Capítulo 10

Já é segunda...

Levanto, tomo um banho, escovo os dentes, e começo a me arrumar para mais um dia de trabalho, visto uma blusa de seda branca, uma saia lápis preta e calço meu scarpin também preto, prendo os cabelos em um rabo de cavalo e faço uma make básica.

Pego minha bolsa e sigo pra o trabalho, não sei nem como agir na frente de Caio, mas vou tentar fazer parecer que não aconteceu nada entre nós.

— Bom dia Marcela. — digo.

— Bom dia Raquel, seu chefe já chegou.

— Droga! — digo e saio correndo para pegar um café para ele.

Não sei o que dá nesse homem que ele resolve madrugar aqui.

Pego um café para ele e entro em sua sala sem bater, sempre bato, mas hoje resolvo entrar de surpresa.

Ao passar pela porta me deparo com uma loira peituda sentada em seu colo lhe beijando, pigarreio para chamar atenção.

Os dois param de se beijar e olham para mim, ele me olha duro e sem nenhuma expressão, aí está meu chefe de volta.

— Deveria bater na porta Raquel.

— Desculpe senhor, não sabia que estava acompanhado. –digo olhando para o chão.

— Traga o café depois, e venha passar a agenda.

— Sim senhor, desculpe mais uma vez.

Me viro e saio, mas antes de sair ouço a loira falando que ele deveria me demitir, pois sou muito abusada, ele não fala nada.

Minhas mãos tremem muito, por pouco não derrubo a xícara, descarto o café e lavo a xícara.

Corro para o banheiro e me tranco, e só então me deixo desabar, choro muito. Jamais pensei que o encontraria assim com outra, meu peito queima, chega a ser sufocante, a dor chega a ser física.

Ele me afeta mais do que eu gostaria, não sei como vou suportar essa situação, eu sabia que ele era assim, muitas vezes encontrei mulheres saindo se sua sala, mas não me afetava em nada.

Só que depois de nosso final de semana algo mudou em mim, sinto mais coisas do que deveria por ele.

Me recomponho, lavo o rosto, retoco a maquiagem e volto para minha mesa.

Quando sento em minha cadeira atrás da minha mesa, vejo a loira saindo da sala dele toda se rebolando, e ajeitando a roupa.

Logo ele me chama e eu vou até sua sala.

— Vamos passar a agenda agora?

— Sim senhor. –digo sem fazer contato visual.

Repasso tudo que ele tem que fazer no dia de hoje, ele terá duas audiências, e o restante do dia da pra cuidar de tudo por aqui mesmo.

— Passe no RH, seu novo contrato está pronto, é só assinar, e quanto a dívida da sua mãe já resolvi, liguei para o bando e já está paga.

— Obrigada. — digo me levantando para sair.

— Mais uma coisa, vamos à casa dos meus pais em duas semanas.

— Não acho que seja boa idéia senhor, não sei se consigo aguentar todo esse fingimento.

— Você me deu sua palavra, eu cumpri minha parte, agora cumpra a sua.

Ele tem razão, ele queria me pagar para ir com ele à casa de seus pais, mas eu falei que o emprego e ele pagar a dívida da minha mãe estava bom.

— Sim senhor eu irei, mas com uma condição.

— Diga.

— Que o senhor me deixe pagar ao senhor pela dívida, desconte do meu salário todo mês.

— Não, quanto a isso não tem discussão, lhe dei minha palavra, você sabe que ganho essa quantia a cada meia hora.

— Sim, mas esse dinheiro é seu.

— Exatamente, o dinheiro é meu e faço o que quiser com ele.

— O senhor é muito mandão. — ele sorri.

— Sou! Mas, disso você já sabe. –balanço a cabeça negativamente.

Fico mais alguns segundos o encarando, ele me olha de cima a baixo e não diz nada.

— Bom, com licença. –digo.

— Que horas é a audiência?

— A primeira às 10:00 e a segunda às 14:00.

— Então pode ir pra casa, passe no RH, assine seu contrato e pode ir, não voltarei mais por hoje.

— Sim senhor, com licença e mais uma vez obrigada. –ele assente e eu saio.

Organizo as coisas em minha mesa para poder ir ao RH e depois ir para casa, me estico para pegar a bolsa, ficando de bunda para cima e quando olho para trás ele está me observando, seus olhos vão direto para minha bunda.

Me recomponho e ruborizo, ele percebe e sorri da situação, mas continua parado me olhando.

