...EM UM BAR...
Após ligar para seu amigo Aruka, Hiroshi dirigiu até o seu bar – era um bar subterrâneo, que só depois de descer um pequeno lance de escadas poderia encontrar a entrada. Apesar da placa ficar encostada na parede lá em cima – ao girar a maçaneta da porta com sinos e um laço vermelho, viu seu amigo cochilando no balcão.
— Você tem sorte que é dono desse lugar, Aruka — Hiroshi comentou se acomodando no banco alto, porém foi ignorado. Seu amigo persistia em dormir. Ofendido pelo inconveniente, Hiroshi deu um peteleco na testa do amigo.
— Eu te odeio, Hiroshi — Aruka disse com olhos fechados e cenho franzido.
— Todos sabem que você me ama, Aruka-senpai — Hiroshi sorriu, e bateu no balcão. — Eu quero uma bebida! — agora ele balançou o homem pelo ombro. — Ei, você está ouvindo? Uma.bebida.!
Ele disse pausadamente próximo ao rosto do homem, e o dono levantou a cabeça no mesmo instante, fazendo que os olhos deles se encontrassem. No entanto, nenhum dos dois dava importância. Hiroshi lançou um sorriso sarcástico de canto.
— Você é um saco — Aruka disse abandonando os braços do balcão, pegando um copo de vidro, colocando um gelo circular e depositando na frente de Hiroshi. Dando de costas, ele agarrou uma garrafa de uísque, puxando a tampa da garrafa com os dentes, em seguida, derramando no recipiente.
— Espero que essa forma rude de tratar os clientes seja só comigo — Hiroshi agarrou o copo e tomou um pequeno gole da bebida, sentindo sua garganta quente no frio de cinco graus negativos.
— Sim, é só com você — o homem admitiu apoiando o cotovelo no balcão.
Voltando a sua visão para frente, Hiroshi, olha as feições do dono – seus olhos negros, o cabelo preto com uma tonalidade roxa escura – e duas pequenas argolas na sobrancelha esquerda.
— Você sabia, não é mesmo? — Hiroshi iniciou aleatório, fazendo Aruka se perder na conversa, porém, o assunto mais falado era Aimi e Touma.
— Oh, sim — o moreno começou preguiçoso, espreitando o olhar —, mais ou menos. Aimi nunca foi de se apoiar em ninguém. Você veio para falar sobre isso? O passado? Não acho uma pauta muito interessante.
— Mentiroso — Hiroshi acusou se inclinado na mesa. Não estava bêbado, mas estava se comportando como um. — Aimi era sua queridinha e ela também te amava como amigo. Vocês são quase irmãos. Você sabia sim onde ela estava!
— Não me culpe por seu melhor amigo se comportar como um imaturo. Touma tem plena consciência dos atos dele e mesmo assim ele faz — Aruka virou outra vez a garrafa no copo de Hiroshi. A noite era longa e ele queria vê-lo embriagado nas sensações nostálgicas.
— Eu sei o que você está fazendo — Hiroshi segurou o copo, mas não virou-o. — Sei que Touma não é o melhor amante, mas sei lá. Acredito que ela deveria ter dado a oportunidade.
Hiroshi tombou levemente a cabeça de lado, quase encostando o copo em sua bochecha, no mesmo segundo o gelo mexeu, fazendo um pequeno barulho.
— Você está se lamentando por Touma ter deixado ela escapar? — Aruka voltou a se sentar na sua cadeira, esboçando um sorriso de canto. — Até o inferno sabe que ele deveria ter ido atrás dela. Aimi era flexível com todos, menos com Touma.
— Mas… — Hiroshi endireitou a postura.
— Não tente discordar. Você é péssimo nisso.
Aruka interrompeu, fazendo o único cliente fechar a cara. Entretanto, ele não conseguiu fazer sua expressão pendurar por muito tempo.
— Cadê seus brincos de flocos de neve? Você não era o representante das datas festivas? — Hiroshi brincou, virando o copo com rapidez.
— Eu os dei para a Aimi. Ela disse que gostava e eu entreguei.
— Isso…
— Eu sei. Eu disse que ela era apaixonada no cara. Se não fosse, não teria dado à luz a criança.
— Não? — o secretário, agora um simples homem necessitando de uma bebida, encheu o próprio copo.
— Eu conhecia Aimi, como eu conheço esse lugar, Damashi — deu ênfase do codinome, fazendo a bebida de Hiroshi descer amarga — Minha garota não gostava muito da ideia de ter filhos. Principalmente, porque ela não tinha muitas condições — ele fez o sinal do dinheiro com os dedos.
Hiroshi se limitou a assentir com a cabeça, distraído nos anéis e pulseiras do moreno punk. Ele havia colocado mais e algumas delas, Hiroshi reconheceu uma de prata, com um desenho de caveira – era de Aimi.
— Como se sentiu ao receber a notícia da morte dela? — Hiroshi estava sendo inservível, mas, na face do homem à sua frente, um sorriso fino apareceu.
— Não é fácil engolir o fato da sua irmãzinha ter morrido — ele cobriu a pulseira de Aimi, recordando-se de quando ela havia dado —, eu fui no seu funeral. O filho dela, mesmo sendo novo, sabia quem estava no caixão. Já presenciei muitas coisas, mas aquela me fez chorar internamente.
O clima pesou de forma inesperada, fazendo Hiroshi se sentir culpado por ter despertado sensações ruins no seu melhor amigo – ou quase isso –, a relação deles tinha mais camadas que aquilo.
Um limite muito mais longo do que com Touma.
— Não fique com esse olhar — Hiroshi se levantou, empurrando a cadeira e alcançando a corrente de Aruka – roçando de propósito os dedos na sua pele. O barman observou atentamente.
— Isso me lembra que estamos devendo um beijo um ao outro — Aruka relembrou, fazendo Hiroshi arregalar os olhos e se afastando.
Um pigarreou cobriu o bar vazio.
— Pensei que havíamos combinado esquecer esse assunto — Hiroshi disse sério.
— Você que começou — o mais velho levantou as mãos em rendimento, divertido. Hiroshi gostava de como o homem conseguia deixar o ambiente entre eles em equilíbrio – nenhum dos dois se cobravam e tudo fluía.
— Ah, Aruka! Feliz véspera de natal! — Hiroshi abriu um largo sorriso, antes de o homem voltar a dormir.
— Feliz véspera de natal, Kohai.
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Atualizado até capítulo 48
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