...Boa leitura!!...
O suor escorria da sua testa e respirar se tornou doloroso depois de soltar aquelas palavras – era por causa da febre que estava começando a falar besteiras? –, ela queria descobrir porque seu corpo começou a ficar mais pesado depois de ver a imagem quebrada de Touma.
Sem perceber seus olhos arderam com a existência de lágrimas e sua garganta doía por segurar o grito.
— Aimi, querida, figura paterna nem sempre é útil na vida de nossos filhos — sua mãe foi até ela, preocupada. — Porque podemos ser os dois.
A mulher conseguiu com êxito tirar o menino dos braços da mãe e colocá-la para descansar – deixou um pano úmido na sua testa, um remédio e um copo d'água caso ela sentisse sede – e saiu do quarto, deixando-a sozinha com os pensamentos.
— Que bosta — ela lamentou encarando o teto de madeira— Por que infernos você não sai da minha cabeça, seu infeliz?
Ela fechou os olhos procurando conforto na ausência de consciência, porém, a primeira coisa que surgiu na sua mente foi de quando havia ficado doente. Seu marido ao seu lado, cuidando dela, sendo atencioso – uma versão dele que raramente despertava –, sem o seu sorriso debochado ou palavras ácidas.
Apenas preocupação e zelo.
Mordendo o lábio inferior, Aimi admitiu pela a primeira vez que se sentia sozinha sem Touma ao seu lado. Era difícil ficar sem ele, por isso, estava se agarrando com todas as forças a Fuyuki. O garoto fez as saudades serem insignificantes.
Que tragédia. Sua mente não conseguia parar de despertar emoções intensas ao lembrar de Touma.
“Fique bem logo. Estou com saudades da minha parceira de jogos.”
— Era o que faltava — Aimi cobriu a visão com seu braço, escondendo as lágrimas —, eu estou realmente delirando.
Enquanto Aimi estava em seu leito, doente, Touma tentava encontrar a cura da sua na varanda de sua casa – seu cabelo ondulado estava mais desarrumado que o normal, os arredores dos seus olhos estavam pretos e os lábios quebradiços –, vestindo uma camisa de manga comprida preta e calças cinzas, e deixando seus pés esfriarem no gelo da noite. Um pouco mais e eles estariam próximos de estarem mortos.
Observando a cidade do alto, Touma gostava de sustentar seu estado débil – sim, ele estava louco, mas e daí? Não são as palavras vazias de alguém que o faria mudar ou trazê-la até ele –, na verdade, ele poderia ir buscá-la. Ela usava seu cartão, poderia descobrir seu paradeiro em segundos, porém a ideia era desagradável. Era como se estivesse prendendo-a com ele.
Ele não esperava obrigação, ele deseja livre arbítrio. Queria que ela voltasse com os próprios pés.
Uma atitude arrogante? Ah, demais. Talvez, Touma respirasse sempre aquele comportamento, porém, estava começando a sufocar. Aimi deve ter fugido disso.
Concluindo o pensamento, ele bebeu o resto do frasco de vinho, mas ainda se mantinha sã. Maldita sanidade que estava o assombrando. E ele acreditou que havia passado a vida inteira como um louco – pura enganação. Depois de experimentar a dor de ser largado por quem apreciou, ele entendeu que a sanidade toma mais força.
— Olha onde está meu alcoólatra — a voz de Hiroshi alcançou os ouvidos de Touma e o CEO massageou os olhos, soltando um palavrão. — Isso está passando dos limites, Touma!
— Estou cansado para discutir com você agora, Hiroshi — Touma não moveu um centímetro do lugar.
— Então eu devo voltar como você estiver sóbrio? — Hiroshi perguntou elevando a voz ácido. — Ah, é mesmo! Você sempre está, mas fica fugindo com a droga do rabo entre as pernas!
— Cala a boca — Touma ameaçou virando meio-corpo para o melhor amigo e estreitando os olhos. — Eu estou fazendo meu trabalho, o que você mais quer? Eu sigo normalmente com a minha rotina, e não estou incomodando ninguém!
— Não é me afugentando e olhar para o nada que as coisas irão melhorar — Hiroshi balbuciou ficando cabisbaixo, porém, logo fitou Touma furioso e deu às costas, erguendo o dedo do meio. — Deveria ao menos mandar uma mensagem para ela, seu idiota egoísta!
Hiroshi foi embora batendo a porta o mais forte que ele conseguiu e Touma desgostoso pegou o celular que estava largado no sofá – o encarou e chamou-se estúpido por ter o número dela, mas nunca ter tomado a iniciativa – foi em seu contato, e digitou uma simples mensagem.
Sem saudação, sem a pontuação necessária, pois seus dedos tremiam enquanto digitava – fora a coisa mais difícil que ele tinha feito na vida – digitou com um único pensamento. Que ela a rejeitaria outra vez.
Quando alcançou o enviar, dois traços surgiram de enviada apareceu e instantes depois havia ficado azul – seu coração acelerou e começou a suar frio – e sua cabeça doer, após dois pontos começarem a surgir.
Naquele momento, ele havia percebido que não estava pronto para ler alguma mensagem sua, porém, permaneceu com os olhos vidrados da tela, até as palavras escritas por ela surgirem.
Touma gelou ao ler a mensagem e apagou a conversa depois do choque, voltando à varanda e relembrando da pequena troca de palavras deles.
^^^“Touma: Eu ainda estou esperando por você.^^^
^^^Aimi: Ainda que se passem mil anos, você estará esperando. Apenas faça de conta que eu morri.”^^^
Touma estava calmo na varanda, olhando para o nada, no entanto, sua expressão vacilou e ele cobriu a boca com a mão esquerda com força – se engasgando com o choro – foi a segunda vez que Fudou derramou lágrimas por Aimi.
...FIM DA PRIMEIRA PARTE...
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Atualizado até capítulo 48
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