Prólogo Parte 4

O verão havia se tornado um sonho que parecia não ter fim, estava tudo muito alegre e colorido, mas Esmeralda não sabia que o verão estava acabando e com ele Lucius voltaria para a sua casa. Em um dia, em que os dois estavam deitados na grama admirando o céu, Lucius comentou:

– Descobri que vou embora daqui uma semana – a maneira direta com que disse foi um golpe muito forte e por um momento a menina se viu sem ar.

– Você não pode ficar mais um pouco? – perguntou com a voz manhosa e olhos chorosos, Lucius a olhou desconsolado, estava tão triste quanto ela.

– Infelizmente não, tenho que ir... Mas eu vou voltar logo, você vai ver! – disse tentando animar a menina que abriu um meio sorriso e perguntou esperançosa:

– Promete?

– Mas é claro que sim. Olha no primeiro dia de verão, no horário de sempre nos encontraremos aqui, fechado?

– Fechado!

E o resto da tarde continuou, como se a notícia nunca tivesse sido dada. Esmeralda tratou de aproveitar cada momento ao lado de seu amigo e tentou esquecer ao máximo a iminente despedida que se aproximava, mas em alguns momentos era difícil, especialmente porque em breve o seu único amigo iria partir e isso era o suficiente para deixá-la triste e reflexiva. Em um desses momentos, Anne a perguntou por que parecia tão deprimida.

– Não estou triste, só pensativa – respondeu prontamente tentando sorrir para acalmar a empregada.

– Eu te conheço muito bem, sei que tem algo te incomodando, pode me dizer – Anne sentou ao seu lado. O que ela poderia dizer? Que seu único amigo estava prestes a ir embora, uma criança que ela encontrou durante suas escapadas? A verdade era que a partida dele não era o único motivo de sua tristeza. E se ele se esquecesse dela e do trato que tinha feito? E se nunca mais voltasse para brincar com ela? Esse medo de que fosse esquecida a dominava por inteira e a fazia passar horas e horas se remoendo.

– Anne... Você acha que alguém pode se esquecer de mim? – por um momento a empregada não soube o que dizer. Mas que pergunta repentina e estranha para uma criança fazer!

– Mas quem se esqueceria da senhorita? Você é tão adorável e inteligente, é impossível que se esqueçam de você!

– Mas e se esquecerem de mim? O que faço?

– Então deverá seguir em frente, se caso te esqueçam, não é certo que os esqueça? É claro que acho impossível que algum dia isso aconteça, mas lembre sempre de quem você é, uma menina adorável, encantadora e inesquecível – Anne a abraçou afetuosamente. Isso foi o suficiente para que o coração da criança se acalmasse, mas apenas por aquele momento. Com o fim da conversa, a menina lançou um último olhar janela afora e se aprontou para deitar.

A semana passou mais rápido do que o esperado para a infelicidade das duas crianças e o dia da despedida finalmente havia chegado. Em frente à cachoeira novamente se encontraram, seria a última vez que se veriam ali, ao menos naquele ano, isso se Lucius cumprisse com sua promessa. Seus olhos se fixaram um no outro, a tristeza contida ali partiria o coração de qualquer um que visse. Lucius então falou, em uma voz embargada, mas tentando passar um pouco de animação:

– Ora, não vamos ficar nos encarando o dia todo, certo? Temos pouco tempo para aproveitar, então vamos! – Esmeralda abriu um sorriso animado e assentiu com a cabeça prontamente. Em poucos minutos ambos estavam no rio, fazendo suas macaquices de criança. O sol refletido na água brilhava intensamente e as gotículas que escapuliam da cachoeira pareciam pequenos cristais também refletidos nos raios do sol. A felicidade da dupla era genuína e plena, e quem visse jamais imaginaria a tristeza que havia em seus corações para a iminente despedida que chegava.

Com os raios de sol se pondo lentamente o dia chegava ao fim. Observando o belo pôr-do-sol, a dupla de amigos viu que já era hora de ir.

