Capítulo 12

Passaram-se três dias. O seu pé inchado e levemente roxo possuía um aspecto muito melhor e Esmeralda conseguia realizar pequenas tarefas sozinha, embora o emprego da palavra tarefa não parecia ser adequado para nomear os pequenos passeios dentro de seu quarto. Da cama para a poltrona, da poltrona para a sacada e por fim de volta para a sua cama. Era entediante, mas muito melhor do que ficar deitada em sua cama como ocorreu no primeiro dia, o dia em que Safira planejou a comemoração de seu aniversário.

Foi extremamente trágico. Esmeralda se sentia terrivelmente culpada por estragar os planos feitos por sua querida irmã que esteve toda a tarde ao seu lado. Enquanto Esmeralda permanecia estirada na cama, Safira se encontrou sentada ao seu lado, a entretendo da melhor forma possível por meio de jogos, conversas e quitutes selecionados das lojas que visitariam naquele dia. Apesar de todos os contratempos, sua irmã mais velha pareceu empenhada em fazê-la se sentir bem e foi aquele empenho que tornou o dia de Esmeralda infinitamente melhor, afinal nada mais reconfortante do que se sentir amado e querido. No fundo, ela se sentia aliviada ao notar que Safira continuava a mesma de antes, apesar do embate de ideias da noite anterior.

Durante o tempo em que ficou reclusa em seus aposentos, sua irmã mais velha prosseguia com rápidas visitas, mas sempre verificando se estava bem. Rizza permaneceu ao seu lado, garantindo que nada lhe faltasse, porém, não era o suficiente para Esmeralda, que ansiava pelo dia em que finalmente poderia se locomover livremente. A jovem se sentia agoniada por ficar tanto tempo no mesmo lugar, justo ela que amava a liberdade! Estar naquele estado e em um lugar tão gigantesco como o palácio era uma verdadeira tortura... Por sorte naquele dia o médico agendou uma visita para conferir o seu estado e ela o esperava ansiosamente na ante-sala de seu quarto até que por fim ele adentrou acompanhado de Rizza...

O homem a cumprimentou polidamente e se agachou para verificar o estado de seu pé. Após uma breve análise, ele fez algumas perguntas conforme tocava partes do local lesionado e a cada resposta de Esmeralda, ele soltava um breve e sonoro 'Hm" que a deixava ainda mais agoniada.

Quando finalmente terminou a sua análise, ele se virou para a dama aflita e disse as suas considerações:

— Acredito que houve melhora significativa, mas isso não quer dizer que pode se descuidar. Recomendo que fique de repouso por pelo menos cinco dias. Daqui a três dias irei te visitar novamente para analisar a sua condição, até lá evite se apoiar no pé machucado — o homem sugeriu ao passo que recolhia seus pertences.

— Isso significa que devo continuar presa em meu quarto? — perguntou com os olhos ansiosos por sua resposta. O homem pareceu notar o seu estado e abriu um pequeno sorriso reconfortante:

- Não necessariamente\, pode fazer curtas caminhadas por tanto que tenha alguém ao seu lado para se apoiar. Se quiser\, pode caminhar pelo terceiro andar\, mas certifique-se de não realizar um esforço físico extenuante.

- Então poderei ir ao jardim de inverno pelo menos? — sugeriu esperançosa. Ela sabia que o local não ficava muito longe de seu quarto\, o que significava que não teria de se esforçar muito para se caminhar até o lugar\, além de que o simples fato de ficar próximo à natureza seria o suficiente para acalmar os seus ânimos.

- Claro\, mas como disse\, é necessário que tenha alguém lhe acompanhando. Se não houver mais dúvidas\, estarei me retirando agora\, tenha um bom dia milady - após as despedidas o homem partiu. No mesmo instante em que a porta se fechou\, Esmeralda lançou um olhar significativo a Rizza que logo compreendeu as intenções da jovem.

- Imagino que queira fazer um passeio pelo jardim? - a empregada supôs com um pequeno sorriso.

- Você me conhece tão bem Rizza! - a jovem exclamou alegre conforme era ajudada a se levantar para ir em direção ao quarto de dormir.

— E quando planeja partir?

- Estava pensando ir após o almoço\, o que me diz? - Esmeralda sugeriu pensativamente. A manhã já tinha se esvaído e logo seu almoço seria servido\, ela pretendia aproveitar de uma tarde agradável no jardim.

- Às suas ordens\, milady - Rizza concordou prontamente fazendo com que Esmeralda risse do seu excesso de cortesia.

- Ora Rizza! Já estamos juntas há tanto tempo\, por que insiste com esse tratamento excessivamente polido?

- Acredito que até o momento não segui quase nada da conduta destinada às empregadas — retrucou com um pequeno sorriso\, embora era perceptível que quisesse rir.

- Tsc\, enquanto estivermos em meus aposentos pode me chamar livremente como preferir e inclusive rir quando tiver vontade — a jovem destacou ao passo em que fazia cócegas em Rizza que já não segurava mais as gargalhadas.

