11 – DESABAFO

^^^03:00AM, 10 DE SETEMBRO, TOKYO, JAPÃO^^^

...ÁREA 3.4.5...

A área 3.4.5 era conhecida por ser onde todos os fora da lei se concentrava, uma parte esquecida pelos residentes da megalópole e até mesmo o governo julgou que era uma um ação inútil intervir — e todos que pairavam sobre ela, a conhecia por algum parente ou convite de alguém de lá —, Touma, no entanto, apenas a encontrou por acaso.

Sua intenção era somente brigar com as pessoas que lhe importunavam num lugar silêncio para que pudesse escutar com vivacidade os gritos.

A imagem do homem de smoking a sua frente parecia até uma miragem para Nagi. Não parecia bem e muito menos ele mesmo. Seu olhar perdido entre os prédios atiçou curiosidade no seu inimigo.

— Você não é bem-vindo aqui, Satã — Nagi soltou as manoplas da moto e tentou uma interação pacífica com Touma.

Ele sabia disso como ninguém. No seu rosto um pouco pálido por conta do frio da madrugada surgiu um sorriso com dentes.

— Eu não teria vindo se fosse bem-vindo — ele levou a mão até a sua gravata e arrancou-a do seu pescoço com um simples puxão.

— Você sumiu — comentou já descendo da moto e caminhando até Touma com os punhos cerrados, pronto para atacá-lo.

— Sentiu saudades? — Touma retrucou, erguendo as mangas do seu casaco e camisa até a altura dos seus cotovelos de forma descontraída.

Um sorriso desenhou o rosto de Nagi e próximo o suficiente de Touma, ele tentou lhe acertar um soco — mas, Touma agarrou o pulso dele antes — seu olhar estava frio e negros.

Não era isso que ele deveria está fazendo. Estava se afundando desnecessariamente. Até porque nunca ligou para nada — eram apenas palavras — não valem nada.

Nada. Isso era que ele tentava se convencer.

Os movimentos de Nagi eram rápidos, porém, previsíveis demais para Touma — e quando ele cansou de bloquear seus ataques, ele fechou o punho com força, acertando o estômago de Nagi — era tão fácil.

Touma acertou uma, duas, três vezes no mesmo lugar; seu oponente já estava desorientado — entretanto, ele não queria parar — desejava voltar sentir a emoção de quando atingia alguém.

Seus sentimentos estavam completamente anestesiados pela maldita ansiedade e lembranças de Aimi — e céus, como ela pode trair a confiança que ele começou a desenvolver por ela? Era tão insuportável conviver com ele?

Ele nunca saberia. Aimi estava morta. Morta.

Touma frisou bem a situação de Aimi na sua cabeça. Sua querida esposa não poderia lhe contar todas suas insatisfações para com ele e muito menos dizer onde ele poderia melhorar — pois, talvez, ele reconhecesse que era um merda de um imaturo que não sabe lidar com mulheres.

E, que principalmente naquela noite deveria ter silabado um pedido de desculpas — e... ah, nossa, ter se convencido que estava errado. Que toda a possibilidade de possuir a sinceridade de Aimi desapareceu em exatos trinta minutos.

Sua respiração estava entrecortada e Nagi estava perante aos seus pés tossindo sangue, soltando xingamentos que ele não conseguia identificar.

— Que merda — disse Touma vislumbrando seu punho manchado com seu sangue e de Nagi.

O CEO percebeu que havia longe demais com o garoto e simplesmente virou-se de co sestas — em seguida, de forma inquieta afundou as mãos no bolso de sua calça — ele voltaria para casa antes.

 

Com uma aparência lamentável que ele nunca deixou transparecer para ninguém.

Ainda caído no chão, Nagi, observou a figura de Touma desvanecer na luz avermelhada do nascer do sol. Ele julgou que era audácia do homem bater nele e sair como se nada tivesse acontecido —, porém, o que lhe deixou desconfortável foi o fato de está lutando com um boneco.

