O som ensurdecedor vinha do corredor, Selene, que se esforçava para pensar nos desenhos de vestidos da capital do país ocidental estava ficando extremamente irritada pelo som de vozes que tanto a incomodavam.
– Isso já é desrespeito demais. - Dizia irritada, segurava o vestido indo até o corredor.
Abriu as portas duplas de forma súbita, imediatamente suas sobrancelhas se ergueram.
Todas as damas estavam ajoelhadas perante o mordomo, ele repreendia todas elas citando seus nomes para que não houvesse dúvidas de seus erros individuais.
A de cabelos brancos olhava surpresa, mas sentia uma satisfação a preencher, obviamente o Arquiduque e o mordomo não estavam cegos para forma como ela estava sendo tratada.
– Todas vocês quatro estão demitidas, o Arquiduque ordenou que não houvesse cartas de recomendações para nenhuma de vocês, por favor se retirem. Que fique de aviso para as outras. - O homem de certa idade disse. Quando ergueu o olhar se deparou com a arquiduquesa. - Vossa graça, não planejamos incomodar. Vamos nos retirar imediatamente.
– Não... Eu gostaria de falar com você mordomo. - Apoiou as mãos diante do vestido.
– Como posso ajudá-la, vossa graça? - Apoiou a mão no peito diante dela.
– O arquiduque que ordenou isso? - Apoiou a mão no rosto.
– Sim, de fato. - Não era de tudo mentira, já que ele havia ordenado de fato.
– Não imaginei que ele se preocuparia com meu bem estar. Posso pedir uma audiência com ele para o agradecer? - Uniu as mãos diante do tórax.
– Irei solicitar imediatamente. - Se inclinou.
– Já agradeço com antecedência. - Olhou para ele com tristeza.
Sorriu de forma gentil e se retirou.
(~ ̄³ ̄)~
Bateu na porta com os nos dos dedos.
– Vossa graça, sou eu Faraize. - Dizia diante da porta do arquiduque.
– Entre logo. - Dizia o Arquiduque.
A porta foi aberta e pacientemente o mordomo se dirigiu até a mesa do mestre se inclinando.
– Diga logo. - Olhou nos olhos dele.
– A arquiduquesa requer uma audiência. - Faraize dizia com a mão apoiada no peito.
– Recuso a audiência. Ela deve ter muito tempo sobrando se planeja me incomodar. Diga a ela que se quer permanecer no ducado, precisará aprender esgrima. Assim não sobrará tempo para me incomodar. - Abanou a mão para que o mordomo saísse. Voltou a ler os papéis que estava em pilha e espalhados pela mesa.
O servo suspirou, fechando a porta atrás de si. - Esse velho não tem um único dia de paz nesse ducado.
Caminhou todo o caminho até os aposentos da duquesa e bateu a porta, já preenchendo os pulmões de ar.
– Entre. - Disse a voz feminina repleta de gentileza.
– Perdoe o incomodo. - Abriu a porta em seguida. - Infelizmente vossa graça teve de recusar sua audiência, ele está sobrecarregado de trabalho nos últimos tempos. - De fato ainda era uma verdade.
– Tudo bem. Entendo. Por essa razão ele ainda não veio me ver? - Perguntou curiosa.
– Receio que sim. - Assentiu.
– Tudo bem. - Deu um sorriso gentil.
– Também gostaria de saber quando pode começar a aprender esgrima. - Olhou para a arquiduquesa.
– Oh! Precisarei saber esgrima? - Ergueu as sobrancelhas surpresa.
– Receio que sim. - Disse esfregando as mãos.
– Quando as roupas chegarem, já que também terei roupas para isto não é? - Olhou nos olhos do mordomo.
– Claro. Tem toda a razão. Já enviei a carta para a estilista. - Abaixou a cabeça.
– Excelente, você é muito eficiente. Também gostaria de saber sobre o meu orçamento. Preciso de vestidos se quero adentrar a alta sociedade daqui. - Olhou preocupada para ele.
