mais cuidado do que o usual e me dirigi para o teatro. Cheguei mais cedo do que o normal, e Matheus logo veio ao meu encontro, brincando com meu visual.

-Olha só, chegou cedo! - Ele sorriu.

-Acho que me empolguei um pouco. - Ri.

Matheus me puxou para uma cadeira e continuamos conversando. Ele percebeu algo em meu olhar e não demorou muito para adivinhar a razão.

-Olha, se for para impressionar a Adriana, você acertou em cheio. - Ele disse com um sorriso travesso.

Fiquei um pouco sem jeito com a observação dele, mas não podia negar que ele estava certo. A Adriana realmente me impressionou e mexeu comigo mais do que eu esperava. Tentei disfarçar, mas Matheus insistiu.

-Não precisa explicar, só basta olhar no teu olhar. Ela é muito linda mesmo. Daria um belo casal.

Balancei a cabeça e sorri, sem querer admitir totalmente minhas emoções.

Enquanto conversávamos, o resto do elenco começou a chegar, incluindo a própria Adriana, que estava deslumbrante. Ela tinha uma presença cativante, e cada vez que nossos olhares se cruzavam, eu sentia um frio na barriga. Eu sabia que não podia deixar esses sentimentos tomarem conta de mim, mas estava claro que a presença dela estava afetando meu humor de uma maneira muito positiva.

Adriana

Custei a dormir a noite, não sabia se era ansiedade ou se estava preocupada com o Eduardo. Ele estava bem abatido, percebi isso pela manhã, parecia que não havia dormido.

Talvez eu esteja preocupada demais.

Antes das seis, já havia me levantado. Aproveitei para fazer algumas tarefas de casa. Quando estava quase na hora de ir, me arrumei e fui procurar um táxi.

Estava na espera quando um carro preto, da marca Logan, estacionou perto de mim.

-Bora Dri? - Era a Dani.

Não vou rejeitar uma carona, talvez eu demorasse para achar um táxi.

-Obrigada, Dani!

-Que isso, amiga. Não sabia que mora neste prédio?

-Sim, eu moro. E você, onde mora?

-No prédio de trás! - Disse sem tirar os olhos da direção - Agora você não precisa pegar mais táxi, pode vir comigo, está no meu trajeto.

-Eu não quero incomodar.

-Incomodar o quê? - Deu uma olhada rápida para mim - É bom que não vou sozinha.

-Agradeço!

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

-Será que o Eduardo já chegou? - Ela perguntou curiosa.

-Penso que sim, ele parece ser pontual.

Pelo menos isso, preciso pontuar que ele é bem pontual.

-Posso pedir um favor?

-Pode, Dani.

-Pega o número dele para mim!

Como???

-Mas por que você não vai? - Tentei dar um sorriso para diminuir meu desconforto.

-Tenho vergonha e você parece ser íntima!

Tá, eu e ele estamos bem mais próximos, mas não chegamos ao ponto de pedir número. Quando notei, já estávamos na frente do teatro. Ao chegar na porta, avistei Eduardo sentado na cadeira com um rapaz.

Ele estava muito lindo.

Eduardo

Ela estava com sua amiga, as duas se aproximaram e sentaram próximas a nós. Não consegui disfarçar, olhei para ela e dei um sorriso, mas ela abaixou a cabeça.

Será que ela está brava comigo?

Fiquei observando por alguns minutos, sentindo-me um pouco angustiado. Algo aconteceu, eu sei que aconteceu. Até que, do nada, me deu sede, levantei-me indo em direção ao bebedouro ali perto, quando senti uma aproximação.

-Oi! - Ela sussurrou.

-Oi! - Virei-me, dando um sorriso.

-A cabeça está melhor?

-Não dói mais!

Por que um anjo cuidou de mim.

-Que bom!

Eu estava bem próximo dela, seu perfume exalava, me deixando tonto. Tonto de amor.

-Achei que estava com raiva de mim?

-Por quê?

-Chegou meio estranha...

-Você deveria disfarçar suas olhadas para mim!

-Não esperava essa resposta. Na verdade, eu não estava sabendo disfarçar.

-Vou tentar! - Pisquei.

-Não tem que tentar, Eduardo, tem que fazer.

-Tá, vou fazer! - Sorri.

