14 – SOLIDÃO – parte 1

^^^20:00 PM, 30 DE JULHO, TOKYO, JAPÃO^^^

...UM ANO E TRÊS MESES ATRÁS...

“Ela apenas desejava todos os dias oxidar todas as lembranças dele…”

Depois de Fuyuki nascer Aimi decidiu voltar a morar com seus pais, no interior. Ficar no mesmo distrito de Touma não a ajudaria a manter seu segredo trancado, no entanto, passaria pela dor de cabeça de contar a sua mãe que estava casada com um cara – esperando seu filho –, mas que preferiu esconder devido à algumas condições. 

Aimi tinha idade o suficiente para saber cuidar de uma criança e ser mãe, porém, seu pai e sua mãe ficaram indignados por ela tentar sustentar uma criança sozinha; sendo que, o marido tinha mais que condições. Contudo, a mais nova não ficou triste, apenas sorriu de canto, alcançando o cartão negro com a criança no braço fazendo sua letras douradas cintilarem na luz da lâmpada. Demonstrando que não havia sido tão burra. 

Seu pai se limitou a continuar a tomar seu chá calado – era um homem beirando na casa dos cinquenta, com fios divergindo entre o preto e branco – enquanto sua mãe se levantou abraçando a filha com força. Lamentando a situação de Aimi próximo ao seu ouvido. 

Aimi desaprovou sua atitude. Ela não necessitava daquilo. Sabia o que tinha feito, mas, depois de tudo ela ainda queria voltar atrás – desse modo Touma não teria perdido o nascimento do seu filho ou o crescimento. A mulher queria somente que alguém lhe dissesse que o que havia feito era o correto – que não estava roubando nada do seu filho, privado da presença do pai. 

Que Touma estava melhor sem outra responsabilidade. Uma que ele não se recordava. 

— Mãe, o nome do meu filho é Fuyuki — Aimi revelou, e sua mãe afastou-se para observar a criança dormindo tranquilamente no ombro da progenitora. — Ele não é um erro. Longe disso. Fuyu-chan é tudo para mim, por isso peço, não o trate como se fosse algo nocivo. 

Aimi disse séria, encarando no mais fundo dos olhos da mãe – a mais velha teve certeza que sua filha estava decidida. O garoto, mal havia nascido e ela já o estava protegendo de tudo – sentindo-se orgulhosa da sua filha, a mulher se aproximou e pegou Fuyuki com cuidado. 

— Que criança linda — a mulher lançou um sorriso terno —, espero que seu o idiota do seu pai nunca sonhe sua existência. Ele não te merece — completou com rancor, arrancando um riso fraco de Aimi.

Pouco tempo depois Aimi conseguiu um emprego na loja de conveniência 24h e com o auxílio da mãe, arranjou um emprego numa barraca de fruta – seus dias iam e vinha de forma leviana – a montanha-russa que era sua vida estagnou. A cada dia que passava Aimi subjugava as emoções de tristeza e nostalgia que brotavam em seu peito. 

Não era certo ter saudades de bater nas pessoas ou ao contrário, sendo que agora ela tinha uma criança para se preocupar.  

Numa noite sombria, saindo de perto do berço de Fuyuki, ela pegou o celular e depois de muitas incertezas e o polegar mantido no mesmo número, ela telefonou para seu melhor amigo – no momento que ele disse um simples "alô" despreocupado, lágrimas caíram da face de Aimi – nossa, como ela estava precisando do seu velho amigo para contar tudo. Rir de coisas aleatórias. Contar suas vitórias. 

Revelando alguns detalhes importantes para seu amigo, Aimi sentiu o peso que levava no coração diminuir. Tudo estava perfeito naquela noite. A mulher estava encostada numa das vigas da casa tradicional – admirando as estrelas e deixando o vento ser sua pior companhia no inverno – rindo como uma adolescente. 

