...Boa leitura!!...
^^^08:00AM, 04 DE ABRIL, TOKYO, JAPÃO^^^
...ESCOLA PRIMÁRIA...
Já era primavera outra vez. Um novo ciclo se iniciava.
Muitas coisas mudaram em dois anos. A mudança mais marcante foi que Touma não poderia carregar Fuyuki com quatro anos como antes, em seus braços – o garoto não desejava ficar privado da utilidade das pernas –, porém foi uma coisa difícil para seu pai; principalmente quando descobriu que havia se tornado um vício. Entretanto, com o tempo ele havia se acostumado aquela mudança.
Nas ruas decoradas pelas belas pétalas rosas das cerejeiras, a brisa tênue espalhava o dulce aroma delas e pousando nas narinas de quem passassem, enquanto, Touma e Fuyuki caminhava tranquilamente – o menino agarrava nervoso a mão do progenitor. Era seu primeiro dia, e nunca havia interagido com outras crianças até então – os modos grosseiros do seu pai não facilitaram.
Seu coração errou uma batida quando os passos cessaram em frente ao prédio da escola. Sua visão caiu nas janelas de vidro, nas paredes beges, nos canteiros de flores e árvores – sem parar de olhar as outras famílias. Pareciam um pouco distante da realidade dele.
Seu medo aumentou. Cravou os pés no chão, e se fosse possível queria enterrá-los mais fundo que ele conseguisse. Escola não era para ele. Apenas foi porque Touma e Hiroshi o incentivaram, e lhe dizendo que “todas as crianças iam.”
— Fuyuki — seu pai o chamou com uma calma invejável. A criança ergueu a visão aprensiva para o pai, esperando que ele a levasse para longe dali. Porém, o homem soltou a mão do pequeno, em seguida, se agachou; passando as mãos debaixo dos braços do menino. Erguendo-o. — Qual é o problema?
Ajeitou com delicadeza a franja, esperando que Fuyuki abrisse a boca, lhe contasse tudo e um pouco mais – não poderia ajudar se ele não falasse. De outro lado, Fuyuki pós a pequena mão no ombro do pai, buscando consolo e lutando para não deixar o desespero lhe engolir. Fuyuki reuniu coragem para falar, e quando abriu a boca algumas mães passaram por eles, comentando sobre a aparência do pai. Voltou a fechar a boca novamente.
Touma não estava desarrumado, no entanto, não era a vestimenta recomendada para ir a cerimônia de admissão do filho. Os julgamentos foram direcionados principalmente aos piercings, e o cabelo prateado. Somente delinquentes ou gângster possuíram tais características.
Touma percebeu a tensão de Fuyuki com aquilo, e seus lábios subiram para um sorriso torto, verdadeiro.
— Está preocupado com as opiniões das pessoas? Se não irão gostar de você? — Touma perguntou divertido. Não poderia acreditar que uma criança tão inteligente se preocuparia com coisas tão normais. Era o direito dele como ser humano e criança.
— Sim… — confessou Fuyuki imaginando afundando sua cabeça entre o pescoço do pai, e ficar ali até o nervosismo passar, porém sua vergonha desapareceu após ouvir as mulheres falando mal de seu pai. — Mas isso não é importante. Eu não quero que falem do papai.
O homem se sentiu como se voltasse a sua adolescência quando ouvir aquelas palavras. Seu coração fez uma pequena festa dentro das paredes de músculos, e seu sorriso cresceu. Ah, Fuyuki se importava com ele e, se sentiu horrível por resumir o nervosismo do menino a somente aceitação.
— Não se preocupe, Fuyuki — Touma beijou o topo da sua cabeça para lhe acalmar e agradecer silenciosamente pela preocupação. No ato, o menino os olhos, e ao abri-los encarou o pai. Confiante. Sorridente. — Seja somente você. E caso alguém mexa com você você pode me dizer. Darei meu melhor para tirá-lo caminho.
— Não se machuque, papai — Fuyuki pediu somente, ingênuo. Sem saber que os únicos que iriam se machucarem nessa história seria aqueles que ele der os nomes.
Era um ato imperdoável mexer com seu filho.
Em dois anos Touma aprendeu muitas coisas, principalmente em se tornar um pai muito melhor – não lhe importava mais em qual momento ele passou a existir em Aimi – apenas que ele havia se tornado aquilo que sua mãe o nomeou. Esperança. Ele era sua esperança de muitas coisas.
