| Dois Anos Depois....

Dois anos depois....

(Ayla, 20 anos)

Ayla: Tem que ir agora?

Falo aflita com como o Mustafa está visivelmente debilitado. Nos últimos quatro anos ele cuidou de mim e me amou como um pai ama uma filha, me preocupo muito com ele.

Mustafa: Tenho que ir agora filha.

Ayla: Pai...

A minha voz sai embargada, abraço o Mustafa apertado, ele me ensinou como é ser amada e agora estou com uma sensação terrível de que estamos nos despedindo. Lágrimas rolam pelo rosto e tento controlar as minhas emoções.

Mustafa: Não chore, você vai ficar bem. Precisa ver a força que tem dentro de você e usar ela. Não importa aonde esteja, vou sempre cuidar de você minha filha!

Ayla: Volta logo!

Há poucas semanas o Mustafa me contou que foi casado e teve um filho. Ele e a esposa não se amavam e ele a traiu. Os dois se divorciaram quando o Hüseyin era bebê, ele nunca mais o viu, apenas cuidou para que ele tivesse tudo. Faltou o essencial, o amor e ele se culpa por isso. Incentivei ele a procurar o Hüseyin, mas agora vendo como ele está estou com muito medo dessa viagem.

Mustafa: Quero que se preocupe com o restaurante nesses dias que vou estar fora. Tenho certeza que será uma grande chefe!

Ayla: Vou tentar me concentrar.

Mustafa: Tentar não filha, vai se concentrar!

Ayla: Respiro fundo e o mustafa seca as minhas lágrimas. Ele beija a minha testa e abraço ele outra vez.

Vou te deixar orgulhoso pai!

Mustafa: Ayla já sinto muito orgulho de você minha filha. A minha vida era solitária e fria, me salvou de mim mesmo. Você tem luz dentro de você e ilumina tudo que toca. Tenha coragem minha menina!

Ayla: Eu te amo pai!

A primeira vez que pronunciei essas palavras, foi sem me dar conta. Ainda me lembro da expressão de surpresa, seguida da emoção nos olhos do Mustafa. Ele levou três dias para dizer que me amava e me fez chorar de emoção. Criamos o hábito de comer todas as refeições juntos, Mustafa me ensinou a jogar todos os jogos e é algo que amo fazer com ele. Fiquei muito boa na maioria dos jogos de tabuleiro e deixo o Mustafa irritado ganhando.

Mustafa: Também te amo filha, agora preciso ir.

Me despeço da Ayla, tenho dificuldade de sair. Não tenho mais tempo e não quero estar com ela quando partir. Ayla acena da porta e entro rápido no carro para que ela não veja as lágrimas que rolam pelo meu rosto. Ayla foi a melhor coisa que já me aconteceu na vida, estava apenas esperando a morte quando ela chegou mudando tudo. Fiz tudo que pude por ela, mas não estou tranquilo partindo e a deixando. Tudo o que queria é que ela não sofresse mais!

Ayla: Mustafa sai e fico angustiada, com uma sensação ruim. Vou até à horta e cuido dela pensando nas horas que passamos aqui juntos rindo à toa. Fiz essa horta para melhorar a alimentação do Mustafa e com o tempo ele se interessou em cuidar dela comigo. Não consigo dormir, são 15 horas de viagem até chegar a Turquia, Mustafa me avisa que chegou bem e que vai ficar uns dias sem conseguir fazer contato. Assim se passam sete dias, ligo para ele todos os dias sem sucesso. Resolvo fazer uma pequena mala e viajar para a Turquia atrás dele, não suporto mais ficar sem notícias. Da varanda do meu quarto vejo os portões da mansão se abrindo e o carro do Mustafa entrando. O meu coração dispara no peito e corro até o carro com um sorriso largo no rosto. O motorista abre a porta e fico parada encarando o homem que desce do carro. Ele me encara com raiva, os seus olhos são sombrios e frio.

(Hüseyin Asla, 34 anos. O Herdeiro do magnata)

Hüseyin: Hora, hora, se não é a prostituta do Mustafa.

Ayla: Engulo seco as palavras do homem a minha frente, Mustafa nunca se referiu a mim com uma prostituta.

Quem pensa que é para falar comigo dessa forma?

Hüseyin: Para o seu desespero, o herdeiro legal do magnata. Se tiver feito o seu serviço direito, será bem recompensada no testamento.

Ayla: Os meus olhos queimam, Mustafa me disse que não deveria demonstrar as minhas fraquezas a frente de um estranho, mas a palavra testamento, me faz sentir um arrepio pelo corpo todo, extremesso olhando nos olhos do Hüseyin. Se ele disse ser o herdeiro legal do magnata, deve ser o filho do Mustafa.

Testamento?

Hüseyin: Já pode parar de fazer cena e começar a comemorar, ao que tudo indica temos que ler o testamento do velho juntos e você foi citada!

Ayla: O... O Mustafa, ele...

Hüseyin: Morreu!

Ayla: Hüseyin passa por mim, esbarrando no meu ombro, sinto as minhas pernas fraquejarem, o meu coração dispara no peito e posso senti-lo bater rápido, errado cada batida de um jeito cruel. Uma dor insuportável toma conta de cada parte do meu corpo e as lágrimas banham o meu rosto. Caio de joelhos no chão e não escuto nada, além de um zumbido terrível.

Tércia: Ayla... Ayla...

Um homem entra na mansão sem olhar para trás e noto a Ayla caída no chão, chorando a ponto de soluçar. Ela grita desesperada chamando pelo Mustafa e não entendo o que está acontecendo. Leva um tempo para Ayla conseguir falar qualquer coisa, choro com ela quando ela me fala que o Mustafa morreu. Ele mudou tanto nos últimos anos, ganhou o carinho e respeito de todos os funcionários na mansão. Entro com a Ayla na mansão e encaro o Hüseyin sentando no sofá, com uma expressão fria, esse homem me causa arrepios.

Hüseyin: Não importa o quanto finja que está triste, não ganhará nada a mais por isso.

Tércia: Ayla devolve o olhar frio ao Hüseyin, ela corrige a postura e se aproxima dele de forma firme.

Ayla: Não ligo para o que pensa sobre mim, não me importo, porque não me conhece e não é ninguém para me julgar!

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