-Na verdade, vim te pedir algo?

-Diga!

-Seu número.

-Vamos ter um encontro?

-Não! - Ela me bateu. - É para uma amiga.

Eu pensei que era para um encontro.

Adriana

Não posso negar, o Eduardo estava encantador, parecia um daqueles homens de novela. Eu percebia que ele estava me olhando, mas fingi que não notei, afinal, além de mim, a Dani também estava presente e não queria tornar a situação desconfortável.

Foi difícil não reagir!

Aproveitei que ele foi pegar água e fui fazer o que a Dani havia me pedido no carro. Fui atrás dele, sentindo seu perfume no ar.

-Oi! - Disse, um pouco sem jeito.

-Oi! - Ele sorriu.

-A cabeça está melhor?

Fiquei realmente preocupada.

-Não dói mais!

-Que bom!

-Achei que você estivesse com raiva de mim.

-Por quê?

-Eu não tinha motivos, ou tinha?

-Chegou meio estranha...

-Você deveria disfarçar suas olhadas para mim!

Parece que todos já perceberam.

-Vou tentar! - Ele piscou.

Meu coração disparou.

-Não precisa tentar, Eduardo, apenas faça.

-Tá, vou fazer!

Preciso fazer a pergunta.

-Na verdade, vim te pedir uma coisa.

-Diga!

-Seu número.

-Vamos ter um encontro?

-Não! - Tive que bater nele. - É para uma amiga.

Vi decepção em seus olhos, ele perdeu o sorriso. Mesmo que fosse por mim, eu não sairia com ele.

-Eu passo, mas só se você me der o seu número!

Que atrevido.Era só o que faltava, eu tentando ajudar uma amiga e agora ele querendo sair comigo. Não vou aceitar, não importa o quanto ele insista.

Vou dizer para minha amiga que você não quis passar! - Disse, me virando, até que suas mãos alcançaram as minhas.

Não aguento essas mãos.

-Então vamos fazer o seguinte! - Ele ainda segurava minhas mãos. - Eu passo, mas você tem que me dar suas redes sociais.

-Não vou fazer isso!

-Seu dedo não vai cair!

Ele adora um desafio.

-Tá bom! - Tirei minhas mãos das dele. - Anote aqui nesse papel.

Ele anotou.

-Se você não me chamar, eu vou até o seu apartamento.

-Vou te matar!

Eduardo

Vendo ela se afastar de mim, foi como se tirasse minha metade. Eu estava completamente enfeitiçado por ela, seu perfume, seu rosto, sua boca, seus olhos, seu corpo... tudo me dominava mesmo sem tocá-los. Sentir sua mão fez com que todo o meu corpo tremesse, como se uma parte de mim que estivesse faltando fosse preenchida.

Eu estou enlouquecendo?

Quando percebi que havia passado meu número para outra pessoa, um certo arrependimento me atingiu. Ela deve estar pensando que eu sou um mulherengo, o que, bem, talvez eu seja, mas não quero ser assim com ela. Fomos chamados para uma sala onde esperávamos a professora, e Matheus se aproximou.

-Olha só, parece que o galã está conquistando corações! - Disse ele, cheio de empolgação.

-O que você quer dizer com isso?

-As mulheres aqui só falam de você!

-Como você sabe disso?

-Ah, meu querido, eu sei de muita coisa. Meus ouvidos estão sempre atentos.

-Então você é um fofoqueiro? - Soltei um sorriso.

-Não é fofoqueiro, é observador!

-Você só deu um nome diferente para a palavra "fofoqueiro", certo? - Ri.

-Enfim, tenho algo para te contar. Pelo que eu escutei, parece que vai haver um par romântico na peça. Torça para que seja você e a Adriana.

Vou manter meus dedos cruzados.

-Obrigado pela dica, Sr. Observador! - Dei um tom irônico à minha voz.

Nossa atenção se voltou para a professora que acabara de chegar, e enquanto ela falava, eu não conseguia deixar de imaginar eu e Adriana como um par romântico na peça.

Adriana

Eu não acredito no que acabei de fazer. Eu mato a Daniela! O Eduardo é mesmo um cafajeste, um mulherengo de primeira. Se ele acha que vai sair comigo, está muito enganado. Não vou cair nesse papo, por mais que ele pareça um deus grego.

