Capítulo 6

Em um piscar de olhos, a carruagem que a levaria junto de sua irmã estava sendo abastecida por suas bagagens e as duas estavam em frente a propriedade acompanhadas de seu pai, o duque.

Enquanto as empregadas terminavam de aprontar suas malas, Esmeralda despedia-se de seu pai, que rapidamente conseguiu conquistar o seu carinho com as suas palavras e jeito afetuoso. E então, em frente a carruagem, ela o abraçou carinhosamente.

– Sinto tanto por perdê-la rapidamente para o mundo. Entristece-me por termos tido tão pouco tempo juntos, se eu ao menos tivesse lhe encontrado mais cedo...

– Oh meu pai, não se aflija com isso, passamos bons momentos juntos, alias irei manter correspondência com o senhor regularmente e tentarei te visitar sempre.

– Está tudo bem. É certo que parta para viver sua própria vida, já não é mais uma criança, mas uma jovem formosa e bela. Tenha uma boa viagem – o duque pegou a mão de Esmeralda e depositou um beijo nas costas de sua mão suavemente. E então ele se virou para Safira dizendo doces palavras se despedindo de sua filha mais velha. Terminadas as despedidas, as duas jovens se encaminharam para a carruagem que não tardou a partir, se afastando cada vez mais da bela mansão de Kingborn.

O ducado de Kingborn não era muito longe da capital, uma semana de viagem era o suficiente para sanar a distância entre os dois territórios. E isso significava que em breve chegaria ao palácio de Cailyn antes do baile, o que seria um alívio, afinal teriam tempo suficiente para descansarem e restaurarem a energia da viagem.

Embora estivesse na carruagem, não tornava o percurso menos cansativo, pois por mais acolchoado que os assentos fossem, era penoso passar horas a fio sentada em uma mesma posição. Felizmente não havia tanta pressa para chegarem a seu destino, resultando em curtas paradas para que pudessem se alongar e relaxar. Outro ponto positivo é que desta vez possuía uma companhia adorável que a entretia nas horas tediosas da viagem, além de que as paisagens pelas quais passavam eram belas e encantadoras.

Após cinco dias de viagem, Esmeralda pôde avistar as altas muralhas que rodeavam a cidade de Cailyn, seu coração saltou por finalmente ter chegado.

Era final da tarde, o céu estava colorido em tons de amarelo e laranja devido ao pôr do sol que se iniciava. O astro rei começava a se deitar por trás da grandiosa cidade rodeada de muros altos e imponentes. A jovem estava maravilhada com a encantadora visão e seus olhos brilharam de emoção.

-Veja, finalmente chegamos! - Safira comentou empolgada enquanto apontava para a cidade - assim que atravessarmos o rio Osmund finalmente entraremos no interior da cidade.

- É tão bela - Esmeralda observou encantada com a linda paisagem diante de seus olhos.

- Espere só para ver o palácio então\, ficará de boca aberta - Safira sorria brilhantemente\, alegre por retornar à capital após tanto tempo.

O veículo iniciava o seu percurso para atravessar a gigante ponte de pedra, conforme atravessavam, Esmeralda notou um cheiro estranho no ar e que estava longe de ser agradável. Ela franziu levemente o nariz e olhou para a janela a procura da origem do odor fétido. Ao olhar próximo às muralhas, notou tubos de esgoto que desaguavam naquele rio dando origem àquele cheiro pavoroso.

"Calma, não se desanime, assim que entrar tudo ficará melhor", tranquilizou-se ao passo em que tentava conter a careta de nojo. Safira parecia não se incomodar tanto quanto Esmeralda, ou simplesmente fingia muito bem.

O veículo começava a atravessar a gigantesca entrada rodeada por guardas vestidos de armaduras brancas e reluzentes com o brasão real estampado bem no centro. Ela teria observado com mais atenção os detalhes se não fosse o cheiro insuportável que a recebeu. Claramente era uma mistura de urina, fezes e madeira podre.

Ela observou ao redor a procura do encanto de minutos atrás, mas apenas viu um punhado de pessoas usando farrapos. Seus olhos estavam profundos e sem esperança, seu corpo era magro evidenciando as silhuetas do esqueleto de seus corpos. Aquelas figuras mescladas com as sombras do início da noite eram assustadoras e Esmeralda recuou para perto de sua irmã mais velha.

-Hm? O que foi?