O caminho para casa era longo quando ele ia para a área 3.4.5, e por esta razão, que ele fazia isso — no decorrer das várias calçadas e vitrines, ele podia mergulhar em paz nos seus pensamentos — ou se repreender por se comportar mal.

Era um adulto e com muitas dúvidas, pai, não poderia deixar o filho dela sozinho. Nesse raciocínio, ele se deu conta que se algo acontecesse com a criança, não poderia se perdoar. Seguir em frente sem que nada tivesse acontecido.

— Que merda — repetiu fechando os olhos e avançando pelas ruas um pouco vazias. — Odeio isso, Aimi. Odeio.

Ele inalou ar com força e bagunçou seus cabelos procurando alívio.

 

Percorrendo o corredor do seu andar em passos arrastados, ele apertou cada botão da tranca da porta respirando fundo — quando o clique atravessou seus ouvidos, ele lembrou que deveria apagar a mensagem que mandou para Hiroshi —, terminando, Touma adentrou no apartamento.

 

Subiu as escadas e antes que ele tomasse uma distância considerável conseguiu ouvir um choro abafado atrás da porta, assim, apressou os passos — abriu a porta e ele parecia voltar aos sentidos.

Fuyuki estava sentado na cama limpando as lágrimas que derramaram sobre os dedos, seus olhos já estavam inchados e Touma não fazia ideia como suas cordas vocais ainda funcionavam.

— Papai... — ele formou poucas palavras entre os soluços —, eu não gosto disso. Não gosto de está sozinho.

Ele abriu a boca, mas um bolo se acumulou na sua garganta, as palavras não saíram. O choro de seu filho se expandia pelo quarto e ele não havia percebido que seu pai voltou. Mesmo com todo o barulho feito.

Nestas horas o que ele deveria fazer? Dizer na cara de pau que estava de volta? Que sente muito por ter deixado ele sozinho?

Não! Estas indagações eram inúteis. Não resolveriam nada.

— Pare... — o desespero começou a inundar seu coração —, de chorar...

Foram as piores escolhas de palavras que ele já fizera na sua vida.

O menino fechou a boca e ergueu a visão, vendo o pai com cabelo e roupas desajeitadas, algumas manchas de sangue e seu olhar parecia cansado.

— Papai? — indagou hesitante.

— Por favor, não chore — ele estagnou no mesmo pensamento. Se aproximou da cama, e caiu de joelhos, olhando diretamente nos olhos da criança. — Me desculpa...

Levou a mão para o rosto avermelhado de Fuyuki, e com as pontas do dedos limpou as gotas de água deslizando sobre ele.

— Me desculpa — com ambas as mãos, ele puxou o menino para um abraço – não sabia como ajudar –, foi a única saída que ele conseguiu pensar. Não era muito, porém, esperava que funcionasse.

Fuyuki persistia em chorar mesmo que Touma o apertasse com força, o medo do possível abandono foi demais para ele — foi como no dia que sua mãe saiu pela porta e nunca mais retornou — seu rosto estava alegre, diferente de seu pai.

— Não me deixe sozinho — pediu e Touma mordeu o lábio inferior segurando o choro.

— Não farei mais. Nunca mais — convenceu Fuyuki e a si mesmo.

E mesmo com todo o esforço para não chorar, as lágrimas caíram de seus olhos. Ele magoou Fuyuki. Como fez com Aimi.

Tudo estava se repetindo. Ele poderia perder o menino.

— O anel — engoliu o choro e sua voz estava rouca —, você ainda quer saber porque não gosto dele?

Ele afastou o menino e Fuyuki fungou antes de responder.

— Tudo bem? — Fuyuki não desejava ver seu pai indo embora outra vez, por isso, estava sendo cuidadoso.

— Claro. Venha cá — ele se levantou pegando o menino e sentou na cama, o colocando no seu colo, logo começou a brincar com as mãozinhas do menino.

Não demorou mais nem um segundo para iniciar a história. Ela não acabava bem, e Touma não tinha certeza que estava pronto, no entanto, tentar nunca é um erro.

