Encaro a gravata slin bem alinhada que se iguala aos meus cabelos, o topete está sem um fio fora do lugar.
Bom, eu posso me gabar olhando a minha imagem. Não é qualquer homem que fica bem em um terno azul Royal, mas eu estou divino, majestoso o que casa perfeitamente com a minha presença altiva.
Desvio o olhar só para medir, o merdinha ao meu lado.
Sua altura não alcança meu ombro...
Constatar isso me faz abrir um meio sorriso. Estou me gabando, eu sei...
Ele usa uma calça jeans cargo, uma camiseta de alguma banda qualquer e um tênis que nem sobre tortura colocaria no meu pé.
Gostaria de saber o que ela viu nele.
O cabelo curto, olhos pretos e em seu rosto estava estampado um ar de deboche, de menino que mal saiu do colegial. Não parece nada com os meninos que trabalham na mesma empresa de tecnologia que ele e a Ceci. Todos são nerds, tem estilo de nerds e parecem andar em bando. Eles usam óculos, vestem praticamente iguais, são tímidos, muito tímidos. Sempre que encontro com algum deles parece tremer na minha frente. Da última vez que tentei ter uma conversa razoável com um deles, na verdade eu só queria saber onde estava a doente de jardim para pedir que me ajudasse com o meu computador, mas o que eu entendi daquela conversa?
Nada!
O garoto só sabia gaguejar.
Acho que sou considerado um deus para eles.
Mas esse Wil, ele não abaixa a cabeça. Nesse momento ele está com o nariz empinado me encarando com a mesma expressão de desgosto que eu.
É um bostinha, uma criança que tem muito que aprender para chegar ao meu nível de galanteador. Não é a primeira vez que temos essa rivalidade declarada. Toda vez que nos esbarramos é assim, essa briga silenciosa pelo domínio de território. Mas eu sempre ganho, é sempre ele quem abaixa a cabeça primeiro.
Aperto o nó da gravata e estufo o peito.
Ele abre mais os olhos e ergue o rosto para me encarar. Os olhos redondos e saltados ficam levemente mais esbugalhados.
Que porra é essa?
Quando eu estou preste a perder a paciência, o amigo dele chama sua atenção, batendo em seu braço e ele desvia o olhar.
— Não vamos ter problemas com o trabalho em cima da mesa? — O amigo sussurra no ouvido dele, mas consigo ouvir e começo a prestar mais atenção no que eles falam.
— Fala mais auto, idiota. — Wil reclama— não posso ficar a noite inteira trancado aqui.
— E o que vamos fazer? Esse serviço era para semana passada. Mais uma advertência e vamos ser convidados a nos retirar.— O magrelo corcunda ao lado dele resmunga endireitando os óculos no nariz.
Wil me passa um olhar e disfarço, olhando no meu relógio de pulso.
Estava curioso para saber a sua reposta. Mesmo já imaginando para quem vai sobrar o trabalho.
— Vou dar meu jeito, sempre dou. Da outra vez consegui sair ileso e ainda levei os parabéns por um trabalho que nem sei fazer — Se gabou estufando o peito de pombo. Me enfezei porque sabia de quem era o mérito.— No final tudo dá certo é só uma questão de charme, de lábia, chaveco... aprende com o papai aqui, eu sempre consigo o que quero, e dessa vez não vai ser diferente só preciso fazer a cec.. — Ele interrompe a frase porque encaro o desgraçado com a mandíbula cerrada e fogo nos olhos só esperando ele terminar.— É,ee vamos...
A porta se abre e a tensão no meu corpo só diminui quando ele sai arrastando o abestado do amigo para fora de cabeça baixa.
Eu não sou merecedor da Ceci, tenho plena consciência que nunca serei o que ela merece, mas esse daí, com certeza, não deveria nem pisar no mesmo chão que ela.
Atravesso o salão principal feito bala.
Estou com os braços pesados, e uma leve dor nos dedos de tanto que os aperto contra minha própria mão. É nítido que o serviço do qual eles falaram vai sobrar para ela.
Ele com a lábia de gavião vai convencê-la a fazer tudo sozinha. E ela com aquele jeito inocente e doce, incapaz de ver malícia em um ser humano como ele, não vai recusar.. nunca negaria um favor.
Queria abrir aquela cabecinha loira e fazê-la enxergar o cara tóxico que ele é.
Foda-se
Que se dane os dois...
eles se merecem...
Reviro os olhos e passo pelas portas de vidro, descendo as escadas para a avenida movimentada. Logo avisto o meu carro.
— Obrigado! — Agradeço ao manobrista, pegando as chaves no alto.
Perco uma fração de segundo só para me ajustar no banco. O ronco do motor soa como boas vidas. Encaixo o cinto de segurança e imediatamente sinto o carro me abraçar. O tamanho perfeito para no máximo duas pessoas, o cheirinho de limpo e tudo no lugar. Eu disse tudo. Não há um fio de cabelo no chão ou nos bancos de couro marrom, isso me acalma.
Dou partida já sentindo o meu corpo relaxar, curtindo a sensação de estar com a minha vida nas pontas dos meus dedos. Sobre o meu controle.
Dirijo pela cidade sentindo o vento frio tocar o meu rosto enquanto acelero com os pensamentos na reunião familiar.
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Atualizado até capítulo 104
Comments
Jucileide Gonçalves
Se convencimento doesse, esse estaria ferrado kkkkkkkk
2024-09-16
0
Lucimar Alves
e um convencido kkk
2024-09-02
0
Lulu 🌹
Um egocêntrico e narcisista 🤮
2024-02-26
5