Acordei, mas não tinha vontade de levantar. Fiquei embrulhada nos lençóis olhando para o nada. Infelizmente as lembranças de ontem a noite não saiam da minha cabeça. Meu traseiro ainda estava dolorido por causa de ontem. O mais estranho disso tudo, foi que eu gostei um pouquinho.
Olhei para o despertador e me levantei. Só sairia do quarto quando ele fosse embora, decidi. Não ia demorar muito. Ele saia sempre às 07:30.
Entrei no banheiro e liguei o chuveiro. Tirei minha roupa e deixei que a água quentinha me tocasse, e escorresse preguiçosamente pelo meu corpo.
Ainda não acreditava que Sebastian tinha me tocado daquele jeito. Ele parecia ser um homem... bem, que gostava de Cecília. Não pensei que me castigaria daquela maneira.
Terminei o banho e comecei a me secar. Vesti um vestido camisa jeans e sequei o meu cabelo. Quando terminei fui para a janela do quarto ver o carro de Sebastian indo embora. O que significava que eu estava livre.
Desci as escadas e fui para a sala tomar o café da manhã. A mesa estava posta, com muitas coisas. Coisas que eu gostava tanto. Havia panquecas, pão-doce de canela, ovos mexidos, suco de laranja, biscoitos de aveia, tarte de maçã, waffles, iogurte grego, queijos, café, torta de morango, donuts, biscoitos de chocolate, papas de aveia, e algumas frutas. Era comida para vinte pessoas.
Havia um bilhete debaixo da minha chávena. Era de Sebastian. Dizia:
Eu quis fazer muito mais do que você gosta, mas não tive tempo. Fiz tudo isso com muito carinho para você, Grace. Espero que goste. Sebastian.
Suspirei. Ele se deu ao trabalho de fazer tudo aquilo para mim? Era um pedido de desculpas? Não pude evitar sorrir. Nunca ninguém se esforçou tanto por mim.
Sentei e comecei a comer. Não iria conseguir comer tudo aquilo, mas comi uma boa quantidade.
[...]
Não quis ficar em casa olhando para as paredes, então eu decidi sair para apanhar ar. Eu ficava muito tempo fechada no quarto, mas não porque eu queria. Porque eu morava com um homem. Com Sebastian que era bem pior. O táxi parou num restaurante, e eu entrei. Ocupei uma mesa, e peguei meu tablet para ligar para Mónica. Ela atendeu quase que imediatamente.
- Oi amiga! - Estávamos fazendo vídeo chamada. Seu cabelo estava todo bagunçado, e estava sentada no sofá.
- Você não imagina o pesadelo que eu estou vivendo. Minha mãe viajou e volta apenas daqui a dois dias. E, eu tenho que ficar com Sebastian.
- E daí? Qual é o mal? Eu acho que já está na hora de você deixar essa aversão pelos homens, ou lá o que você chama.
- Você não entende! Ele é um idiota! É insuportável. Eu não gosto dele.
O garçom foi para a minha mesa e fiz o pedido.
- Porquê você não sai com Connor ao invés de ficar trancada? - Mónica disse quando o garçom tinha ido embora.
- Primeiro, ele trabalha, eu não! Segundo, não gosto que ele me toque, e ele sempre tenta. Terceiro, não confio nos homens. Quarto, eu não quero sair com ele.
- Você é muito chata sabia? Coitado do seu padrasto!
- Coitada de mim! Ficar com Sebastian é horrível!
- Os padrastos são chatos. É normal!
- Mas ele tem apenas trinta e cinco anos, Mónica. Não consigo ver ele como um padrasto.
- Ele é apenas cinco anos mais novo que a sua mãe.
- Isso não tem nada a ver. Não gosto dele e pronto!
- Me diz um homem que você gosta! A lista está vazia. Você não gosta dele pelo simples fato dele ser homem.
- Talvez você tenha razão. - O garçom trouxe a minha comida e agradeci.
- Sempre tenho pequena Grace!
Revirei os olhos. - Nunca mais repita isso, Mónica!
- Porquê não? - Ela fingiu uma cara triste.
Olhei para a entrada do restaurante e vi a última pessoa que eu esperava ver hoje. O Ray.
- Alô? Grace você está ouvindo? - Olhei para o tablet.
