O fim de semana foi o mais longo da minha vida. Sebastian e minha mãe estavam em lua de mel e eles chegariam a qualquer momento. Não sabia porquê a lua de mel não durou mais tempo, mas não importava. A partir de agora, eu ia viver com o meu padrasto.
Eu vim para Los Angeles para viver com a minha mãe, e não para viver com a minha mãe e o marido dela. Ele vivia o tempo todo me chamando de "princesa" e de "pequena Grace", e aquilo me irritava.
Já estava esperando há três horas no aeroporto, completamente impaciente, quando vi que Sebastian se aproximava com a sua mala. Ele estava vestido com uma calça jeans, uma camisa azul escura dobrada até os cotovelos, e o cabelo bagunçado do jeito que era "normal".
Procurei por todos os lugares para encontrar a minha mãe, mas nada! Nenhum sinal dela. Sebastian estava sozinho. Infelizmente para mim. Levantei e ele se aproximou de mim sorrindo.
- Olá pequena Grace! - Revirei os olhos e cruzei meus braços.
- Olá papai! - Disse com voz de criança. Aquilo também o irritou. Bom saber!
- Não me chame assim nunca mais. Vai ser melhor para você! Acredite! - Ele falou de um jeito sinistro.
- Onde está minha mãe? Ela não veio com você?
- Infelizmente, ela teve que fazer uma viagem urgente para Londres. Você já devia saber que ela vive viajando. - Começamos a caminhar para fora do aeroporto.
- Quanto tempo ela vai ficar em Londres?
- Não sei. Espero que pouco tempo, porque... - Ele olhou para mim. - Você é uma menina não vai entender!
Tudo o que eu queria era socar a cara dele por me chamar de menina. Eu tinha 24 anos quase 25. Não era nenhuma menina! E ele devia saber muito bem.
Peguei na chave do carro e premi o botão para que as portas se abrissem. Sebastian tirou a chave da minha mão e subiu no lugar do condutor depois de colocar a mala no porta-malas.
- Eu não sou nenhuma menina! - Disse assim que subi no carro.
- Isso é discutível. - Ele começou a dirigir.
Não falei mais nada. Olhei para o vidro do carro, observando as paisagens até chegarmos em casa.
[...]
Assim que entramos em casa, eu subi as escadas e fui correndo para o meu quarto. Peguei no meu celular e liguei para a minha mãe.
Na primeira tentativa, ela não atendeu, por isso tive que tentar outra vez.
- Oi filha!
- Mamãe, eu não vou aguentar ficar em casa com o seu marido. Ele é insuportável! - Fui direito ao assunto.
- Calma, Grace. Sebastian é um homem maravilhoso, você vai ver.
- Quanto tempo a senhora vai ficar em Londres?
- Apenas quatro dias, querida. Você vai ver que esses dias vão passar correndo.
- Tudo bem. Acho que a melhor opção é que eu fique fechada no quarto até a senhora chegar.
- Não exagera, Grace. Você tem de se acostumar com o seu padrasto.
- Não prometo nada!
- Beijos e se cuida.
- Adeus! - Desliguei e deitei na cama.
Ouvi um barulho no corredor e levantei. Sai do quarto para ver o que se passava e dei de caras com Sebastian. Ele estava... sem... roupas!
Cobri meus olhos com as mãos. - O que você está fazendo?
Ele riu. - Bem, estava me preparando para o banho. Tirei a minha roupa e percebi que deixei o celular lá embaixo. Não precisa fazer drama, estou de cueca.
Olhei para ele. Para cada músculo no seu corpo. Seus abdominais, seus peitorais, seus braços fortes, suas pernas musculosas e principalmente naquele V bem desenhado. Desviei o olhar novamente.
- Por favor, entenda que não vive sozinho. Tenha respeito. Me respeite!
- Eu não estou andando pelado. Estou apenas de cueca.
