Capítulo 16

Dormimos não sei por quanto tempo, mas somos acordados por Marisol, nos dizendo que o jantar está servido.

— Você quer tomar um banho antes do jantar? — Caio pergunta.

— Não, tomamos banho depois, não vamos deixar seus pais esperando.

— Ok.

Quando descemos as escadas os irmãos de Caio estão na sala com as esposas, todos nos olham quando estamos descendo, as esposas de seus irmãos estão elegantemente vestidos e eu estou de moletom e rabo de cavalo, se eu soubesse que elas estariam aqui e tão bem vestidas teria me arrumado mais.

— Boa noite. –falamos juntos.

— Boa noite. –ele nos respondem também juntos.

Caio, o pai e os irmãos vão se servir de uísque e eu fico na sala junto com suas cunhadas e sua mãe.

— Semana que vem vamos fazer o chá revelação do nosso bebê, gostaria que você e Caio viessem. –Paloma me convida.

— Obrigada pelo convite, nós iremos.

— Estamos muito empolgados com tudo, faz tempo que planejamos ter um bebê, mas temos nossas carreiras e isso sempre foi prioridade, nós trabalhamos muito e tivemos que pensar bem, agora com a chegada do bebê vamos ter que dá uma desacelerada.

— Você trabalha com o quê? –pergunto.

— Eu sou arquiteta.

— Entendi.

— Trabalho no escritório da minha família, isso me deu mais liberdade para ter o bebê.

— Sim, que bom que você tem essa liberdade.

— E você querida quando pensa em ter um bebê? –Marisol pergunta para Mariana, a esposa de Fabrício.

— Por agora não sogra, penso em ter um bebê quando estiver com trinta, no momento tenho muitos trabalhos ainda, muitos contatos já fechados que eu não posso quebrar.

— Eu me casei bem jovem e tive meus filhos bem jovem também, quando casei tinha dezoito anos, dois anos depois tive meu primeiro filho, e hoje agradeço por ter feito isso, pois tive a oportunidade de ver meus filhos crescerem e ainda vou poder curtir meus netos, por tanto me dêem netos, e logo.

— Infelizmente eu não vou poder te dá um neto agora, você sabe que minha carreira exige muito de mim e não posso deixar tudo de lado, Fabrício me apoia.

— Mas você trabalha desde muito jovem querida, já pode dá uma pausa.

— Não sogra, nesse mundo de modelar temos data de validade, preciso aproveitar enquanto ainda me contratam.

— Quantos anos você tinha quando começou? –Marisol pergunta.

— Tinha dezesseis, quando ganhei o concurso de miss do nosso estado.

— Então meu bem, você já deveria ter parado.

— Só paro quando não me contratarem mais.

— Tudo bem, em todo caso quem decide isso é você.

Paloma parece ser uma pessoa bem simples e simpática, gostei muito dela, já Mariana parece ser do tipo esnobe que só te suporta por perto por não ter outra opção.

— Vamos jantar? –Marisol nos convida.

Todos vão na frente deixando Paloma e eu para trás.

— Estou pensando em fazer tudo em verde e roxo, mas em tons pastéis, não quero nada com cor muito vibrante, ficaria lindo todos vestidos nesse tom também.

— Sim, muito bonito.

— Nossa casa tem um jardim enorme, estou pensando em fazer lá mesmo, Alex quer que seja em um dos clubes que somos sócios, mas eu prefiro algo mais íntimo.

— Eu gosto da sua ideia.

— Sim, e evita a imprensa.

— Sim.

— Devo te avisar que entrar pra essa família é complicado, a imprensa anda sempre atrás deles, por isso sempre andam cheios de seguranças, tanto pela imprensa, quanto por serem criminalistas, já sofremos até perseguição, tenho medo pelo meu filho.

— Eu sei como é, bom que os seguranças deles estão lá, mas nunca são notados.

— São treinados para isso.

— Vamos queridas? –Marisol nos chama.

Todos já estão na mesa quando chegamos, Paloma vai ocupar o lugar ao lado do marido e eu vou sentar ao lado de Caio.

— E pra quando vai ser o casamento filho? –Fernando pergunta para Caio, eu o olho esperando a resposta.