— Posso opinar sobre sua decisão, onee-chan? — Aruka perguntou no outro lado da linha, porém, continuou sem esperar a resposta da mulher. — Você fez a coisa certa e Touma é um merda. Seu filho não precisa de um pai que fica com uma garota e não se lembra depois. — Aimi conseguiu imaginar a careta dele do outro lado da linha.

— Estávamos bêbados, Aruka — Aimi riu com leveza —, claro que ele não iria lembrar. O homem é tão cabeça que acreditou nas vezes que eu disse que ele havia perdido. 

— Continuo defendendo você e xingando o Satã — o homem respondeu não se importando com a história.

— Mas eu não consigo odiá-lo — Aimi confessou dando de ombros, apertando com mais força o celular e comprimindo os lábios — Minha vida seria mais fácil se eu o odiasse o suficiente para matá-lo. Como eu fiz com aquele idiota.

Aruka estremeceu com a confissão da melhor amiga. Ficou feliz em descobrir que ela continuava a mesma depois de tudo – a mesma leoa feroz e a louca do bastão de ferro – que ficava na surdinas de Tokyo e que o nome era famoso por várias gangues. 

— Nunca mais cogite essa ideia, Aimi. Se não irá conseguir matá-lo. Estará apenas abrindo a porta para o nerd baixinho descobrir sobre Fuyuki — Aruka aconselhou e Aimi suspirou. 

— Você pode me prometer uma coisa? — Aimi perguntou antes de dar sossego para seu amigo. — Depois que eu morrer, eu quero que diga à Touma: “A noite das bebidas ainda é minha preferida, seu amnésia dos infernos”.

— E se ele morrer primeiro?

— Eu mesma irei no funeral para gritar com o cadáver dele. 

— É realmente seu estilo.

— Até mais, onii-san — ela se despediu e o homem retribuiu. 

*Meses mais tarde, Aimi se esforçou tanto nos seus trabalhos que acabou ficando doente – seu corpo ardia, sua cabeça girava e não se sentia com ânimo para fazer qualquer coisa – e todos entenderam. Sua mãe, seu pai, seus chefes.

Aproveitando cada segundo com apenas com o som da sua respiração acelerada, Aimi abriu os olhos quando escutou Fuyuki chorando – girando a cabeça para o lado, enxergou o berço próximo de si, mas sua visão estava turva –, porém nada daquilo estava importando. Deveria cuidar do filho.

Ele era prioridade. Ele era seu tudo. Ele era a única coisa que mantinha pisando firme no chão.

Pressionando as mãos contra o futon, Aimi conseguiu se levantar e caminhar em passos vagarosos até a criança. Acabando o desafio de chegar, ela observou a criança com uma roupa de gatinho preto, e sorriu.

— Shh… eu estou aqui, Fuyu-chan — Aimi agarrou a mãozinha do filho e ele parou de chorar, logo sorrindo. — Como você é travesso. Só queria chamar atenção?

Passando alguns minutos brincando com a criança, sua mãe abriu a porta do cômodo inesperadamente e arregalou os olhos quando viu a filha levantada. Quando tentou a convencer a deitar-se, ela recusou, tirando Fuyuki do berço e o levando aos braços.

— Eu… devo cuidar dele… — Aimi disse ofegante e pressionando a criança mais forte contra o peito. — Eu tenho que ser uma boa mãe, porque… ele nunca conhecerá o pai!