- Você ia gostar que eu ficasse andando pelo corredor apenas de calcinha? - Perguntei.
Ele sorriu maliciosamente, e começou a analisar cada parte do meu corpo, como se eu fosse um pedaço de bife, depois lambeu os lábios.
- Cada um é livre de fazer o que bem quiser não é? - Piscou um olho para mim e entrou no quarto.
Fiquei no corredor, boquiaberta, e completamente obtusa. Nenhum padrasto no mundo devia ser assim tão... tão... eu nem tinha palavras para descrevê-lo.
Entrei no quarto e fechei a porta. Ele era sem dúvida nenhuma, um homem bastante assustador. Mas quê homem! Homem mesmo!
- O quê? - Falei comigo mesma. O que eu estava pensando?
Peguei num livro e comecei a ler para me distrair.
[...]
Fiquei duas horas lendo o livro completamente envolvida na história. Ninguém (ou seja, o meu padrasto) me incomodou. Fechei o livro e coloquei ele por cima da mesa de cabeceira.
Levantei e sai do quarto. Desci as escadas e vi Sebastian sentado no sofá vendo têvê. Eu quis voltar para o quarto, mas não foi o que eu fiz. Eu sentei no sofá e comecei ver com ele, mas numa boa distância.
- Então, já se recuperou do trauma de ter me visto nu? - Sinti seu olhar em mim. Será que eu não podia simplesmente fugir de casa até Cecília regressar?
- Não! Eu estou bem. Não foi nenhum trauma.
Olhei para a têvê. Um homem moreno e uma mulher loira estavam conversando. Ele estava sentado e ela em pé olhando para ele. Estavam num pequeno apartamento.
- Se você diz! Então não se importa que eu ande de cueca pela casa. - Tentei ignorar. Tentei!
- Pode fazer isso, quando eu não estiver!
- Assim não tem graça, pequena Grace! - Ele olhou para a têvê.
A mulher loira disse algo muito sexy e subiu no colo do homem, e começou a beijá-lo. De repente, começaram a tirar a roupa um no outro, e já estavam sem roupa deitados no sofá se beijando.
Sebastian olhou para mim e sorriu pervertido. Levantei do sofá, mas parei com o seu comentário.
- O que foi? Demasiadas cenas explícitas?
- Você mesmo disse. Eu sou uma menina não é?
Ele olhou para mim de cima a baixo. - Um dia vou descobrir! - Fiquei olhando para ele confusa.
- O quê?
- Se não se importa, quero terminar de ver o filme. Princesa!
- Não se preocupe que eu já vou. Papai!
- Essa é a última vez que eu aviso. Não me chame de papai, senão eu vou fazer você retirar o que disse. Eu não brinco em serviço, pequena.
Eu comecei a rir e subi as escadas. Obviamente a minha gargalhada estava incomodando ele, porque ele desligou a têvê, e estava vindo atrás de mim. Eu corri e entrei no meu quarto fechando a porta.
- Está com medo? Eu não ia fazer nada. Ao menos que me chame de papai outra vez.
- Sebastian me deixa em paz!
- Claro que sim. Eu vou para o meu quarto. Pode ficar ali trancada como você sempre fica. Boa sorte! - Ouvi seus passos se afastarem e abri a porta para ver se ele tinha ido. Felizmente tinha ido.
[...]
Antes de sair do quarto depois do jantar, eu tive que verificar se Sebastian não estava em nenhum lado. Eu estava vivendo como uma prisioneira ou era impressão minha?
Desci as escadas e fui para a cozinha. Abri o frigorífico e tirei uma tigela cheia de sorvete. Sorvete de chocolate, o meu preferido. Lambi os lábios antes de sentar na ilha e começar a comer.
Cada colher era uma festa na minha boca. Estava tão delicioso que eu era capaz de terminar tudo aquilo de uma vez.
Congelei com a colher na minha boca quando Sebastian entrou na cozinha e abriu o frigorífico. Serviu água num copo e começou a beber sem tirar os olhos de mim.
