POV’s Annabelle Bieber.
Washington D.C.
01 hora da manhã/ Sábado.
Pessoas fumando droga, outras se agarrando no escuro. Passo pelos arredores, vendo essas cenas absurdas. No meu mundo, não é comum acontecer esse tipo de coisa. Eu até pergunto: que diabos vim fazer aqui? Sinto que vou me estressar, acredito que lá dentro do clube o cenário possa está pior.
Eu sinceramente não faço ideia onde errei com a Mel, sempre a dei atenção, sempre a cuidei como minha garotinha. Mas de um tempo para cá, foi crescendo e se tornando uma adolescente rebelde. Até que chegou num ponto, onde tenho que me tacar do subúrbio até a cidade para frequentar um clube de strippers.
Estendo o meu distintivo do FBI, amostrando. Os seguranças querem impedir, alegando não haver um mandato.
— Hoje eu vim apenas checar, em paz. Da próxima vez, irei levar todos presos, se insistirem em aceitarem menores de idade no estabelecimento. Com licença.— passo reto.
Os brutamontes concedem a minha entrada, abrindo os portões. Porém, me arrependo assim que piso os pés na área interna. O som está nas alturas. Esbarro com pessoas que estão aglomeradas. Oh meu Deus! Há vários homens arremessando dinheiro e gritando eufóricos para as mulheres seminuas que estão se sexualizando no poledance.
Fico de ponta de pé atrás de achar a minha filha.
Que lugar é esse?
— Melissa.— um sussurro quase inaudível, ecoa dos meus lábios, surpreendida ao avista-lá se exibindo no palco.
Meu peito se esmaga em pedacinhos. Não foi essa a vida que sonhei para ela. Eu como mãe, me sinto impotente neste momento.
Vou empurrando a multidão que está na frente, sem ao menos me desculpar. Eu quero a tirar lá de cima, porque temo que possa sofrer alguma violência. Esses homens que estão com esses sorrisos nojentos na cara, a seca com os olhos, como se a minha filha fosse um pedaço de carne. Aquilo me dá nos nervos, não me controlo. Invado o palco, subindo.
— Vamos embora, Melissa!— a puxo pelo braço.
Escuto as vaias, o som para de funcionar. Todos reclamam quando o DJ interrompe a “festa"
— Mãe, você está me fazendo passar vergonha! Está todo mundo olhando.
— Qual foi, tia? Para de cena! Deixa a garota se divertir.— escuto a repreensão vindo da plateia.
A adolescente de 17 anos faz pouco da minha cara, sentada no colo de um dos machos. O que me impressiona é sua ousadia em sempre querer me desafiar. Ela me lembra a Mabel, ela é igualzinha, até no sarcasmo puxou a minha irmã.
— Hope, você também. Vamos embora!
— Eu não vou para lugar nenhum, tia. Vou ficar aqui aproveitando. A noite apenas começou. — dá de ombros, se virando enquanto está agarrada nos braços do desconhecido. O homem acaricia em suas pernas desnudas, fico enojada em presenciar a cena.
Perco a cabeça e tomo uma atitude impesada, a tirando a força de cima do colo do sujeito asqueroso.
— JÁ DISSE QUE VAMOS EMBORA!— a arrasto. — Vou deixar uma coisa bem clara para todos: Na próxima vez que aceitarem essas duas aqui, eu trago o FBI e mando fechar essa espelunca. — ameaço, puxando a força as garotas.
— Mãe, você não pode dizer isso. É o nosso trabalho!
— Que trabalho o quê, Melissa? Aqui é um antro de sem-vergonhice.
— Senhora, por favor, maneire suas palavras.— a cafetina se mete.
— Fica aí na sua, sua velha safada!
— Mãe, não fala assim com a Soraya, ela não tem culpa.
— Tem culpa sim!— grito, nervosa.— Como ela aceita uma garota de 16 anos, dançar igual uma prostituta? —solto no calor da raiva. Logo me arrependo com as palavras, ao visualizar no fundo das suas íris claras, as lágrimas.
— É assim como você me ver, mãe?— sua voz percorre chateada. — Como uma vadia?
Me calo.
E o meu silêncio, ela conclui, como um sim.
(……)
Assim que ela entra em casa, segue para o quarto fumaçando de raiva. Bate a porta, eu a sigo, mas Melissa fecha sem me deixar passar.
— Filha, perdão, tava de cabeça quente. Abre essa porta, por favor! Bora conversar.— dou batida, implorando, ouvindo-a quebrar as coisas dentro do cômodo.
— Me deixa em paz!
Escuto um barulho de vaso sendo arremessado e em seguida quebrado.
— Mel, não faz isso com a mamãe. Juro que não queria ter dito aquilo. Você é tudo que tenho, filha, não faz isso comigo.— próximo da porta, suplico, com o tom embargado. — Bora conversar.
— Você me humilhou na frente de todo mundo, mãe!— aos prantos, rebate magoada. — Tenho vergonha da senhora. — a frase me arrebenta de uma tal forma, que resolvo deixá-la sozinha.