Era cerca de 13h quando as duas mulheres saíram em direção ao jardim de inverno que ficava a alguns metros à esquerda dos aposentos de Esmeralda. Não foi um caminho percorrido com facilidade uma vez que seu pé não estava completamente curado, mas por sorte chegaram ao seu destino sem muitos empecilhos.

Rizza abriu a porta de carvalho com vários entalhes em formatos florais e pequenos losangos de vidro que davam uma visão parcial do jardim. Com a porta aberta, Esmeralda vislumbrou um cômodo gigante e bem iluminado tomado por uma explosão de cores e aromas que invadiam suas narinas. Ela soltou um suspiro de êxtase ao sentir o frescor do local e, com o auxílio de Rizza, adentrou no espaço florido.

Havia um pavimento de cascalhos pelos quais elas caminhavam enquanto apreciavam as espécies de plantas diversas que ali residiam e se desenvolviam em todos os cantos possíveis, desde os vasos no chão até os que estavam pendurados no teto, era um lugar agradável de se passar a tarde.

Esmeralda poderia desbravar o seu interior sem se cansar, contudo Rizza a cutucou levemente e apontou para um banco de grades brancas próximo a uma fonte que jorrava uma água cristalina e refrescante.

— Acredito ser um bom lugar para se sentar, o que acha milady? — Esmeralda fez uma breve careta com o termo empregado, mas não a contestou afinal combinaram que deixariam os títulos apenas quando estivessem nos aposentos.

- Parece ser um bom lugar — respondeu em um muxoxo\, afinal ela adoraria caminhar por mais alguns minutos\, mas não queria sobrecarregar Rizza que até aquele momento havia sido o seu apoio. Assim que se sentou no banco\, se virou para Rizza que permanecia de pé e olhava ansiosamente para a saída — não quer se sentar comigo? Não parece ser muito agradável ficar em pé — observou em tom de troça e Rizza soltou uma breve risada.

- Realmente\, não é\, mas pensei que gostaria que lhe trouxesse chá e bolinhos - diante o comentário de Rizza\, a jovem arqueou uma de suas sobrancelhas.

- Mas não faz nem uma hora desde que almocei. Sente-se aqui comigo e vamos desfrutar do lugar — sugeriu enquanto dava tapinhas no assento ao seu lado.

- Mas a milady sempre toma chá após o almoço! Imaginei que tivesse pulado para tomar aqui no jardim!

— Rizza, é apenas um chá, não se incomode com isso — Esmeralda tentava conter a risada ao observar o desespero da mulher por conta de um ato tão trivial quanto aquele. Era simplesmente cômico.

— Milady não deve deixar de tomar o seu chá, o médico o prescreveu!

- É mesmo? Não me lembro de algo assim — ponderou enquanto buscava em sua mente a menção do médico ao chá\, talvez ele o tivesse dito a Rizza assim como o nome das pomadas que eram aplicadas em seu pé — se é assim\, sinto muito te incomodar com isso Rizza — se desculpou constrangida devido à sobrecarga que colocava em sua única empregada.

- Não se preocupe com isso\, é uma honra - a mulher de cabelos escuros fez uma breve reverência e então partiu rapidamente deixando Esmeralda só no imenso jardim de inverno.

Esmeralda encostou-se no banco, encontrando uma posição confortável para observar com mais clareza os detalhes do local. A fonte a qual jorrava água perto dela retratava uma mulher com um vestido esvoaçante e com mangas que caiam até o chão, as palmas de suas mãos estavam erguidas para cima por onde nascia a água e em sua expressão transparecia calma e serenidade.

A jovem ficou por longos minutos no local esperando pelo retorno de Rizza, até que em determinado momento ela se encontrava deitada no banco de bruços acariciando entediadamente uma orquídea branca. "Mas quanta demora para um chá" pensou consigo mesma, até que então foi tirada de suas divagações após escutar o som de vozes alteradas que vinham de seu lado direito.

Esmeralda imediatamente se endireitou e começou a espiar através das diversas plantas a origem do som. Ao que parecia, era uma briga entre um casal. Ela mordeu levemente o seu lábio inferior enquanto se levantava com cuidado para ter uma visão mais ampla, mas sem sucesso. "Se eu pudesse ao menos andar..." No mesmo instante, uma moça de vestido branco e cabelos escuros e escorridos apareceu correndo em direção à saída e ao seu percalço estava um homem de cabelos loiros encaracolados trajando um conjunto azul-marinho.

— Milady, espere por favor! Não me deixe assim! — ele gritava tentando alcançar a moça que corria rapidamente e por fim sumiu de suas vistas. Ele praguejou alto e passou a mão em seus cabelos frustrado com toda a situação. Apesar da distância, Esmeralda conseguiu reconhecê-lo, aquele era o Conde Bourne que a chateara no baile. Ela estava se acomodando em seu lugar novamente quando o homem a notou e abriu um largo sorriso ao passo que se aproximava dela, instantaneamente a jovem quis correr — Milady Esmeralda?

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Mary Lima

Mary Lima

Aí que 🤮 tomara a Hizze chegue logo.

2024-02-08

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