Mas que não posso ter!

Tento dar o meu melhor sorriso para amenizar o seu humor, mas não parece surtir efeito.

Ceci larga o copo na pia e se vira me deixando sozinho.

Mal ela sai e um tremor estranho transpassa meu corpo.

Apoio as minhas mãos novamente na ilha, e fico ali, encarando o teto.

Puta merda, estava difícil disfarçar todo aquela avalanche de sentimentos que insiste em aparecer toda a vez que ela está por perto.

Passo a mão pela testa.

Brady tem razão. Existe uma faísca estranha que me impulsiona a provocá-la, e ao mesmo tempo desejar te-la por perto. Ela me assusta. É a única que me irrita na mesma proporção que me causa admiração; a única que eu atendo a qualquer hora. Que sinto ciúmes, que desejo além do normal.

Mas que não posso ter...

balanço a cabeça e espanto qualquer pensamento estranho e sentimento que não pertencem a mim.

A noite fica ainda pior quando ouço a voz estridente de Charlotte misturada com a da minha mãe, meu pai que cumprimenta Brady. Tom, marido de Charlotte, chamar o cachorro do Liam que entra na cozinha latindo no meu pé. Estreito os olhos e me abaixo para acariciar o husky siberiano que há um mês era um filhote, mas agora parece maior que o pequeno Liam.

— Thor— O pequeno xerox da Honey grita entrando logo atrás, ele me encara. — Oi, tio Eduard. — A criaturinha estende a mão minúscula em minha direção.

encaro a palma estendida.

— Quem lhe ensinou esse cumprimento? Pergunto curioso.

— Não preciso que me ensine, Já sou grande. — Afirma apertando minha mão

— Certo! — Resmungo, minha mão quase engole a dele.

Vi aquela postura de mini gente grande se desfazer quando Ceci para atrás dele e tampa seus olhos com as mãos. A loira está com os olhos brilhando.

— Quem é o pinguinho mais inteligente do mundo? — Ceci pergunta e Liam começa a pular.

— Tia Ceci, tia Ceci...sou eu, sou eu...

Ele se vira para abraça -lá.

— Ele não parava de falar de você, Ceci. — Minha mãe entra na cozinha.

— Eu estava morrendo de saudades– Ceci, admite segurando Liam no colo, após enchê-lo de beijos.

O pequeno parece maior que ela.

— Não exagera, mãe. Liam perguntou apenas duas vezes. — Charlote também entra acompanhado por meu pai e o tom.

— Duas vezes a cada uma hora. Admita, filha você está com ciúmes — Meu pai fala me cumprimentando— Que bom que está aqui filho.

— Não tive muita escolha.— Resmungo, cruzando os braços.

— Eduard— minha mãe adverte me dando um beijo na testa. Tive que me curvar para ela alcançar.

De repente a cozinha esta cheia. Minha mãe ao meu lado segurando minha mão, meu pai observava Liam no colo da Cecí. O pequeno grudado no pescoço da loira. Charlotte e tom parados em frente a pia. Só Honey e Brady que permanecem na sala abraçados com um sorriso apreensivo.

— Afinal, por que a reunião?— Tom pergunta, levando uma cotovelada da Charlotte

Franzo o cento sentindo a dor na espinha. Bem na lateral do corpo.

Ui, essa doeu.

— Aí— Ele reclama

— Não seja insensível, amor! esse lado deixamos para meu irmão. — Charlotte provoca.

— Estou fazendo a mesma pergunta desde o momento que cheguei aqui, irmãzinha.

— Vamos parar de brigar vocês dois, não precisamos de motivos para reunir a família. — Minha mãe adverte e minha querida irmã joga um beijo no ar.— E que motivo melhor do que ver Brady e Honey juntos novamente, estava torcendo por isso, não aguentava mais os dois sofrendo pelo canto.

Todos olhamos para o casal afastado.

— Tia Ceci quando vou voltar para o nosso apartamento? Minha mãe falou que só depois da reforma— Liam pergunta, alisando o cabelo da loira.

