Capítulo 3

Passei a noite inteira sem dormir virando de um lado para o outro. Estou muito ansiosa, pois não sei o que me espera, na verdade nem sei como agir diante de tantas pessoas fingindo ser namorada do meu chefe.

Passa um pouco das 5:00 horas da manhã quando decido levantar. Faço uma depilação completa, já que estou indo à praia. Tomo aquele belo banho demorado que lava até a alma, visto um short jeans curtinho, com um cinto nude, uma blusa branca, ponho alguns acessórios dourados, calça uma sandália da mesma cor do cinto e estou pronta.

Como ontem não consegui arrumar a mala, e por sorte acordei super cedo tenho tempo de sobra para arrumar agora.

Coloco tudo que comprei ontem na mala, e mais algumas coisas minhas, peças íntimas, algumas sandálias, acessórios e maquiagem.

Termino de fazer a mala e vou fazer um café, meu dia só começa de verdade quando tomo café.

Exatamente 7:58 da manhã ouço o carro dele chegar, já me adianto e vou descendo, antes que ele suba, não gostaria que ele entrasse em minha casa, isso já é intimidade demais.

Ele me espera escorado no carro, está de óculos escuros, o cabelo ainda molhado, mas não penteado com ele costuma ir trabalhar, está vestindo uma camisa preta, calça jeans branca e um tênis preto.

Ele está mais lindo do que de costume, o ver fora de trajes formais é bem estranho, mas confesso que gosto mais assim, ele está menos intimidador e parece mais acessível e normal.

— Bom dia. –ele diz.

— Bom dia senhor. –ele pega minha mala e coloca no carro.

— Melhor você parar de me chamar de senhor, já que será minha namorada por esse final de semana.

— Sim senhor... Quer dizer, Caio. –acho estranho o chamar pelo nome.

— Acha melhor definirmos algum apelido carinhoso? Os namorados tem isso não é?

— Sim, o que o senhor acha melhor? VOCÊ! O que você acha melhor?

— Amor? Muito brega?

— Pode ser. –como vou conseguir chamar esse homem de amor o final de semana inteiro?

Temos mais ou menos uma hora de viagem pela frente, o bom é que não precisamos ir de avião, pois morro de medo.

Ele liga o som e REM ecoa dentro do carro, "Losing My Religion" amo essa música, escuto desde de criança, meu pai também gostava. Encosto minha cabeça no banco fecho meus olhos e canto a música como se estivesse sozinha.

Abro os olhos por alguns segundos e vejo que ele me olha, fico um pouco sem graça, mesmo nesses trajes descolados ainda enxergo meu chefe e me embrulha um pouco o estômago.

— O senhor deveria se concentrar na estrada. –digo um pouco tímida.

— Sei dirigir muito bem, não precisa se preocupar, sua vida não corre perigo. –ele me olha e sinto que sua frase tem um duplo sentido, eu apenas ignoro.

Outra música começa a tocar The Police, "Every Breath You Take". O cara tem bom gosto e o que mais me surpreende é que temos isso em comum, também amo essas músicas dos anos 80.

— Pode cantar, não tem problema. –ele diz ao ver minhas mão se mexendo no ritmo da música, eu sorrio.

— Ok.

— Meus pais vão estar lá, mas suponho que você já saiba, até porque é o casamento da minha irmã e óbvio que eles estariam presentes. –por mais óbvio que pareça eu não tinha pensado a respeito.

— O que seus pais vão achar quando te verem chegando com sua assistente? –digo isso porque os dois me conhecem.

— Meus pais não são esse tipo de pessoa que está pensando, eles tratam a todos igualmente, até porque eles nem sempre tiveram dinheiro, meu pai batalhou muito para ter o que tem hoje, pode ficar tranquila que eles vão te tratar muito bem.

— Ok.

— Relaxa, tem que parecer muito natural, ou todos vão perceber.

— Pode deixar, ninguém vai perceber nada.

— Ótimo.

Passamos o restante da viagem sem falar nada, finalmente ele para o carro e desce para abrir a porta para mim.

A casa é enorme, tem três andares, é muito bonita por fora, imagino que por dentro também, tem uma piscina gigante, a casa fica de frente para o mar.

Ele entrega as chaves para um rapaz para que ele leve o carro para garagem.

— Hora do show. –ele diz e pega minha mão, meu corpo inteiro se arrepia.

Uma mulher de meia idade abre a porta para nós, deve ser a governanta da casa.

— Bom dia menino, a quanto tempo. –ela diz o abraçando.

— Bom dia Cíntia, como você está?

— Estou bem menino, melhor agora que estou lhe vendo.

— Obrigado, e como está sua família?

— José está por aí cuidando de alguma coisa e os meninos estão bem, todos na faculdade.

— Muito bom. Essa é Raquel minha namorada.

