Casa branca

Casa Branca- Segunda-feira.

Washington D.C.

07:30 AM.

POV’s Mabel Bieber.

Fui convocada para comparecer na casa branca pelo ministro de defesa. Acho que ele espera que eu prestes esclarecimento ao presidente e justifique todo o caos que aconteceu na semana passada.

Me vesti o mais formal possível para à reunião.

Já fazia um bom tenho que não vinha a Casa Branca. Esse lugar além de parecer um palácio, é monitorado por um alto padrão de segurança.

Amostro o distintivo, entregando a minha arma na entrada. O receptor de metal é passado em meu corpo, o aparelhinho fica apitando, mas nada que possa indicar a presença de alguma ameaça.

Sou permitida a adentrar no escritório. Espero trazer uma boa imagem ao chefe do executivo, essa é uma oportunidade de ouro.

— Mr.presidente, é uma honra poder vê-lo!— lhe cumprimento com um aperto de mão. — Embora não seja numa circunstância das melhores.

— Exatamente. Sente-se.— aponta educadamente.

O velho é muito charmoso, tem uma carisma no semblante, é por isso que os americanos o elegeram. Até eu, teria votado nele.

— Como vão as coisas, agente?

— Uma loucura. Quer dizer, está um transtorno muito grande, principalmente com a mídia seguindo todos os passos da investigação. Eles transmitem fake news o tempo todo, afirmando coisas infundadas sobre o ataque da última sexta-feira.

— A minha comitiva informou que está circulando um vídeo nas redes socias de um membro terrorista que afirma ter planejado esse atentado. Essa informação procede?

— Ainda estou averiguando, mr. presidente. Estou fazendo o melhor que eu posso. Tudo é checado antes, de acordo com a vericidade dos fatos.— mostro uma alta competência, sem ao menos gaguejar.

Joe Biden parece embelezado com as minhas palavras, estou usando uma lábia tão grande que muitos caíram facilmente.

—Soube que o seu marido, agente Cavalcanti, era uma das vítimas. Meus pêsames, agente.— expresso o falso luto; com a cara de choro, tocando no local que ainda uso aliança.— Não é um momento propício, mas venho analisando o seu trabalho e está exercendo com êxito o papel que foi instituída— escuto o elogio.— Depois que tudo isso acabar, quero que venha trabalhar comigo na minha comitiva pessoal. Será muito bem-vinda a Casa branca.

—Obrigada, mr. presidente, pelas condolências.— emociono-me ao proferir as falsas palavras— De verdade fico bastante lisonjeada com a proposta, meus pais vão surtar quando souber que o próprio presidente da república, me convidou para servi-ló. É uma honra servir os Estados Unidos da América, eu morreria pelo meu país.— faço o discurso patriota.— Agradeço pelo suporte, mas quero pedir a minha exoneração no cargo de chefe do FBI. Eu estou entregando ele em suas mãos. Não posso seguir investigando, é até contra a ética, já que o meu marido foi assassinado e não é justo que as minhas emoções acabem afetando o caso. Prezo muito pelos os meus princípios, trabalho desde dos meus 18 anos no departamento, em todo esse tempo nunca cometi um deslize. Quero apresentar a minha carta de demissão, em nome do FBI.

Manipulo o contexto da situação, lhe entregando, para parecer nos olhos da autoridade maior uma pessoa de caráter. Ele acha íntegro a minha conduta e resolve concordar com o meu afastamento definitivo.

Depois dessa, mereço até o Oscar de melhor atriz.

(…….)

POV’s Annabelle Bieber.

Apartamento.

07:30 AM

É uma correria dia de segunda-feira, corro praticamente o apartamento inteira acordando as crianças, mandando as garotas levantarem. Tudo está uma bagunça.

— Meu amor, está precisando de ajuda?— Nameless questiona lá da sala.