— Havia passado somente três meses que estávamos casados...

 

“O dia estava sendo cansativo para mim. Hiroshi estava tentando me convencer ir à uma festa de inauguração de um dos grupos afiliados — poderia simplesmente mandar um representante —, mas antes que eu pudesse sugerir algo, Aimi entrou animada e correu abraçando meu pescoço por trás.

Suas demonstrações de carinho estavam mais intensas.

— O que houve? — perguntei sério assinando alguns papéis importantes para a próxima negociação.

Aimi roçou sua bochecha com a minha e eu pressentia que ela contaria outra das suas travessuras.

— Satã, minhas companheiras e eu acabamos com a raça do Borūn! — anunciou ela gritando perto do meu ouvido.

— O Borūn? Pensei que você já estivesse acabo com ele — franzi o cenho e Hiroshi aproveitou a oportunidade para seguir em frente com nosso assunto.

— Você deve está presente na quinta à noite, às oito e com vestimentas formais — semicerrei os olhos na sua direção e ele fez uma breve reverência se retirando com um sorriso.

Suspirei e Aimi pulou para sentar mais rápido no sofá — o sorriso sempre estava no seu rosto — e virei minha atenção para ela.

— Pare de se envolver em problemas — pedi, puxando a bochecha dela.

Aimi tem problemas com a raiva e por isso, vive se metendo em problemas — nos casamos por esta razão também —, se não fosse por sua irracionalidade ela poderia estar livre da presença do seu amigo brigão.

— Ei, Touma — ela deitou-se e apoiou a cabeça no meu colo. Seus olhos verdes me encarava de forma diferente das outras vezes – ergueu sua mão e a colocou no rosto –, estava fria e fiquei me perguntando onde ela estava.

— O que foi? — abaixei um pouco minha cabeça e minha franja seguiu o movimento. Minha voz saiu lenta, pois estava concentrado em ajeitar os piercings da sua orelha.

— O que somos?

Sua indagação foi estranha e eu não havia entendido onde ela queria chegar com aquilo.

— Amigos.

Respondi de imediato e sua mão deslizou para meus lábios, os acariciando levemente.

— Você tirou — ela se referia ao piercing que eu havia colocado meses atrás, mas eu tirei, porque me incomodava.

— Você gostava dele?

Era um dos nossos momentos de conversa pacífica — onde a luz do sol entrava sorrateiramente e todos os problemas se desamassavam com as palavras involuntárias — um momento apenas eu e Aimi.

— Não posso dizer que desgostava. Era divertido brincar com ele — um divertimento estranho. Típico dela.

— Não irei colocá-lo só para satisfazer seu tédio — brinquei e ela se levantou rápido.

Eu queria rir da sua expressão.

— Do que Hiroshi estava falando? — ele perguntou mudando de assunto e parecia empolgada.

— Nada. É só uma questão chata — tentei a convencer e ela apoiou a cabeça no sofá como se estivesse assentindo que não era algo para ela se meter.

Isso só foi o começo de uma grande confusão...”

 

