Ela não podia saber

                 Sebastian

                     Cecília ia voltar de Londres. Faltavam apenas horas para ela voltar para casa. Eu estava tão arrependido por tê-la traído com a sua própria filha, que apenas queria voltar atrás do tempo e me impedir de fazer aquilo ou então esquecer, e fingir que não aconteceu para proteger meu casamento.

                    Se Cecília soubesse, iria me odiar. À Grace ela obviamente iria perdoar facilmente porque, ela é sua filha, mas à mim não. E eu estava muito apaixonado por ela, para permitir que aquilo acontecesse.

                   Não sei o que me deu para fazer aquilo. Eu era o homem mais idiota do mundo. Cecília era a pessoa certa para mim, e eu não devia estragar as coisas daquele jeito.

                    Parei o carro no saguão, e desci. Eu precisava de alguém para conversar. E Garrett ia me ouvir e me aconselhar.

                  Fui rapidamente para o seu apartamento, e toquei a campainha. Olhei para o relógio para saber se não era uma boa altura para aquilo, quando ele abriu a porta para mim.

                        - Não me diga! Está fugindo da sua enteada! - Ele estava usando simplesmente uma toalha na sua cintura.

                  - Não e sim. - Entrei. - Você vai sair com a sua namorada ou ela já terminou com você?

                     - Muito engraçado Welles! Eu vou sair com ela daqui há duas horas.

                    - E você já está se arrumando? Uau! - Sentei no sofá.

                        - O que eu posso dizer? Estou apaixonado. Michelle é um anjo na minha vida. - Ele sorriu distraído.

                     - Fico muito feliz por você.

                     - Então, o que está acontecendo no seu mundo?

                          - Muitas coisas, caro amigo. Você nem imagina. Eu estou com muitas saudades de Cecília, e bom, digamos que eu dormi com a filha dela.

                          - Isso é uma espécie de enigma? - Ele falou incrédulo.

                          - Quem me dera! Eu estou falando sério.

                         - Me diga que você dormiu literalmente. Por favor!

                         - A gente transou mesmo, Garrett!

                        Ele se levantou como se eu tivesse dito que era corno.

                        - Não está certo! Você ama Cecília! Você não devia. Sebastian você consegue entender a gravidade da situação?

                         - Bem, agora sim. Eu pensei que esquecer era o suficiente.

                        - Porquê você fez aquilo Sebastian? Com a sua enteada? Enlouqueceu?

                       - Você precisa entender que ela... é... - Tentei encontrar uma palavra que se enquadrasse nela.

                       - Gostosa, sexy, inocente, linda? - Ele completou perguntando. - Ela não odeia os homens? Não odeia você?

                        - Ela confia em mim agora. Eu acho. Mas eu estou extremamente arrependido e não vou voltar a fazer aquilo.

                         Garrett voltou a sentar no sofá. - E Cecília? Você vai contar pra ela?

                       - Claro que não! Se eu contar, ela não vai me perdoar.

                      - Eu não esperava ouvir uma coisa dessas.

                     - Talvez eu conte quando as coisas esfriarem. Não sei! Só não quero que Cecília peça o divórcio. Eu a amo. E aquilo aconteceu por estar afastado dela.

                       - Não volte a cometer um erro desses se não quer que Cecília se afaste de você.

                      - Eu sei. Não volto a falhar com ela. - Olhei para sua toalha. - Eu vou deixar você se arrumar para sua namorada. Preciso ir pra casa e fingir que a manhã de hoje não aconteceu.

                       - Boa sorte! Não se esqueça! Não cometa mais erro algum.

                       - Não vou. - Levantei e bati no seu ombro nu. - Boa sorte com o seu encontro.

                       Saí e fechei a porta. Guardando na minha cabeça tudo que Garrett me tinha dito. Porque eu precisava fazer aquilo. Precisava seguir seus conselhos.

           [...]

                           Estava esperando no aeroporto há duas horas. Não parava de olhar para o relógio, com uma ansiedade terrível. Passei a noite toda pensando em como seria estranho estar com Cecília sem que ela soubesse o que Grace e eu fizemos.

                     Levantei assim que vi a minha Cecília se aproximar e sorri. Ela estava deslumbrante como sempre, com uma mala na mão e o seu casaco na outra.

                      Quando chegou perto, beijei seus lábios, sem deixar ela dizer uma palavra. Embora ela não soubesse, precisava provar para ela o quanto a amava, e que não ia suportar ficar sem ela. Ela era tudo o que eu tinha.

                          - Já entendi! Você está com saudades. - Ela falou assim que se afastou sorrindo.

