Ao chegar em casa, Esmeralda ouviu os sermões que Anne dava enquanto penteava o seu cabelo.É claro que a empregada não contaria ao seu pai o que aconteceu, ela seria punida severamente e depois despedida, por isso a única coisa que poderia fazer além de dar as broncas era rezar para que ninguém descobrisse as escapulidas da menina e dado a esse motivo sempre como acobertava, os tutores estavam no mesmo barco que Anne, não podendo tomar nenhuma medida em relação aquilo apenas vivenciaram de momentos livres enquanto recebiam um bom pagamento por algo que não faziam.
– Eu não entendo porque tenho que aprender tudo isso Anne, nunca vou ir para a corte ou encontrar com nenhum nobre, nunca saio de casa mesmo... – reclamou como sempre fazia quando escutava as inúmeras reclamações sobre seu comportamento.
– Toda moça precisa ser bem educada, mesmo que a senhorita não vá sair para encontrar com essas pessoas ou se relacionar com elas futuramente, deve aprender bons modos, afinal seu pai é um conde e não é um dos títulos mais baixos e a senhorita sabe disso.
– Eu sei Anne, mas é tudo tão monótono... A única diversão que tenho é visitar a cachoeira e isso sozinha, sem nenhum amigo para brincar.
Momentaneamente Anne ficou em silêncio em fitando a criança à sua frente.Embora ela não aprovasse a decisão dos condes de criarem sua filha longe de tudo e de todos, o que mais poderia fazer se não confortar aquela menininha?Não era justo a privarem de sua infância, mesmo sendo uma nobre, era certo que ela podia desfrutar aquele pedaço da vida onde tudo era esperança, onde a maldade do mundo ainda não havia sofrido seu coração puro.Por isso a criada ficou em silêncio e Esmeralda contínua:
– Por que não posso brincar com outras crianças?Nunca visitei nenhuma vila ou cidade aqui perto, eu sempre devo ficar trancada dentro de casa!
– Oh meu bem – Anne se ajoelhou, ficando da mesma altura que Esmeralda e encarou profundamente e, ignorando todas as regras de etiqueta, tocou a face de sua senhoria – eu entendo como se sente, de verdade, mas o conde se preocupa tanto com você.Muitos poderiam fazer mal a você para atingir o seu pai, entende isso?– embora nem Anne soubesse ao certo do porquê a protegerem tanto, era o único palpite aceitável para aquela situação.
- Acho que sim...
– Posso te pedir para que não saia mais escondida?
Esmeralda hesitou.Já tinha mentido hoje e não queria o fazer tão cedo.E onde ia não era um lugar muito visitado e sempre tomava cuidado para não ser vista, sendo assim não encontrava um motivo bom o suficiente para ludibriar a sua empregada, pois mesmo que mentisse ambas saberiam a verdade.
– Sabe que não posso prometer isso.Se não posso visitar vilas e cidades ao menos quero ir à floresta – Anne suspirou derrotada, sabia que não podia dizer nada que convencesse a menina do contrário então desistiu de convencê-la, pois aquela não era a primeira conversa referente às suas escapadas e ela sabia que de nada adiantaria com aquilo, já que resultaria apenas em uma mentira.
– Apenas tome cuidado – disse com um meio sorriso e Esmeralda a abraçou com força – bem, é melhor descer logo para o jantar antes que se atrase.Seu pai acaba de chegar de viagem e está ansioso para te ver.
O condado de Bulock não era muito próspero, suas terras não eram muito férteis e difíceis tanto para o plantio quanto para a criação de gado, pois era próximo as montanhas não havendo muito espaço para a empreitada.A mineração já havia sido cogitada, mas não houve representações de pedras preciosas, causadas apenas em compreensão para os ancestrais do conde.
A produção madeireira até seria interessante, caso houvesse cidades próximas onde vender e exportar aquele produto era impensável, seria muito caro investir em estradas que desaguariam para o mar, ainda mais para exportar madeira que havia em todos os lugares.O conde apenas possuía dinheiro por ser um homem de negócios que ia para a cidade frequentemente, era um investidor muito inteligente, sabia ver grandes oportunidades de longe e possuía negócios próprios que lhe davam bons lucros, o suficiente para manter sua família em um conforto digno de seu título.
Por esses e outros motivos era um grande frequentador de cidades grandes, inclusive na capital, onde era muito bem visto e era regularmente chamado para festas e bailes onde a condessa também participava, algo que apreciava muito.
Em sua última ida a Cailyn conseguiu fechar um bom negócio que lhe renderia gordos lucros e era por isso que aquela noite o jantar seria especial, seria para receber o conde de uma longa e bem sucedida viagem.Por esse motivo, Esmeralda trajava o seu melhor vestido, um branco cravejado com minúsculas pedras verdes ao redor de toda uma saia, o cabelo de um mogno escuro estava preso em uma trança lateral, também enfeitado com pequenas pedrarias verdes.
Ao chegar à sala de jantar logo avistei sua mãe e seu pai conversando afetuosamente.Esquecendo todas as regras de etiqueta, escrevi para o seu pai e deu um forte abraço que logo foi retribuído.
– Papai!Estava morrendo de saudade de você – disse segurando as lágrimas de alegria.Assim que se levou um pouco olhou melhor para o homem à sua frente e deu um largo sorriso.
– Também estava morrendo de saudades de você minha bonequinha.Vamos jantar?A viagem foi longa e estou morrendo de fome.
– Clarck, isso são modos?Ainda mais na frente de duas damas?– a condessa ralhou, mas o conde apenas riu em resposta e um abraçou carinhosamente.
– Minha velha!Estamos em família...