-N... Nada, não imaginei que a capital fosse assim - respondeu em um murmúrio triste e desolado. Ela se sentia mal por aquelas pessoas que eram privadas de sua dignidade tendo de viver daquela maneira, completamente à mercê da generosidade de outros, privadas de comida e água. Esmeralda sentiu o seu coração se partir.

- Calma\, estamos na embaixada\, não é o lugar mais bonito da cidade\, mas logo chegaremos nos bairros nobres e você ficará encantada novamente - apesar do tom pacificador de Safira\, a jovem estava incrédula com a banalidade que ela tratava a situação daquelas pessoas. Ela não parecia nem ao menos comovida! "Talvez tenha apenas se acostumado"\, pensou consigo mesmo enquanto observava a embaixada.

Ela se lembrou de ter lido nos jornais a iniciativa que o falecido rei tinha tomado para diminuir a extrema pobreza no reino, mas como alguém que tinha crescido longe de tudo e todos, jamais imaginou que existiam pessoas que viviam daquela maneira, completamente expostas e vulneráveis na sociedade.

Francis IV tinha morrido a pouco menos de um mês em um incêndio misterioso que ocorreu em um dos salões mais bem frequentados da capital. Mas rumores se espalhavam pelos cantos, muitos acreditavam que o rei tinha sido assassinado, mas eram apenas especulações.

Com a morte de um monarca, era inevitável que outro surgisse e com isso facções se adiantavam para puxá-lo a favor de sua causa. Aqueles que não gostavam do reinado anterior, fariam de tudo para que o novo governante pendesse para seu lado. A questão era se o príncipe herdeiro seria como seu falecido pai. Esmeralda torcia para que sim, pois no fim, Francis foi um bom rei e foi o único a lutar por aqueles que não tinham sangue nobre ou posses.

- Olhe\, já estamos entrando em um bairro melhor - Safira comentou atraindo a atenção de Esmeralda que espiou novamente pela janela. Conforme subiam as ruas em direção ao palácio\, as casas mudavam gradativamente e as ruas se tornavam menos irregulares se tornando pavimentadas. Em um determinado momento\, a diferença entre a embaixada e aqueles bairros nobres era gritante. Havia mansões gigantescas que se assemelhavam a casa do duque\, outras ainda mantinham o padrão de torres similar a castelos.

O palácio se encontrava no topo da capital. Era como um farol à beira mar que brilhava e atraia a atenção. Esmeralda pensou como aquela visão opulenta deveria ser amarga para os moradores menos afortunados que eram constantemente lembrados da desigualdade gritante de riquezas.

-Todas as grandes familias possuem uma residência aqui na capital para passarmos longas temporadas ou até mesmo viver aqui, mas como serviremos a corte teremos nossos próprios quartos dentro do palácio, não é emocionante? - Safira começou a tagarelar animadamente enquanto olhava e apontava para os grandes casarões dizendo a qual família ele pertencia. Esmeralda apenas assentia brevemente distraída em seus próprios pensamentos. Ela estava em estupor devido a cena que tinha visto logo na entrada de Caylin, após aquilo era difícil desfrutar das novidades a quais era apresentada - veja! Chegamos! - Safira anunciou empolgada com um largo sorriso.

Esmeralda sentou na janela da direita, em frente ao assento de Safira e olhou atentamente cada detalhe do palácio e era... Suntuoso. Magnífico. Esplêndido. Era como um sonho que havia se tornado realidade.

Elas atravessaram o portão principal que estava muito bem protegido por uma quantidade numerosa de cavaleiros. Assim que adentraram nos domínios, o portão fez um alto rangido se fechando novamente. A carruagem prosseguia o seu caminho pelo pavimento atravessando um jardim imenso decorado por uma infinidade de fontes, estátuas, canteiros de flores e arbustos em formatos de animais selvagens. Era um verdadeiro luxo.

Safira estava animada tal qual uma criança em uma loja de doces e Esmeralda se pôs a rir de seus olhos brilhando e sorriso iluminado. Ela já não sentia mais o coração doendo de pesar pela situação que tinha visto momentos atrás.

Após cerca de cinco minutos, o veículo finalmente estacionou em frente a entrada principal que era estupidamente gigante. Havia uma quantidade mais que razoável de degraus largos de mármore que davam para uma grandiosa porta de madeira de carvalho que estava aberta revelando o interior do saguão principal. Esmeralda não teve tempo de observar atentamente, pois um dos empregados se apresentava pronto para acomodá-las em seus aposentos.