                         - Claro que estou. Você não está?

                        - Claro que estou. Mas vamos matar saudades em casa. É melhor. - Ela me levou para fora do aeroporto.

                      - Como foi a viagem? Correu tudo bem?

                      - Felizmente sim. Mas dentro de uma semana eu vou voltar a viajar. Me perdoa. - Ela disse triste.

                      - A culpa não é sua. Por mim, está tudo bem. Vamos aproveitar os dias em que estiver aqui tudo bem? - Perguntei.

                    - Sim. - Ela me beijou outra vez e entramos no carro.

         [...]

                      Abri a porta para Cecília assim que chegamos. Ajudei ela a levar as malas e Grace surgiu com aquele rosto triste de sempre. Mas quando viu Cecília, ela ficou feliz e foi abraçá-la. Eu não sabia se ela seria capaz de contar o que aconteceu para Cecília. Esperava que não.

                   - Mãe! - Grace falou já abraçando Cecília.

                       - Como você está filha?

                       - Eu estou... bem. - Grace falou distraída. 

                       Fui para o quarto levar as malas de Cecília, depois sentei na cama. O que eu estava sentindo era a culpa me consumindo. Eu queria dizer a verdade pra Cecília, porque talvez fosse melhor e ela iria entender, mas quando pensava naquilo, eu sabia que era mentira. Cecília não ia entender. Não havia nada pra entender. Nós fomos, eu fui irresponsável e idiota.

                      Cobri meu rosto com as mãos, e fechei os olhos. Ouvi a porta abrir, mas mesmo assim, não olhei.

                      Cecília sentou na cama e passou as mãos por minhas costas, e me fez olhar para ela. Ela estava preocupada comigo, mas o que eu podia fazer? Não ia conseguir fingir que nada aconteceu.

                        - Alguma coisa errada meu amor?

                        - Claro que não! Estou apenas com uma dor de cabeça infernal. - Sorri.

                       - Eu vou só tomar um banho e já venho cuidar de você. - Ela beijou o meu rosto e se levantou.

                        - Adoraria que cuidasse de mim, mas acho que vou me juntar a você no banho. - Também levantei e segui seus passos.

                       Pressionei ela contra a parede e passei a mão pelo seu rosto. - Eu sou uma sortuda!

                       Beijei ela. - Eu também sou. Sou o homem mais sortudo. Se podesse casava com você novamente.

                        - Não exagera. - Ela me beijou, e começou a tirar a minha roupa de forma selvagem e faminta, e eu fazia o mesmo. Como antes, fazendo de tudo pra provar o quanto amava aquela mulher.

           [...]

                    Vi Cecília mexendo no celular quando acordei. Eram apenas quatro da tarde. Sentei perto dela na cama e beijei seu pescoço, seu ombro e seu queixo.

                         - O que você está fazendo? - Perguntei.

                        - Conversando com o vice presidente da empresa. Ele é muito exigente. Felizmente para mim. Não podia ter escolhido a pessoa mais indicada para essa função.

                       - Gosto tanto do jeito que você faz as coisas sabia? Principalmente quando tem a ver com a sua empresa. Acho que Grace devia trabalhar com você.

                         - Ela acha que não está pronta ainda.

                        - A propósito, Ray esteve aqui ontem. - Ela tirou os olhos do celular e olhou para mim.

                        - O quê? O que ele fez com a minha filha?

                        - Disse coisas horríveis, Cece. E, ameaçou ela. Ele é um demente. Você não estava brincando quando disse isso.

                           - Coitada da Grace. Duas vezes numa semana. Eu já não sei o que fazer com Ray.

                         - Ele tem outros filhos?

                       - Sim! Ele nunca casou, mas engravidou uma mulher quando Grace tinha dois anos. Ele gostava dessa mulher, porque idolatrava o filho deles. Até hoje ainda o faz, principalmente depois da mulher ter morrido. Ele tem dois filhos: A Grace e mais um outro. Infelizmente, ele não gosta da Grace.

                        - Ele te fez sofrer muito?

                        - Sim, mas graças a Deus, eu consegui ultrapassar. Mas tenho a certeza que Grace não. Ela não vai ultrapassar nunca, porque ele é o pai dela, e eu sei que apesar dele não gostar dela, ela gosta dele.

                        Fiquei em silêncio depois do que ela disse. Grace sofreu muito por causa do seu pai e como se não bastasse, ele não desistia de infernizar a vida dela. Como um pai podia ser tão cruel com o seu próprio filho? Como um pai poderia não amar seu filho? Sangue do seu sangue, que ele próprio gerou?

