Assim que colocou um vestido mais leve e com mangas que a protegiam do frio, ela se encaminhou para o jardim onde encontrou Safira a esperando com a mesa já posta.
– Olá, irmã! Sente-se, por favor, pedi para o nosso chefe preparar os melhores quitutes, espero que seja do seu agrado — Safira a recebeu com um sorriso amplo em seus lábios e Esmeralda o retribuiu e logo se sentou.
— Agradeço pela sua gentileza, fico feliz de estar aqui com você — admitiu timidamente. Esmeralda receava soar rude de alguma forma, apesar do laço sanguíneo, a criação das duas jovens havia sido o suficientemente diferente para que possíveis atritos surgissem, mas Safira era gentil e amável, estava tão empolgada com a ideia de ter uma irmã quanto a própria Esmeralda.
– Não é nada, eu também estou muito feliz por estarmos juntas, me sinto tão eufórica por ter uma irmã mais nova e você é tão parecida com nossa mãe!
– Você acha? — indagou bastante surpresa com o comentário. Inconscientemente, encarou seu reflexo no prato prateado. De fato, as semelhanças com Cassin eram inexistentes. Enquanto Safira era o reflexo do duque de Kingborn, Esmeralda o era da falecida duquesa Rose.
— Sim, você é idêntica a ela.
– Como ela era? — perguntou timidamente. Apesar de considerar Amélia como mãe, era inevitável não se questionar como teria sido sua progenitora, especialmente quando puxou boa parte de sua aparência.
Diante a pergunta da caçula, Safira abaixou os olhos e era visivel notar um brilho se apoderar de suas iris.
— Não tive muito tempo de conhecê-la, as memórias que tenho são confusas, mas lembro de sua voz cantando uma canção para mim... É a única lembrança que tenho — Subitamente Safira parou e ficou alguns momentos em silêncio. Esmeralda tocou levemente a mão da irmã e abriu um sorriso reconfortante:
— Ainda temos nosso pai e agora, uma a outra.
— Sim, nós estamos juntas afinal — Safira sorriu tristemente. Havia perdido a mãe quando tinha apenas dois anos. A única figura materna em sua vida foi a ama de leite que a criou, afora isso, cresceu solitária. Após se recompor, Safira pigarreou e se voltou para a irmã que ainda segurava a sua mão gentilmente — você também se assemelha com nossa tia, acredito que as duas eram muito parecidas...
— Ela te visitava? — Esmeralda a indagou em um sobressalto.
— Raramente, mas me lembro que eu ficava tão feliz com suas visitas, era muito amorosa... Deve ter sido bom crescer com Amelia.
— Sim... Sim... — Esmeralda concordou livida. Estava em choque com a descoberta. Pensar que sua mãe de criação mantinha contato com a sua família biológica mantendo segredo de toda a farsa era incomodo e no mínimo, cínico.
– Como... Como foi crescer com eles? Com nossos tios? — Safira a indagou hesitantemente, temia pisar em falso com a recente irmã. Esmeralda se recuperou de seu breve susto e abriu um pequeno sorriso a Safira se pondo a narrar todas as desventuras que havia passado e, em algum momento, o nome de Lucius foi trazido a conversa. Ao mencionar seu amigo de infância, ela sentiu a garganta sufocar com o sentimento de saudade. Por mais que tentasse isolá-lo de sua vida, era impossível não relembrar dele em alguns momentos.
Ao mencionar sobre a descoberta da identidade de Lucius e como ele desmascarou a sua própria, Safira começou a rir contagiando Esmeralda.
– Como a vida gosta de nos pregar peças, não? Os dois mentindo sobre a própria identidade com medo que um se afastasse do outro para no fim descobrir que são da mesma classe social!
– Realmente, quando o conheci eu não tinha muita noção, era muito nova, mas conforme fui amadurecendo fui percebendo que as coisas não estavam muito bem contadas — Esmeralda se explicou goleando o chá que há muito esfriara.
