Eu fui roubado

Annabelle Bieber POV’s.

Washington D.C.

23:30 PM.

Me esfrego o máximo com o sabonete para tirar o cheiro dele do meu corpo. Choro debaixo do chuveiro, deixando as gotas da água se misturar com as minhas lágrimas. Eu me sinto suja, tanto por dentro, como por fora.

Saio de dentro do box, pegando a toalha. Antes de deixar o banheiro, encaro a minha fisionomia deplorável em frente ao espelho. Meus olhos estão avermelhados e deprimidos, não há mais aquele brilho de antigamente. Eu costumava sorrir com os olhos, mas agora tudo que encontro é um vazio.

Afasto os devaneios, me recompondo. Respiro fundo, enxugando com o polegar as lágrimas. Não posso fraquejar, preciso ser forte o bastante para dar a volta por cima.

Quando puxo a maçaneta da madeira, é como se um buraco em minha volta se abrisse e eu tivesse que retornar ao disfarce. O encaro deitado na cama, com o celular na mão.

— Você fez, o que tinha que fazer?—lhe chamo atenção, ao questiona-ló friamente.

— Sim.— responde pensativo, não parecendo nada contente.

— Foi melhor assim, Nameless.— o garanto, de cabeça baixa, sem manter o contato visual.

Porque sei que lá no fundo, essa decisão está doendo em nós dois.

(…….)

POV’s Giulia Bieber.

Está quase chegando meia noite e ele ainda não apareceu. Estou com a sensação tão ruim, um aperto no coração de que tem alguma coisa errada.

Estou quase congelando de frio no pé dessa varanda, o esperando voltar. Olho pro movimento da avenida, nesse horário não há tantos carros trafegando. Eu sinto uma angústia tão grande nesse momento, será que aconteceu alguma coisa com Nameless? Ligo novamente, mas só cai na caixa postal.

A única companhia que estou tendo é de Dasha que está no berço dormindo. Eu não recebi nenhum presente, nenhuma ligação de aniversário. Eu esperava muito que a minha mama fosse deixar o orgulho de lado e viesse me ver, mas ela preferiu ignorar essa data.

Acho que todos eles preferiram comemorar o meu aniversário, como se eu ainda tivesse morta.

Fecho os olhos, suspirando bem fundo ao assoprar as velas. Faço um pedido na hora de apagar, talvez nunca se realize, mas eu peço para ganhar o perdão da Annabelle um dia.

Comemoro os meus 23 anos sozinha.

De repente sou tirada do transe com as batidas insistentes da porta, até me animo, porque Nameless deve ter chegado. Corro para ir atender, mas desfaço o sorriso ao me deparar com vários seguranças na entrada da porta.

— O que vocês estão fazendo?— pergunto assustada com essa invasão, sendo segurada a força por dois brutamontes.

Uma mulher adentra, se direcionando até o berço. Esperneio, igual uma louca, com a aproximação dela próximo a minha bebê.

— São ordens do chefe!— um dos capangas responde.

— Que ordens do chefe o quê?!— me debruço, querendo me soltar.— POR FAVOR, NÃO FAÇAM ISSO!

Suplico em desespero, quando assisto com os meus próprios olhos Dasha sendo arrancada de mim.

— Está aqui o dinheiro que o chefe mandou entregar a senhorita, para que viva uma vida bem e não precise trabalhar nunca mais.

Uma maleta de vários dólares é aberta na minha frente. É um insulto tão grande ver essa quantidade de dinheiro. O que ele pensa que eu sou?

— É Dmitry que está por trás disso?— acabo fazendo a suspeita, chorosa. Mas quando eu ouço o nome Nameless, tudo desmorona. A ficha demora a cair— Isso é mentira! Ele não faria isso comigo.— grito, em estado de negação.

Dói demais ser tratada igual uma mercadoria. Um tapa doeria menos, do que toda essa humilhação.

Hoje cedo ele saiu daqui bem comigo. O que mudou?

— O chefe deu ordens para a retirar daqui. Você precisa vim conosco.

Sou puxada e reluto em sair.

— Eu não vou para lugar nenhum! Eu quero a minha filha.— exijo, ao ouvir o chorinho fino.— Me deem a minha filha!— imploro, aos prantos, com o aperto no peito.

— Você terá que vim conosco, por bem ou por mal.

A arma é apontada pros meus miolos. Sou obrigada a sair e quando passo pelo corredor a cena parte o meu coração, dizer adeus para Dasha é sem dúvidas a pior parte. Eles não deixam nem me despedir dela.

Sou jogada para o lado de fora do hotel, como se fosse um entulho. Arremessam também a maleta com o dinheiro e uma sacola plástica com as minhas roupas. Grito querendo a minha bebê. Faço um escândalo, chorando, implorando de joelhos para que me deem Dasha.