Não importa o quão atraente ele seja, não cairei nesse papo. Fui para o meu lugar, bastante irritada, até que a Daniela chamou minha atenção.

-Aconteceu alguma coisa? - Ela perguntou.

-Não, amiga. Aqui está o número! - Disse entregando a folha. - Mas por favor, não me peça isso de novo!

-Ele passou! - Ela gritou de empolgação.

-Shhhh, você quer que ele escute?!

Eu também não acredito que aquele idiota passou.

-Obrigada, amiga! - Disse ela, animada.

-Oi, pessoal! - Antônio se aproximou. - Que tal sairmos depois da peça?

-Vou pensar! - Respondi sem muito ânimo.

Nossa atenção logo voltou para a professora, que começou a dar algumas dicas sobre como os artistas devem se comportar.

Agora vou formar os pares! - Ela disse, pegando uma lista. - Matheus e Verônica, Antônio e Daniela, Eduardo...

Por favor, não diga o meu nome.

-Adriana...

Eu pedi para não mencionarem meu nome.

-Parece que é destino. - Disse Eduardo, se aproximando.

- O destino deve estar bêbado. - Fui irônica.

Vou tocar uma música, e vocês vão dançar!

Como é que é?

Eduardo

Antes mesmo de a professora mencionar meu nome, meus pés pareceram ganhar vida própria e me aproximaram dela. Eu já estava mais perto, sentindo o calor de seu corpo.

Será que estou me apaixonando?

A música começou a tocar e, com delicadeza, coloquei uma mão em sua cintura, puxando-a ainda mais para perto de mim. Com a outra mão, segurei a dela no ar. A música era lenta, e nós fazíamos passos pequenos. Ela tinha o rosto virado para o lado, e eu sentia o aroma de seu shampoo.

Ela estaria constrangida?

Vou ter que tirar minhas próprias conclusões.

-Está tudo bem? - Perguntei.

-Está tudo bem por quê? - Notei que a voz dela estava um pouco irritada.

-Porque parece irritada.

-Não queria estar dançando com você!

Um ponto para ela, Eduardo.

-Será que sou tão ruim assim na dança?

-Não!

-Ou está com raiva porque passei meu número para outra pessoa?

Adoro provocá-la.

-Você é um idiota, sabia!

-Vindo de você, isso é um elogio! - Sorri.

Aproximei ainda mais o meu corpo do dela, fluindo mais com os passos da dança. A música era conhecida, fazendo com que nossos corpos se movessem juntos.

Adriana

Quando nossos corpos se tocaram, senti como se meus sentimentos tivessem levado um choque. Era como se eu tivesse entrado no paraíso, em um paraíso constante. Meus pés pareciam ganhar vida ao lado dos dele, e eu estava dançando nas nuvens. Por um momento, me senti segura e completa.

Será que estou realmente apaixonada?

Minha irritação não era tanto pelo número, mas sim por causa da Daniela, que nos observava enquanto dançávamos. Tentei me afastar dele, mas quanto mais eu tentava, mais ele me aproximava.

-Não precisa apertar tanto! - Tentei disfarçar minha vergonha.

-Desculpe!

Ele foi até gentil.

-Na verdade, não estou irritada, estou constrangida.

-Por estar dançando comigo?

Ótimo, Adriana, agora arrume uma desculpa.

-Sim... Não...

-Você é engraçada! - Ele sorriu.

Olhei para o rosto dele, seus olhos estavam profundos e misteriosos, impossíveis de decifrar.

-Vai aceitar sair comigo?

-Nunca!

-Não existe "nunca" nesta Terra.

-Para de tentar me conquistar!

-Tudo bem, vou parar.

Senti um alívio.

-Pelo menos só por hoje! - Ele sorriu.

Não respondi, apenas virei o rosto novamente.

-Pessoal, agora vocês podem se separar.

Finalmente!

A dança acabou, mas a sensação ficou. Eu estava determinada a não me deixar envolver por Eduardo, mas algo nele me atraía de uma maneira que eu não conseguia explicar.

Mais populares

Comments

E. Sena

E. Sena

Eu não resistiria

2023-08-16

0

Rosa Santos

Rosa Santos

Aí Adriana não resiste mlr, agarra logo esse Deus grego 🤭

2023-08-14

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!