— Olhe o café que está no fogo.— peço, indo banhar a Helena. — Me dê o urso.— a pequena nega, com o bico manhoso nos lábios.— Anda, neném, não faz hora não. — estendo a mão para pegar.— Tô super atrasada para o trabalho. Ainda terei que deixar vocês no colégio.— olho pro relógio, preocupada com o horário.

— Eu não vou dá, ele é meu — se recusa, cruzando o brinquedo envolta dos seus bracinhos

— Eu sei que ele é seu, Helena, mas se você tomar banho com ele, ele irá molhar. — procuro convencê-la, mas a criança de cinco anos teima.

Tento pegar a força e ela começa a chorar, gritando e rolando no chão. Às vezes acho que Helena tenha autismo, nunca a levei, mas ela não gosta de ser contrariada e quando acontece fica muito agressiva querendo quebrar tudo.

— Você vai apanhar, Helena! Levanta desse chão.

— Eu não vou para auhla— choraminga fazendo birra, rasgando com as unhas o pescoço do brinquedo.

— Helena, eu não vou falar de novo, eu não estou brincando, não faça isso!

Ela tem esse urso de pelúcia desde de quando era bebezinha, foi Mabel que a deu, inclusive era de Giulia. Lembro que minha irmã amava colecionar ursos. Ver a minha sobrinha fazendo essa bagunça em descartar algo tão significativo, me dá nos nervos.

Agacho, para arcar das suas mãozinhas. Do lado do corpo pequeno dela, encontro um negócio pequeno chamativo, é um pendrive. Resolvo pegar e depois olhar quando tiver tempo, provavelmente possam ser fotos antigas de Giulia.

Minha irmã era muito fotogênica.

Eu sinto tanto a sua falta.

(….)

POV’s Scarllet/ Giulia.

Hotel, varanda.

08:10 AM.

—Se eu achasse a fórmula, chefe, seria muito mais fácil. — beberico alguns goles de café, já em frente do notebook.

— Simples, lembre a onde a enfiou. — fala, com a atenção voltada a tela do celular.

É estranho não vê-lo de mau humor, estando até atencioso demais comigo.

— Lembro que coloquei em um pendrive, mas não sei onde escondi.

— Que tipo de flores você gosta?

— Girassóis, por quê?

— Uhum. — clica no mouse— Certo.

— Irá comprar flores para mim, chefe?— sorrio levemente ao observar do seu lado o pedido que faz na loja on-line de floricultura. Acho fofo.

— Não, será para Mabel.

Bufo baixinho, incomodada, achando um saco essa relação preexistente.

— Pena que Mabel é alérgica né.— crio a narrativa, soltando o meu veneno.

— É sério isso?

— Sim, ela não pode ver flores, porque ela começa a espirrar sem parar. Uma vez Mabel foi bater no hospital, ficou toda inchada. Eu acho que ela vai odiar o presente.

— Vou cancelar então.

Telefona.

— Preciso ir pro FBI.— pego a minha bolsa.— Tchau. — aceno, e ele não me dá a menor bola.

(…..)

FBI- Washington D.C.

POV’s Mabel Bieber.

10:30 AM.

Retiro todos os meus pertences do escritório, colocando na caixa para guardar minhas coisas. Pego o porta-retrato, relembrando a minha nomeação no comando do FBI. Eu estava tão desesperada, não queria substituir o lugar do meu pai, lembro que ele me ligou minutos antes de eu assumir e disse que estava muito orgulhoso de mim e que eu seria uma ótima chefe. Se não fosse as palavras do senhor Bieber, talvez, eu teria desistido naquele dia.

Nunca fui perfeita, cometi muitos vacilos e ações imperdoáveis. No entanto, vivi grandes coisas nesse departamento. Entre erros e acertos, eu consegui chegar no topo. Para quem era vista como uma fraca, pela minha própria mãe, me tornei muito forte.

Dizer adeus hoje, não é uma perda, mas sim uma vitória. Eu não irei sair pela porta dos fundos como uma criminosa, mas sim, pela frente. Um dia poderei voltar talvez.

