Sexta-feira
POV’s Mabel Bieber
19:30 PM.
Inalo toda fumaça do cigarro, soprando pro ar. Não é nada recomendável o uso, no entanto, teimo. No momento mando um foda-se para tudo.
Desfruto de uma boa taça de vinho, é delicioso o gosto. Aproveito está longe do alcance do médico que acompanha o meu tratamento, para beber. Há tempo que não tomo um gole de álcool, por conta dos remédios. Porém, essa noite estou abrindo uma exceção.
Saio do transe com o meu celular vibrando. Eu não tenho um minuto de sossego, a minha volta trouxe mais problemas. Sinceramente era melhor eu ter continuado internada, assim não teria ninguém enchendo a porra do meu saco.
“Quem é?”
— Não reconhece mais a minha voz, madame?— ajeito-me na cadeira. E tudo muda, quando abro um sorriso despojado no canto dos lábios
— Achei que você tivesse queimado naqueles escombros.— brinco, girando a taça que seguro em mãos.— Como conseguiu o meu novo número?
“Eu tenho os meus contatos. Gostaria de ver você.”
Sorrio, por um segundo, pelo efeito que seu comentário causa.
“ Por que você não vem?” — o convido. E de repente, o mesmo dispara:
“ Eu estou aqui na porta do seu apartamento. Já estou entediado de aguardar a boa vontade da dona da casa.”
Dou uma gargalhada, respondendo: “ você não toma jeito” . E levanto da cadeira, deixando a varanda para ir até a sala. Antes de atende-ló, dou uma checada de frente ao espelho para ver como estou. Sigo até a porta, abrindo-a e dando de cara com ele.
— Você continua linda.— faz o elogio e reviro os olhos, lhe ajudando adentrar com a cadeira de rodas.
— Você deve dizer isso para todas, não é Nameless?
— Não, apenas para as mais especiais, como você. — o loiro enfatiza e apenas dou de ombros, revirando os olhos.
— Ah, sai fora meu!
O escuto rir, quando lhe dou um tapinha no ombro.
— Já deve está sabendo que estou viúva, né?— seus olhos ficam fixados na aliança que está em meu dedo anelar. Seus olhos parecem pensativos. Aproveito a oportunidade para jogar a alfinetada.— Por isso que veio correndo até aqui, atrás de pelo menos uma chance.
— Eu até adoraria.— diz baixinho, enquanto paira atenção pro meu rosto.— Mas eu sei que o que tivemos naquelas 2 noites, há cinco anos atrás, não passou de uma aventura e não significou nada para você. Você até nos substituiu colocando outro cara.— fico séria, porque o seu tom de ressentimento é nítido. — Por que ele, e não eu?
— Ah, Nameless, pelo amor de Deus! É sério isso?— o olho indignada, mudando o humor.— Estou carregada de problemas e você acha que pode ter uma DR comigo agora? Pare de mimimi! Pra quê ficar se remoendo pelo que já passou? Se tem uma coisa que me tira do sério, é a cobrança.
— Eu fiquei anos preso por sua causa, não acha que eu mereço uma explicação? — joga na minha cara— Se tô vivendo como um inválido, a culpa não foi minha.— direciono um olhar perplexo, após ouvir a revelação que faz.
— É incrível como você pode vim até aqui me culpar. Eu tô passando um dos piores momentos da minha vida. Não quero que você sinta dó de mim, Nameless, assim como não sentirei de você. Não vou me vitimizar falando que sinto muito. — solto um suspiro fundo, agindo com indiferença. Desvio de encara-ló, preferindo olhar para o chão.— Se já terminou, pode ir embora.
O silêncio ensurdecedor surge depois das palavras, até que…
— Por quê, Mabel?— é nessa hora, sem que veja, acabo permitindo algumas lágrimas solitárias escorrerem.— Você disse que me amava. O que mudou?
— Você leva mesmo a sério essa história de amor?— pergunto, com o tom amargurado. Me mantenho virada, longe das suas vistas. — Somos bandidos, Nameless, o nosso fim será a morte. Pra que se relacionar, para no final tudo terminar assim?— observo o vazio do apartamento, focalizando no porta-retrato de casal.— Lorenzo pagou por tudo. Eu deveria está aliviada, mas não! Novamente me encontro sozinha. A única pessoa que confio, é em mim mesma. Todos traem. Eu sei que você armou aquele atentado para assassina-ló. Acho heróico da sua parte querer tomar as dores da Annabelle, mas foi muito imprudente. Da próxima, não tire vidas inocentes, não faça inúmeras famílias chorarem pelos seus entes queridos. Pode ser hipocrisia, talvez. Mas se comporte como tal, não manche a imagem da Organização.
