- Precisamente\, Sir — a jovem o respondeu em um tom árido\, irritada por estar sendo novamente incomodada.
— Soube que se machucou no baile, como está agora? — ela a indagou enquanto analisava o seu pé ligeiramente exposto, ao notar seu olhar, ela o escondeu rapidamente e o respondeu em um tom descortês com a esperança de que ele partisse logo:
— Estaria melhor se tivesse a oportunidade de ficar só com os meus pensamentos — mesmo com sua grosseria, Bourne apenas abriu um sorriso deliberadamente como se ignorasse por completo as suas palavras.
— Compreendo perfeitamente, às vezes ficar sozinho é bom, mas nada melhor do que ter uma boa companhia.
— Isso quando ela é boa — o retrucou sugestivamente, mas novamente ele a ignorou.
— Acredito milady que não nos conhecemos formalmente após o baile, nem tivemos tempo de conversar decentemente, adoraria que fosse esse o caso agora — Esmeralda estava prestes a cortá-lo quando ele prosseguiu rapidamente — eu me chamo Willian, adoraria que me chamasse pelo primeiro nome — disse em um tom sugestivo e com um sorriso que deveria ter o efeito de seduzir as mulheres, mas Esmeralda apenas sentia tédio e raiva.
— Prefiro me limitar aos tratamentos honoríficos.
- Mas quero estreitar laços com a milady — sussurrou enquanto se aproximava lentamente de Esmeralda que recuou alguns centímetros para trás.
— Mas eu não quero estreitar laços com o Sir.
— Milady, por favor — o homem pousou a mão na coxa de Esmeralda que se levantou instintivamente sentindo uma pontada em seu pé ferido, mas que era facilmente ignorado devido à raiva que sentia naquele momento.
— Para alguém da nobreza, o senhor é extremamente rude e mal-educado e parece limitar esses aspectos somente as damas, não é mesmo?
— Esme você me entendeu mal!
— Não te dei permissão para que agisse de maneira intima. Pelo que vejo, a educação é algo que lhe falta já que não sou a única a ser incomodada com os seus atos grosseiros.
— Deixe-me explicar... — o homem suplicou ao passo em que se aproximava da jovem, estendendo a mão para tocá-la, contudo Esmeralda se esquivou rapidamente. Seu pé latejou novamente.
— Não se aproxime de mim! — exclamou furiosa. Esmeralda levantou a mão esquerda, se preparando para estapeá-lo quando escutou uma voz sibilar próxima a ela.
— Não escutou a moça, Conde Willian Bourne?
- V... Vossa Alteza! — o homem gaguejou em choque ao passo que recuava vários centímetros para trás com uma expressão de horror em sua face — peço desculpas....
— Não peça perdão a mim e sim a Lady Esmeralda, a quem o senhor esteve chateando — após o corte de Henric, o conde ficou ainda mais pálido e Esmeralda suprimiu o riso. Estava satisfeita com toda a situação.
— Tem toda a razão, me perdoe milady, não irá se repetir — ele se desculpou com a voz em um sussurro e a cabeça baixa.
— Que isso não se repita conde — Esmeralda disse em um tom de aviso. Para a sorte de Bourne, o grão-duque apareceu antes dela o estapear. "Mas talvez tenha sido melhor assim, poderia ter problemas sérios" pensou consigo mesma observando a figura desprezível do conde.
— Muito bem, agora pode livrar a nossa visão de sua presença pavorosa.
— Imediatamente — tal como dito, o conde sumiu rapidamente do jardim sem deixar rastros. Esmeralda se acomodou no banco e deixou escapar uma risada. Naquele momento, o belo conde tinha se tornado um rato.
— Muito obrigada — agradeceu assim que as risadas cessaram — nunca vi um homem tremer tanto — comentou enquanto observava o grão-duque se sentar ao seu lado.
— É o poder de minha presença, adorável Lady — ele retrucou com um pequeno sorriso em seus lábios.