Os olhares da maioria é de desconfiança, alguns cochichos entre si na medida que passo desfilando pelo corredor de saída. Devem estarem pensando que fui demitida pela minha falha, grande parte deles devem estarem amando me ver ir embora. Mal sabem esses idiotas que logo logo estarei em lugar muito melhor, ocupando um cargo de alto escalão.

Pro meu azar, esbarro com Annabelle, era a última pessoa que gostaria de encontrar hoje. Reviro os olhos, querendo me matar por dentro, porque se eu pudesse eu a esganaria pelo pescoço.

— Hey, como vai?— ajo normalmente ao cumprimentá-la brevemente.

— Bem.— responde um pouco nervosa, desviando o máximo o olhar.— Para onde está indo?— interroga, analisando as coisas que carrego.

— Fui demitida pelo presidente.— minto, e a sonsa da minha irmã arregala os olhos se comovendo.— Infelizmente estou na mísera, Annabelle, estou sem trabalho. Acho que vou até penhorar o meu apartamento para ver se consigo grana. Agora que estou desempregada, as coisas vão ficar difíceis para mim.

— Mas e aqueles negócios ilegais que você trabalha por fora?

Menciona nas entrelinhas a Organização.

— Quem é o novo chefe é o irmão do seu marido.— faço questão de enfatizar e a própria engole em seco. — Ele não vai muito com a minha cara, vou ter que me virar de outro jeito.

Ando.

— Espera, Mabel.— paro, suspirando fundo. Até a voz dela, me causa ranço.— O lugar onde moro é pequeno, mas se precisar, poderá ficar lá pelo tempo que for.

— Obrigada, Annabelle, pelo convite. Fico até surpresa pelo seu ato de bondade. Mas prefiro entrar na justiça e pedir uma boa indenização de danos morais ao seu marido, por todo constrangimento que ele me faz passar, ao praticar bigamia com a minha irmã. Desculpe pela indelicadeza, não é a minha intenção fazer uma mulher grávida chorar.

— Por que você só me causa mal, Mabel?— ecoa, com a voz chorosa. — Eu tento de tudo, de todas as formas, mas sempre voltamos a isso.— aponta para o meu ar de arrogância, enquanto as lágrimas caem pelo seu rosto.

— Quem me odiou primeiro foi você, Annabelle, eu apenas estou retribuindo agora. — as minhas palavras, lhe traz mais dor.

Observa-a ter uma crise de choro. Nem por um momento abaixo a guarda.

Dou às costas.

— Eu já contei a ele sobre a ligação. — grita e paraliso por um segundo— Não sei se ele vai te procurar, mas se ele for, eu o perderei novamente. Eu sempre perco para você em tudo, Mabel. Eu nunca sou boa o suficiente em nada. Já estou cansada de ser comparada o tempo todo. Como você acha que eu me sinto, hein?

Olho para trás, surpreendida com o seu desabafo.

— O seu problema, Annabelle, é viver num mundo mágico de conto de fadas. Você é conformada demais com a vidinha que tem. Se você focasse em objetivos, você jamais perderia tempo chorando por atenção de ninguém. Que se foda, o Nameless! Que se foda todo mundo! Para de ser fraca e ergue essa cabeça. Toma coragem, mulher! Vai atrás dos seus sonhos e para de ficar se preocupando com o que os outros vão pensar.

(…)

POV’s Annabelle Bieber.

Banheiro

FBI.

Tampo a boca, querendo controlar os soluços que escapam dos meus lábios. Levanto os meus olhos lentamente encarando o meu reflexo no espelho. Desperto, ao ouvir o barulho da porta e mais alguém se fazendo presente.

Scarllet surge bem na hora.

— O que foi que houve, Anna?— se desespera, ao flagrar eu chorando muito.— Está passando mal?— pergunta, aflita. De imediato nego, fungando o nariz. — É por causa de quê, então?

— Mabel.