^^^Continua*...^^^

Capítulos
1 1 – PRIMERO ENCONTRO
2 2 – SEGURANDO PELA PRIMEIRA VEZ
3 3 – MEMÓRIAS ESQUECIDAS
4 4 - PRESTE ATENÇÃO
5 5 – DISCUSSÃO
6 6 – UMA LUTA SOBRE A LUZ BRANCA E AZUL
7 7 – CONFIRMAÇÃO
8 8 – DIA CHUVOSO – parte 1
9 8 – DIA CHUVOSO – parte 2
10 9 – ANÉIS
11 10 – FESTA – parte 1
12 10 – FESTA – parte 2
13 11 – DESABAFO
14 12 – VERDADE
15 13 – MESES DEPOIS – parte 1
16 13 – MESES DEPOIS – parte 2
17 14 – SOLIDÃO – parte 1
18 14 – SOLIDÃO – parte 2
19 SEGUNDA PARTE
20 15 – PRIMEIRO DIA – parte 1
21 15 – PRIMEIRO DIA – parte 2
22 16 – SONO – parte 1
23 16 – SONO – parte 2
24 17 – DIÁRIO – parte 1
25 17 – DIÁRIO – parte 2
26 18 – PREJUÍZO – parte 1
27 18 – PREJUÍZO – parte 1
28 19 – FAMÍLIA – parte 1
29 19 – FAMÍLIA – parte 2
30 20 – QUEDA – parte 1
31 20 – QUEDA – parte 2
32 21 – DESLIZE – parte 1
33 21 – DESLIZE – parte 2
34 21 – DESLIZE – parte 3
35 22 – TÃO VICIANTE – parte 1
36 22 – TÃO VICIANTE – parte 2
37 22 – TÃO VICIANTE – parte 3
38 23 – FOLGA — parte 1
39 23 – FOLGA – parte 2
40 CAPÍTULO 24 – DESCONHECIDO – parte 1
41 CAPÍTULO 24 – DESCONHECIDO – parte 2
42 CAPÍTULO 25 – MISTÉRIO – parte 1
43 CAPÍTULO 25 – MISTÉRIO – parte 2
44 CAPÍTULO 25 – MISTÉRIO – parte 3
45 CAPÍTULO 26 – PERDÃO (許し) – parte 1
46 CAPÍTULO 26 – PERDÃO (許し) – parte 2
47 CAPÍTULO 26 – PERDÃO (許し) – parte 3
48 EPÍLOGO
Capítulos

Atualizado até capítulo 48

1
1 – PRIMERO ENCONTRO
2
2 – SEGURANDO PELA PRIMEIRA VEZ
3
3 – MEMÓRIAS ESQUECIDAS
4
4 - PRESTE ATENÇÃO
5
5 – DISCUSSÃO
6
6 – UMA LUTA SOBRE A LUZ BRANCA E AZUL
7
7 – CONFIRMAÇÃO
8
8 – DIA CHUVOSO – parte 1
9
8 – DIA CHUVOSO – parte 2
10
9 – ANÉIS
11
10 – FESTA – parte 1
12
10 – FESTA – parte 2
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11 – DESABAFO
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13 – MESES DEPOIS – parte 1
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SEGUNDA PARTE
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15 – PRIMEIRO DIA – parte 2
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17 – DIÁRIO – parte 2
26
18 – PREJUÍZO – parte 1
27
18 – PREJUÍZO – parte 1
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19 – FAMÍLIA – parte 1
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19 – FAMÍLIA – parte 2
30
20 – QUEDA – parte 1
31
20 – QUEDA – parte 2
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21 – DESLIZE – parte 1
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21 – DESLIZE – parte 2
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21 – DESLIZE – parte 3
35
22 – TÃO VICIANTE – parte 1
36
22 – TÃO VICIANTE – parte 2
37
22 – TÃO VICIANTE – parte 3
38
23 – FOLGA — parte 1
39
23 – FOLGA – parte 2
40
CAPÍTULO 24 – DESCONHECIDO – parte 1
41
CAPÍTULO 24 – DESCONHECIDO – parte 2
42
CAPÍTULO 25 – MISTÉRIO – parte 1
43
CAPÍTULO 25 – MISTÉRIO – parte 2
44
CAPÍTULO 25 – MISTÉRIO – parte 3
45
CAPÍTULO 26 – PERDÃO (許し) – parte 1
46
CAPÍTULO 26 – PERDÃO (許し) – parte 2
47
CAPÍTULO 26 – PERDÃO (許し) – parte 3
48
EPÍLOGO

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