— Estamos nos conhecendo ainda pai, não é o momento, Raquel também ainda é muito jovem, acabou de se formar.

— E qual o problema nisso? Eu conheci sua mãe em um dia, no outro fui pedir a mão dela para o seu avô e dois meses depois já estavamos casados e lá se vão 36 anos.

— Os jovens de hoje não tem pressa querido, estão muito focados em suas carreiras, e também nós somos de outra época, hoje em dia eles não precisam esperar pelo casamento, já dormem no mesmo quarto antes disso.

— A carreira é só uma desculpa, eu mesmo me formei enquanto tinha que trabalhar para sustentar vocês e vejam só onde cheguei, hoje vocês têm tudo, porque a mãe de vocês e eu não nascemos em berço de ouro, lutamos muito para vocês terem o que tem.

— Eu sei pai, e agradeço por isso, mas isso é algo que pode esperar, nós não estamos com pressa não é Raquel?

— Não. –respondo.

— Caio seus irmãos estão todos casados, só falta você, até sua irmã mais nova já casou.

— Casamento não é o mais importante pai.

— Eu não quero você enrolando a filha dos outros, eu não gostaria que fizessem isso com sua irmã.

— Mas eu não estou pai, até já conheci a mãe e as irmãs dela.

— E o pai?

— Eu não tenho pai senhor Fernando, meu pai faleceu faz onze anos.

— Sinto muito, agora que quero que você apresse as coisas mesmo, você precisa cuidar dessa menina, espero que ano que vem vocês já tenham uma data.

— Nós teremos pai.

— Assim espero.

— Vamos fazer a oração e comer? –Marisol pergunta.

Ela fecha os olhos e agradece pela vida de todos e depois pelo alimento, eles são uma família unida e religiosa, meu pai também era, sempre nos levava à igreja aos domingos, minha mãe não tinha tempo para fazer isso, pois trabalhava muito e só tinha o domingo para descansar e colocar tudo da casa em ordem.

Após o jantar Caio me leva até o jardim para ver a piscina aquecida.

— Não leve em consideração o que meu pai falou.

— Você deveria ser sincero com ele e dizer que não quer casar.

— Não posso, ele é muito tradicional, se você namora é pra casar, ele nos criou assim, ele ficou horrorizado com o que aconteceu com a Bárbara, ele mesmo me ajudou e escolher o anel de noivado que daria ela. –Caio fala e seu semblante muda para tristeza.

Devo me confirmar que Caio nunca vai deixar de amá-la e que eu realmente sou só um passa tempo e que só estou aqui porque ele precisava enganar a todos que têm uma namorada.

Essa situação está ficando cada vez mais difícil para mim, porque eu sinto coisas que não deveria por ele, algo que nunca vai ser correspondido. E para completar ele é meu chefe e eu preciso muito desse emprego.

— Sabe Caio, eu acho que quando voltarmos pra casa devemos esquecer tudo isso que aconteceu e seguir nossas vidas.

— Por que diz isso?

— Eu não quero continuar, se você puder me colocar para trabalhar com outra pessoa eu agradeço.

— Não gosta de ficar comigo?

— Gosto, só que estou gostando mais do que deveria.

— Raquel! Pra quê envolver sentimentos? Nos damos bem, o sexo é bom, o que mais precisa?

— Eu não consigo controlar o que sinto.

— Bom, sendo assim não podemos seguir com isso, eu não posso te dar o que deseja.

— Ótimo.

— Caio semana que vem vamos fazer o chá revelação do bebê e Paloma quer que vocês venham. –Alex diz se aproximando.

— Nós iremos. –ele diz e olha para mim, eu saio e deixo os dois conversando.

Gostaria de ir por causa da Paloma, pois gostei muito de conhecê-la, mas não gostaria de ter que continuar com esse fingimento na frente das pessoas.

Vou até o banheiro tomo um banho, visto um pijama e deito para dormir. Deito na cama e seguro minhas lágrimas com todas as forças, não gostaria que Caio me visse chorando, pois não vou dá a ele o gosto de ver que estou sofrendo, mas a verdade é que estou.

Após alguns minutos o sono chega e finalmente eu consigo dormir, só dormindo a dor vai embora, e isso é o que quero que aconteça, que essa dor passe, pelo menos enquanto estou dormindo.

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