Capítulo 19

Acordo no dia seguinte com um cheiro maravilhoso de bolo de chocolate, meu preferido, minha mãe está fazendo para mim. Se eu morasse aqui com ela já teria engordado, pois ela cozinha bem, e faz questão de preparar só as comidas que minhas irmãs e eu gostamos.

Levanto faço minha higiene matinal e visto um pijaminha confortável já que só estamos nós em casa, eu gosto de ficar de pijama em casa.

— Bom dia. –digo entrando na cozinha e dando de cara com Matheus.

Fico morrendo de vergonha por estar de pijama, mas esse é bem coberto, é uma camiseta de mangas curtas e um short que não é muito curto, só que estou sem sutiã, mas é escuro e não dá para ver nada.

— Bom dia filha, eu convidei o Matheus pra tomar café, já que eu fiz aquele bolo que vocês gostam. –eu sorrio.

— Bom dia Matheus.

— Bom dia Raquel.

Olho para minha mãe e ela me entende só pelo olhar.

— Você não vai se trocar para tomar o café filha? –ela fala na tentativa de me ajudar, mas me deixa com mais vergonha ainda.

— Não, gosto de ficar confortável em casa.

— Por mim não tem problema, pode ficar a vontade. –Matheus diz.

É complicado para mim, como tenho tudo em excesso as roupas muitas vezes ficam muito curtas ou apertadas, e acabo chamando mais atenção do que eu gostaria.

Minhas irmãs chegam para tomar café e estão arrumadas, provavelmente vão sair.

— Bom dia. –as duas dizem.

— Bom dia. –respondemos também juntos. — Onde vocês vão?

— Pro aniversário da Júlia. –Bella diz.

— Tomem o café que daqui a pouco vou pedir o táxi. –minha mãe diz.

— Elas vão sozinhas no táxi? –pergunto.

— Claro que não filha, vou deixá-las, depois volto, os pais da Júlia vão ficar lá com eles.

— Entendi, se a senhora quiser eu posso ir com elas.

— Tá, obrigada filha.

— Por nada mãe.

— Vocês sabem onde fica a casa da amiga de vocês. –Matheus pergunta.

— Sabemos. –elas respondem juntas.

— Eu levo vocês então.

— Não precisa se incomodar. –digo.

— Não é incômodo algum, você pode me acompanhar se quiser.

— Tudo bem, só vou tomar café e vou me trocar. –Matheus sorri.

Tomamos o café, Matheus vai até a casa dos pais pegar o carro e eu vou me trocar.

Visto um vestido longo, azul marinho, um pouco colado no corpo, calço uma sandália sem salto de cor preta e prendo os cabelos em um rabo de cavalo, passo um pouco de perfume, pego minha bolsa e estou pronta.

Alguns minutos depois ouvimos a buzina do carro.

As meninas se despedem da nossa mãe e saímos nós três.

O carro de Matheus é preto, não sei a marca, mas parece ter sido caro.

Ele desce e abre a porta de trás, minhas irmãs entram e eu vou entrar também, mas ele me para.

— Vem na frente comigo?

— Tá. –ele abre a porta e eu entro.

A casa da amiga das meninas fica a mais ou menos meia hora da nossa casa.

Chegando lá desço do carro para levá-las até lá dentro, mesmo elas não querendo.

Vejo tudo muito organizado, preciso ter certeza de que elas estarão seguras. Converso com os pais da aniversariante e eles me garantem que vão ficar de olho em tudo e que quando terminar eles avisam, deixo meu número com eles.

— Pronto. –digo entrando no carro.

— Você é muito preocupada com elas, nessa idade nós já namorávamos.

— Sim, mas nem por isso elas precisam fazer o mesmo.

— Nosso namoro era inocente.

— Nem tão inocente assim.

— Nessa idade era sim, só aconteceu praticamente no final do terceiro ano.

— Eu gostaria que elas adiassem isso o máximo.

— Você não vai poder protegê-las para sempre, e elas são lindas, como você, não tem como os garotos não correrem atrás delas.

— Infelizmente não posso, porque se pudessem elas não pensariam nisso tão cedo.

— Mas isso é natural, ainda mais quando são tão bonitas, você por exemplo, todos os garotos da escola te olhavam e eu me sentia o cara mais sortudo por eu ser seu namorado. –eu sorrio lembrando da nossa época de escola.

— Você também era muito bonito, o mais bonito da escola, se nossa época de escola fosse hoje em dia ai que as meninas iriam correr atrás de você mesmo, pois você parece aqueles atorzinhos das séries que elas assistem. –Matheus sorri.

— Já me falaram isso.