— Que bonita, finalmente você encontrou alguém. Muito prazer querida, qualquer coisa pode falar comigo. –ela diz me abraçando.

— Obrigada, prazer em conhecê-la.

— O seu quarto já está arrumado, daqui a pouco alguém leva as malas, o café da manhã já está pronto, querem tomar agora ou vão esperar os outros chegarem? Vocês são os primeiros.

— Vamos esperar os outros, obrigado. –ele diz e sem soltar minha mão me leva para as escadas.

Subimos as escadas de mãos dadas e entramos no quarto da mesma forma, quando me dou conta de que não tem ninguém olhando solto sua mão, essa situação me deixa um pouco constrangida.

— Você está muito tensa, tenta relaxar, pense nisso como um trabalho.

— Sim senhor.

— E pare de me chamar de senhor!

— Força do hábito.

— Não me chame mais de senhor, isso é uma ordem. –agora sim! Esse é o Caio que conheço.

— Ok, meu amor. –dou ênfase na última palavra.

— Menos irônica.

— Tudo bem meu amor. –digo e sorrio.

— Assim está melhor.

Alguém bate na porta e ele vai abrir, é o rapaz trazendo nossas malas, o mesmo que estacionou o carro.

— Obrigada. –Caio diz. — Quer tomar um banho e trocar de roupa para o café?

— Sim.

— Pode ir primeiro, tem toalhas limpas no armário do banheiro, loção de banho também, fique a vontade.

— Obrigada.

Separo um dos vestidos que comprei ontem e que Caio pagou bem caro por ele, o vestido é branco e bem leve, pego uma lingerie também branca e percebo ele olhando para minhas peças íntimas, isso me deixa tímida, ele percebe e sorri.

Difícil vê-lo sorrir, o temido Caio Alencar está bem descontraído, esse clima parece que fez bem para ele.

Vou para o banheiro quase correndo, fecho a porta atrás de mim, meu coração está muito acelerado e minha respiração ofegante.

Observo o banheiro, que é bem maior que meu quarto, tem duas pias, dois chuveiros, banheira, é muito luxuoso, tudo preto e branco, assim como o quarto.

Tomo um banho rápido, não molho os cabelos apenas os penteio, me seco, visto minha roupa e logo saio.

Caio está apenas com a calça, já se livrou da camisa e do tênis, está deitado na cama mexendo no celular, quando ver que sai ele me observa, como se fosse para aprovar o que estou vestindo.

— Minha vez. –ele se levanta e passa por mim e entra no banheiro.

Enquanto ele está no banho procuro um chinelinho de dedo para usar, não costumo usar sandália em casa, não sei se Caio vai aprovar, vou esperar e perguntar para ver o que ele diz.

Alguns minutos depois ele sai somente de toalha, acho que está fazendo isso para me provocar, não entendo porquê, ele sempre pareceu nem se interessar por mim, na maioria das vezes achei que ele só me aturava por fazer tudo que ele mandava sem reclamar.

— Esqueci de levar a roupa, não costumo ter companhia e quando tenho... Bom deixa pra lá. –reviro os olhos.

Viro de costas para que ele se vista, e ouço seu riso. Não reconheço esse homem, parece ser outra pessoa, realmente é muito bipolar mesmo.

Alguém bate na porta e ele vai abrir, está usando apenas uma bermuda de tecido fino.

— Aí meu Deus que homem maravilhoso. –Beatriz o abraça. — Pensei que você não vinha, já que não gosta de pessoas.

— Não perderia isso por nada, ver o pobre coitado do Michel ir pra forca.

— Muito engraçado, aquele homem me ama. –ela sorri. — E essa mulher maravilhosa onde achou? Nem acreditei quando a mamãe disse que você vinha com alguém.

— Essa é Raquel, trabalha comigo, e nas horas vagas é minha namorada.

— Só podia ser alguém do trabalho, você só vive metido naquele escritório. Olá sou Beatriz, irmã dele. –ela me puxa para um abraço.

— Ela já sabe disso Beatriz.

— Deixa de ser chato garoto, não sei como você aguenta ele. –eu sorrio.

— Muito prazer. –digo finalmente, eles dois falam muito.

— Vou deixar vocês, não se demorem muito para descer, o café já está servido. –ela diz e pisca para mim.

— Minha irmã é um pouco intensa. –ele diz quando ela sai.

— Percebi.

— Acho que todos esperam que demoremos um pouco, você sabe...

— Sim, sei, mas fomos os primeiros, estamos nesse quarto faz tempo então ninguém vai duvidar de nada.

— Tudo bem, vamos descer então. –ele veste uma camisa branca e calça um chinelo de dedo preto, fico aliviada pois não serei a única.

Descemos as escadas de mãos dadas e todos já estão lá, os irmãos, as esposas deles, seus pais, mais algumas pessoas que não conheço.

