Capítulo 10

– Cachinhos dourados! — disse emocionada enquanto o olhava atentamente. Lucius havia mudado positivamente, seus traços ficaram mais másculos e ele ficou bastante alto. De fato, se tornou um homem muito bonito.

– Ainda com esse apelido? — ele a indagou, mas ao contrário das outras vezes não parecia incomodado, apenas feliz pela recordação, pois, no fundo, temia que a sua única amiga tivesse se esquecido dele.

– Mas é claro, para mim você sempre será o cachinhos dourados, mesmo que os corte! — Esmeralda respondeu com um sorriso estonteante. A alegria que inundava o seu peito era gigantesca e era impossível conter o seu sorriso que se alargava cada vez mais, parecia um sonho reencontrar uma pessoa tão querida e especial que sumiu com o passar dos anos.

— Senti sua falta — ele confidenciou com a voz emocionada.

– Também — a voz embargada entregava as lágrimas que segurava, não poderia chorar em meio a tanta gente. Enquanto o olhava se recordava de seus dias juntos na cachoeira e uma memória específica rodopiou por sua mente fazendo-a ficar com uma carranca — mas quem insistiu para nunca mais me ver foi você!

– Foi para o seu próprio bem. Mas não vamos nos amarrar ao passado, me diga, vai ficar hospedada no palácio por quanto tempo?

– Não sei ao certo, mas pelo visto será por um longo tempo — Esmeralda não sabia por quanto tempo Safira ficaria no palácio e consequentemente ela também.

– Sério? Então nós veremos periodicamente e... — antes que ele pudesse terminar a frase, a música trocou assim como os pares. Triste por ter tão pouco tempo para conversarem, ficou cabisbaixa nas danças que prosseguiram, mas se animou ao pensar no que ele lhe disse "Então nos veremos periodicamente", mas o que ele falaria em seguida? Ah, não importava, afinal poderiam se encontrar mais vezes.

Ela já havia perdido a conta das músicas que havia dançado. Seus pés mal-acostumados com o exercício tortuoso doíam. Já não sabia por quanto tempo aguentaria aquela provação. A sua mente havia desenvolvido um mantra "Está quase lá", mas nem isso era o suficiente. A jovem nem prestava atenção no rosto do homem a qual era par quando foi rodopiada, mas para o seu azar, naquele momento se desequilibrou e seu pé virou para o lado emitindo um som alto o suficiente para que seu acompanhante escutasse. Esmeralda tombou para o lado e o homem a apoiou para que não caísse no chão.

– Você está bem? — Esmeralda estava arfante e não conseguiu responder à pergunta. Sem mais uma palavra, ele a carregou nos braços atraindo uma multidão de olhares, ela teria se envergonhado caso não sentisse a dor lancinante que pulsava em seu pé. A jovem se sentia zonza e não prestava atenção ao seu redor, não sabia para onde era levada e nem se importava, apenas queria que a dor passasse. Ela sentiu ser depositada em um lugar macio e confortável.

– Irei procurar por empregados — dito isso, ele saiu deixando-a só. Aos poucos, ela foi voltando aos seus sentidos e conforme se recuperava percebeu onde estava. Era uma sala de descanso o que a fez constatar que ainda estava no primeiro andar.

Esmeralda retirou o sapato que aparentava estar com o salto quebrado e massageou o tornozelo. Embora tivesse sido uma menina espoleta jamais sentiu tamanha dor, os saltos eram um atentado à vida de uma mulher!

Enquanto massageava os pés, sentiu a dor amenizar. Obviamente, não estava completamente recuperada, mas era o suficiente para voltar mancando ao seu quarto. Ela retirou o outro sapato e andou de forma trôpega se apoiando nas paredes em direção aos seus aposentos. "Será uma longa jornada" pensou amargamente nas escadarias. O terceiro andar estava bem longe e por isso se apressou, mas como poderia andar mais rápido naquela lamentável situação?

Esmeralda andava e a cada vez que seu pé entrava em contato com o chão sentia um choque percorrer por todo o seu corpo e para piorar estava perdida. Naquele instante, duas lágrimas escorreram de seus olhos de desespero.