— Você fica bonita de saia, mas essa está um pouco apertada, coitados dos homens desse escritório, devem todos ficar babando por você.

— Imagina, sou uma pessoa comum e todas as mulheres usam saias aqui, então os homens têm muito para o que olhar. –ele sorri.

Agora isso acontece bastante, ele sempre sorri para mim, antes nunca o tinha visto sorrir, acho que de alguma coisa serviu esse final de semana.

— Se o senhor me dá licença, já vou indo. –ele assente.

Saio andando e quando olho para trás ele ainda me observa.

Vou até o RH, assino o contrato e meu novo salário será 6.500 reais, tenho uma leve impressão que Caio exagerou um pouco, mas com ele não se pode discutir, apenas aceito.

Vou caminhando até meu apartamento, pensando que dessa vez conseguirei comprar um carro, já que não temos mais dívidas, o dinheiro da minha mãe vai dá para suprir as necessidades dela e das gêmeas e também posso ajudá-las, as coisas agora vão melhorar.

Chegando em casa, o porteiro me entrega um buquê de rosas brancas, fico surpresa, pois nunca ganhei flores na vida.

Tem um cartão, vejo que é de Caio.

"Parabéns pelo novo cargo, você é brilhante".

Engulo em seco, como se esse cargo não tivesse sido ele quem me deu, e por motivos não muito corretos.

Penso em ligar para ele, mas não sei se quero agradecer ou reclamar pelas flores, decido ignorar. Coloco elas em um vaso e deixo o cartão em cima da mesinha de centro.

Troco de roupa, visto um vestido soltinho no corpo e vou preparar alguma coisa para almoçar.

Faço macarrão com molho de tomate, já que é mais rápido. Não gosto muito de cozinhar, mas como não tem outro jeito, opto sempre por algo fácil.

Termino de comer e deito para tirar um cochilo, minutos depois consigo pegar no sono.

...********...

Não sei por quanto tempo dormi, mas acordo com meu celular tocando. Vejo na tela que é minha mãe.

*ligação on*

Eu: Oi mãe, aconteceu alguma coisa?

Maria: Não filha, tudo bem, estou ligando só pra te avisar que as gêmeas hoje têm apresentação de balé, esqueci de te falar antes.

Eu: Onde vai ser?

Maria: No teatro, às 19:00.

Eu: Tudo bem, eu vou.

Maria: Filha, como você conseguiu quitar a dívida? Recebi um comunicado.

Eu: Peguei emprestado com meu chefe, ele vai descontar do meu salário.

Maria: Que bênção, muito obrigada filha.

Eu: Por nada mãe.

Maria: Até a noite então, beijo filha.

Eu: Até, beijo.

Resolvo levantar, e fazer um café para despertar, sou movida a café, nem sei quantas xícaras tomo por dia.

Lembranças do meu final de semana quente invadem minha mente, acho que nunca conseguirei esquecer.

Estudo um pouco para prova da ordem, pois desejo passar de primeira, quero logo advogar, esse sempre foi meu sonho e do meu pai também, pena que ele não está mais aqui para ver, mas de onde ele estiver espero que esteja orgulhoso de mim. Estudo por algumas horas e logo dá a hora de me arrumar.

Começo então a me arrumar para a apresentação de minhas irmãs, elas são gêmeas idênticas e se parecem muito comigo.

Temos a pele clara, algumas sardas no rosto, cabelos loiros, olhos cor de mel, todas características herdadas de meu pai, não parecemos nada com nossa mãe.

Opto por vestir um vestido preto, colado no corpo, ele tem um generoso decote nas costas e é longo, é bem fechado na parte da frente, já que mostra muito nas costas, calço um scarpin preto, faço um coque no cabelo e uma maquiagem bem básica, só exagerei no batom que é vermelho.

Resolvo pegar um táxi, já que o teatro fica um pouco longe daqui, e caminhar de salto não dá.

Em alguns minutos meu táxi chega, entro e ele segue para o teatro. Cerca de vinte minutos depois ele estaciona, eu pago e desço.

Procuro minha mãe, mas não a vejo, então eu entro e sendo no primeiro lugar vago que vejo.

A apresentação está prestes a começar, o mestre de cerimônias anuncia os grupos que se apresentarão hoje e o das minhas irmãs é o terceiro.