Esmeralda tentou conter as lágrimas que teimavam a sair, uma por uma, e desciam pelas suas bochechas rosadas. Lucius, embora não chorasse, compartilhava da mesma tristeza, mas se conteve e abriu um pequeno sorriso de modo a tranquilizá-la.

– Você chora como se nunca mais fossemos nos ver, não seja tão tola.

– Mas eu não sou tola! – refutou aborrecida – e não estou chorando... É porque estou molhada... – negou veemente, contando uma mentira questionável. O garotinho sorriu com a resposta e limpou carinhosamente as lágrimas daquela criança à sua frente.

– Eu vou voltar, eu prometo já te prometi antes e te prometo agora.

– Eu sei que vai, mas vai demorar tanto...

– Claro que não sua boba, um ano passa rápido, você vai ver – ela fungou o nariz e limpou o resto das lágrimas grosseiramente com as costas de seu braço. Era uma imagem adorável.

Ela abriu um sorriso forçado, não querendo deixar a lembrança daquele momento tão triste em sua memória e disse, de forma consternada, pois por mais que tentasse não conseguia mascarar uma expressão alegre:

– Sim, vai passar rápido.

E com aquela promessa os dois se separaram cada um para sua casa. No coração a esperança de que se encontrariam novamente.

Como Lucius havia dito, o ano realmente passou rápido, parecia que o tempo estava a favor de ambos e se apenou da dupla. Logo o verão chegou com todo o seu esplendor. O sol brilhava e o calor excessivo fazia com que a água cristalina se tornasse mais convidativa do que nunca. Esmeralda, agora com onze anos, saiu correndo em direção a cachoeira. A expectativa batia alta em seu coração, e em sua mente a imagem de Lucius ainda pairava. Ela quase não acreditou quando o viu a esperando e um sorriso largo se abriu em seu rosto.

E a cena se repetiu, por cerca de quatro anos. Esmeralda com seus recentes quinze anos se encontrou novamente com Lucius, que estava agora com dezessete. Mas ao invés do sorriso largo e caloroso de sempre, uma sombra de pesar e tristeza pesava em sua face. Vendo isso, Esmeralda franziu as sobrancelhas e se aproximou dele calmamente, se preparando para a má notícia que ele daria. Sim, porque era óbvio que o que sairia de seus lábios seria uma má notícia, seu rosto entregava isso, o que fez a menina estremecer internamente.

– O que foi Cachinhos dourados? O que aconteceu? – Lucius corou com o apelido e ficou com uma carranca que fez Esmeralda rir alegremente. Em todos esses anos, ele ainda não gostava do apelido.

– Eu acho melhor nos sentarmos.

– Oh céus, tenho medo do que está por vir – ele abriu um pequeno sorriso com sua declaração. Eles se acomodaram e ela lhe lançou um olhar de expectativas.

– Devemos parar de nos encontrar – de forma direta como sempre, Lucius deu a notícia. Esmeralda não conseguiu assimilar direito as palavras tão repentinas.

– Mas... Mas por quê? – gaguejou sem saber o que dizer e quando finalmente encontrou as palavras que lhe haviam fugido as disse rapidamente – eu fiz algo de errado? Você está irritado comigo? É por causa do apelido? Eu prometo não te chamar mais de cachinhos dourados, mas, por favor, não termine nossa amizade – a menina desesperada disse tudo de forma tão rápida que era um verdadeiro mistério como Lucius a entendeu, talvez nesses anos todos eles houvessem criado um vínculo onde um entendia o outro, bastando um pequeno olhar.

– Sua boba, mas é claro que não é o apelido. Só não acho certo uma dama e um cavalheiro se encontrarem sozinhos. E a sua reputação, como ficaria?

– Desde quando você se importa com isso?

– Desde que você cresceu e vem tomando o corpo de uma mulher.