– Receio que a senhora não o tenha. Só arquiduquesa oficial pode ter direito ao orçamento do ducado. - Continuou com a cabeça baixa.
– Já me casei com todos os papéis e o rei prometeu enviar um dote. - Se levantou ainda mais preocupada.
– O casamento só é válido neste continente se existir a consumação carnal, vossa graça. - Continuava de cabeça baixa. - Posso pedir para que consuma seu dote se desejar.
– Não posso... Se o casamento der errado, preciso devolver o dote ao rei. - Apoiou a mão na testa. - Como terei dinheiro aqui?
– Receio não haver um jeito. Pode pedir aos vossos pais. - Ergueu um pouco a cabeça.
– Não, vão me obrigar a voltar se souberem que tenho passado necessidade aqui. - Apoiava a mão na testa.
– Alimentação, moradia e cuidados nunca vão faltar, isso eu garanto. Arquiduque não a deixaria passar qualquer necessidade. - Abaixou a cabeça outra vez.
– Entendo. Obrigada. Pode se retirar. - Suspirou apoiando as mãos no rosto.
O mordomo se ergueu e saiu encostando a porta atrás de si.
– Vamos perder a arquiduquesa perfeita por causa do arquiduque ser tão teimoso. Minhas costas doem e ainda preciso cuidar de todo aquele trabalho. - Suspirou desanimado.
♡˖꒰ᵕ༚ᵕ⑅꒱
Selene acordou pela madrugada, sentia muita sede por alguma razão. Se levantou para se servir de um copo de água, mas até sua jarra do quarto estava vazia. Pensou em chamar alguma serva, mas não estava afim de depender delas por agora, a única saída que restava era ir sozinha até a cozinha.
Vestiu um robe longo e branco por cima da camisola e seguiu pacientemente até a cozinha, que era o único lugar que ela sabia como chegar.
Entrou apressada e ergueu as sobrancelhas, esfregou os braços e então viu uma vela acesa no cômodo seguinte.
Era a sala de jantar dos servos, lá estava um homem belíssimo de longos cabelos vermelhos, um físico forte e invejável, ombros largos, era tão belo que mesmo só com a luz da vela era o bastante para ser notado.
Estava com os pés apoiados na mesa, em um pote comia algo com uma colher de pau também usada pelos servos. Os olhos cinzas imediatamente foram em direção a bela mulher de cabelos platinados e olhos azuis.
– Eu não queria incomodar. Eu vim atrás de um copo de água. Do meus aposentos acabou. - Dizia apoiando a mão no tórax.
Simplesmente apontou para a pia.
– Agradeço. - Encheu um dos copos de água. E se apoiou na mesa bebendo. - Você trabalha na guarda do castelo?
Virou o copo de vinho na boca sem responder, o que ela entendeu como um sim.
– Deve ser difícil ser um cavaleiro. Eu terei que começar a treinar esgrima. No meu país as mulheres são proibidas dessas coisas... Estou um pouco ansiosa. Você tem alguma dica para mim? - Olhou nos olhos dele.
– Não ultrapasse seus limites. Se você forçar além dos seus limites pode ser muito difícil aprender. - Bebia olhando para ela.
– Você tem total razão. Não vou me forçar. - Cruzou os braços se apoiando na mesa. - Você é a primeira pessoa que me trata normal aqui. É tão bom falar livremente.
– São rudes com você? - Ergueu uma das sobrancelhas.
– As damas sim, sussurrando coisas para que eu possa ouvir. O restante me trata como se eu fosse uma boneca. Acho que isso não é algo que o arquiduque ordenou, sabe? Acho que me tratam assim por eu ser estrangeira. Ouvi dizerem que sou de uma terra de bárbaros. - Apoiou a mão na bochecha suspirando. - É normal estranhar algo novo. Mas não imaginei que as pessoas no ducado de uma terra tão intelectual fossem me tratar assim.