— Gostaria de agradecer também a presença do nosso ilustre Caio Alencar, que é um dos patrocinadores desse evento. –o mestre de cerimônias diz.

Meu coração salta no peito quando ouço esse nome. Parece que nem fora do trabalho vou conseguir me ver livre dele.

Ele se levanta, está sentado em um espaço reservado ao lado do palco, estão ele e muitas outras pessoas, vestidas elegantemente.

Por sorte ele não me viu, já que há muitas pessoas.

As apresentações começam, e chega a hora do grupo das minhas irmãs, me levantando para gravar e nessa hora meus olhos se encontram com os dele, que me olha com surpresa.

Desvio meu olhar do dele, e continuo gravando minhas irmãs que estão muito lindas, Liz e Bella têm quatorze anos, quando meu pai morreu elas tinham apenas três anos e mal lembram dele.

A apresentação termina e todos aplaudem, vou para os bastidores para tentar falar com elas e ele me segue com olhar.

Chego no camarim do grupo das minhas irmãs, eles ficam todos juntos e minha mãe e mais algumas outras estão juntas.

Quando elas me avistam correm para me abraçar.

— Vocês estavam muito lindas. –elas sorriem.

— Obrigada. –elas dizem.

— Raquel sabia que a Bella tem namorado? –Liz diz.

— Que história é essa de namorado?

— É mentira dela. — Bella, diz.

— É verdade Raquel, o Raul vive mandando bilhetinho pra ela e dando chocolates. –sorrio.

— E a mãe sabe disso? –pergunto.

— Sabe. –Bella, diz.

— Então é verdade? –pergunto.

— É verdade sobre os bilhetes e o chocolate, mas não que ele seja meu namorado.

— Tudo bem, mas deixem isso de namorado pra depois, prefiro que vocês estudem e mais pra frente pensem nisso.

— Escutem a irmã de vocês. –minha mãe diz e nos abraça.

— Como a senhora está? –pergunto.

— Bem, mais aliviada depois que você conseguiu resolver o problema. –sorrio.

Mal sabe ela tudo que tive que fazer para resolver esse problema, mas pelo menos deu tudo certo.

— Vão se trocar, pra nós irmos comer alguma coisa. Espero vocês lá fora.

Minha mãe vai ajudá-las a se trocarem e eu saio.

Fico esperando em frente ao teatro.

Sinto um toque quente em minhas costas e me assusto, ao virar vejo que é Caio, ele me fita com seus olhos verdes penetrantes. Ele está elegantemente vestido em um terno azul quase preto, composto por uma gravata cinza e um sapato social preto.

— O que faz aqui? — ele pergunta.

— Vim ver minhas irmãs.

— As gêmeas são suas irmãs?

— Sim.

— Notei a semelhança, são lindas como você.

— Obrigada.

— Vamos? — minha mãe se aproxima junto com minhas irmãs.

Caio me olha com aquele olhar, pedindo que eu o apresente, mas antes que eu possa, minha mãe toma a frente.

— Sou Maria, a mãe dela. E você é?

— Meu chefe. –digo.

— Caio Alencar, muito prazer. –ele diz.

— Senhor, muito obrigada por ter emprestado o dinheiro a minha filha. –ele me olha surpreso.

Discretamente peço para ele não falar nada, e ele não fala.

— Vocês querem ir jantar? –Caio pergunta.

— Não precisa se incomodar, eu vou levá-las. –digo.

— Eu faço questão, são minhas convidadas.

— Não cabemos todos no carro. –digo.

— Cabemos sim, não estou de motorista.

— Esqueci que o senhor gosta de dirigir.

— Vamos então?

— Vamos. –minha mãe diz.

Ele abre a porta de trás do carro para minha e minhas irmãs entrarem, em seguida abre a da frente para mim, dá volta e entra também, dando partida do carro.

Caio nos leva para um restaurante que não é tão caro, pois é o mais próximo de onde nós estávamos, apesar de não ser muito caro, ainda sim estar fora do meu orçamento.

— Não tenho dinheiro para pagar por isso. –digo baixo somente para ele ouvir.

— Vocês são minhas convidadas. –reviro os olhos.

Ele pega uma mesa para nós e o garçom vem nos atender.

Caio pede de entrada coquetel de camarão, que está uma delícia, as meninas amam camarão.

— Senhor, muito obrigada por tudo, por nos ajudar com a dívida, por dar emprego a minha filha.