– Então... Há uma chance de vocês se encontrarem novamente — Safira iniciou suas ponderações fisgando a atenção de Esmeralda que depositou a xícara na mesa coberta de renda branca. Safira apenas prosseguiu com suas especulações — se ele tinha uma propriedade de veraneio decerto que é um nobre de grande escalão, assim como você, e todos os nobres devem participar dessas reuniões onde apresentam aristocratas que acabaram de atingir maioridade. Como você se sente? — Esmeralda ficou alguns segundos em silêncio após o questionamento da irmã mais velha. Muito tempo havia se passado desde seu último encontro com Lucius, era natural que a ideia de reencontrá-lo se tornasse impossível, mas após tantas reviravoltas em sua vida, não deveria ser de se espantar caso se reencontrassem novamente.
Ela não poderia prever como reagiria, mas sabia perfeitamente que se alegraria assim que pousasse seus olhos em seu único e mais querido amigo de infância.
– Ansiosa, sinto saudades dele, éramos bons amigos — admitiu com um pequeno sorriso, entretanto ela percebeu um olhar de desconforto em sua irmã e por mais que disfarçasse com um sorriso, era impossível não notar o sentimento cravado em seus olhos.
– Fico feliz que tenha tido uma boa companhia quando mais nova, contudo deve tomar um cuidado extra quando estivermos no palácio — a advertiu com um olhar severo. Esmeralda não conseguia compreender a mudança súbita.
— Mas por quê?
– Entenda, você é uma mulher agora e ele é um homem, eu apoio totalmente a amizade entre vocês, mas ele não deixa de ser um homem e você sabe que todo homem é cheio de instintos — Esmeralda se sentiu envergonhada com as implicações de Safira, entendia que a razão daquilo era preocupação, mas conhecia Lucius e especialmente a sua honra e dignidade.
— Lucius não é assim, pode ficar tranquila
— Eu realmente não consigo. Tenho medo que algo te aconteça, você é a minha irmã mais nova e eu quero te proteger, por favor não fique chateada comigo...
– Não se preocupe, prometo tomar o máximo de cuidado possível — respondeu rapidamente tentando apaziguar a preocupação de Safira e sair daquela conversa que a deixava desconfortável.
– Fico feliz em ouvir isso e me deixa bem mais tranquila. Falando em baile, está ansiosa para participar do seu primeiro baile real? — Esmeralda quase soltou um suspiro de alívio pela mudança de tópico e seu rosto se iluminou com a possibilidade de uma conversa que a entrosasse com a sua recém-descoberta irmã.
– Muito! Nunca imaginei que iria ao palácio, será a primeira vez que verei tantas pessoas em um só lugar — sua mente divagava acerca do momento. As pessoas que conheceria, a música, dança... Seria uma experiência e tanto!
– E isso será só o início! Vou te levar para as lojas do reino, comeremos doces da Carol 's Cream e do Leaving Sweet. Há tantos lugares para visitarmos e tantas pessoas que quero que conheça!
— Estou ansiosa para isso!
Ambas as jovens começaram a divagar sobre os seus planos de visitar as várias lojas da capital real, das pessoas que Safira conhecia e dos rumores que circulavam pela alta sociedade. Esmeralda se sentia genuinamente feliz e acolhida, pois Safira fazia de tudo para deixá-la cada vez mais à vontade e rapidamente se esqueceu da conversa desconfortável que tiveram de início.
As duas estavam tão envolvidas e submersas na conversa que a comida e o chá foram intocados e o jardim foi preenchido pela risada das irmãs. Era uma cena angelical que entraria belamente em uma pintura de um quadro, mas nem mesmo um pintor habilidoso poderia capturar a cena com toda a sua vivacidade e essência.
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Atualizado até capítulo 84
Comments
Fênix
TB acho que a verdadeira face dela não e essa. está boazinha demais kkk
2025-02-23
0
Priscila Silva
não sei não acho que essa irmã não tá feliz se bobear já é apaixonada por lucius e será um pedra no sapato de esmeralda 😒
2024-08-17
0
Mary Lima
/Smug//Smug//Smug//Smug/tenho minhas duvida
2024-02-08
1