— Está me dando um fora, por que fiz o certo?
— O certo para você, pode ser errado para muitos.
— Afinal, onde está querendo chegar com isso Mabel?— franze a testa, tentando me estudar. — Você estava mesmo apaixonada por aquele covarde?
— O que isso importa para você, Nameless? Nada!— grito.— Além de ter o psicopata daquele seu irmão vagabundo pegando no meu pé, ainda tenho que aturar essa palhaçada.— aponto. — Vai embora e fecha a porta quando sair.
Ando em frente, deixando-o lá parado.
— Eu sinto muito. — sussurra, quando estou chegando no finalzinho do corredor.
— Guarde esse lamento, para você mesmo.
Adentro ao meu quarto, trancando a porta. Encosto as minhas costas, abafando com a mão o choro e os soluços que escapam dos meus lábios.
Dou vários socos na porta, descontando as minhas frustrações. Pego o abajur, jogando na parede. Quebro todos os vidros de perfume da prateleira, tacando a mão.
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Hotel da organização/ Washington D.C.
POV’s Giulia/Scarllet
21:00 PM.
— Temos a melhor hacker.
Aceno, quando sou apresentada. O chefe envolve seu braço no entorno da minha cintura, sorridente. Quem o vê assim, até pensa que seja simpático, mas tudo não passa de um mero teatro. Fico enojada, ao perceber esse bando de velhos secando as minhas curvas. Eles me comem com os olhos, como se eu fosse até mesmo um pedaço de carne.
— Ela está fazendo uma evolução fantástica na nossa tecnologia, meus caros. — ressalta, puxando a cadeira para eu sentar. — A nova fórmula está cada vez mais perto de sair.— garante, olhando para mim, para que eu confirme.
— Com toda a certeza, chefe.— pego o rojão da sua fala.— O trabalho que fazemos é incansável. Logo, logo, teremos um resultado com êxito.— meus olhos seguem até o loiro convencido, que sorri orgulhoso.
Abaixo a cabeça.
— Vou aproveitar esse momento, para propor um brinde.— ele ergue a taça, ficando de pé. Entreabro a boca, quando me puxa— Sei que não é a ocasião mais propícia… — imediatamente segura a minha mão. O que ele pensa que está fazendo?— Mas não posso deixar de declarar o amor que sinto por essa mulher. Estou solteiro há um bom tempo, preciso de alguém ao meu lado que me faça feliz. Acho que já encontrei essa pessoa.— se vira para mim. Lhe fuzilo com os olhos, querendo sair correndo deste restaurante. Seus olhos estão brilhando, ao contrário dos meus. No exato momento que saca a caixinha vermelho de veludo, revela a presença de um anel.— Aceita casar comigo, Scarllet?
Entreolho para os demais convidados que assistem. Eles parecem torcerem para eu dizer o tal esperado “sim”. Contudo, paraliso, pensando numa maneira de sair dessa situação constrangedora.
— Não me faça esperar, responda logo essa merda.— inclina a cabeça, sussurrando próximo do meu ouvido, complemente nervoso. — Diga que aceita, ou então…— me ameaça, apertando o meu pulso.
— Claro que… sim!— sorrio, fingindo está emocionada. — Oh meu Deus! Isso é tão incrível!— faço uma encenação de está chorando de “ felicidade”. Pulo em seus braços, o abraçando, quando ele enfia o anel de diamante em meu dedo. — Eu estou tão feliz!— beijo os seus lábios, dando um selinho rápido. Em seguida passo a mão em cima da boca, para limpar o local.
— Iremos sermos muito felizes juntos, querida. Eu te garanto.— transborda um olhar obsessivo.— Você pode convidar a sua família pro casamento, será amanhã. Já está tudo pronto.— fecho a minha mão em punho, sem que ninguém note.
— Assim tão rápido?