Esmeralda subia as escadarias ao lado da irmã e notou no topo do batente da porta o emblema da família real, desta vez pôde ver com clareza os detalhes. Era um losango revestido de rosas douradas com um grifo no centro, no canto superior havia a coroa real e , em seu topo, uma pedra de diamante, que simbolizava o poderio da rainha, a chamada jóia da coroa.

A rainha era muito especial para o reino, sem ela uma linhagem inteira poderia acabar devido ao seu dom de gerar vida, mas para o azar da atual rainha Catelyn, esse dom lhe foi renegado por nascença e ela jamais teve um herdeiro e por esse motivo um bastardo subia ao trono.

Não importasse o quão astuta tivesse sido durante seu reinado ou quantas contribuições tivesse feito ao reino, ela não podia ter filhos logo não tinha serventia nenhuma. Apenas não foi deposta devido ao amor incondicional de Francis que a manteve ao seu lado, mas com a morte do único que a protegia, ela se tornava vulnerável e seu poder era reduzido a cinzas

Assim que atravessaram a porta principal, adentraram no imenso saguão. Esmeralda ficou boquiaberta com o que viu.

Era mais que belo, era majestoso! Haveria algo no mundo com tal esplendor? O saguão de entrada era revestido de topázio dourado que dava a impressão de que ouro líquido estava anexado no chão enquanto que as paredes possuíam placas de um mármore branco com alguns entalhes dourados no formato de graciosas rosas, no teto se encontrava um enorme lustre com suas velas de cera queimando trazendo luz para o amplo ambiente. A frente, havia uma majestosa escadaria coberta por um veludo vermelho que se desdobrava para a entrada contornando o redor do emblema da família real gravado no piso. Era evidente que pisar no emblema seria desrespeito e para deixar claro que deveria ser contornado o tapete indicava o caminho.

A escadaria era larga e tinha tantos degraus que apenas o pensamento de subi-lá era cansativo. Na parte térrea nos lados esquerdos e direito tinham entradas que provavelmente dariam a algumas salas e logo ela se animou para desbravar aquele lugar imenso.

O empregado guiava as duas irmãs no mais puro silêncio, apenas o som de deus sapatos ecoavam pelo cômodos em que passavam. Esmeralda não se importou com o fato pois podia admirar melhor as decorações do palacio.

Os corredores eram mais limpos visualmente abrigando apenas vitrais gigantescos que permitiam a entrada de luz natural, o que os tornava menos sombrios, assim como a tonalidade das paredes que eram neutras, entretanto, como se para deixar um leve lembrete da riqueza do lugar, o chão possuía placas de um dourado maciço muito diferente do topázio de antes, o que a fez pensar que poderia ser até mesmo ouro... Aquele pensamento a surpreendeu. Seria mesmo um rei capaz de investir tanto dinheiro apenas para mostrar seu poderio? Era engraçado como os homens poderosos faziam de tudo para demonstrar a sua alta posição.

Felizmente os quartos destinado a hóspedes ficavam no terceiro andar, tornando mais acessível alguns pontos de entretenimento como a biblioteca, o jardim de inverno, sala de jogos, salas sociais, o salão para baile, que ao que parecia havia uma quantidade exorbitante deles e todos ficavam no primeiro andar assim como o salão de banquetes. Era uma infinidade de cômodos.

Ao chegar em seu quarto, ela se despediu de sua irmã e entrou. O banho estava sendo preparado por uma das criadas enquanto a outra arrumava as bagagens de Esmeralda, que não eram muitas, afinal não possuía muitos vestidos adequados para o palácio, sendo assim logo entraria em contato com o costureiro e sapateiro real.

Assim que ela entrou em contato com a água quente, sentiu a tensão de seu corpo relaxar. O seu cansaço era tanto que nem ao menos reparou no quarto que havia tomado posse e o quão magnífico era, assim como a banheira em que estava e o seu tamanho.

Tudo para ela se resumia em se banhar e então dormir profundamente, entretanto quando a empregada chegou com uma bandeja de comida a sua frente e emanando um aroma agradável, que foi o seu ponto fraco, fez o seu cansaço dissipar dando o lugar para a fome voraz.

Finalizada a refeição, ela se enroscou nos lençóis, dormindo quase que de imediato.

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Comments

Matsuri :v

Matsuri :v

Estou tão envolvida na história, precisa continuar!

2023-07-19

2

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