Conhecendo.

Capitalia, 2010.

Estava próximo do recesso do meio do ano - inclusive o tempo estava ainda mais quente e seco - e todas as coisas já estavam mais caras, é o que se chama de inflação... nosso dinheiro valendo menos, porém eu estava com um montante que nunca tive antes. Investi em mim mesma e pintei meus cabelos de loiro em tom bem claro e para mudar mais ainda fiz uma cirurgia estética, colocando alguns mililitros de silicone em meus seios. Fiquei satisfeita com o resultado.

Não só eu, obviamente. Até o presidente voltou a me procurar e era hora de tentar arrancar dele novas informações. Conhecendo aquele verme eu sei que não será nada bom quando eu estiver de quatro, então espero que o conhecimento que ele tenha para mim seja bom. Essa curiosidade ainda me mata.

O caso aconteceu após uma reunião feita no palácio que ele mora. Aliás, se é uma república, por que os presidentes moram em um lugar assim? Tenho certeza que a população não queria seu dinheiro sendo gasto dessa forma, porém procuro não pensar nisso. De vez em quando sinto que minha mente faz como que “o papel de Anna”. Imagina o que minha melhor amiga diria sobre isso...

Ao menos essa foda foi melhor, porque foi na enorme piscina de águas de ótima temperatura. Claro, nada da minha amiguinha chegar ao clímax, todavia foi melhor que da outra vez. E recebi uma proposta:

- E o cuzinho, quando vai liberar? - ele sabe que nunca fiz anal. Canalha.

- Quando valer a pena... eu tipo... não pretendo vender a alma ao diabo, mas dar o cu por algo que tenha valor parece bom pra mim - respondi com uma indireta.

- É... eu poderia te estuprar agora mesmo e acabar com esse seu cu, você sabe, não é? - Fernão odiou minha provocação. Que merda. Pensei rápido e respondi.

- Pra que fazer isso quando pode fazer uma proposta para que eu aceite de bom grado? - respondi com fala bem mansa, torcendo para reverter aquilo. Acho que nunca estive tão temerosa em toda a minha vida.

- É... acho que não. Você está se achando muito sem ser nada demais - ele fala e me agride com um tapa. Filho da puta.

O que acontece a seguir é... verme... maldito... quando tudo acabou eu fiquei assustada percebendo o sangue na água da piscina... dor na região invadida e na alma...

De repente abri os olhos. Estava em uma cama de hospital. Uma boa pessoa que me levou até lá me informou que eu desmaiei e fui levada prontamente para o melhor hospital da região. E não precisava me preocupar com conta nenhuma. E falando em dinheiro, deixaram para mim uma quantia muito considerável, como que buscando compensar o estupro. Que absurdo. Criminosos, malditos...

Agora eu tenho dinheiro... agora acho que posso sair ou melhor tenho que sair...

Logo após receber alta eu já fui para casa começar a arrumar minhas malas. Aquilo foi a gota d’água. Claro que não ia adiantar contar para ninguém, quem iria acreditar em mim, que o canalha com o maior cargo do país me estuprou na piscina do palácio do governo? Porém eu nem queria saber de nada, apenas sair dali. Então a campainha tocou.

Perguntei quem era enquanto olhava pelo olho mágico. Uns homens de preto e boina de estilo italiano... seria a máfia?

- Queremos apenas conversar, pode abrir a porta - um dos homens dizia do outro lado.

Eu quase desmaiei... esse pessoal veio me matar!? Respondi ainda com a porta fechada.

- Não precisam fazer nada, eu não sou ninguém especial - agora voltei ao jogo, agindo com mais cautela e me lembrando das palavras daquele amaldiçoado antes de destruir minha alma.

- Não vamos te matar, se quiséssemos já o teríamos feito - o líder deles responde.

Pior que parecem palavras verdadeiras. Abro só um pouco da porta, mas eles empurram e entram à força. Sou amarrada e amordaçada. O líder deles senta-se na minha frente e fala:

- Apenas escute... você deu sorte por ser uma pessoa querida por algumas pessoas do partido... outra em seu lugar já teria recebido uma bala na cabeça ou outra coisa do tipo, portanto valorize o que estamos fazendo - ele falou sério e aguardou um movimento de minha parte.

Acenei positivamente com a cabeça enquanto as lágrimas insistiam em cair e ele disse, sem compaixão nenhuma:

- Você não sai desse sistema. Não com vida - ele fala após um dos capangas mostrar para ele que eu estava pronta para fugir - seja inteligente e, em vez de sair, poderá crescer mais... viemos dar esse aviso: Não faça nada de errado para que nada de errado aconteça com você ou com algumas pessoas em Campinho - e ficou de pé.

Eu fiquei em um misto de ódio e medo e só me soltaram e tiraram a mordaça apenas quando eu me acalmei. Mostrando suas armas eles saíram e tudo estava em ordem, nem parecia que havia acontecido uma invasão. Esse pessoal é realmente profissional. Que coisa assustadora.

Como estou arrependida de ter entrado nesse tal sistema... eu não me corrompi a ponto de me tornar como eles, porém não posso sair. O que fazer?

Fiquei os próximos dias em casa com essa pergunta na cabeça e nenhuma resposta. Um belo dia a campainha tocou. Era um psicólogo mandado pelo partido. Ou pela máfia, sei lá. Eu estava desnutrida, afinal só estava praticamente bebendo água. Após uma boa conversa e uma alimentação que me deu forças eu pude voltar, aos poucos, para minha rotina normal, se é que dá para dizer isso. Tudo havia mudado após... aquilo... não bastasse o crime cometido naquelas águas aqueles homens invadindo minha casa. Não sentia segurança de nada. Não conseguia olhar ninguém nos olhos. Parte de mim quer morrer... apenas parte de mim... a maior parte ainda é esperança. Esperança em sair pacificamente dessa enorme encrenca que estou e esperança que de alguma forma, nem que seja intervenção divina, os criminosos recebam punição, a começar por aquele maldito... verme... filho da puta... canalha... estuprador.

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