— Essa é Raquel, minha namorada. –ele diz e todos me cumprimentam.

Fico um pouco envergonhada com tanta gente me olhando, a maioria dos olhares são amigáveis, menos de uma mulher, que suponho ser sua ex.

Caio se aproxima de mim e me abraça, fico um pouco surpresa, mas retribuo ao abraço, ele dá um beijo no meu pescoço, me causando um arrepio, sinto minha intimidade dá sinal de vida, ele percebe o efeito que isso causa em mim e aperta minha cintura com mais força e beija novamente meu pescoço, fico ofegante na mesma hora.

— Relaxa. –ele sussurra em meu ouvido. — Aquela ruiva atrás de você é minha ex, não olhe agora, ela está olhando para nós, posso te beijar? Para convencer a todos e a ela também. –sorrio para parecer natural.

— Isso não fazia parte do contrato. –sussurro e coloco minhas mãos em seus cabelos.

— Te pago a mais por isso.

— Não estou a venda. –digo sorrindo.

— Eu sei, mas somos namorados, temos que nos beijar, para não levantar suspeitas.

— Ok.

Sem esperar mais ele cola nossos lábios, ele me dá apenas um selinho, coisa que é normal entre casais quando estão na frente das pessoas, parece até ser algo insignificante, mas me deixou molhada, eu queria mais, só que não vou dar meu braço à torcer e mostrar que quero.

— Viu, não arranquei nenhum pedaço seu, você será bem recompensada. –eu sorrio.

— Pode me emprestar ela um pouco? –Beatriz diz pegando em minha mão, eu olho para ele pedindo socorro e ele dá de ombros.

— Quero te agradecer. –ela diz quando nos afastamos.

— Pelo o quê?

— Por trazer meu irmão ao meu casamento, achei que ele não viesse, por causa da Bárbara, eles não terminaram bem e ela é minha amiga, mas te agradeço por ter vindo e por fazer ele vir também. –fico com a consciência pesada por estar mentindo.

— Não precisa me agradecer, ele te ama muito e com certeza não deixaria de vir.

— Eu sei que ele me ama, também o amo, mas acho que se ele não estivesse com você não viria, então devo isso a você. –ela me abraça.

— Imagina.

— Vamos tomar café?

— Vamos.

A mesa é enorme e farta, tem comida aqui que daria pra alimentar umas dez famílias, tem de tudo, pães, bolos, frutas, sucos, leite, café, mas tudo em grande quantidade.

Só há casais aqui na casa, agora entendo por que ele não queria vir sozinho, seria muito constrangedor para ele chegar aqui sem ninguém, pobre do meu chefe, ainda bem que estou aqui para salvá-lo.

— Café meu bem? –ele pergunta, acho estranho ele me chamar assim.

— Sim, por favor amor. –ele me serve e beija meu rosto, ele está levando a sério mesmo esse lance de namoro.

Beatriz nos olha e sorri, já Bárbara se pudesse teria me matado, essa mulher ainda gosta dele, tenho certeza, isso me dá uma raiva, acho que estou com ciúmes.

Para provocá-la limpo a boca de Caio que está com uma migalha de pão, ele pega minha mão e beija, todos nos observam surpresos.

Acredito que estamos fazendo todos acreditarem que realmente somos um casal.

— Quando vocês começaram a namorar? –Marisol, a mãe de Caio pergunta.

— Faz um tempinho já, mas ainda não havia tido a oportunidade de apresentá-la oficialmente.

— Cuide bem dela filho, ela é uma moça muito bonita e parece gostar de você de verdade. –ela diz e olha para Bárbara.

— Pode deixar mãe. –ele diz e acaricia meu rosto, sorrio para ele e todos nos olham com admiração, menos Bárbara.

Todos terminam o café e vão para os seus quartos para vestirem roupas de banho e aproveitar o sol na piscina.

Caio e eu subimos até o quarto para nos trocar também, escolho o biquíni preto e a saída preta para combinar e vou até o banheiro me trocar.

O biquíni é de amarrar atrás e por mais que eu tente não consigo fazer isso sozinha, tenho que chamar Caio para me ajudar, super constrangida, mas é a única maneira.

Eu me meto em cada uma!

Mais populares

Comments

luciane souza

luciane souza

Eu acho um barato essas encenações para ludibriar os outros mas no final tem uma única razão AMOR 🤭🤭🤭🥰🥰🥰🥰

2024-02-27

75

Kimorena Novas

Kimorena Novas

kkk gente eu tou lendo, mas mim acabando de ri tá MT engraçado eles dois, amando autora continua assim

2023-12-30

76

Sonhadora

Sonhadora

Estou adorando a estória, muito bem escrita. Adoro estórias sem erros de português exagerados, com conteúdo interessante. Parabéns autora está perfeita 😍👏🏼👏🏼👏🏼

2024-04-28

1

Ver todos
Capítulos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!