(…..)

01:30 AM.

Desolada ando pelas ruas da cidade, caminhando nesse breu. Está nevando, a temperatura chega a ser -3 graus. Esse período em Washington é o mais frio. Eu não sei para onde ir, tentei ir buscar Mabel, mas ela barrou a minha entrada em seu prédio e nem ao mínimo quis me ouvir.

Tentei ligar para minha mama pra pedir abrigo, mas chamou chamou e caiu na caixa postal. Talvez ela achasse que eu estivesse a cobrando por não ter me desejado um feliz aniversário. A noite que deveria ser a mais feliz da minha vida, está sendo a mais triste.

Procuro um canto para ficar neste beco escuro; encolho as minhas pernas, encostando as minhas costas na parede fria. Não sei o que vai de mim daqui para frente. Eu abandonei o meu cargo no FBI para me dedicar a bebê, financeiramente eu não tenho nenhum centavo.

Choro. É castigo! Eu estou sendo punida por tudo que fiz contra a Anna.

Olho pro céu, pedindo uma solução.

Não paro de pensar em Dasha, ela apenas se amamenta. Ela é muito nova ainda.

Como ele pôde fazer isso comigo?

(…..)

POV’s Annabelle Bieber’s.

— Faça essa bebê parar de chorar.— tampo os ouvidos, ordenando para babá.

Vagueio os meus passos pela suíte onde os pombinhos estavam ficando, há uma bagunça total de roupas e objetos jogados pelo chão. O cheiro do perfume dela ainda é predominante.

Nameless parece arrependido, mas ele não demonstra, seus olhos a busca pelos lugares que provavelmente ficava. Eu fiz a sua cabeça para expulsa-lá daqui.

Bebo mais um gole de drink para relaxar, até que esse quarto tem uma vista maravilhosa. Fico observando a paisagem da cidade através da varanda.

— Ei.— sinalizo com o dedo, para camareira que vai saindo com os lençóis trocado da cama.— Jogue aquelas roupas no lixo, de preferência queime. — mando, ao ver algumas roupas de Giulia ainda presente.

— Sim, senhora.

Nameless fica cético com o meu pedido, com os olhos alarmados.

— Eu sei que você está magoada, Annabelle, mas não precisa de tudo isso.

— Claro que precisa.— retruco, com desdém.

Não estou conseguindo me concentrar, a minha cabeça está latejando. Essa bebê está chorando tanto que os meus ouvidos estão doendo.

— Você deveria ter mandado Giulia levar também.— aponto. — Por mais que ela não preste, você não pode tirar uma bebê de uma mãe.— o repreendo, dando lição de moral, ao me colocar no lugar dela.

— Eu não posso ficar sem a minha filha.— argumenta e o olho de canto de olho.

— E consegue ficar sem a mãe da bebê?— o ataco, enciumada, percebendo que o meu comentário o atinge em cheio.

— Não vamos começar a brigar agora, Annabelle.

— Eu não vou.—digo, observando a babá colocar a menina no berço. — Só não quero que essa pobre criança, sofra pelas consequências. Arrume um jeito de devolver a Giulia. — dou às costas, com uma postura hostil.

— Eu não vou devolver a minha filha a ninguém.— me enfrenta e olho para trás.

— É fácil falar, já que ela será cuidada por babás. Mas quem sofrerá depois com a ausência da mãe, é essa recém-nascida. Não seja egoísta, Nameless. — o aconselho, embora não seja um papel nada confortável.— Devolva a menina, ou terá que fazer uma escolha.

— Já tive que expulsar Giulia daqui, já não é o suficiente para você, Annabelle?

— Não é não.— demonstro não está contente com a situação. — Você deixou o fruto da traição presente, isso eu não vou tolerar. Já passei muita humilhação. Terá que fazer uma escolha, espero que tome a melhor decisão.— o ameaço, lhe dando um ultimato.

— Ok, você tem razão— assente e até me surpreendo. — Eu escolho a minha filha. Se isso te afeta, eu não posso fazer nada.— bate de frente, totalmente com o pensamento formado.

Suspiro bem fundo.

— Nameless, você não entende!

— É claro que eu entendo. Você quer se vingar da minha bebê também.

Meu corpo para bruscamente.

— Você acha que eu ia ser baixa, ao ponto de me vingar de uma criança inocente?— o olho injuriada.— Realmente você não me conhece.

— Claro que eu não conheço, Annabelle. Você está diferente, está fria comigo.

— E você quer que eu aja como?—gesticulo os braços, alterada.— Quer que eu caia de amores por você?