                         Como ele teve coragem de dizer a Cecília para abortar? Aquilo não era ser "pai"! Ele não era um pai de verdade. Quando eu tiver um filho, eu vou me esforçar o bastante e dar a ele o que precisar. E não vou deixar Cecília sozinha naquilo. Vamos os dois cuidar deles.

                       Tudo o que podíamos fazer era adotar. Embora eles sejam adotados, vamos tratá-los como se fossem sangue do nosso sangue. Vamos fazer de nossa casa um lugar feliz. Jamais faria o que Ray fez.

                       - Sebastian, eu quero um filho com você. - Ela falou.

                       - Eu também quero. - Beijei sua testa. - Vamos esperar só um pouquinho. Vamos adotar os nossos meninos. Em breve!

                         - Depois da Grace, eu não pude mais ter outros. Eu peço desculpa. Eu era muito nova quando Grace nasceu... - Beijei seus lábios para impedir que continuasse com aquele pedido de desculpas sem sentido.

                       - Não peça desculpas Cece. A culpa não é sua se não pode mais engravidar. Nós vamos achar uma solução. Eu vou estar sempre ao seu lado meu amor. Eu te amo!

                       - Eu também te amo.

                        - Que tal se a gente for jantar fora hoje? - Ela olhou para mim depois de limpar as lágrimas.

                       - Parece uma ótima ideia. - Ela disse e apoiou o rosto no meu peito, e envolveu os braços em mim.

                          - Cece? - Chamei por ela. De repente, eu tinha vontade de dizer para ela o que eu fiz com Grace e que estava muito arrependido, porque minha cabeça me dizia para fazer porque Cecília ia me perdoar.

                     O que realmente aconteceria se eu contasse, Cecília ia pedir o divórcio, eu a estaria machucando ainda mais. Estaria também machucando à mim, porque eu não queria me afastar dela. Ela ia me odiar, algo que eu não ia suportar ainda mais, afastaria ela da sua única filha, e Grace estaria a mercê do seu pai psicótico. Tudo seria culpa minha.

                       Ambos concordamos que não íamos dizer nada, para evitar problemas irreversíveis. Embora, eu tinha que confessar, aquilo que Grace e eu fizemos, foi, muito gostoso, bom, muito quente, excitante, maravilhoso, e intenso, foi um erro muito grave contra Cecília.

                      - O que foi amor? - Ela perguntou com a voz rouca. 

                       Eu quis dizer. Realmente, eu quis, mas o melhor era continuar de boca fechada e fingir que não aconteceu nada entre mim e Grace. E aquilo não significou nada mesmo. Estávamos simplesmente carentes e não sabíamos o que estávamos fazendo.

                       - Eu só queria dizer que eu te amo muito Cece, e que eu não posso ficar sem você. Não duvide disso nunca está bem?

                         - Está bem. Eu também te amo Sebastian!

                    - Eu sei que sim. E eu fico muito feliz por ter expulsado aqueles pensamentos ruins da sua cabeça para que me deixasse amá-la. - Por mais incrível que pareça, Cecília era um pouco como Grace, mas não tanto. Grace parecia perturbada, e Cecília era fechada, mas de um jeito bastante subtil. Ela sorria sempre. Não podia imaginar que ela era diferente até me aproximar demasiado.

                      O que eu disse sobre amá-la, não era mentira, só não fui capaz de dizer o que aconteceu. Definitivamente ela não iria saber! Ela não podia saber que eu dormi com a sua filha. Eram águas passadas. Ponto final.

                    - Eu também sou grata a isso, Sebastian. Todos os dias. Muito obrigada.

                   Beijei o topo de sua cabeça e abracei ela com muita força.

                      Eu prometi para mim mesmo que não ia voltar a cometer um erro daqueles com Cecília novamente. Não ia mais me aproximar daquele pecado eminentemente tentador. Eu amava Cecília o suficiente para não voltar a ser um idiota. Amava ela o suficiente para não deixar que o nosso casamento se arruinasse. 

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Comments

aeysha zaied farid

aeysha zaied farid

esse cara é muito sem noção..come a filha de manhã e a mãe a noite, diz que esta apaixonado e que ama...isso aí eu chamo de canalha e a folha tamanho mulher age como menina..