– Oh, então é isso... Você não está preocupado com minha reputação, mas está me desqualificando pelo meu gênero!

– Mas o que...?

– Oh sim, eu não sou qualificada o suficiente para andar com um homem como você, não é mesmo? Se alguém descobrir, coitado de você! Correrá o grande risco de ser chamado de mulherzinha!

– Mas o que....!? Sua louca! Não é nada disso.

– Louca? Louca? Como ousa me chamar de louca após me insultar dizendo que não sou o suficiente para ser sua amiga? Agora quem não quer mais sua amizade sou eu! Vou-me embora agora e nunca mais quero vê-lo à minha frente! – Esmeralda de forma fervorosa deu seu ultimato e saiu energeticamente se encaminhando para sair de perto daquele que a insultou descaradamente.

Seu sangue fervia de raiva, suas bochechas estavam coradas e seu lábio superior tremia. Lucius levantou e a segurou encarando-a firmemente. Ainda mais insultada, exclamou escandalizada:

– Como ousa? Insulta-me com palavras e agora com ações rudes? Vamos, me solte. Já ouviu falar em espaço pessoal?

– Você vai me escutar – Lucius afirmou com autoridade e um olhar feroz. Esmeralda não conseguiu conter a carranca e comprimiu os lábios contrariados – nunca te desconsiderei por ser mulher, gosto de sua amizade, gosto de conversar com você e passar o tempo com você, mas estamos crescendo , estou me tornando homem e você mulher. O que os outros diriam se nos vissem nadando seminus sozinhos? Digo isso porque me preocupo com você, eu sou homem e eu não sofreria as consequências tão duramente como você que é mulher. Entenda, faço isso pelo seu bem – ele terminou o seu pequeno discurso com uma pontada de tristeza nos olhos. Esmeralda ainda estava chateada, mas de fato ele tinha razão.

– Ninguém sabe que nos encontramos aqui...

– Mas poderiam descobrir. Se eu e você encontramos esse lugar, o que impede de outros virem?

Ele tinha razão, não era seguro dizer que ninguém viria. Mas ela não queria se despedir dele, seu único amigo por todos esses anos dizia que iria embora e nunca mais a veria. Quão injusto o mundo era! Ele lhe deu a felicidade, deixou-a experimentar e desfrutar daqueles momentos maravilhosos, mas agora lhe tirava de forma cruel. Não teria sido melhor jamais conhecê-lo? Era melhor viver com a curiosidade de algo que jamais iria ter, do que a saudade amarga do que havia experimentado e não poderia ter novamente. Uma a uma as lágrimas rolaram pela sua face. Ele as limpou suavemente, como sempre fazia quando se despediam e a olhou com ternura.

– Não quero que se vá, é meu único amigo.

– E você minha única amiga.

– Mas ainda assim vai me deixar sozinha?

– Pelo seu bem eu vou. Pequenos sacrifícios valem a pena para evitar grandes catástrofes. Não te quero ver mal. Prefiro te ver triste agora a te ver sofrer pelo resto de sua vida.

E de forma inesperada, ela o abraçou. Um abraço apertado e carinhoso, que fez seu coração bater rapidamente. Lucius, ainda em choque pela ação repentina, a abraçou novamente e deu um beijo carinhoso em sua fronte.

– Agora eu tenho certeza – disse repentinamente. Ela o olhou nos olhos, que estavam curiosos com sua declaração tão repentina e prosseguiu – você é um nobre.

Lucius não a refutou, comprovando o que Esmeralda disse. Jubilosa por estar certa, abriu um sorriso. Um tanto chocado com a recente descoberta, respondeu, sabendo que não tinha como mentir:

– Tem razão, mas você também é – retrucou com um pequeno sorriso, o que a fez corar.

– E... Eu? Quem me dera ter essa sorte – gaguejou de maneira nervosa, tentando inútilmente esconder seu segredo que já havia sido descoberto. Ele riu de sua tentativa e acariciou seus cabelos longos e sedosos.