— Essa sua irmã é uma chata!— se irrita.— Olhe Anna, não me leve a mal, mas ela não tem a menor consideração e apreço por você. Você passou cinco anos a procurando, nunca desistiu de encontrá-la e ela se mostra tão mal agradecida.

— Mabel é o tipo de pessoa que não reconhece o que os outros fazem. Ela jamais será grata a alguém.

— Enfim, não vamos ficar perdendo tempo falando sobre ela.— finaliza, limpando as lágrimas do meu rosto. — Vamos para o que interessa— retira o casaco preto que usa, fazendo eu pôr em mim. Há uma animação em Scarllet— Soube que ministro de defesa está convocando alguns agentes na sala de reuniões, com certeza irão te chamar, para entrevista. Já faz anos que tu trabalha pra agência, seu histórico é exemplar. Essa é a sua chance, Anna, de ser promovida.

— Eu não sei se conseguiria.— falo triste. — Ele não vai querer promover uma gestante.

— Ele não precisa saber. Ninguém ainda sabe da sua gravidez por aqui, todo mundo é bem discreto e sua barriga nem dá para notar. Já se imaginou sendo a chefe do FBI?— fita-me sorridente, criando uma expectativa.

— Mabel vai querer me matar.— digo.— Se eu for mesma promovida…— manifesto no tom de esperança. — Vou conseguir pelo meu mérito, é a realização de mais um sonho. Vou poder dar uma vida melhor a minha família.

— Mas…— sua voz fica esmorecida.—Terá que abrir mão desse sonho ou da gravidez, Anna. Porque ficar com os dois não será possível.

Nós duas se entreolham pensativas.

O rádio monitor apita, nos despertando. Sou chamada para comparecer na sala de reuniões.

— Me deseje sorte.— peço, sentindo aquele friozinho na barriga.

— Boa sorte!

¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥

POV’s Scarllet/ Giulia Bieber.

11:30 AM

Aguardo a Annabelle voltar. Ando de um lado pro outro nessa sala. Ah meu Deus, estou tão ansiosa! Espero que consiga essa vaga. Eu acompanhei de perto todo o sufoco que sofreu, o quanto lutou para está dentro do FBI, ela merece essa chance.

O brilho some quando aparece chorando. Se senta, cabisbaixa.

— Não foi aprovada?— agacho próximo, morrendo de pena.

— Fui sim.— acena com a cabeça, aos prantos.

— Por que está triste, Anna?

— Como é que vou assumir tudo isso, grávida?

— Como eu te falei, terá que fazer uma escolha.— a olho séria, evidenciando o desespero em seu olhar. — Eu conheço uma clínica que fazem esses tipos de procedimentos…. Eu posso pagar— sugiro e ela dá um sobressalto da cadeira, como se o meu comentário a tirasse do sério.

— Eu não vou abortar o meu bebê, Scarllet.

— Você está no comecinho Anna, pode ser que daqui a uma semana você sofra um aborto espontâneo e verá que todo sacrifício que fez não valeu a pena. Já esse cargo, te dará oportunidade de subir, ganhar prestígio e status social. Coisa que sua irmã ama jogar na sua cara. Você pode ser muito maior que ela, Annabelle!

— É de uma vida que estamos falando, Scarllet. Você não pode agir, como se o meu bebê fosse um fardo.

—Mas não é, você poderá ter outros bebês.

— Nameless está muito animado, eu não posso fazer isso com ele.— se recusa.

— O seu problema é pensar demais nos outros.

— Mabel falou isso.

— Ela tem toda razão.— concordo. — Até quando você acha que seu esposo vai ficar animado? Até o bebê nascer? É a mil maravilhas no começo, depois que o bebê nascer, você consumirá o seu tempo na criança. Seu esposo ficará aborrecido, as brigas vão surgir… Ele passará na sua cara que está criando filho de outro. É essa a vida que você quer para você, Anna? Viver dependendo de outra pessoa.

Ela cai no choro.