2024-09-15

0

Miriam Ramos

Miriam Ramos

acho até que a mãe dela tá traindo ele faça a gace poderosa não deixar ela ficar correndo atrás dele

2023-10-26

1

Zoleide Aquiles

Zoleide Aquiles

cara sem escrúpulos nenhum

2023-07-23

0

Ver todos
Capítulos
1 minha mãe vai casar
2 de volta a casa
3 o noivo da minha mãe
4 o casamento
5 padastro pervertido
6 castigo
7 pedido de desculpas
8 mal entendido
9 mal entendido parte 2
10 Não esperava
11 Não esperava parte 2
12 O pior erro das nossas vidas
13 Esqueça o que aconteceu
14 Ela não podia saber
15 porquê ele se afastou?
16 Não são ciúmes
17 Não são ciúmes parte 2
18 Não entendia aquele homem
19 Não entendia a mim mesmo
20 Aquilo parecia errado
21 Ela me amava
22 Era difícil para mim
23 Eu a amava
24 Nossa estranha relação
25 Apenas ela
26 Não podia escapar
27 Ele não a amava como eu
28 Eu a odiava
29 Estava tudo dando errado
30 Eu tinha que dizer
31 Ela desconfiava
32 Ele tinha uma amante
33 Estava difícil esconder
34 Um desejo pecaminoso
35 Ela não ia me perdoar
36 A decisão mais difícil da minha vida
37 PARTE DOIS: tudo começa...outra vez
38 arrependido
39 não consigo acreditar
40 diga que também quer
41 apenas uma dança
42 te quero de volta
43 triste adeus
44 tempo difícil
45 tudo inesperado
46 definitivamente acabou
47 não podia acabar
48 eu estava tentando
49 eu suportaria tudo por você
50 o que ainda existe entre nós
51 mais uma chance
52 onde está Grace
53 de volta para a dor
54 acordando para a vida
55 ela me deixou
56 meu pior erro
57 por minha culpa
58 perdão
59 feliz novamente
60 o que me preocupa?
61 casamento e dúvidas
62 prometa
63 o passo errado
64 a longa distância
65 decisões
66 minha escolha
67 os primeiros desastres
68 Ela foi sem dizer adeus
69 A carta
70 sinal de vida
71 Em contato
72 saudades
73 ao seu lado
74 esquecer
75 faço isso porque te amo
76 tinha que tentar
77 segundos desastres
78 pior que a dor física
79 tudo errado
80 liberdade?
81 eu protejo você
82 eu te amo
83 menos um problema
84 belo funeral
85 correndo perigo
86 o pior desastre
87 castigo
88 lembranças parte 1
89 lembranças parte 2
90 lembranças parte 3
91 lembranças parte 4
92 lembranças parte 5
93 lembranças parte 6
94 lembranças parte 7
95 de volta ao mundo
96 com todo o meu amor
97 para sempre
Capítulos

Atualizado até capítulo 97

1
minha mãe vai casar
2
de volta a casa
3
o noivo da minha mãe
4
o casamento
5
padastro pervertido
6
castigo
7
pedido de desculpas
8
mal entendido
9
mal entendido parte 2
10
Não esperava
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Não esperava parte 2
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O pior erro das nossas vidas
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Esqueça o que aconteceu
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Ela não podia saber
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porquê ele se afastou?
16
Não são ciúmes
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Não são ciúmes parte 2
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Não entendia aquele homem
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Não entendia a mim mesmo
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Aquilo parecia errado
21
Ela me amava
22
Era difícil para mim
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Eu a amava
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Nossa estranha relação
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Apenas ela
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Não podia escapar
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Ele não a amava como eu
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Eu a odiava
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Estava tudo dando errado
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Eu tinha que dizer
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Ela desconfiava
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Ele tinha uma amante
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Estava difícil esconder
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Um desejo pecaminoso
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Ela não ia me perdoar
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A decisão mais difícil da minha vida
37
PARTE DOIS: tudo começa...outra vez
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arrependido
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não consigo acreditar
40
diga que também quer
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apenas uma dança
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te quero de volta
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triste adeus
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tempo difícil
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tudo inesperado
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definitivamente acabou
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não podia acabar
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eu suportaria tudo por você
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o que ainda existe entre nós
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mais uma chance
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onde está Grace
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de volta para a dor
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acordando para a vida
55
ela me deixou
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meu pior erro
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por minha culpa
58
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59
feliz novamente
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o que me preocupa?
61
casamento e dúvidas
62
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o passo errado
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a longa distância
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minha escolha
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os primeiros desastres
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Ela foi sem dizer adeus
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A carta
70
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Em contato
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ao seu lado
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faço isso porque te amo
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tinha que tentar
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segundos desastres
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pior que a dor física
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tudo errado
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liberdade?
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eu protejo você
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eu te amo
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menos um problema
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