Vou para o meu quarto e tranco a porta.
Desabo, chorando.
Onde foi que errei?
Passo a mão na cabeça, sem saber mais o que fazer.
— Está chorando, meu amor?
Recomponho-me, levantando do chão, ao vê-lo saindo de dentro do banheiro.
— Lorenzo, você aqui?— enxugo as lágrimas.
— Queria fazer surpresa, mas pelo visto não deu muito certo.— se aproxima, com o olhar reconfortante, ao notar a minha feição. — O que houve?
— A Mel, como sempre. Não sei mais o que fazer Lorenzo, me sinto de mãos atadas.
—Se você quiser, eu falo com ela.
— Não, eu não quero que se meta. Melissa nem mais te respeita como pai, isso causaria mais problemas. Ela agora deu para enfiar na cabeça que quer conhecer o pai biológico.
— Por que não conta, a verdade?— ele sugere, e aos poucos, guio os olhos até o seu rosto.
— Porque contar a verdade, significa que estarei declarando perder a minha filha para sempre. Você acha que ela irá se perdoar, e me perdoar? Não posso fazer isso com ela, não é justo.
— Mas também não é justo com você, Annabelle. —segura nos meus ombros, enquanto aconselha.— Você já passou por muita coisa, meu amor.
— E eu sobrevivi.
Completo a frase, pensativa.
Há uma coisa que preciso saber, que está me deixando incomodada.
— Fui no presídio visita-ló.— conto.
— Eu soube.— revela, sério. — Por que remexer no passado, Annabelle?
— Precisava olhar nos olhos dele e perguntar se ele foi capaz de matar Mabel.
— O que ele te respondeu?
— Ele disse que quem teria motivos, seria você.— encolho os ombros, ao observar o moreno olhar-me chocado.
— E você acreditou?
— Lógico que não.
— Está mentindo!—me acusa.—Você está estranha comigo.
— E não devo está?— tomo coragem de encara-ló.— Você só vem uma vez na semana, Lorenzo, e quando vem vai embora na mesma noite. Eu não devo nem chamar isso de relacionamento.
— Por que está me cobrando somente agora?—me olha desconfiado.— É por causa dele?— altera o tom, pelo meu silêncio.
— Estou apenas cansada.— ando.
— Cansada de esperar por ele?— insinua e aquilo me faz ficar indignada. Fecho a minha mão em punho, lhe olhando abismada. — Assuma que você ainda ama ele, Annabelle!
— Eu não amo ninguém!
— Se não amasse, não teria perdido tempo para ir vê-lo.
— Você não entende, Lorenzo. Falta poucos dias pro julgamento, ele pode ser absolvido, por falta de provas.
— Você está doida que isso aconteça, para se jogar nos braços daquele miserável!
O comentário, me faz deferir um tapa forte em seu rosto. Fico assustada com a minha atitude.
— Vai embora!
— Por que não aguenta ouvir a verdade?
— Que verdade o quê, Lorenzo? Esses absurdos que tu está falando? Tô de saco cheio de você dizer o tempo todo que ainda não esqueci Nameless. Já parou para pensar que o fantasma desse homem sempre estará entre nós?
— Culpa sua, já que nunca conseguiu esquecê-lo!
— Está mesmo se ouvindo?
O olho indignada, gritando.
— Estou mentindo? Agora que sua irmã está morta, o caminho está livre pra você roubar a vida que era dela, inclusive ficar com aquele macho escroto!
Ergo novamente a mão, sem me controlar, mas ele segura o meu pulso:
— Na próxima vez que você tocar em mim de novo, Annabelle, eu esqueço que você é mulher e revindo. Que seja a última vez, porque não haverá uma segunda vez— ameaça, com o tom irreconhecível, e a frase me deixa enojada.
Ele seria mesmo capaz de me bater?
(……..)
Restaurante, DOMIGO.
07:45 AM.
— Ontem Lorenzo teve uma crise de ciúmes, por causa que fui visitar o outro. — relato para minha melhor amiga, enquanto beberico o meu café.
Hoje é um dos dias que acordei péssima e o clima não está nada bom.
— Você acha normal, Anna? Tipo, esse cara mal convive contigo e quando aparece, é querendo controlar seus passos, controlar a sua vida. Não acha sufocante?
— Ele tem medo que eu possa ceder, Scarllet, eu até o entendo de certa forma. Porque ainda ficaram algumas coisas pendentes. Tenho medo de fraquejar e acabar perdoando o homem que matou a minha irmã. —abro o jogo.
— Pera aí, você ainda não o superou?— arqueia a sobrancelha, desconfiada.— Oh meu Deus, Annabelle!
— Queria me enterrar dentro de um buraco, a não ter que confessar essa merda. Reencontro-ló foi como se eu resgatasse tudo de volta, até mesmo os sentimentos que estavam adormecidos. É mais forte do que eu! Ao mesmo tempo que eu o odeio, eu também…
— Você o ama.— ela completa.— Isso é uma loucura, Anna! O que irá fazer?