- Depois falamos, Mónica. Beijos. - Desliguei.
Ao olhar para aquele homem lembranças horríveis vieram para a minha cabeça. No meu aniversário de cinco anos, eu estava feliz por ele ter aparecido, e ele me deu um ursinho branco de pelúcia sem cabeça, e disse que eu não era sua filha. Ainda dói lembrar disso.
Ray se aproximou e eu não consegui me mover. Eu não podia. Ele sentou na minha frente e sorriu. Um sorriso tão malévolo que me arrepiou.
- Você finalmente voltou para Los Angeles. Que bom. - Ele pegou no meu prato e começou a comer.
- Me deixa em paz! - Sussurrei.
- Uhm! Isso está delicioso. Você devia provar.
Eu levantei e deixei o dinheiro por cima da mesa. - Tudo o que eu quero é que você se afaste de mim. Eu não sou sua filha lembra?
- Eu apenas tenho um filho. Ele é um orgulho. Você é uma bastarda que só me enjoa!
Não falei nada. Não queria que ele me visse a chorar, então, sai correndo. Ele veio atrás de mim. Eu queria fugir dele e evitar que chegasse perto de mim. Aquele homem horrível que infelizmente era meu pai.
Corri para atravessar a estrada, e um carro quando me atropelou. Caí no chão da calçada. Ray estava rindo como um louco, e gritava:
- Você não é, nunca foi nem será minha filha!
Levantei e apanhei um táxi imediatamente. Minhas lágrimas surgiram, e eu não consegui parar. Eu me perguntava porquê ele fazia aquilo comigo. Eu não podia sair de casa sem minha mãe, e não ia fazer aquilo novamente. Devia ter ficado em casa fechada no quarto, lendo um livro.
Meu telefone tocou e atendi sem me importar com a minha voz. - Alô?
- Meu amor o que foi? - Minha mãe respondeu.
- O Ray. Ele me encontrou no restaurante e veio atrás de mim.
- Não se preocupe que eu vou falar com aquele imbecil. Não chora. Não liga ao que ele diz. Ele é um demente!
- Volta logo pra casa mãe. Por favor!
- Eu volto daqui a dois dias. Aguente só mais um pouquinho está bem?
- Ok.
- Tchau.
- Tchau mãe. - Ela desligou.
[...]
Entrei em casa e fechei a porta. Quando me virei vi Sebastian que a princípio estava sorrindo quando me viu, mas seu sorriso desapareceu quando reparou na minha angústia, e deu lugar a um rosto preocupado.
- Grace, você está bem? - Ele levantou do sofá e veio até mim.
- Não se aproxime! - Disse, mas ele não ouviu. Chegou mais perto.
- Me diz o que... - Dei um tapa no rosto dele antes que terminasse. Ele esfregou o rosto com a mão, no lugar que eu bati.
- Eu disse para não se aproximar de mim! Finja que eu não existo! - Chorei e fui correndo pelos degraus até o meu quarto. Fechei a porta e a vista me surpreendeu.
Havia pétalas de rosas vermelhas no chão do meu quarto inteiro. Estava tudo tão lindo. Me arrependi logo por ter tratado Sebastian daquele jeito. Mas ele fui um idiota comigo ontem, e eu só quero me afastar.
Andei até a cama e sentei. Cobri meu rosto com as mãos e continuei chorando. Dois dias seguidos, tão horríveis, para fazer eu ficar desanimada. Porquê as coisas não podiam ser mais fáceis? Quando eu estava em Madrid, as coisas eram muito fáceis, eu não passava por essas coisas. Eu era feliz. Estava longe de Ray, e não conhecia Sebastian Welles.
Sebastian entrou no quarto. Ouvi seus passos e olhei para ele. Naquele momento, eu estava com medo, porque não sabia o que ele faria depois de eu ter dado um tapa no seu rosto. Não foi assim tão mau. E ele mereceu um pouco por causa de ontem.
Ele sentou na cama perto de mim. - O que fizeram com você? Não! Deixa eu reformular a pergunta. Você está assim por minha causa?
- Não! É outra coisa. Não tem a ver com você.
- Tem certeza? Ontem eu fui um idiota. Peço imensa desculpa.