— Acredito que o efeito "Lâmina da morte" seja o principal motivo disso — observou ao passo em que fazia aspas com os dedos. Henric apenas deixou escapar uma risada. Ele não parecia estar ofendido como ela imaginou aconteceria, na realidade, parecia achar graça de toda a situação.
— Ah, então já descobriu.
— Não existem segredos na corte — sentenciou com um largo sorriso.
— E posso saber quem me denunciou?
— Não posso delatar o meu informante! Como saberei de outras coisas a seu respeito?
— Pode perguntar diretamente a mim, assim garante a confiabilidade das informações — ele sugeriu e Esmeralda apenas riu.
— Vossa alteza é tão solícito.
— Sou muito mais do que o "Lâmina da morte". E então? O que pretende me perguntar? — após o convite de Henric a perguntas, Esmeralda teve de pensar por longos segundos, afinal não tinha nada a respeito do grão-duque que ativava a sua curiosidade, pelo menos não naquele instante.
- Por que o apelido? — perguntou por fim\, após longos segundos de silêncio em busca de algo a respeito do homem que atiçasse sua curiosidade.
— Meus feitos em batalhas contra os invasores do norte são notáveis e existem muitos contos sobre mim.
— Acho que já escutei sobre um, é aquele que diz que quando bate a meia-noite vossa alteza busca as crianças acordadas para fazer uma sopa — Esmeralda tentou narrar a história inventada por ela em um tom de voz assustador, mas falhou miseravelmente ao ver a expressão de divertimento do homem.
— E onde escutou isso? — ele a questionou arqueando uma de suas sobrancelhas.
— Por aí — mentiu tentando conter as risadas que queriam escapar. Ao que aparentava, Henric não havia acreditado muito em suas palavras e após uma troca longa de olhares, os dois caíram na risada — tudo bem, eu inventei.
— Apenas não espalhe isso por aí, a população já tem uma péssima percepção sobre mim — comentou enquanto limpava uma lágrima que escorreu devido às gargalhadas.
— Mas acredito que o medo dos nobres não seja somente por seus feitos grandiosos, vossa alteza — Esmeralda sugeriu com um pequeno sorrisinho e o homem apenas deu de ombros como se achasse aquilo insignificante.
— Não tenho o dom de me socializar, ficar escutando bajuladores que apenas querem um favor seu e te veem como um degrau a ser subido para atingir seus objetivos, não gosto de usar máscaras sociais e não me importo com o que pensam sobre isso.
— Parece ser um ermitão — ela observou e Henric apenas sorriu.
— E sou, de fato. Mas agora me diga, como está o seu pé? Parece bem melhor da última vez que nos vimos — ele a perguntou em uma tentativa de mudar de assunto, não se importando com a tática e respeitando a sua vontade, Esmeralda optou por entrar no novo tópico de conversa.
— Realmente, estou muito melhor, obrigada por me enviar o médico, mas não precisava ser o médico real — apontou criticamente, afinal ela não poderia ocupar o tempo de um homem que era responsável por atender a realeza.
— Queria garantir que fosse bem atendida e nada melhor do que ser atendida por alguém que trata o rei — após as considerações de Henric, a jovem teve de concordar, mesmo que a contra gosto.
- E realmente\, fui muito bem atendida\, muito obrigada pela preocupação — Esmeralda agradeceu com um largo sorriso\, ela não percebeu\, mas o homem ficou levemente envergonhado e teve de tossir para voltar aos seus sentidos.
— Bem, seu aniversário já passou, não é mesmo?
— Como sabe? — perguntou curiosa, pois eram poucos os que sabiam do fato.
— Não posso revelar as minhas fontes — ela a contra atacou usando o seu argumento anterior.
— Não é justo! Só eu posso usar esse argumento — reclamou com um beicinho e o homem apenas deu de ombros desviando o olhar.
- E a partir de agora\, eu também — Henric remexeu o interior de seu paletó e retirou um pequeno embrulho de veludo vermelho — tome — ele ofereceu para Esmeralda que ficou momentaneamente estática até perceber o que lhe era oferecido.
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Atualizado até capítulo 82
Comments
Mary Lima
nossa isso vai dar merda.
2024-02-08
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