Ficamos em silêncio, nossas conversas tem sido assim, de repente o assunto morre e fica aquele silêncio constrangedor.

— Quer ir a algum lugar? –ele pergunta quebrando o silêncio.

— Onde iríamos?

— Você decide.

— Não sei.

— Já sei! Sabe aquela praça que nós íamos quando saíamos da escola, pra comer croissant com refrigerante?

— Sei.

— Será que aquela moça ainda vende?

— Vende, mas agora ela tem uma lanchonete.

— Sério?!

— Sim.

— Você quer ir lá?

— Podemos ir, mas acho que não consigo comer nada, acabei de tomar café da manhã.

— Vamos só pelo passeio.

— Vamos.

Alguns minutos depois ele estaciona o carro no estacionamento da praça e desce para abrir a porta para mim, e eu desço.

Matheus olha para os lados com cara de surpreso.

— Está tudo muito diferente.

— A quanto tempo você não vinha aqui?

— Faz muito tempo, fui estudar em outra cidade, depois mudei pra outra por causa do trabalho, meus pais que iam me visitar.

— Entendi, eu só mudei de bairro mesmo, mas sempre venho ver minha mãe e minhas irmãs.

— Preciso visitar meus pais mais vezes.

— Deve mesmo, não sabemos por quanto tempo estaremos aqui.

— Verdade, vamos lá falar com a tia do lanche?

— Vamos.

Levo ele até a lanchonete de dona Helena, esse é o nome dela. Ela nos olha por alguns segundos tentando nos reconhecer, e finalmente nos reconhece.

— Estou lembrando de vocês, são aquele casalzinho que sempre vinham aqui depois da aula.

— Sim, nós mesmo. –digo.

— Como o tempo passou, vocês estão tão bonitos, ainda estão juntos?

— Infelizmente não. –Matheus diz.

— Mas são amigos, isso é bom.

— Sim. –digo.

— Ainda gostam de croissant?

— Na verdade faz muito tempo que não como um tão bom quanto o da senhora. –Matheus diz.

— Eu vim aqui outras vezes, mas a senhora não estava.

— Então sentem, daqui a pouco eu trago.

— Pode fazer pra viagem, dois.

— Tá, já trago.

Matheus puxa a cadeira para que eu sente, enquanto esperamos, ele sempre foi cavalheiro, isso não mudou.

— Eu não vou conseguir comer nada. –digo.

— Mas seria uma desfeita com ela se não tivéssemos aceitado.

— Verdade.

— E como é trabalhar para os Alencar?

Não havia pensado em Caio desde que acordei e essa pergunta me fez pensar nele, no que deve estar fazendo, se estar falando com alguma mulher, essa hipótese me deixa triste, mas preciso seguir minha vida, ele é impossível para mim.

— Um pouco tenso, Caio é muito exigente, muito sério. –e muito bom de cama, penso.

— Ele tem fama mesmo, de vez em quando vejo reportagens sobre ele e sua família.

— É, mas é muito bom trabalhar lá, o salário é bom, tenho aprendido bastante.

— Que bom.

— Sim.

— Não sabia o quanto eu sentia falta desses momentos com você, até te ver ontem. –ele segura minha mão.

— Aqui meus filhos. –dona Helena nos interrompe.

— Obrigado. –Matheus diz. — Quando custa?

— Deu 30 –ela diz.

— Eu pago a metade. –digo.

— Não precisa, pode deixar que eu pago. –ele diz e entrega o cartão para ela. — No débito, ela passa o cartão e devolve para ele.

— Obrigada meninos, voltem sempre.

— Vamos voltar sim, eu principalmente voltarei mais vezes. –Matheus diz e me olha.

Caminhamos um pouco mais pela praça, relembramos os lugares que gostávamos de vir e de trocar uns beijos, pura nostalgia.

De certa forma foi bom ter voltado antes, esses momentos com Matheus estão me fazendo esquecer um pouco toda a tristeza que estou sentindo.

— Vamos aonde agora?

— Não sei.

— Para casa não, podemos ficar aqui na rua até suas irmãs voltarem.

— E nossa saída da noite? Cancela?

— Você pode vir jantar na casa dos meus pais, eles não tiveram tempo de falar com você ontem.

— Tá, pode ser.

— E então vamos aonde?

— Almoçar na minha mãe?

— Não, ainda está cedo para o almoço. O que você quer fazer?

— Podemos ir casa pra casa da minha mãe ver um filme.

— Pode ser, você mora muito longe daqui?

— Sim, fica mais ou menos a uma hora daqui.

— Um pouco longe.

— Não mais que você.

— Verdade.

— Vamos então?

— Vamos.