Abraço-a.

— Eu quero muito esse cargo.— revela, choramingando nos meus braços.— Mas isso vai contra todos os meus princípios.

— Não vai doer.— a garanto— Vamos comigo.— a chamo, estendendo a mão.— Você não vai se arrepender. — asseguro, visualizando em sua face medo.

¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥¥

Algumas horas depois…

POV’s Annabelle Bieber.

É como se um buraco estivesse aberto em meu peito. O sentimento é de vazio. Gostaria de pular desse carro e fugir para bem longe, desaparecer do planeta, para não ter que vivenciar isso de novo.

Conforme o veículo trafega, continuo com a mão na barriga. Eu acho que se a sementinha pudesse falar, ela teria dito: “não faça isso, mamãe, por favor”. “ não abra mão de mim.”

Mais lágrimas caem.

Não sei onde estava com a cabeça. Nunca sequer cometi algo ilícito. E agora eu cometi um aborto.

— É Nameless.— bate o desespero, ao olhar no visor da tela.

— Atende.

— Não sei se tenho coragem.

Resolvo deixar o meu celular no canto, ouvindo toca-ló. Causa um peso enorme na consciência em está o enganando.

— Ele pode ficar preocupado e querer ligar pro FBI.

— Será?

— Sim.

Receosamente, coloco no ouvido o aparelho e respiro fundo, antes de aceitar a ligação.

— Meu amor!— o tom rouco ecoa, capto uma alegria presente. — Desculpe te incomodar, aposto que esteja ocupada demais.

— Sim.—finjo.

— Consegui marcar a consulta para você iniciar seu pré-natal. Iremos hoje pela tarde. — tudo se torna pior. — Vamos poder até ouvir o coraçãozinho do moleque.— seguro o máximo o choro.

— Não sei se vou conseguir, estou muito atolada de trabalho hoje, Nameless. — minto, falando tudo atropelado.

— Você está chorando, Annabelle?

— Acho que peguei um resfriado.

— Tem certeza?

— Sim.— começo a tossir, sem parar— Preciso desligar agora, estão me chamando.

— Amor, tenta fazer uma forcinha, a consulta não vai demorar. Vou te esperar na clínica às 2 horas da tarde.

— Eu vou ver que posso fazer.

Desligo a chamada, arrasada, olhando para minha amiga que segue dirigindo .

— Como é que vou dizer para ele que não tem mais bebê?

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POV’s Mabel Bieber.

Clínica de obstetrícia

13:30 PM.

“ Que você é um tarado, não me surpreende.— gargalho, escutando a risadinha maliciosa.

“É sério, Mabelzinha, não consigo te tirar dos meus pensamentos. Estou contando as horas para te ver e encher essa sua boca de beijos“

“ Vai procurar o que fazer Dmitry e para de me importunar.”

Adentro à clínica, entregando o cartão de agendamento para recepcionista.

“Que horas será o nosso encontro?”

“ Na hora que eu sentir vontade. A noite te retorno, beijos “

Encerro a chamada, encaminhando-me até o consultório da médica. Por ironia do destino, tenho o desagradável prazer de me deparar com Nameless sozinho, lendo revistas de maternidade. Era só o que me faltava! Interrompo os meus passos bruscamente, pensando em dá meia volta e fugir de fininha…

— Annabelle te chamou?

Me flagra e me martirizo mentalmente. Tinha que ser na mesma clínica? Que coincidência mais horrível!

— Não, vim conversar com a minha médica.

Seus olhos me analisam de cima abaixo. A contragosto, me sento ao seu lado, ficando incomodada ao ver a aliança brilhando no seu dedo anelar esquerdo.

— Sua médica é obstetra?— checa-me, intrigado.

— E se for, que problema há nisso?

— Ainda bem que dessa vez, você não poderá dá o golpe da barriga em mim. Quem será o otário que caiu nessa cilada?— fecho a minha mão em punho, de raiva.

