Capítulo 20

Tomo um banho demorado para esperar Matheus vir me buscar, lavo os cabelos e hidrato o corpo, parece que estou me arrumando para namorar, mas não é, pelo menos não estar em meus planos.

Visto um croped preto, uma saia longa também preta, estou calçando meu chinelinho de dedo mesmo, pois só vamos para casa dele, prendo meus cabelos em um rabo de cavalo, passo um pouco de perfume e estou pronta.

Como combinado Matheus veio me buscar em casa para ir jantar com ele e seus pais, exatamente com ele fazia quando namorávamos.

Todo os domingos ele vinha me buscar, se não fosse para almoçar, era para jantar com eles, e seus pais como sempre foram liberais nos deixavam ficar no quarto dele e foi numa dessas que perdemos a virgindade, eu também fui a primeira dele.

Nossa primeira vez foi um desastre, os dois inexperientes, não foi prazerosa, senti mais dor do que prazer, mas as outras vezes foram muito boas, foram experiências maravilhosas que tivemos juntos.

Óbvio que nada se compara ao sexo que tive com Caio, nem dos outros dois parceiros que tive, nada se compara aquele homem, deveria ser pecado alguém fazer sexo daquele jeito, o homem sabe o que está fazendo e o pior é que a otária aqui resolveu se apaixonar por alguém que não quer saber de romance.

— Você está bonita. –Matheus diz quando já estamos do lado de fora.

— Obrigada, você também está.

Matheus esta usando uma camisa de manga curta azul celeste, um short jeans preto e também está de chinelinho de dedo, como eu falei, estamos em casa e não precisamos de tanta arrumação.

Chegamos na casa de seus pais, ele abre a porta e da espaço para que eu entre, mas como tenho a bunda enorme encosto de leve em seu membro e sinto o volume, parece que não foi só Matheus que cresceu.

— Raquelzinha! Desculpe por não ter ido falar com você ontem. –Luiza, a mãe de Matheus diz.

— Não tem problema dona Luiza, todos ficam muito ocupados, nessas datas.

— Sim, e eu ainda recebi alguns convidados.

— Não tem problema. –digo.

— Daqui a pouco eu vou servir o jantar, só esperando o J chegar.

— Tudo bem. –digo.

"J" é o apelido do pai de Matheus, que se chama Junghoon, como ele é coreano tem um nome um pouco diferente e foi dona Luiza quem colocou esse apelido nele e acabou que agora todos os chamam assim.

— Vamos até meu quarto enquanto esperamos o jantar? –Matheus me convida.

— Vamos.

Quando entro no quarto me vem muitas lembranças, o quarto continua igual, não mudou nada.

— Está igual. –digo.

— Sim, assim que terminei o ensino médio sai de casa e fui para outra cidade estudar, como pouco vinha aqui o quarto foi ficando assim e acabou que eu nunca mudei.

— O meu nem existe mais, agora é das minhas irmãs.

Ele vai até o guarda roupa e volta com uma caixa na mão.

— Eu ainda tenho isso. –ele diz me entregando a caixa. — Pode abrir.

Quando abro, há muitas cartas que eu mandava para ele, algumas fotos nossas, algumas pulseiras de shows que nós íamos, algumas embalagens de doces e nossas pulseiras de compromisso, eu devolvi a minha para ele quando terminamos.

— Nossa! Você guardou tudo isso?!

— Sim, nunca mais mexi em nada desse quarto, minha mãe arruma aqui, mas não tira nada do lugar.

— Nossas pulseiras.

— Sim, eu usei a minha por muito tempo, mas aí comecei a namorar com outra pessoa e resolvi tirar.

— Entendi.

— Você ainda tem minhas cartas?

— Estão em algum lugar na casa da minha mãe, eu não levei quando me mudei.

— As vezes penso como teria sido se nós tivéssemos ficado juntos.

— Eu também me faço essa pergunta.

— Nós tínhamos tudo para dar certo, eu deveria ter insistido um pouco mais.

— Não, naquele momento nós precisávamos disso, precisávamos viver novas experiências.

— Eu não precisava disso, eu já tinha tudo que precisava, eu nunca quis terminar, foi você quem quis.