Capítulos
1 1 – PRIMERO ENCONTRO
2 2 – SEGURANDO PELA PRIMEIRA VEZ
3 3 – MEMÓRIAS ESQUECIDAS
4 4 - PRESTE ATENÇÃO
5 5 – DISCUSSÃO
6 6 – UMA LUTA SOBRE A LUZ BRANCA E AZUL
7 7 – CONFIRMAÇÃO
8 8 – DIA CHUVOSO – parte 1
9 8 – DIA CHUVOSO – parte 2
10 9 – ANÉIS
11 10 – FESTA – parte 1
12 10 – FESTA – parte 2
13 11 – DESABAFO
14 12 – VERDADE
15 13 – MESES DEPOIS – parte 1
16 13 – MESES DEPOIS – parte 2
17 14 – SOLIDÃO – parte 1
18 14 – SOLIDÃO – parte 2
19 SEGUNDA PARTE
20 15 – PRIMEIRO DIA – parte 1
21 15 – PRIMEIRO DIA – parte 2
22 16 – SONO – parte 1
23 16 – SONO – parte 2
24 17 – DIÁRIO – parte 1
25 17 – DIÁRIO – parte 2
26 18 – PREJUÍZO – parte 1
27 18 – PREJUÍZO – parte 1
28 19 – FAMÍLIA – parte 1
29 19 – FAMÍLIA – parte 2
30 20 – QUEDA – parte 1
31 20 – QUEDA – parte 2
32 21 – DESLIZE – parte 1
33 21 – DESLIZE – parte 2
34 21 – DESLIZE – parte 3
35 22 – TÃO VICIANTE – parte 1
36 22 – TÃO VICIANTE – parte 2
37 22 – TÃO VICIANTE – parte 3
38 23 – FOLGA — parte 1
39 23 – FOLGA – parte 2
40 CAPÍTULO 24 – DESCONHECIDO – parte 1
41 CAPÍTULO 24 – DESCONHECIDO – parte 2
42 CAPÍTULO 25 – MISTÉRIO – parte 1
43 CAPÍTULO 25 – MISTÉRIO – parte 2
44 CAPÍTULO 25 – MISTÉRIO – parte 3
45 CAPÍTULO 26 – PERDÃO (許し) – parte 1
46 CAPÍTULO 26 – PERDÃO (許し) – parte 2
47 CAPÍTULO 26 – PERDÃO (許し) – parte 3
48 EPÍLOGO
Capítulos

Atualizado até capítulo 48

1
1 – PRIMERO ENCONTRO
2
2 – SEGURANDO PELA PRIMEIRA VEZ
3
3 – MEMÓRIAS ESQUECIDAS
4
4 - PRESTE ATENÇÃO
5
5 – DISCUSSÃO
6
6 – UMA LUTA SOBRE A LUZ BRANCA E AZUL
7
7 – CONFIRMAÇÃO
8
8 – DIA CHUVOSO – parte 1
9
8 – DIA CHUVOSO – parte 2
10
9 – ANÉIS
11
10 – FESTA – parte 1
12
10 – FESTA – parte 2
13
11 – DESABAFO
14
12 – VERDADE
15
13 – MESES DEPOIS – parte 1
16
13 – MESES DEPOIS – parte 2
17
14 – SOLIDÃO – parte 1
18
14 – SOLIDÃO – parte 2
19
SEGUNDA PARTE
20
15 – PRIMEIRO DIA – parte 1
21
15 – PRIMEIRO DIA – parte 2
22
16 – SONO – parte 1
23
16 – SONO – parte 2
24
17 – DIÁRIO – parte 1
25
17 – DIÁRIO – parte 2
26
18 – PREJUÍZO – parte 1
27
18 – PREJUÍZO – parte 1
28
19 – FAMÍLIA – parte 1
29
19 – FAMÍLIA – parte 2
30
20 – QUEDA – parte 1
31
20 – QUEDA – parte 2
32
21 – DESLIZE – parte 1
33
21 – DESLIZE – parte 2
34
21 – DESLIZE – parte 3
35
22 – TÃO VICIANTE – parte 1
36
22 – TÃO VICIANTE – parte 2
37
22 – TÃO VICIANTE – parte 3
38
23 – FOLGA — parte 1
39
23 – FOLGA – parte 2
40
CAPÍTULO 24 – DESCONHECIDO – parte 1
41
CAPÍTULO 24 – DESCONHECIDO – parte 2
42
CAPÍTULO 25 – MISTÉRIO – parte 1
43
CAPÍTULO 25 – MISTÉRIO – parte 2
44
CAPÍTULO 25 – MISTÉRIO – parte 3
45
CAPÍTULO 26 – PERDÃO (許し) – parte 1
46
CAPÍTULO 26 – PERDÃO (許し) – parte 2
47
CAPÍTULO 26 – PERDÃO (許し) – parte 3
48
EPÍLOGO

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