– Não se preocupe, será o nosso segredo – ela enrubesceu por ser pega na mentira.

– Eu poderia perguntar como descobriu?

– Só se você me falar primeiro.

– Certo. Você é muito bem cuidado para ser um plebeu, sempre traz aperitivos caros e principalmente, como que um plebeu conseguiria tirar férias por um mês? Infelizmente as crianças trabalham desde muito novas para suprir a renda familiar. E depois da sua preocupação de hoje ficou claro que você só poderia ser um nobre, quero dizer, sempre vejo as empregadas e os guardas saindo para namorar, mesmo quando não são casados...

– Saindo para namorar? Você sabe o que eles fazem quando saem para namorar? – ele perguntou com um pequeno sorriso no canto dos lábios, o seu tom provocativo a fez corar.

– Oh bem... – sabendo que não era apropriado para uma dama saber disso ela corou ainda mais, tinha apenas quinze anos, não era um assunto próprio para a sua idade, mas estranhamente ela sabia – bem eu estava andando e ouvi sem querer – começou dando uma desculpa e Lucius arqueou uma de suas sobrancelhas e cruzou os braços, esperando que ela continuasse – eu realmente não queria!

– Eu sei... Pobre Esmeralda se fosse descoberto que você gosta de espiar a conversa dos outros...

– Lucius!

– Então prossiga o que eles fazem quando saem para namorar?

– Ora, eu não sei, só ouvi essa parte. O quase adulto aqui é você, então provavelmente você sabe mais do que eu, e já deve até ter feito – isso foi o suficiente para que ele estourasse em gargalhadas estrondosas. Sua risada era tão esquisita e engraçada que Esmeralda não se conteve e entrou em sintonia. Quando se recuperaram ele a olhou.

– Só para você saber, não sou tão assanhado quanto você...

– Assanhada? Ora! – ofendida novamente, Esmeralda exclamou. A conversa continuou com Lucius a provocando por sua ingenuidade em relação ao assunto. O dia passou com ambos conversando, mudando rapidamente de tema. Embora ficassem algum tempo em silêncio, não era constrangedor, mas reconfortante e agradável. Quando o pôr-do-sol estava iniciando chegou a hora da despedida.

– Você realmente vai me deixar? – perguntou manhosa e ele assentiu tristemente – não podemos nem mesmo trocar cartas lulu? – ela agarrou a sua manga, como uma criança que agarra a saia da mãe pedindo colo e atenção. Seus olhos verdes brilharam como se tentasse convencê-lo. Ele negou suavemente.

– Não seria próprio, além de que nos perguntariam como nos conhecemos, e eu não sei você, mas eu saio escondido – um pequeno sorriso se abriu e ela o retribuiu, embora continuasse um pouco triste, pois esse seria o adeus definitivo. Bom, foi isso o que ela pensou.

Após uma despedida dolorosa e cheia de abraços, cada um foi para o seu canto. A tristeza ainda residia em seus corações, mas agora ela já estava um pouco resignada com sua situação.

E o relacionamento dos dois jovens terminou naquele dia.

O tempo foi passando e Esmeralda nunca conseguiu esquecer seu amigo mais querido Lucius, mesmo que houvesse chegado ao fim, o seu sentimento por ele nunca acabou e a cada vez que ela visitava a cachoeira as lembranças dos momentos agradáveis que passaram juntos voltavam a sua mente. Ela nunca foi capaz de esquecê-lo.

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Comments

Mary Lima

Mary Lima

Que lindo cavalheiro.
Estou amando a história

2024-02-08

1

Dòng sông/suối đen

Dòng sông/suối đen

Não nos deixe na ansiedade, autora! Atualiza logo! 🤞

2023-07-18

2

Ayari Khana

Ayari Khana

Não aguento mais esperar! Atualiza, por favor!🥺

2023-07-18

0

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