— Felizmente, o único otário aqui é você. — o provoco, vendo-o abrir um sorriso irônico.— Casou com a mulher que está esperando filho de outro.

— Pelo menos ela tem caráter e não é uma mentirosa como certas pessoas.

Troca farpas comigo.

— Por que será que está com o ego tão ferido, hein, Nameless?— lhe questiono sarcástica, observando-o nervosinho. — Sua concubina não está te dando o suficiente para tu passar a noite?

— Respeite ela!

— Não respeito.

—Nada que diga contra Annabelle, a atingirá. — a defende, com unhas e dentes.— Porque a minha mulher, diferentemente de você, não é uma víbora. Foda-se se o filho é de outro, irei assumir mesmo assim! Eu não vou a abandonar. Não vou cair na sua pilha de me colocar contra a minha mulher. Se você não a respeita como irmã, a respeite como pessoa.

— Seu discurso é tão bonito, Nameless, para não dizer hipócrita. Vocês dois amam se fazer de vítimas. Mas e eu, já parou para pensar como eu me sinto?

Suas orbes claras ficam balançadas, quando a nossa troca de olhares se aprofundam. É como se a química que possuíamos, pudesse transparecer através dos nossos olhos. Um suspiro escapa e fito os seus lábios discretamente mexida. Sem quebrar o contato visual, mostro o ressentimento em minhas íris marejadas. Esse climão traz uma sensação desconfortante para nós dois, ao mesmo tempo que o odeio, eu ainda sinto algo lá no fundo.

É difícil admitir, mas com todos os homens que eu me envolvi, Nameless é o único que foi muito mais que uma simples paixão, eu seria capaz de abandonar tudo por ele.

Pego a minha bolsa e abro, puxando o maço de cigarro e o isqueiro. Coloco na boca um, acedendo. Percebo o próprio crescer os olhos, como se quisesse me repreender pela minha atitude imprudente no consultório médico. Dane-se se há uma plaquinha avisando que é proibido, quem está pagando uma grana para ser atendida sou eu.

— Mabel Bieber.

— Sou eu.

— Vamos.

Encara nós dois, daí levanto.

— Ele não está comigo.

Corto a médica, por supor que somos um casal.

A mulher de jaleco branco dá as costas, adentrando a sala. Pela postura, não está satisfeita que eu esteja enchendo o ambiente com a fumaça do cigarro.

Propositalmente esbarro na cadeira de rodas.

— Me desculpe, cunhado, eu não te vi.

Ele bufa fundo, todo mordido, pelo adjetivo que uso.

Dou um tchauzinho, sorrindo com sarcasmo, fechando a porta da sala. Fico com a imagem dele com cara de tacho, indignado, por ter sido deixado de fora.

— Doutora, bora logo o que interessa, desembucha.

— Você não está grávida.

— Eu sabia!

Ela pede bem séria para eu jogar o cigarro fora, gesticulando para lata do lixo.

— Sente-se.— sinaliza.

— Prefiro ficar em pé, obrigada.— cruzo os meus braços, balançando as pernas impaciente.— Não tem mais nada que me prenda aqui doutora. Nem deveria ter perdido o meu tempo fazendo exame de sangue. Eu estou ótima. Devo está entrando na menopausa, por isso que a minha menstruação não está vindo regulamente.

— Pode ser problema no útero, irei te encaminhar para uma ginecologista.— faz anotação. Rolo os olhos, porque está sendo um saco essa consulta de rotina.— Mabel, eu analisei o exame, vou pedir para você refazer de novo só para não restar dúvidas. Posso lhe fazer uma pergunta?— assinto que sim.— Alguma vez você já teve problema no sangue?

— Sim, quando eu era adolescente. Tinha uns 15 anos, precisei até de uma medula. Por quê?

—O exame mostrou que seu sangue não está trabalhando corretamente. Pode ser indícios de que seus rins possam não estarem funcionando e afetando o sistema sanguíneo.