— Não faço a menor ideia.— admito, desesperada.— O julgamento está chegando, e o pior é que fui intimida a testemunhar. Eu não vou poder mentir na frente do juiz.
(…..)
—————————-
Tribunal/ Dia de julgamento.
Segunda-feira.
08:45 AM.
É um dia triste para minha família. Todos se sentam na primeira fila do tribunal.
— Hope, você não deveria ter vindo assim.— brigo pelo vestido chamativo que usa.
— Ora, tia, estou de luto pela minha mãe.— dá de ombros.— Desde de quando ficou proibido vim de preto?
— Não estou reclamando da cor, mas sim do tamanho.
Diminuo a minha voz, quando a minha filha me olha de relance e depois vira a cara.
Ela continua sem falar comigo.
— Deixa de besteira, tia, você é muito careta.— reviro os olhos, suspirando fundo.— Se veste igual uma freira e ainda quer me dá lição de moral.
— Olha os modos, Hope. — a repreendo, mandando-a se comportar.
— Tá calor.— se abana.— Que demora! Ainda não trouxeram nem o suspeito— reclama, intercalando atenção para os arredores.
— Falando no capeta…— minha filha aponta, fazendo a sua prima olhar para entrada principal.
Os olhares percorrem até o homem que segue vindo acompanhado de dois policiais, se arrastando numa cadeira de rodas. O olho, e depois desvio, abaixando a cabeça.
— Assassino!—minha sobrinha se põe de pé, gritando.— Assassino!
— Para, Hope! —a seguro. — Não faça escândalo. — procuro acalma-lá, mas permanece revoltada.
Depois disso ele passa em silêncio, indo sentar na cadeira de réu.
Levanto, chamada pelo ofício de justiça.
Inicia a sessão do júri.
Os jurados são sorteados, sete, a defesa descarta três dos quinze, assim como a acusação. Inicia o juramento dos jurados. Após isso, as testemunhas são chamadas para jurar falar somente a verdade, nada mais do que a verdade. Eu serei a primeira a ser ouvida e me sinto no meio de uma encruzilhada.
É como se tivesse que escolher entre a razão, e a emoção.
O advogado faz a primeira pergunta.
— Você acha que o meu cliente, teria coragem de assassinar a sua irmã a sangue frio?
Olho para o homem que um dia amei, passando um filme pela minha cabeça por tudo que vivemos juntos. Por mais que não tenha sido duradouro o nosso amor, mas foi bem intenso e significativo para mim.
— Não.
A minha resposta causa um tumulto na sala do júri, havendo cochichos por parte do público que reage surpreso.
O juiz bate o martelinho, pedindo silêncio.
— Na noite do crime, você estava no mesmo restaurante onde sua irmã e o meu cliente foi baleado?
Antes de dizer qualquer coisa, paro e penso bastante dividida. Com os olhos marejados, peço perdão através do olhar para as crianças, para as garotas e para o meu irmão que estão presentes.
— Estava. — confesso, perdendo todas as minhas forças e começando a chorar.
— Foi você que o baleou, o deixando naquele estado? — aponta para onde Nameless se encontra na cadeira de rodas. A cena é dolorosa, meu coração está sangrando por dentro. — Você o tirou o direito de nunca mais andar, Annabelle Bieber— o advogado vai fundo ao acusar-me perante todos — Quem não garante que tenha sido você mesma que matou a sua irmã, motivada por vingança.
— Protesto, excelência, a defesa está tentando induzir a testemunha.— o promotor intervém.
No entanto, o juiz não atende e pede para que eu prossiga.
— Eu nunca a machucaria.— me defendo, completamente emocionada.— Tinha todos os motivos para odiar tanto esse homem, excelência, como também a minha irmã. Mabel não era nenhuma santa, nós duas nunca se demos bem. Mas eu jamais desejaria qualquer mal contra ela.
— Desejaria sim.— a voz que eu menos espero, interrompe.— Quando tinha 10 anos, vi a minha mãe assassinando a minha tia Giulia. No dia que aconteceu, eu lembro como se fosse hoje. Ela não parava de chorar e dizia que queria que a minha tia Mabel estivesse morta.— minha própria filha faz alegação, me pegando desprevenida.
A encaro decepcionada, porque é uma baita apunhalada.
— É mentira, excelência! Essa garota está inventando! Eu sou inocente!
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Atualizado até capítulo 53
Comments
Amanda
Que loucura, com uma filha dessas para que inimigos
2025-02-01
0
Elenir Lima
Eu acho que Mabel fez bem em se fingir de morta, ela precisava de liberdade e paz, passou a vida toda se sacrificando pela família que nunca a valorizou. Annabele pode até ter dado tudo que a filha precisava mais esqueceu do principal demonstrar amor ela é igual a solene se faz de mosca morta pra lamber o doce
2024-09-18
1
Neta Souza
a filha dela deve ser igual a tia se eu fosse ela falava que a filha e um fruto de um estrupo o que espera de uma filha de um estrupador ar eu diria
2023-11-19
3