Cecí troca um olhar confuso com a Honey. Que assente.

Foi a desculpa que minha cunhada usou para não ter que voltar para o apartamento das duas, aquele lugar ainda trás tristes recordações que ela não quer reviver.

— Você sabe que reforma demora, não é pequeno?

Ele assente

— Lembra daquela vez que coloquei fogo na cozinha?

— Ahhh? — Todos falam ao mesmo tempo

Ela não se importa com o assombro no olhar da minha família e volta a falar.

— Eles demoraram mais de um mês para conseguir limpar a bagunça— Ceci se agacha colocando Liam no chão — Mas, creio que onde você está é muito legal. A casa da vovó íris é bonita grande e...

— Segura!— Provoco

— Tem espaço para você brincar com o Thor. — Me ignora.

— Mas eu tenho saudades de você.

— Eu também tenho. Mas agora eu vou poder vê-lo diariamente e até buscar na escola co.o antigamente.

— Só uma pergunta— a minha mãe dá um passo a frente com o dedo levantado — Como conseguiu colocar fogo na cozinha, querida?— pergunta com a voz doce.

Deus, isso está começando a ficar bom.

— Ela não sabe cozinhar— apresso-me a falar. A loira fica vermelha e me passa um olhar diabólico — O quê? — faço-me de inocente.

— Não é nada disso, dona íris. Não sabia que precisava colocar água para fazer um...

— Miojo— Charlotte completa. É óbvio que a minha irmã também não sabe cozinhar

— Esquece – Ceci completa. balançando a cabeça.

— Tia Ceci faz a melhor pipocar de micro-ondas que existe.

— Isso é fácil, é só tirar da embalagem e colocar no micro-ondas — a minha irmã fala se gabando, coitada.

— Cecí, cozinhar é um dom que nem todos tem a sorte de nascer, mas se quiser eu posso ensinar. — a minha mãe fala

— Não sei se adianta. Passei muito tempo observando a minha mãe cozinhar, e ouvindo o meu pai dizer que lugar de" mulher é na cozinha", que mulher que preste precisa saber cozinhar e para não me sentir mal, a minha mãe deixava eu ajudar nos preparativos, era até divertido, mas nunca consegui de fato aprender. — Ceci fala envergonhada

E observei com estranho fascínio todos encarar a loira compadecido.

A pequena diaba sabia mesmo conquistar qualquer um com aquele jeito delicado.

— Talvez seja diferente, apareça na minha casa e vamos testar minha teoria.

– Só não esqueça de deixar um extintor próximo, vai quee...

— Eduard! — Sou repreendido novamente.

— Íris, sinto-lhe informar, mas se não deu certo com Charlotte talvez aconteça o mesmo com a Cecília — Até que enfim alguém me entende, meu pai — Nada contra, Ceci. Mas até o macarrão instantâneo da minha filha é horrível. Bem falou, meu amor, tem pessoas que nasce com o dom igual ao Eduard e o Brady — o meu pai toma a mão da minha mãe e esquiva para procurar o meu irmão —Filho, Quando será servido o jantar? O cheiro está divino.

— o meu miojo nem é tão ruim assim, Tom come sem reclamar. — Charlotte fala como se fosse o óbvio.

— Talvez devesse olhar a planta ao lado da sua mesa de jantar. Fiquei sabendo que a coitada morreu depois que ele jogou o miojo fora — Levantei meu olhar para ver Charlotte me fuzilando.

Tom me passa um sorriso concordando com a asneira que saiu da minha boca.

— Vamos para mesa de jantar. — Brady fala entrando na cozinha

Ele bate no meu ombro rindo e encara a Charlotte com olhos mortais para cima de mim.

— Me avisa quando será o enterro! — Brady fala, brincando, apontando mim e o Tom .

Mas nem ligo, estou mais interessado em procurar a loira que já saiu da cozinha e está sentada com o Liam à mesa.

Até agora ela ainda está corada com um sorriso doce nos lábios.

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