– Por que você não reage? Retruca. Discuta. - Apoiou os cotovelos na mesa.
– Eu poderia fazer isso. Mas... Sejamos sinceros, arquiduque pode me chutar a qualquer momento. Eu não tenho nenhum poder aqui, enquanto não consumar o casamento. - Apoiou as mãos na mesa atrás do corpo. - Sinceramente era o que eu temia, eu nem sei como se consuma um casamento nunca me ensinaram isso. Além do mais, se ele for um homem rude, velho? Céus... Eu achei que pelo menos me respeitariam, mas não posso nem comprar vestidos aqui. Não posso sair com os que tenho, pois são fora de moda. Ou seja, nem amigas consigo ter. Você é a primeira pessoa que consigo conversar civilizadamente. Falando nisso, meu sotaque parece muito ruim? - Apoiou a mão no pescoço.
– Seu sotaque é ótimo. Eu não sabia que você está sendo tratada assim. - Apoiou o queixo na mão. - Você era uma duquesa no norte?
– Pfff... Não, eu era uma baronesa. Estava falindo, meu pai ia vender o título dele e parte de nossas terras para pagar nossa dívida. Eu fiz parecer que eu era gananciosa e que queria poder para fazer o rei pagar a dívida deles e dar um título de conde. - Suspirou olhando para o teto. - Não me arrependo. Eu já imaginava que não seria uma flor da sociedade ocidental sabe... Mas desprezo é demais.
– Entendo. Você fez isso pelos seus pais, casou sem nem saber a idade do marido. Você tem um coração tão bom que se me permite dizer faz de você uma trouxa. - Deu um sorriso maldoso.
– De fato. - Deitou a cabeça para o lado. - Se eu tiver que voltar e viver como uma plebeia que seja. Pelo menos eu tentei.
– É um bom pensamento. - Assentiu. - Já que sua escolta não está, melhor eu escoltar você até seu quarto.
– Não tenho escolta, não saio do quarto. Na verdade não conheço nada, só conheço a cozinha por ter descoberto sozinha. - Suspirou. Se ergueu para andar, mas pisou na parte de trás da camisola caindo com tudo para trás.
O ruivo imediatamente a agarrou pela cintura a impedindo de cair. Apertou instintivamente o corpo dela contra o dele.
– Oh! - Segurou nele, quase o envolvendo em um abraço. - M-muito obrigada.
– Por nada. - A olhou nos olhos.
– Pode me soltar agora. - Ria, o olhando nos olhos.
– Não estou mais te segurando. - Ria olhando para ela.
Só então Selene percebeu que quem se segurava era ela. Se soltou rindo. - Desculpe.
– Tudo bem, vou te escoltar. - Apontou para a saída.
– Eu não perguntei... Qual seu nome? - Olhou para ele, enquanto ambos caminhavam.
– Castiel. E você eu já sei, arquiduquesa de Veilmont. - Caminhavam lado a lado.
– Meu nome é Selene. - Sorriu de forma gentil.
– É um bom nome. Tem um significado? - Olhou nos olhos dela enquanto Caminhavam.
– Mulher da luz em grego. - Parou diante da porta do quarto olhando para ele.
– Seus pais estavam realmente certos em te nomear assim. - Acenou. - Tenha uma boa noite.
– Boa noite! - Acenou olhando para o homem que se afastava. Olhava uma última vez para o corpo masculino e sentia um leve formigamento, percorrer todo seu corpo.
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Atualizado até capítulo 122
Comments
foi surpreendente essa gentileza dele
2025-01-26
0
Aline Linno
Mentirá ele foi gentil com ela?
Será que é ele gente? o Marido dela?!👀
2024-03-31
5
Aline Linno
No Brasil já estaria aposentado 💅🏻🤡🤣
Por isso amo meu país
2024-03-31
1