- Você fez isso e aquele café da manhã exagerado para me pedir perdão? - Olhei para as pétalas no chão.
- Não é óbvio? Eu estou muito arrependido. Te ver chorar, me deixa desconfortável, Grace.
Limpei minhas lágrimas e voltei a olhar para ele, para ver se estava falando sério. Uma vez Ray fez isso comigo também. Ele me procurou, disse que estava arrependido, que queria o meu perdão, que não voltaria a me tratar mal e eu acreditei. Quando eu quase ia abraçar ele, ele começou a rir, e disse que estava representando. Foi horrível. Ele era horrível.
- É por outro motivo que eu estou assim. - Chorei novamente.
Sebastian segurou o meu braço e notou um arranhão no meu cotovelo. Seu rosto ficou furioso e eu fiquei confusa e assustada.
- Quem fez isso com você e porquê? - Perguntou.
Eu só queria que ele se afastasse de mim. Estava me tocando durante muito tempo. Eu tentei me mover, mas ele não deixou.
- Eu caí!
- Quem, Grace? - Seu tom aumentou.
Olhei para o chão coberto de pétalas vermelhas. - Meu pai.
- Ray. - Ele me soltou, e eu me afastei. - Sua mãe disse que ele não presta, mas eu não sabia que seria capaz disso. Você foi atrás dele? - Ele desvia o olhar, e olha para o machucado no meu braço.
- Não! Eu fui almoçar no restaurante, e ele apareceu. Começou a dizer coisas horríveis enquanto comia o meu prato, e eu fui embora. Ele me seguiu, e eu fugi atravessando a estrada e quase... fui atropelada. Foi apenas isso.
Ele entrou no banheiro, e voltou com algodão, álcool etílico, e curativos. Sentou ao meu lado e começou a tratar o machucado. Fechei os olhos porque sabia que ele estava me tocando, mas pela primeira vez, eu quis o seu toque. Mas eu não iria demonstrar isso.
Abri os olhos e vi como ele cuidava do meu braço com cuidado, e colocou o curativo. Seus olhos azuis me encontraram, e ele deixou de me tocar. Minhas lágrimas caíram sem motivo aparente.
- Grace, por favor, confie em mim, nem que seja só por agora!
- Porquê? Porquê você quer que eu confie em você? - Ele limpou as minhas lágrimas e acariciou o meu rosto. Eu fechei os olhos. Seu toque não me deixava mais desconfortável.
Ele me abraçou, e esfregou as minhas costas me consolando. Tentei sair de seu abraço, mas ele não deixou. Continuou me abraçando, e eu me senti segura e protegida.
- Eu entendo agora! Tudo faz mais sentido agora! Você é assim porque seu pai criou esse sentimento em você. Ele fez isso com você.
- Sebastian, não me abrace por favor! - Chorei ainda mais.
- Você pode deixar de pensar que todos os homens vão te machucar de qualquer maneira, porque o seu pai é diferente de todos os homens. As pessoas são diferentes.
Abri os meus olhos e respirei fundo. Seu toque era bom. Mas eu não podia sentir aquilo. Eu não queria. Ele não podia me tocar. Só minha mãe me tocava daquele jeito.
Tentei me acalmar. Feliz ou infelizmente eu já tinha me acostumado com aquele toque. Ele estava sendo tão carinhoso e cuidadoso, que eu não queria que parasse. Era tão bom, e eu queria ficar daquele jeito, para sempre.
- Viu? Não é assim tão horrível não é mesmo? - Ele sussurrou e eu confirmei.
Ele me afastou para olhar para mím, e acariciou o meu rosto. Desceu o polegar até os meus lábios e se aproximou. Nossas testas se tocaram, nossos narizes também, tanto que sentia sua respiração. Fechei os olhos, então ele aproximou os seus lábios dos meus.
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Atualizado até capítulo 97
Comments
aeysha zaied farid
gente, essa criatura tem 24 anos e parece ter 10..se o padrastro assédia, é porque ela permite.....e qual é a do pai dela fazer essas coisas?
2024-09-14
0
🌹
Coitada dessa garota ela sofre de sérios problemas psicólogos.Culpa dos pais iresponsaveis e para piorar a situação ainda aparece esse padrasto pervertido 😡 assediador.
2023-09-28
3