— Pra quê esperar, não é mesmo?— faz a menção aos outros, que gargalham. — As mulheres costumam escaparem. Não perderei a oportunidade de ter essa linda mulher como minha esposa. — ele me exibe como um troféu. — Só falta agora você escolher o seu vestido de noiva, meu bem. — abraça-me por trás, bancando o romântico.
Causa-me calafrios, a sensação de saber que terei que dormir com ele todas às noites daqui para frente.
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POV’s Annabelle Bieber.
22:00 PM.
Velório.
— Mãe, como você pode levar a sério a palavra dessa mulher que passou anos sumida? Tá na cara que ela matou o meu pai.— se movimenta de um lado pro outro, aos gritos, fazendo à acusação.
— Mel tem razão, tia. Deveria ser investigado mais esse acidente, essa mulher pode está mentindo. — minha sobrinha insinua e arregalo os olhos, incrédula.
— Hope, essa mulher é a sua mãe.— a relembro.
— Por isso mesmo. Ela não é flor que se cheire, é uma bandida safada.
— Mais respeito, por favor.— peço, e ambas fazem caretas de nojo.
— Essa mulher rouba tudo que é seu mãe, você deveria parar de ser boazinha e meter a porrada nela.
Respiro fundo, tendo que aguentar a ouvir os absurdos que pensam.
— Não é bem assim…
— Tia, você deveria parar de acreditar na bondade das pessoas. Essa Mabel só quer te ferrar, igual aquela cobra da Scarllet. Aliás, ela se diz tão sua amiga, cadê ela no velório?
— Se eu pudesse nem estaria aqui também — confesso baixinho, olhando em direção ao caixão.
— Nossa… quanta falta de consideração com o meu pai!— minha filha me reprime, com lágrimas nos olhos.
— Desculpem a demora.— a voz atrás nos chama atenção. — Fiquei presa no trânsito, mas enfim. O que fazem no velório do meu marido? Esse evento é privado, somente eu terei acesso de ficar com ele. Peço que todos se retirem.— nos expulsa e a fito chocada.
— Mabel, o que pensa está fazendo?
— Annabelle, fora!— indica com o dedo.— E leva também junto as suas filhas.
— Por acaso, enlouqueceu?— me aproximo, constando de imediato que está embriagada.— Você não está bem.— tento segura-lá, mas logo:
— Me solta! Eu não vou para lugar nenhum.
— Não faz escândalo, Mabel.— procuro novamente puxa-lá.— Vem.
— Escuta a minha mãe e dar o fora daqui!
— Melissa.— a repreendo.
— Você tem o gênio dele. É igualzinha. Até o olhar— estremeço, com muito medo da verdade vim à tona, quando minha irmã a compara. — Eu queria ter matado o Will, igual que fiz com aquele outro ali. Eu posso ser essa BANDIDA SAFADA— olha para Hope, expondo que ouviu a ofensa— Mas eu prezo por essa família. E antes de me julgar, vão pro inferno! Quero ter um momento a sós com Lorenzo, e não quero ver a cara de nenhuma aqui.
Resolvo respeitar a vontade de Mabel, porque a vejo nitidamente abalada. Saio puxando Hope e Melissa contra vontade delas. Sei que o clima não está nada bom.
Quando chego no final do cemitério, escuto:
— Mãe, quem é o Will?— o questionamento me atinge em cheio.— Ele é o meu pai? — é como se uma facada perfurasse o meu peito ao escutar essa pergunta.— E por que aquela mulher o odeia?
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Atualizado até capítulo 53
Comments
Amanda
Que complicado
2025-02-05
0
Eni Urias
eita eita eita essas meninas estão precisando de um corretivo não tem respeito pela mãe pela tia eu tbm não sei porque mas gosto do Namelles agora esse Dimitri tem que se ferrar
2023-07-15
6
Iara Drimel
Ufa! Deu um alivio que Nameless não morreu, E saber que ele fez tudo aquilo para se vingar de Lorenzo foi meio aterrorizante. Bom , ainda não sei porquê simpatizo com ele. Mabel é poderosa, porém é uma bomba ambulante que pode fazer algumas barbaridades, será que estou errada? Scarlet, ela eu acredito que está com grandes problemas com o psicopata do Dimitri. Esperando pelo casamento, será que as adolescentes não farão uma cena?
2023-07-15
3