– Você! O que está fazendo aí? Te deixei na sala e te encontro perambulando! — um homem apareceu no corredor e andava em sua direção. Ele parecia furioso.

— Quem é o senhor? — o indagou confusa com o modo que agia.

– Não se lembra de mim? Agora pouco dançávamos juntos até que a milady teve um ataque! — respondeu bruscamente. Embora não pudesse enxergar sua fisionomia, o brilho em seus olhos revelava uma fúria e frieza que teria assustado Esmeralda se suas palavras não a tivessem irritado tanto. A maneira como falava era como se ela fosse culpada de sua atual situação.

– Um ataque! Eu me machuquei senhor. É bem diferente — o contra-argumentou com um olhar desafiador. Era a segunda vez que a tratavam com tamanho desrespeito em uma só noite, o que a fez pensar que talvez tivesse um ímã para atrair pessoas rudes e grosseiras.

– Está bem, então venha, têm empregados para cuidar da milady — o estranho parecia impaciente com a situação e bastante furioso, mas Esmeralda, além de raivosa pelo modo que estava sendo tratada, estava com dor, o que a fez querer se distanciar daquele tipo o mais rápido possível, pois naquele momento não sabia do que era capaz de fazer.

– Não quero a ajuda de um homem tão grosseiro — retrucou enquanto se afastava mancando. Se estivesse em seu melhor estado sairia correndo daquele ser tão mal-humorado.

– Como? Se não fosse por mim estaria estatelada no chão sendo alvo de zombaria de uma multidão cínica.

– E agora sou o alvo da ira de um homem mal-educado, grosseiro e ranzinza. Se não queria ajudar então não ajudasse. Não venha descontar sua raiva em mim — e Esmeralda prosseguiu o seu caminho.

– Para onde está indo? — ele a indagou ao passo em que se aproximava dela. Esmeralda se manteve em silêncio enquanto caminhava se escorando pelas paredes.

– Vai me ignorar? — ele insistiu o que a fez bufar de raiva, mas se manteve em silêncio pensando que assim ele a deixaria em paz em algum momento.

Entretanto, indo contra as expectativas da jovem, ele se aproximou ainda mais dela e, com um gesto rápido, a colocou em seu colo. Esmeralda o olhou irritada e pensou em lhe dar uma sapatada na cara, mas desistiu da ideia maluca que havia ido de encontro a sua mente.

– Me coloque no chão — ordenou impacientemente, mas o homem ignorou por completo a sua ordem a mantendo no colo.

— Me diga aonde vai e eu te levo — sugeriu

— Não — respondeu taciturnamente recebendo um olhar de ira do estranho que a segurava.

— Então ficaremos parados encarando um ao outro pelo resto da noite

– Por acaso se arrependeu de sua grosseria? — perguntou zombeteiramente ciente de que perdera a batalha.

— Por favor, de nós dois aqui você é quem se encontra pateticamente impotente de andar, porque simplesmente não aceita a minha ajuda? — apesar do emprego grosseiro de palavras, ela sabia que ele estava certo. Esmeralda bufou de raiva e desistiu de lutar contra aquele homem insistente. Estava cansada e dolorida, se ele queria tanto ajudar, que ajudasse.

— Para o meu quarto no terceiro andar.

– Ótimo. A propósito, sua voz me parece familiar, nos conhecemos antes? — desta vez, ele a perguntou educadamente, o que a surpreendeu pela mudança repentina de tratamento. Esmeralda vasculhou em sua memória em busca de uma voz similar aquela. Após alguns instantes se recordou do estranho grosseiro no jardim. "Não me surpreenda que considerei os dois parecidos em sua arrogância e prepotência", pensou consigo mesma.

— Acredito que tenhamos nos encontrado no jardim — respondeu a contragosto se amaldiçoando pela sua má sorte, justamente quem ela menos queria encontrar era o dito cujo que a carregava nos braços.

— Não imaginei que nos encontraríamos tão cedo.

— Eu quem o diga — respondeu mal-humorada.

— Acredito que não tive tempo de me apresentar adequadamente, meu nome é Henric. E o seu? — ele a indagou em um tom cortês, o que ela achou irônico visto os modos pavorosos que ele apresentou desde o início.

