Capítulo 10

Selene caminhava organizando alguns papéis, enquanto caminhava, quando o mordomo se pôs diante da porta do escritório do casal a impedindo de entrar.

– Por qual razão você está barrando minha passagem? - Apoiou a mão livre na cintura olhando para Faraize.

– O senhor está em uma reunião particular por assuntos pessoais. - Dizia com os braços para trás.

– Hm. - Olhou para o mordomo. - Amante?

– Sim. - Assentiu.

– Interessante. - Entregou os papéis para ele. - Ordeno que não conte ao arquiduque o que farei agora.

O homem ergueu uma das sobrancelhas confuso, mas assentiu.

Selene imediatamente apoiou a orelha contra a porta para ouvir.

Faraize conteve o riso, já que ouvia a arquiduquesa dizer de forma tão orgulhosa que não ligava para as amantes do marido quando era uma imensa mentira.

O som de dentro da sala se intensificou.

– EU DEVERIA SER A ARQUIDUQUESA! EU SEMPRE ESTIVE DO SEU LADO, SEMPRE CUIDEI DE VOCÊ. ISSO É TANTA INGRATIDÃO. - Uma voz feminina dizia cheia de rancor.

– Obviamente fez tudo isso com intuito de ter o título de arquiduquesa e não pelo amor que sente por mim... SENTIA, se é que algum dia sentiu. - Dizia a voz fria do príncipe herdeiro.

– Eu ainda amo você! Sempre amarei, mas ainda assim... - Dizia abaixando a voz. - Pelo menos me faça gerar seu filho, mesmo que ilegítimo, para eu ter certeza que ela não roubará você de mim.

Selene franziu o cenho e apoiou a mão na maçaneta das portas. Queimava de desejo para abrir.

– Nunca terei um filho com você. Não pense besteiras. Se me irritar com esse assunto, nem minha amante será mais. - Dizia entre dentes.

– Como pode dizer isso? Até ontem você morreria por mim... Foi só essa mulher chegar que você mudou. - Dizia com voz de choro.

– Sim, sim, que pena não é. - Disse de forma dramática. - Eu não estou com muita paciência para sua ganância. Você acha que vou cair nesse papo de merda outra vez? Faça o favor. Eu te dei o título de baronesa, te arrumei um bom casamento para te tornar uma nobre. Ainda satisfaço todos seus desejos. O que mais você quer? - Bati as mãos na mesa.

– Quero ser a arquiduquesa! - Batia as mãos na mesa em seguida.

– Primeiro de tudo, o rei escolhe quem é a arquiduquesa. Depois eu jamais escolheria você, você é um poço de ganância, sem empatia... Você não nasceu para ser a futura rainha desse país. Aceite o seu lugar! - Dizia irritada.

A de cabelos brancos pulou assustada apoiando a mão no tórax, mesmo discutindo com ele o tempo todo, ele não demonstrava irritação verdadeira. Era assustador.

– Mesmo que ele tenha escolhido, você se deitou com ela! Se eu não sou digna, porque uma libertina como ela é? - Dizia a mulher claramente chorando.

– Libertina? - Franziu o cenho extremamente irritada.

– Eu me deitaria todos os dias com ela, me deleitaria de cada curva se eu pudesse e surpresa, isso não é DA SUA CONTA. Você não entende seu lugar de amante e não de esposa, você NÃO É MINHA ESPOSA. Se chamar a arquiduquesa de Veilmont e futura rainha dessa nação de libertina outra vez, você vai daqui para uma masmorra. - Dizia extremamente irritado.

Selene apoiou a mão na boca extremamente surpresa, ficou vermelha e deu alguns passos para trás. Obviamente era só um argumento contra a amante, mas de algum modo a atingiu em cheio.

– Isso não deveria ser da minha conta... Mas não resisto. - Apoiou a mão na bochecha. Voltou a ouvir.

– Se continuar assim não quero você no baile. Vou barrar sua entrada. - Dizia com frieza.

– Castiel! - A mulher reclamava.

A de cabelos platinados se afastou da porta, sorrindo. - Gosto doce da vitória. - Abraçou os papéis e se retirou dali.

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Como combinado, foi feito uma vez no mês, eles dividiam os aposentos.

Como o esperado também, os dois usavam aquele tempo para conversar e trabalhar.

Castiel estava sentado em uma poltrona de roupão com os pés apoiados na mesa de centro, lia os papéis concentrado.

Selene estava sentada elegantemente na outra poltrona, lendo os papéis.

– Primeira dança de amanhã precisa ser comigo... Será melhor se não nos afastarmos muito um do outro para parecer mais apaixonados. - Dizia olhando para a esposa.

– Concordo, mas preciso pegar a atenção das mulheres da alta sociedade se queremos apoio. Mulheres são excelentes em fazer a cabeça dos maridos. - Cruzava as pernas olhando nos olhos cinzas.

– Certo, certo. - Assentiu olhando para ela.

– Castiel... Eu não quero me intrometer na sua vida pessoal. Mas... Bom... - Se levantou entrelaçando os dedos. - O rei está de acordo com todos esses boatos correndo por ai?

– Que boatos? - Franziu o cenho.

– De você gostar dos homens não das mulheres. Eu não vejo problema nisso, pelo contrário, entendo o sentimento. Homens são... - Mordia o lábio pensando no próprio marido. - Magníficos. Mas para alguém que é o único de linhagem real...

O ruivo ergueu as sobrancelhas perplexo. Agora entendeu a razão pela qual ela se sentia tão confortável perto dele, era pelos boatos de ele ser gay.

Pensou em negar aquilo para ela, explicar o fundamental dos boatos e por que não havia se desfeito deles. Mas pensando bem sobre isso, as coisas mudariam? Ela ainda ficaria tão confortável perto dele se soubesse que ele já dormiu com homens em tempos de guerra, mas que na verdade desejava as mulheres mais que qualquer coisa. Seu fogo era tão intenso e forte que precisava de duas a três amantes para suportar.

O melhor era realmente não falar sobre isso, a relação dos dois só melhorava a cada segundo, contar sobre isso só arruinaria tudo. Ele jamais a tocaria sem a autorização dela e também valorizava muito a companhia de uma boa amiga como a esposa. Os sentimentos complementares dela pareciam fazer com que ele se sentisse um homem melhor e digno.

Para ela, Castiel Veilmont seria gay até o fim, para o bem da relação de ambos.

Mesmo que houvesse uma tensão sexual entre eles tão intensa que era capaz de ser cortada com uma lâmina.

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