Alguns minutos depois Matheus estaciona o carro em frente a casa da minha mãe.

— Estou fazendo o almoço, você vai ficar meu filho? –minha mãe pergunta quando entramos.

— Vamos ver um filme dona Maria, caso o filme termine tarde, sim, eu vou ficar, senão eu vou pra casa.

— Tudo bem, mas eu fiz aquele assado de panela que você gosta.

— Sendo assim eu vou ficar. –Matheus sorri.

— Que bom.

Tenho uma leve impressão que minha mãe está tentando agradar Matheus na esperança que nós fiquemos juntos.

Até que não seria má ideia, mas infelizmente não mandamos no coração, se eu mandasse óbvio que eu escolheria me apaixonar por Matheus e toda essa calmaria que ele me passa.

Não sei porque o coração insiste em gostar sempre das pessoas erradas, mas Caio tem algo que me atrai, e não falo só da beleza física, não sei explicar o que sinto quando estou com ele.

Mas ele é meu chefe, só me fez assinar um contrato porque precisava de mim, ele até quis abandonar o contrato, não por amor, mas por prazer, ele queria ficar comigo sem nenhum compromisso e eu não quero isso para minha vida, só transar com alguém de vez em quando, sem romantismo, sem sair para jantar, sem planos para o futuro.

Eu sei que sou meio brega por pensar assim, que outras pessoas da minha idade acham isso super normal, mas eu não gosto, eu gosto de compromisso, de estar apaixonada.

— Raquel?! –Matheus chama minha atenção.

— Oi.

— Está pensando em quê?

— No trabalho, tenho muitas coisas para fazer quando voltar.

— Não pensa nisso, temos uma semana de folga, vamos aproveitar.

— Sim, vamos.

Vamos para a sala e escolhemos um filme de ficção científica para assistir, é algo que sempre gostamos, assistir esse tipo de filme, algumas coisas não mudam.

Matheus está sentado ao meu lado muito concentrado no filme, ele ama isso. Olho para ele e vejo o quanto ele mudou, agora é um homem, forte, alto, com seus cabelos lisos e muito pretos e seus olhinhos puxados, que eu acho a coisa mais linda.

— Tá olhando o quê? –ele pergunta quando me pega olhando para ele.

— Estou olhando como você mudou.

— Espero que tenha sido pra melhor. –ele sorri.

— Claro que foi.

— Raquel?

— Pode dizer.

— Você sentiu pelo menos um pouquinho a minha falta?

— Claro que senti Matheus! Nos conhecemos desde quando éramos crianças, sempre brincávamos juntos, éramos inseparáveis.

— Disso eu sei, mas queria saber se sentiu falta do nosso namoro.

— Óbvio que sim, você foi meu primeiro namorado, a primeira pessoa por quem me apaixonei, meu primeiro em tudo.

— Eu nunca consegui ficar com ninguém por muito tempo, porque eu sempre procurei um pouco de você nas outras, só que não existe ninguém igual a ninguém.

Fico sem palavras diante do que ele fala, a verdade é que eu gostaria de sentir o mesmo que ele, mas eu sim consegui me apaixonar por outra pessoa, mesmo que não valha a pena.

— Eu não espero que você sinta o mesmo, só estou te falando coisas que eu senti vontade de falar durante muito tempo, mas nunca mais havíamos nos encontrado, e não posso perder a oportunidade.

— Eu não sei nem o que dizer.

— Não precisa dizer nada, eu só queria falar isso pra você.

Eu não falo nada e voltamos assistir o filme.

Quando o filme termina, nós vamos almoçar.

Foi um dia muito agradável que passei ao lado dele.

Ficamos conversando até dar a hora de buscar minhas irmãs.

Depois que buscamos elas Matheus vai para casa, mas dizendo que vai voltar mais tarde para me buscar para ir jantar com ele e seus pais.

Eu deito um pouco, e Caio vem a minha mente, a forma como me tocou, a forma como nos damos bem na cama.

Não sei como será voltar ao trabalho, vai ser difícil, mas terei que superar, pois preciso desse emprego e não vou abaixar minha cabeça para isso, vou seguir em frente como sempre fiz.

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Comments

Ingrid Santos

Ingrid Santos

o livro é muito bom,mais gostaria que tivesse a fala do Caio tbm o que ele pensa

2024-02-05

115

Katia Mohr

Katia Mohr

Também faz falta a fala de Caio...muito boa a história..

2024-05-09

1

Vó Ném

Vó Ném

Ela ama verdadeiramente o Caio ...como já falei a ficha dele só vai cair qdo ele encontrar com. outro cara , aí sim vem o sentimento de perda

2024-05-09

1

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