— Rins não, doutora, um rim. — faço a correção, com o nó entalado na garganta.— Já fiz um transplante para salvar a vida da minha mãe que estava com câncer, éramos compatíveis e eu doei.

— Sinto lhe informar, mas o seu quadro fica mais agravante. Seu rim pode está paralisando por por completo e terá que fazer hemodiálise com urgência, até se achar na fila de espera por um doador. Será necessário também iniciar a quimioterapia, porque existem grandes chances do seu quadro ser… leucemia.

Mais populares

Comments

Amanda

Amanda

😶😶😶😶😶

2025-02-13

0

XandeLili Cáffaro

XandeLili Cáffaro

Mabel está doente será que vai depender de Anabele para se salvar????

2023-09-08

2

Phillip Shakespeare

Phillip Shakespeare

eu gostei do capítulo ansioso para os próximos

2023-08-31

1

Ver todos
Capítulos
1 Personagens
2 Julgamento
3 Peraí, vão abrir o caso de Giulia?
4 Hospital
5 Noivo?
6 Dizer adeus também faz parte
7 Quem é?
8 Casamento
9 Lua de mel
10 Casa branca
11 Eu não vou perder você
12 Solitária
13 Floresta
14 Ciúmes?
15 Eu já sei de tudo
16 Revelação
17 Que os jogos comecem!
18 Cadê, Nameless?
19 Porque ele é o alvo mais fraco deles
20 Eu fui roubado
21 Você não deveria nem ter nascido
22 Você não tem querer
23 Eu sei que você jamais me trairia
24 Você se apaixonou primeiro, como também preferiu dizer adeus primeiro
25 Ele nunca vai ser feliz com você
26 E você que vai matar
27 Divórcio?
28 E serei o último
29 Dormirá comigo hoje
30 Estou mesmo grávida
31 Iremos até a cena do crime
32 A nossa noite será inesquecível
33 Você é um monstro
34 O meu coração pertence a outro
35 O que você está tramando?
36 Você acabou com a minha vida
37 Eu quero que possamos ser uma família
38 Você nunca incomoda
39 Meu bebê
40 Já pediu autorização a sua esposa?
41 Eu só quero ser amada
42 Depende do seu sim.
43 Dói muito amar uma pessoa e ser rejeitada por essa pessoa
44 Eu te amo
45 Eu vou embora
46 Tá na hora de revelar toda a verdade
47 Lutando contra a vida
48 Eu não cedo a chantagem
49 Ele queria te ver morta!
50 Aceita dançar comigo essa dança?
51 Quando foi que você descobriu que me amava?
52 Último capítulo da terceira temporada
53 Nova temporada
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Atualizado até capítulo 53

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2
Julgamento
3
Peraí, vão abrir o caso de Giulia?
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5
Noivo?
6
Dizer adeus também faz parte
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Quem é?
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Casamento
9
Lua de mel
10
Casa branca
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Eu não vou perder você
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Solitária
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Ciúmes?
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Eu já sei de tudo
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Revelação
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Que os jogos comecem!
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Cadê, Nameless?
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Porque ele é o alvo mais fraco deles
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Eu fui roubado
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Você não deveria nem ter nascido
22
Você não tem querer
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Eu sei que você jamais me trairia
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Você se apaixonou primeiro, como também preferiu dizer adeus primeiro
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Ele nunca vai ser feliz com você
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E você que vai matar
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Divórcio?
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E serei o último
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Dormirá comigo hoje
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Estou mesmo grávida
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Iremos até a cena do crime
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Você é um monstro
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O meu coração pertence a outro
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O que você está tramando?
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Você acabou com a minha vida
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Eu quero que possamos ser uma família
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Você nunca incomoda
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Meu bebê
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Já pediu autorização a sua esposa?
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Eu só quero ser amada
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Depende do seu sim.
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Dói muito amar uma pessoa e ser rejeitada por essa pessoa
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Eu te amo
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Eu vou embora
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