Um novo começo. Uma rendição. Uma limpeza. Era tudo o que ele necessitava. Sua alma já não era a mesma a muito tempo.
— Touma, seu imbecil, por que não me esperou? — Hiroshi apareceu com a respiração acelerada, transpirando, e sem seu terno diário. Não era horário de trabalho. No seu corpo estava apenas uma calça jeans azul clara, rasgada, e sua camiseta branca folgada. Seu franja cobria sua testa, e seu rosto continha uma expressão assassina. — Eu também tenho meus direitos sobre Fuyuki! É seu primeiro dia! Tem que ser memorável!
O secretário se aproximou, arrancando Fuyuki dos braços do pai, que deu uma discreta revirada de olhos, mas logo voltou a atenção no melhor amigo dando um beijo na bochecha do menino – fazendo-o rir.
— Vamos tirar uma foto! Touma vai para lá, e tome Fuyuki. Logo irei me juntar — anunciou Hiroshi empolgado com tudo aquilo, e quase se emocionando por fazer parte do crescimento do pequeno. Tirou rapidamente a câmera do bolso, e pediu a primeira pessoa que passou para tirar a foto dos três. A mulher, gentilmente aceitou, e Hiroshi em passos largos se reuniu a Touma e Fuyuki.
— Sorria, idiota ou irei fazer isso — Hiroshi ameaçou Touma ainda mantendo seu sorriso impecável. Ele estava nos dias que adotava sua melhor versão – a de delinquente. E se sentia bem com aquilo – o CEO não demorou para acatar seu pedido, colocando um singelo sorriso. Após conseguir a foto, Hiroshi agradeceu a mulher, e incentivou Fuyuki a entrar na escola.
— Vai ficar tudo bem, Fuyuki — disse Hiroshi, dando um leve empurrão nas costas do menino, que agarrava com todas as forças as alças da mochila.
— Entre para voltar. Estarei te esperando aqui — foi a vez de Touma incentivar de maneira distorcida, recebendo uma mirada de repreensão de Hiroshi. Não era hora de ensinar coisas erradas para o menino.
Depois de tudo, Fuyuki caminhou, passando pelo portão, em seguida pela a porta da frente sem problemas – Touma e Hiroshi só deram as costas quando a visão do pequeno sumiu de suas vistas – estavam orgulhosos de Fuyuki.
Ao iniciarem a caminhada para voltar, Touma afundou as mãos no bolso da calça jeans escuras e elevou o pescoço para admirar as cervejeiras – estavam iguais aos do seu sonho. Lembravam Aimi – ela fazia tão desgraçadamente jus ao seu nome. Primeiro amor. Pelo menos para Touma, sim.
— O que descobriu? — perguntou simplesmente, se puxando de qualquer distração desnecessária.
— Nada tão útil — Hiroshi havia entendido a qual assunto ele estava se referindo. — Apenas que o carro que atingiu o dela era de um amigo próximo de Kousuke Misumaki. Shiraki saiu com alguns ferimentos graves, porém, se recuperou bem depois de alguns meses acamado. Aimi foi a única a morrer. O impacto foi maior do seu lado. Acreditam que ela pode ter se mexido após o dano, e isso levou sua morte.
Touma absorveu com cuidado as informações ditas por Hiroshi, reunindo as peças soltas, mas não era o suficiente para cessar todas suas dúvidas sobre a morta de Aimi – era outra mudança que ocorreu nós últimos anos. O homem começou a ter curiosidade sobre a morta da “esposa”; em como se deveu o acidente de carro – e outra vez, Kousuke Misumaki estava envolvido. Aquele nome lhe causava náuseas, e elas pioraram quando recordava que ele havia tocado em Aimi quando ele não estava por perto.
Entretanto, não poderia ser ele. Ele não sabia o que havia acontecido com Aimi na festa. Sua expressão de surpresa era genuína, a menos que ele fosse um ator – então, Touma o convenceria a tocar de carreira, ou fazer mais uma –, e nutria dúvidas se ele planejaria uma peça tão boa quando essa. Sempre há rachas numa máscara, e o CEO era ótimo nosso. Um mestre reconhece outro.
^^^Continua...^^^
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Atualizado até capítulo 48
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