– Velha?– Esmeralda colocou ambas as mãos sobre a boca, tentando abafar a risada.Enquanto isso apenas observava a briga se desenrolar diante de si.Apesar dessas pequenas discussões o conde e a condessa se amavam muito.Clark não se importava muito com as etiquetas e sempre ficava ao lado de Esmeralda sobre o quanto era inútil para ela aprender, mas ele era rigoroso em dela questão fugir das aulas e deixar todos mortos de preocupação.Já a Condessa Amélia era o oposto.Por ser filha de uma família de duques ao lado de sua irmã mais velha, foi criada em meio ao requinte e luxo e era claro que queria que sua filha adquirisse o mesmo conhecimento, mesmo que não fosse necessário, pois a precedência e a educação eram priorizadas pela condessa.
– Acho que o jantar vai seguido se continuamos demorando muito – Esmeralda disse enquanto tentava segurar o sorriso de diversão que teimava em escapar ao observar a briga cômica se desenrolar a sua frente.Eram raros os momentos em que havia uma briga de verdade e quando seguramente era por baixo dos panos.
No fim todos se sentaram à mesa que havia sido posta de forma suntuosa.Evidentemente tinha sido a condessa que havia organizado tudo de modo tão requintado digno de um rei, ao menos aos olhos de Esmeralda.
Ao olhar para a mesa entulhada de comida de todos os tipos e sentindo o aroma de tudo aquilo, Esmeralda percebeu o quão faminta estava.Ensopado de peixe de água doce, cogumelos na manteiga, codornas recheadas, vegetais salgados, pão branco, queijos variados... Aquilo era um delírio para os olhos e estômago de qualquer um, principalmente para uma criança que havia brincado o dia inteiro sem pausa para um lanche.
O transcorreu de forma amena, a conversa foi agradável sem muitas surpresas e com os temas habituais de sempre como a condessa infecciosa das novidades recentes, comentando de velhas amigas, enquanto o conde sobre novidades da casa, que não eram muitas, e como estavam os estudos de Esmeralda, esse último foi descrito de uma forma um tanto vago pela menina que frequentemente fugia de suas lições de etiqueta, comentando apenas sobre as matérias que aprendia de jantar matinal.
No fim do jantar foram para a sala de estar para continuar a conversa como o habitual, pois era apenas naquele momento em que tinha tempo para se verem e por isso era muito bem aproveitado, afinal a condessa estava sempre ocupada com os assuntos da casa, já o conde os seus negócios e quanto a Esmeralda seus estudos.
Esmeralda se sentou ao lado do pai que ficava aconchegado em uma poltrona em frente a lareira, enquanto a condessa ficava próxima a janela observando a noite devorando os arredores da casa.Olhando para o seu pai, que parecia muito satisfeito e feliz, colocou a expressão que vinha treinando há algum tempo.Olhos brilhantes, sobrancelhas franzidas em sinal de tristeza e lábios para baixo, como um cachorrinho pedindo atenção.Com esse semblante, olhou para o seu pai e disse com a voz suave e suave:
– Papai... Por que não posso sair de casa para visitar outros lugares?
– Mas você não vai à campina fazer piqueniques?E visitamos o tio Cal de vez em quando... Não é verdade Amélia?
– Mas eu queria visitar outros lugares, ir com você e com a mamãe para a cidade.
– Meu amor, já conversamos antes, não se lembra?– Amélia andou até onde Esmeralda estava e se ajoelhou, acariciando seu rosto carinhosamente, limpando as lágrimas que deslizavam pela deixada da menina.Aquilo não havia sido ensaiado.
– Eu sei, mas não podemos viver a vida com medo, certo?Do que adianta viver uma vida longa, mas trancada em casa?
– Você não fica só em casa, você pode cavalgar com a Platina, visitar a campina, temos um lindo jardim também, um lago... – Clark foi logo interrompido.
– Não é a mesma coisa, eu estou sempre sozinha, só tenho vocês e a Anne e ninguém da minha idade para brincar!– exclamou exasperada, as lágrimas correndo livremente pelas suas gordas e rosadas.Será que nenhum deles poderia entendê-la?Era tão triste viver só!Até quando ela seria resguardada do mundo?
– Um dia você vai entender meu amor, você vai ver que estamos fazendo isso para o seu bem – Amélia a abraçou carinhosamente e deu um beijo em sua testa – acho que já está tarde, que tal você dormir um pouco?Vou te colocar para dormir.
Esmeralda se despediu do pai com um beijo e um abraço e logo em seguida acompanhou Amélia em direção ao quarto.Ali a condessa ajudou a filha a se trocar e se higienizar, desfez o penteado e penteou os cabelos da menina cuidadosamente.Só então a colocada na cama e se deitou ao seu lado, colocando a cabeça de Esmeralda no seu colo enquanto acariciava os cabelos da menina.
– Mãe, quando eu crescer poderei ir aos bailes com você?
– Achei que não gostasse dessas coisas, mais do que ninguém você detesta excesso de etiqueta, nos bailes você se depararia com tudo isso.
– Mas eu conheceria pessoas, e duvido que ali correria algum risco.
– Ah, mas você se engana.Sabia que George V foi envenenado em um baile de máscaras?Ninguém nunca descobriu o culpado.
– Então a resposta é não?
– Veremos daqui alguns anos...
– Promete?
– Prometo.
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Atualizado até capítulo 84
Comments
Mary Lima
Que.misterio .será este?????
2024-02-07
0
Takahashi HitomiLửa
Me sinto mais inspirada! 💡
2023-07-18
2
PetrolBomb – Họ sẽ tiễn bạn dưới ngọn lửa.
Que história incrível! Nunca mais vou esquecer desses personagens.
2023-07-18
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