Estava vivendo um pesadelo. Cada vez que saia do quarto, me encontrava com Sebastian. Cada vez que eu fazia alguma coisa, ele aparecia.
Esperei que ele começasse a dizer que eu sou menina, que eu sou comilona, mas não ele apenas sentou ao meu lado, e começou a olhar para mim.
Ele era o homem mais estranho do planeta, decidi. Não sabia como iria sobreviver ao lado daquele homem terrível.
Continuei comendo o sorvete, me arrependendo de ter saído do quarto. Porquê eu não fiquei fechada no quarto?
- O seu pijama só prova que você é uma menina! - E começou!
Olhei para o meu pijama do Snoopy, e continuei comendo o sorvete como se ele não tivesse dito nada. Iriam ser os quatro dias mais longos da minha vida.
- Ah, entendi! Você vai me dar o tratamento do silêncio. Tudo bem.
Eu ignorei ele, continuando com a festa com o meu sorvete delicioso. Ele observava quando a colher ia na minha boca atentamente.
- Você é muito comilona, pequena Grace! Podia partilhar comigo! - Olhei para ele, não acreditando no que tinha acabado de ouvir.
- Você está falando sério? Porquê eu ia fazer isso? - Lambi a colher, e vi ele segurando na ilha com força.
- Porquê eu mando em você! - Ele mordeu os lábios.
- Você mesmo disse que não era meu pai.
- Não sou mesmo. Não me chame assim, já te dei o último aviso, não vou tolerar se me chamar de papai outra vez.
- Não se preocupe. Não estou ansiosa por isso. - Terminei o sorvete e levantei para colocar a tigela na pia.
Quando me virei, Sebastian estava olhando para as minhas pernas. Tentei ignorar aquilo. As coisas estavam ficando bastante estranhas.
- Pra onde você está olhando? Perdeu alguma coisa?
- Gostaria de ter perdido! - Ele levantou e se aproximou de mim.
Nossos corpos estavam bem juntos. Ele esticou o braço e tirou uma caixa de biscoitos no armário de cima, me apertando contra os armários. O que ele estava fazendo?
- Sebastian! - Falei como se tivesse corrido, minha respiração ofegante.
- Calma, Grace. Eu quero comer biscoitos! - Ele olhou para baixo para mim, assim que pegou a caixa de biscoitos.
- Se afaste por favor! - Eu disse com a voz falhando.
Ele se afastou, e eu fiquei parada olhando para ele. Só tinha reparado que ele estava sem camisa quando me apertou contra os armários.
- O que você está fazendo?
- Já disse, comendo biscoitos!
- É melhor eu ir para o meu quarto. Boa noite. Papai! - Falei de propósito e fui correndo para o quarto.
Ouvi os passos de Sebastian, e ele tentou abrir a porta, mas eu tinha trancado. Estava com medo. Eu tinha acabado de provocá-lo. Porquê eu fiz aquilo?
- Grace, Grace! Eu avisei para você não me chamar de papai. Agora, eu preciso te ensinar algumas coisas! Para que aprenda a lição.
- Me deixa em paz!
- Não se esqueça que você mora aqui comigo. Boa noite. Amanhã quando acordar fique muito atenta. Muito atenta mesmo. Não se atreva a ficar fechada no quarto. Você não vai conseguir escapar.
- Me deixa em paz! - Chorei para que ele sumisse.
- Está com medo pequena Grace? Não tenha medo. Você vai gostar da lição. Correção! Você vai adorar! Prometo!
Me afastei da porta e entrei debaixo do cobertor e tentei não pensar muito naquilo. Porquê eu fiz aquilo? Agora ele queria me dar "uma lição".
A única solução era que eu ficasse fechada no quarto enquanto ele estivesse aqui e saísse apenas quando estivesse trabalhando. Não iria correr nenhum risco.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 97
Comments