Transformada Em Fúria
Quando a cabeça começa a pensar, porque o corpo está padecendo, a dor até fica suportável, mas quando o corpo é tão massacrado, a mente recebe agressões com palavras afrontosas, sem conseguir compreender o significado e sentido do ataque, a alma se quebra, o coração se aperta e o inimaginável, acontece.
Sozinha, com frio, fome e dor por ter sido agredida, só dois sentimentos prevalecem: ódio e revolta. Dois sentimentos que concedem força de sobrevivência, onde não há força para mais nada. Algo corrói a alma, pela incapacidade de lutar contra o que a agoniza e a desesperança de não saber como escapar. Não há solução, só resistir, aguentar, até o milagre acontecer.
Mais uma vez ele a arrastou pelos cabelos, colocou para dormir na casinha do cachorro e sem comer, depois de lhe dar uma surra de toalha molhada, para não deixar marcas. Estava crescendo sem conseguir se livrar dessa vida e só não tinha sofrido o que considerava pior, nesta noite, porque está "imunda", como ele dizia.
Trovões bombavam estrondosos e relâmpagos, um atrás do outro, riscavam o céu. O cachorro a empurrou, para poder ficar mais à vontade e ela terminou por sair da proteção daquele lugar e se postar em uma poça de lama, formada logo que a chuva começou a cair. Ela viu uma luz e vislumbrou a porta do fundo da casa, abrir e alguém correu até ela.
— Vou te soltar, June, vá embora, fuja para a floresta, mas não apareça nunca mais, nem aqui, nem na cidade. Vá, filha e me perdoe.
A mulher, que apesar da aparência desgastada, ainda era nova, pois teve sua primeira filha, aos quatorze anos, levantou o corpo enlameado de sua filha mais velha, esfregou mais lama para disfarçá-la e a ajudou a pular o muro, já que o portão estava trancado. Voltou para dentro, sem olhar para trás. Se tivesse olhado, teria visto um carro fino, atropelar a pequena e um homem grande colocá-la no carro, seguindo para a floresta.
O milagre que June esperava, chegou. Não foi exatamente como ela imaginou, mas no momento, ela estava no mundo do esquecimento, a humilhação e a dor, não faziam mais parte de seu momento atual, só o alívio do nada.
— Traga ela para dentro, Kurt. Vou precisar lavá-la antes de ver seus ferimentos, está que é pura lama.
— Sim, doutor Malek.
Kurt pegou a garota e só sabia que era uma fêmea, por causa dos pequenos pontos duros que eram seus mamilos, no centro do pequeno monte que eram seus seios. Levou-a para a mesa de biópsias e lavou-a com o chuveirinho, deixando escorrer a lama. Parou e cortou sua roupa, um vestido roto, tirando-o e voltando a lavá-la, não usava roupas íntimas.
— Então, Kurt, como ela está? — veio vê-la o doutor, já aparamentado.
— Parece ter as pernas, um braço e costelas, fraturados. Não dá para identificar se as costelas perfuraram algum órgão, mas o braço parece ter quebrado em dois lugares e as pernas, logo abaixo dos joelhos, se quebraram as duas.
O médico, Dr. Malik, observou a franzina garota e percebeu sua desnutrição e pelo sangue ralo, escorrendo entre suas coxas, estava menstruada e anêmica.
— O estado dela é bem precário, vamos ver pelo ultrassom, como está por dentro.
Puxou o aparelho preso ao teto, ligou e foi sobrepondo ao corpo, a uma certa distância e a imagem do interior, aparecia na tela.
— É, está muito grave, não sei se sobrevive e caso consiga, talvez não fique perfeita e levará muito tempo para cicatrizar tudo. As costelas perfuraram o pulmão e o baço, dará trabalho para consertar tudo isso.
— Também tenho a impressão, embora não tenha manchas muito fortes, que ela levou uma surra.
— É, caro Kurt, existem formas de se espancar uma pessoa, sem deixar marcas. Os humanos são capazes de inventar formas de tortura, inimagináveis.
— Posso saber o que está acontecendo aqui? — uma voz grave falou ao lado do doutor.
— Como sempre, muito silencioso, Don Ramon. Atropelamos essa pobre criatura na estrada. Mas seu estado é tão precário, que receio que não resistirá.
— O cheiro dela é diferente, seu sangue parece muito fraco, seu corpo debilitado e ainda não tem idade para uma transformação. — concluiu a voz grave.
— Talvez até tenha, mas parece bem mais jovem, devido aos maus tratos. Tem seios formados e está em seus dias de sangramento. O que o senhor decide.
— Trate o que for possível, se ela resistir até amanhã, eu tentarei transformá-la, para alívio de sua consciência, Malek, só por isso. Mas fique sabendo que ela será responsabilidade sua.
— Obrigado, Alfa.
— De nada, Malek, ela dará muito trabalho, me agradeça depois. — o Alfa saiu, estava bem arrumado, parecia ter um encontro.
— Vamos começar, Kurt. Primeiro, vamos drenar o sangue de seu pulmão e tórax, aproveitando que está nesta mesa. Depois a levaremos para a sala de cirurgia.
Passaram o restante da noite, trabalhando. A moribunda parecia querer muito, viver, pois resistiu bravamente às diversas cirurgias que precisou fazer. Lhe fizeram uma transfusão de sangue e anestesiaram.
Agora, estava com as duas pernas e o braço imobilizados. Um curativo grande, tampava o corte feito em seu peito, logo abaixo do seio, para consertar as costelas e os órgãos afetados por elas. De resto, só passaram um spray para dor muscular.
— Pronto, Kurt, agora é só esperar, fizemos tudo o que pudemos, vamos passar os cuidados para os dois que estão chegando e vamos para nosso merecido descanso.
— Sim doutor, o senhor fez um excelente trabalho, principalmente por ser uma humana.
— Fizemos, Kurt, fizemos e confesso que me senti gratificado em exercer esse tipo de medicina, novamente.
Deixaram a paciente no leito de um dos três quartos, da clínica bem equipada, da Alcateia Flor de Lótus, pois não havia necessidade de tantos leitos, já que ninguém ali ficava tão ferido ou doente. Naquele dia mesmo, o Alfa viria vê-la e analisar a situação, se ele encontrasse força de sobrevivência naquela criatura, a transformaria, mas se não achasse que valia a pena, deixaria por conta da sorte. Seria noite de lua cheia, perfeita para a transformação.
Naquele momento, no entanto, o Alfa estava engalfinhado em seus lençóis e no corpo de sua companheira, queria um filhote com urgência e a lua cheia, deixava sua espécie em frenesi sexual.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Joelma Oliveira
sábado, 09/11/24, 23:09.
2024-11-10
1
Angela Valentim Amv
Hummm está interessante , começando a ler dia 09/11/24 as 7:35
2024-11-09
0
Maria Helena Macedo e Silva
📖 👀😉
2024-10-26
0