— Matheus você ia morar em outra cidade e eu ia ficar aqui, mal íamos ter tempo de nos falar, imagina de nos ver.

— Eu sei, mas eu não queria ter te perdido, a verdade é que em todos esses anos eu nunca deixei de te amar, eu fiquei com outras pessoas, mas nada se compara a você.

— Matheus eu... Eu... Não sei nem o que dizer.

— Não precisa falar nada, estou falando sobre o que eu sinto, você não é obrigada a sentir nada por mim, mas se me deixar posso fazer você se apaixonar outra vez por mim.

— Não é o melhor momento para isso, tive um rolo com alguém, o que me deixou bem confusa.

— Você não terminou o namoro a um ano?

— Sim, o namoro sim, mas tive algo passageiro com alguém e não estou pronta.

— Não estou pedindo para voltar comigo de imediato, estou pedindo para que me dê uma oportunidade de te reconquistar, devagar, sem pressa.

— Como isso vai funcionar? Você mora em outra cidade.

— Bom, eu não sou mais um adolescente, agora sou um homem, que tem condições e um carro para vir te ver quando quiser. –ele sorri.

— Claro!

— Então...

— Podemos começar como amigos, sem compromisso nenhum, porque não somos mais as mesmas pessoas de antes, agora somos adultos e temos consciência do estamos fazendo.

— Tudo bem, vamos fazer do seu jeito, eu não tenho pressa, o que me importa é que no final você seja minha outra vez.

— Vamos jantar meninos? –sua mãe bate na porta.

— Já estamos indo mãe.

Matheus pega a caixa de minhas mãos e a guarda.

Ele abre a porta para mim, e faz questão de ficar bem próximo para que eu esbarre meu corpo nele, eu o olho e ele sorri.

— Raquel. –seu pai diz meu nome e me cumprimenta com um aceno de cabeça.

— Boa noite senhor.

— Boa noite. –ele diz.

— Oi meninos. –digo oi para os dois irmãos mais novos de Matheus, que são a cara dele.

— Oi. –os dois respondem juntos.

Após o jantar ficamos conversando junto com sua família, depois seus pais vão se deitar, seus irmãos também, ficando só nós dois na sala.

— Que ver um filme ou ir para casa? –ele pergunta.

— Acho que para casa, estou um pouco cansada.

— Certo, vamos então?

— Vamos.

Caminhamos de volta para a casa da minha mãe em silêncio, mas dessa vez é um silêncio confortável.

Quando chegamos em frente a porta de casa ele para em minha frente e nos olhamos por um breve tempo e sem que eu espere ele segura firme em minha cintura e me beija, seu beijo é urgente e cheio de desejo, sinto sua ereção roçando em minha barriga e percebo o quando ele está afetado com esse beijo.

Quando ele encerra o beijo encosta sua testa na minha e continua de olhos fechados, como se estivesse assimilando o que acabou de acontecer.

Alguns segundos depois ele abre os olhos e encontra os meus, ele espera que diga algo, mas eu continuo calada.

— Desculpa. –ele diz.

— Não tem problema.

— Desde ontem que eu estava com vontade fazer isso, espero que você não fique brava comigo.

— Não estou.

— É porque você disse que queria ir devagar.

— Mas está tudo bem, é sério.

— Tá, te vejo amanhã?

— Sim.

— Até amanhã então. –ele diz e beija minha mão.

— Até. –aceno para ele e ele vai embora.

Eu entro em casa ainda meio sonza o que aconteceu, o beijo foi muito bom, ele sempre beijou bem, mas agora está melhor ainda, ele evoluiu em tudo, o beijo me deixou molhada e como um gostinho de quero mais.

Tomo um banho, visto um pijama e deito ao lado de minha mãe que já está dormindo.

Fico um pouco acordada ainda, pensando no beijo, em Matheus, e infelizmente me vem a mente os beijos de Caio e o quando ele me deixa excitada apenas com um toque.

Sei que não deveria pensar nele, mas não consigo controlar, é mais forte que eu.

Eu sou uma burra por pensar em um cara que não está nem aí para mim, enquanto tem um que confessou que sempre me amou, sinto vontade de socar minha cara por ser tão idiota.

Depois de muito brigar comigo mesma finalmente pego no sono.

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