Capítulo 7

Selene despertou em uma cama completamente vazia, diferente da primeira noite que havia passado sozinha, agora o quarto brilhava da quantidade de flores que haviam ali, mais dezenas de presentes todos empilhados.

– Pelos céus, o que é tudo isso? - Ergueu as sobrancelhas esfregando os olhos.

– Vossa graça? - Disse uma das damas. - Me permita entrar?

– Sim, faça-me esse favor. - Se sentava corretamente na cama.

A dama entrou no quarto se inclinando.

– O que é tudo isso? - Apontou para as flores e presentes.

– São pela sua ascensão. Vossa graça agora é oficialmente a princesa herdeira do ocidente. São seus presentes pela consumação, estes são do arquiduque. No primeiro andar estão dos subordinados do príncipe. - Dizia sorrindo. - Parabéns.

– Princesa herdeira... Isso significa que serei a próxima rainha? - Ergueu as sobrancelhas perplexa.

– Exatamente. - Dama assentiu. - Vossa graça se me permite dizer... Terá muitos afazeres de hoje em diante. Precisa organizar um baile para sua apresentação na sociedade ocidental, precisa abrir todos esses presentes e receber suas indicações como arquiduquesa para iniciar seus trabalhos. Também vai precisar de uma agenda para que possa organizar cada dia de acordo com seus afazeres. - Dama dizia abrindo as cortinas. - Também precisará escolher uma dama de companhia.

– Céus, devagar. - Apoiou a mão na testa. - E o Arquiduque? Ele já foi para seus afazeres?

– Sim... Ele disse que não deveríamos acordá-la. - Se aproximava da arquiduquesa. - Pediu para dizer que vocês jantarão juntos hoje, disse que vocês tem muito o que conversar.

– Ia dizer o mesmo. - Se levantou, ergueu os braços. - Vamos lá, por onde eu começo?

(⁠♡⁠ω⁠♡⁠ ⁠)⁠ ⁠~⁠♪

Kim estava de joelhos diante da mesa do escritório do arquiduque.

– Deixa eu ver se entendi. Você ensinou a Selene a se tocar? - O ruivo massageava a testa.

– Sim, senhor. Ela estava sentindo tesão e não sabia como resolver, eu só dei uma explicação vaga do que fazer. Cometi um erro digno de morte. - Apoiava a testa no chão.

– O que deixou uma mulher virgem com tesão o bastante para sacrificar a própria virtude? Você sabe? - Castiel apoiou as mãos na mesa.

A cavaleira engoliu seco e balançou a cabeça de forma negativa. Ela sabia bem quem havia deixado a pobre arquiduquesa naquele estado.

– Deve ser algum dos cavaleiros do campo. Ou alguma das mulheres? De qualquer forma não é da minha conta. Só é a primeira vez que escuto algo assim. - Suspirava, deitando a cabeça no ombro. - Por um segundo pensei que ela tinha feito isso para ficar aqui como arquiduquesa... Se eu não tivesse me encontrado com ela antes e escutado tudo que ela me falou, sem dúvidas eu estaria furioso agora, de ter que assumir esse tipo de responsabilidade.

– Entendo vossa graça. Eu fiz algo que não deveria, isso acarretou problemas para todos. - Apoiou as mãos no chão. - Suplico por perdão.

– Está tudo bem. Você não fez nada de errado. - Abanou a mão. - Se levante... Vamos esquecer este assunto, fingir que ele nunca aconteceu. Já assumi a responsabilidade.

– Me permite uma pergunta audaciosa e intrometida? - Kim dizia ainda de joelhos.

– Sim, diga. Não haverá retaliação. - Olhou nos olhos dela.

– Você não acha cruel a decisão de assumir a responsabilidade? Quero dizer, a vida perfeita de arquiduquesa não vai durar se ela não produzir um herdeiro. Muito pelo contrário receio que ela será azucrinada persistentemente. - Olhava nos olhos do arquiduque.

– Não tem com que se preocupar, eu já pensei em tudo. Não vão questioná-la publicamente por isso... Agora já nos ciclos sociais é difícil prever. - Cruzava os braços. - Se é só isso, pode se retirar.

Kim se levantou batendo nos joelhos, se inclinou de forma respeitosa e imediatamente saiu do escritório, suspirando de alívio.

(⁠●⁠’⁠3⁠)⁠♡⁠(⁠ε⁠`⁠●⁠)

Na hora do chá pela tarde, Selene estava no imenso jardim, em uma cúpula de vidro, cercada por rosas vermelhas extremamente vivas.

Respirava profundamente, enchendo os pulmões com aquele aroma.

Os pensamentos dela imediatamente foram tomados quando se lembrou do arquiduque, além de extremamente bonito para ela, ele era gentil, a tratava bem até se preocupava com seu bem estar.

O pior era que ela sentia seu coração pulsar de pensar nas mínimas coisas sobre ele. Aquele desejo carnal descontrolado florescer dentro de si outra vez. Os pensamentos dela ficavam tão sujos quando era referente a ele... Temia que esses desejos se transformassem em um amor não correspondido. Então mesmo sendo esposa oficialmente, ela precisava criar limites de onde seus sentimentos poderiam ir, já que o homem em questão era um homossexual.

Suspirou, segurava a xícara delicada com as duas mãos. Podia suspirar e encher os pulmões sem medo, já que as vestimentas que havia ganhado do marido eram vestidos justos, mas de tecido confortável e sem nenhum espartilho, só um longo par de luvas e cortes laterais para que ela pudesse caminhar. Cabelo meio preso caído pelos ombros. Arquiduque havia enviado vestidos de tons pastéis já que achavam que eles combinavam mais com os cabelos platinados e olhos azuis.

Aqueles vestidos modernos e confortáveis não eram nem um terço de todos aqueles presentes que havia recebido.

Tinham jóias de todas as cores imagináveis, dezenas de tonalidade de cada cor, os sapatos seguiam a mesma lógica. Casacos de peles, robes, camisolas, roupas de montaria e de esgrima. Fora os acessórios de cabelo, também de pedras preciosas.

Selene suspirou, apoiando o cotovelo na mesa e o queixo na mão. Nada daquilo realmente a fazia feliz, era um sentimento vazio que ela nem era capaz de explicar, talvez tudo que ela realmente ansiasse era amor. Por isso não havia se casado antes.

Olhou para o imenso jardim e percorreu a borda da xícara de chá com o indicador. Sentia o coração pesar, por mais que agora ela tivesse absolutamente tudo e muita segurança já que seu posto havia sido confirmado para todos, ela ainda se sentia solitária. Sem ter em quem confiar, sozinha no fim.