— Não estou esperando o seu perdão de imediato. Eu só quero ao mínimo que você consiga me olhar nos olhos, Annabelle. Eu quero você inteira para mim, e não pela metade. Eu sei que tem alguma coisa de errado acontecendo com você.— conclui, sussurrando enquanto me analisa.

Ergo a cabeça, com as íris lacrimejadas, escondendo os vestígios das lágrimas que estão no entorno dos meus olhos.

Não posso estragar o disfarce.

— Se não tivesse tudo bem, eu não estaria aqui.— minto.— Eu só quero um tempo, Nameless, até entender tudo, colocar certas coisas no lugar. — mordo o meu lábio inferior, me sentindo pressionada.

— Espero que nesse tempo, o nosso amor não se perca.— declara abertamente, e sua declaração acaba me deixando bastante mexida.

Engulo em seco, desviando da troca de olhares e indo me trancar no banheiro. Ponho a mão na boca para esconder os gemidos do meu choro.

Conviver com ele será um pesadelo.

O que foi que eu fiz com Giulia?

(….)

03:45 AM.

Depois de horas trancada e com a mão no ouvido, o choro da bebê me atormenta mentalmente. É como se essa bebê quisesse dizer: “este não é o seu lugar!” Você roubou o lugar da minha mamãe e irei te punir com o meu choro. “. Eu não estou conseguindo raciocinar, porque é um barulho tão insuportável, que se eu pudesse...

Abro a porta, indo pro quarto, cogitando em pega-lá nos braços e fazê-la parar de chorar.

Nameless já está dormindo e seu sono é tão pesado que nem se importa com a recém-nascida.

Paro de frente ao berço e fico olhando penetrantemente pra neném. É uma dor tão grande saber que essa coisinha tão linda é fruto de uma traição. Não posso culpá-la, mas eu não consigo separar as coisas. É demais para mim!

O orgulho fala mais alto e ignoro o choro, indo deitar na cama.

A deixo chorando.

Eu não sei o que é pior, me submeter a tudo isso pra colocá-ló atrás das grades, ou reviver a dor que estou sentindo a cada instante. É preciso ter sangue de barata para dormir na cama que Giulia dormia com ele, encostar a cabeça no travesseiro que era dela.

Pra quê, eu estou me torturando tanto assim?

Olho pra cima, percebendo que em meio a tanto luxo, eu estou me comportando como uma pessoa horrível. Não consigo me segurar e levanto novamente da cama.

Vou até o berço, descubro o véu e a pego em meus braços. Enquanto a balanço, choro, porque não posso ser má ao ponto de judiar desse serzinho inocente.

Ela se parece tanto com Nameless, acabo notando os traços e a semelhança do pai.

Deito a sua cabecinha em meu ombro, tentando a colocar para dormir. Fico balançando-a, até que aos poucos a recém-nascida vai fechando os olhinhos lentamente.

Resolvo a colocar para dormir comigo e Nameless na cama. Acho que Giulia costumava fazer isso, e talvez seja por isso que não parece acostumada com o berço.

Os observo dormir, cobrindo tanto o pai, como a bebê. Depois me viro pro outro lado, completamente sufocada com essa cena.

(…..)

Na manhã seguinte…

07:30 AM.

Acordo com o barulho da campainha, soando alto. Ainda sonolenta, olho para o lado e ambos permanecem dormindo. A contragosto me levanto, seguindo vagarosamente para ir atender. Quando abro, não dá tempo nem de falar…

— Nameless troca mais de mulher, do que mesmo de roupa— escuto a alfinetada, sendo olhada dos pés a cabeça.

Reviro os olhos, ignorando o comentário desnecessário.

— Bom dia para você também, Mabel!— a cumprimento, sem me atingir, avistando o ar de sarcasmo em seus olhos.

— Onde ele está?— o procura.— Eu sei o caminho, Annabelle. — me impede de segui-lá, sinalizando com a mão um “pare”.

É incrível de como o tempo passa, mas a sua arrogância continua igual.

Me escondo no canto, para ouvir a conversa. Ligo a escuta, porque pode ser importante.

— Se todas às vezes que você for entrando assim…— ele a repreende, ao ser despertado com os gritos.

— Cadê a sua namoradinha?— soa bem ignorante, ao indaga-ló.— Onde aquela sem-vergonha se meteu?

Ela está muito alterada, se pudesse até meteria a porrada em Giulia. Porque é tanto palavrão que sai pela sua boca.

Aproximo mais o ouvido da brecha, para escutar a discussão.

— Pra quê você quer Giulia?