— Por que o senhor parece tão preocupado em desenvolver um diálogo comigo?

— Estou tentando me retratar pela maneira que agi a pouco, será que pode ao menos considerar ter um diálogo decente comigo?

— Como quer que eu participe de um diálogo decente quando possuí essas ações passivas-agressivas comigo? Desde o momento em que nos encontramos o senhor tem se mostrado arrogante, prepotente e grosseiro, por que deveria dar uma chance a você de se retratar quando nem mesmo tenciona a mudar? — Esmeralda proferiu tudo de uma única vez sem pensar nas consequências que teria futuramente, mas não estava arrependida, e sim cansada de ser tratada daquela maneira.

Para a sua surpresa, o homem ficou em silêncio como se suas palavras o tivessem tocado de alguma maneira. Após alguns instantes, ele finalmente se pronunciou:

— Tem toda a razão milady, desde o momento em que nos encontramos fui desrespeitoso com a sua pessoa e ao invés de ser paciente e considerar o seu atual estado, a ataquei gratuitamente. Espero que me perdoe — Esmeralda estava em choque com tudo o que escutara, ela mal podia acreditar que de fato suas palavras surtiram algum efeito e, desta vez, ele parecia realmente sincero.

Considerando o esforço do homem em se retratar, ela abriu um pequeno sorriso e respondeu à pergunta anterior como se levantasse uma bandeira branca:

— É Esmeralda — ao ouvir sua voz, os olhos de Henric foram de encontro aos de Esmeralda que prosseguiu — sou a segunda filha do duque de Kingborn.

— Não imaginei que ele tivesse uma segunda filha.

— Nem mesmo ele sabia. Para todos estava morta.

— Que história interessante — ele comentou, desta vez sem um tom sarcástico na voz. Esmeralda imaginou que a sua conversa tinha se encerrado ali, mas para a sua surpresa, ele falou novamente — não vai me contar a história?

— O senhor é uma pessoa muito curiosa — ela observou com um pequeno sorriso achando graça de sua curiosidade.

— Não é todo dia que a filha perdida de um duque é reencontrada — ele se explicou como se tentasse se defender.

— Está bem, tem razão. A duquesa, minha mãe, morreu durante o parto e ao que parece em seu pedido final queria que a condessa de Bullock, minha mãe adotiva e minha tia, me criasse já que ela era infértil e assim realizando o desejo de sua irmã mais velha que era estéril, mas as duas planejaram tudo escondido do duque e a parteira disse que eu havia nascido morta. É isso.

— É uma história... Interessante.

— Suponho que sim.

— Mas não acha curioso esconderem tudo isso do duque sendo ela a sua tia? — após a indagação de Henric, a jovem o encarou em silêncio tentando compreender o que ele queria dizer com aquilo, no fim deu voz a sua dúvida desistindo de tentar descobrir por si própria as intenções de suas palavras:

— O que quer dizer?

— Nada, apenas ignore o que eu disse. Então, não está curiosa sobre a minha identidade?

— E por que estaria? Você é o Henric, o cara que está me carregando, há algo mais que precise saber? - brincou enquanto um risinho baixo escapava de seus lábios. Henric não pareceu ultrajado com a sua observação e riu junto dela.

— De grão duque para o cara que está carregando Lady Esmeralda, mas que grande descida na hierarquia - assim que Esmeralda escutou o termo "Grão duque" sentiu o seu sangue gelar. Desde o ínicio ela estava interagindo com alguém que compartilhava os laços consanguíneos com o rei! — o que foi? Ficou tão quieta repentinamente? Por acaso está com medo? — a última pergunta foi sussurrada próxima ao ouvido de Esmeralda que estremeceu instantaneamente.

Capítulos
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2 Prólogo Parte 2
3 Prólogo Parte 3
4 Prólogo Parte 4
5 Capítulo 1
6 Capítulo 2
7 Capítulo 3
8 Capítulo 4
9 Capítulo 5
10 Capítulo 6
11 Capitulo 7
12 Capítulo 8
13 Capítulo 9
14 Capítulo 10
15 Capítulo 11
16 Capítulo 12
17 Capítulo 13
18 Capítulo 14
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23 Capítulo 19
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