— Sua filha é uma jovem brilhante, muito esforçada e inteligente, a senhora deve se orgulhar muito dela.

— Com certeza, elas são meu maior orgulho.

— A senhora tem filhas lindas.

— Obrigada.

Minhas irmãs cochicham e olham para Caio e para mim e sorriem, essas duas são muito traquinas. Olho para as duas séria e elas se calam.

Após terminamos as entradas o garçom vem e pedimos o prato principal. As gêmeas pedem risoto de camarão, como falei elas amam muito, minha mãe pede frango xadrez e de acompanhamento purê de batata cremoso, eu peço salmão grelhado ao molho de ervas e uma salada primavera, Caio pede filé mignon suíno ao molho de laranja, e de acompanhamento palmito gratinado.

Ele pede um vinho para nós e para as gêmeas sucos naturais de laranja.

A comida é muito saborosa, comemos em silêncio, Caio me olha algumas vezes e lambe os lábios.

Esse gesto parece que tem ligação com minha intimidade, a sinto pulsar e ficar molhada, fecho as pernas afim de parar a sensação, ele percebe e sorri.

— Vocês vão querer sobremesa? — Caio pergunta para as gêmeas.

— Sim. –as duas respondem juntas e ele sorri. — Vocês vão querer também?

— Não. — minha mãe e eu respondemos juntas.

As gêmeas pedem torta de morango com chocolate branco, Caio também não pede nada de sobremesa.

Esperamos que as gêmeas terminem, Caio pede a conta e saímos.

O manobrista trás o carro sorrindo de orelha a orelha.

— O senhor tem um belo carro. — ele diz e Caio assente.

— Vou levar vocês para casa.

— Não precisa, moramos muito longe. –minha mãe diz.

— Eu faço questão. –ele diz abrindo a porta para minha mãe e minhas irmãs.

— Tudo bem, obrigada.

Ele dirige por cerca de cinquenta minutos até a casa da minha mãe, então para o carro elas descem.

— Venha almoçar qualquer dia aqui, claro se o senhor tiver tempo.

— Pode deixar, eu combino com Raquel.

— Ok. Tchau filha, se cuida. –ela diz e me dá um beijo na bochecha.

— A senhora também se cuide, e juízo viu meninas, nada de namorados por enquanto. –elas sorriem e acenam para mim.

— Boa noite. –Caio diz e arranca com o carro.

Temos cerca de uma hora e meia até chegar no meu apartamento.

— Gostei da sua mãe. –ele diz.

— É, todos que a conhecem dizem isso.

— Tá falando de quem? Dos seus ex?

— Também, mas digo no geral, todos os meus amigos gostam dela.

— Suas irmãs são muito parecidas como você, chega a ser assustador olhar para elas, parecem com você, só que em uma versão menor. –sorrio.

— Elas são lindas.

— Você também. –fico em silêncio.

— O que você fazia lá?

— Sou um dos patrocinadores, eles queriam que todos comparecessem, não estava muito afim, mas é bom para minha imagem segundo minha assessora de imprensa.

— Entendi.

— Quer ir lá em casa beber alguma coisa?

— Não mesmo, nem pensar.

— Por que não? Não vou te atacar, só vamos beber algo e depois te levo pra casa.

— Chame aquela loira peituda que estava com você hoje de manhã.

— Não, não tenho nada como ela.

— Não era o que a língua dela achou quando estava enfiada na sua boca.

— Isso é apenas por conveniência, o pai dela é um cliente muito importante.

— Então você come a filha dele pra manter ele feliz? Muito interessante.

— Nunca tive nada com ela, além de beijos, o pai dela me mata se eu fizer isso, ela acabou de fazer dezenove anos, ela me persegue desde muito nova, mas jamais toquei nela antes dos dezoito, e como falei, foram só beijos.

— Sei...

— Estou falando a verdade.

— Tá.

— Vamos lá em casa discutir nossos novos termos do novo contrato.

— Qual contrato?

— O que você precisa assinar para ir à casa dos meus pais.

— Ainda temos duas semanas.

— Deixa de ser teimosa, vamos, não vou fazer nada.

— Tudo bem, mas se você tentar algo eu grito.

— Ok. –ele diz e sorri.

Concordo, mas já sabendo no que isso vai dar, para falar a verdade eu desejo esse homem mais do que já desejei alguém na vida.

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Comments

Maria Do Socorro Bezerra

Maria Do Socorro Bezerra

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2024-03-04

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