— Aposto que foi você que mandou ela hackear a minha conta! Não foi?— o acusa. E na hora penso: Will conseguiu!— Eu quero o meu dinheiro, Nameless. Eu só saio daqui com os meus dólares na minha conta bancária. Não quero saber de onde você vai tirar, me devolve o meu dinheiro!

— Do que você está falando, sua maluca?

— GIULIA ROUBOU O MEU DINHEIRO A MANDO DE VOCÊ. Eu não tenho mais nada! Minha conta está zerada.

Sorrio satisfeita pelo plano ter funcionado.

— Será que ela fez o mesmo comigo?— ele ecoa apreensivo.

— Como é que vou saber?— Mabel dá de ombros, rebatendo.

Enxergo o meu “maridinho” pegar rapidamente o celular, para checar. A expressão que faz é hilária, gostaria até de filmar esse momento.

— Eu também não tenho mais nada. Eu fui roubado. — se dá conta que caiu na armadilha.

Agora os dois terão que depender de mim.

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Comments

Claudenice Oliveira

Claudenice Oliveira

sinceramente não entendi nada desse livro pois pareceu tanta coisa nessa história q estou mais perdida do q cego em tiroteio

2023-11-16

0

Isabel Cristina

Isabel Cristina

eu já estou quase desistindo de ler, muito enrolado

2023-09-28

1

amles sotnas

amles sotnas

essa história tá mais enrolada do que charuto na boca de bêbedo, esperando para vê o desenrolar

2023-07-28

1

Ver todos
Capítulos
1 Personagens
2 Julgamento
3 Peraí, vão abrir o caso de Giulia?
4 Hospital
5 Noivo?
6 Dizer adeus também faz parte
7 Quem é?
8 Casamento
9 Lua de mel
10 Casa branca
11 Eu não vou perder você
12 Solitária
13 Floresta
14 Ciúmes?
15 Eu já sei de tudo
16 Revelação
17 Que os jogos comecem!
18 Cadê, Nameless?
19 Porque ele é o alvo mais fraco deles
20 Eu fui roubado
21 Você não deveria nem ter nascido
22 Você não tem querer
23 Eu sei que você jamais me trairia
24 Você se apaixonou primeiro, como também preferiu dizer adeus primeiro
25 Ele nunca vai ser feliz com você
26 E você que vai matar
27 Divórcio?
28 E serei o último
29 Dormirá comigo hoje
30 Estou mesmo grávida
31 Iremos até a cena do crime
32 A nossa noite será inesquecível
33 Você é um monstro
34 O meu coração pertence a outro
35 O que você está tramando?
36 Você acabou com a minha vida
37 Eu quero que possamos ser uma família
38 Você nunca incomoda
39 Meu bebê
40 Já pediu autorização a sua esposa?
41 Eu só quero ser amada
42 Depende do seu sim.
43 Dói muito amar uma pessoa e ser rejeitada por essa pessoa
44 Eu te amo
45 Eu vou embora
46 Tá na hora de revelar toda a verdade
47 Lutando contra a vida
48 Eu não cedo a chantagem
49 Ele queria te ver morta!
50 Aceita dançar comigo essa dança?
51 Quando foi que você descobriu que me amava?
52 Último capítulo da terceira temporada
53 Nova temporada
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Atualizado até capítulo 53

1
Personagens
2
Julgamento
3
Peraí, vão abrir o caso de Giulia?
4
Hospital
5
Noivo?
6
Dizer adeus também faz parte
7
Quem é?
8
Casamento
9
Lua de mel
10
Casa branca
11
Eu não vou perder você
12
Solitária
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Floresta
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Ciúmes?
15
Eu já sei de tudo
16
Revelação
17
Que os jogos comecem!
18
Cadê, Nameless?
19
Porque ele é o alvo mais fraco deles
20
Eu fui roubado
21
Você não deveria nem ter nascido
22
Você não tem querer
23
Eu sei que você jamais me trairia
24
Você se apaixonou primeiro, como também preferiu dizer adeus primeiro
25
Ele nunca vai ser feliz com você
26
E você que vai matar
27
Divórcio?
28
E serei o último
29
Dormirá comigo hoje
30
Estou mesmo grávida
31
Iremos até a cena do crime
32
A nossa noite será inesquecível
33
Você é um monstro
34
O meu coração pertence a outro
35
O que você está tramando?
36
Você acabou com a minha vida
37
Eu quero que possamos ser uma família
38
Você nunca incomoda
39
Meu bebê
40
Já pediu autorização a sua esposa?
41
Eu só quero ser amada
42
Depende do seu sim.
43
Dói muito amar uma pessoa e ser rejeitada por essa pessoa
44
Eu te amo
45
Eu vou embora
46
Tá na hora de revelar toda a verdade
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Lutando contra a vida
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Eu não cedo a chantagem
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