Na noite seguinte, o doutor Malek e o jovem Kurt, foram averiguar o estado da jovem e constataram, por incrível que parecesse, que ela estava viva e resistindo bem. O Alfa também veio vê-la e não lhe agradou o estado dela, mas como estava resistindo bem, não a desperdiçou, mas também não a transformou, pois seu corpo não aguentaria passar pela dor da transformação.
Devido aos diversos ossos quebrados, a transformação poderia não restaurar os ossos corretamente e quebrar de tal forma que não houvesse concerto. Foi permitido que ela ficasse internada ali, até conseguir se virar sozinha e depois seria mandada embora. Assim, o doutor e Kurt, foram cuidando dela e ela resistiu bravamente.
Quando acordou, finalmente, contou que se chamava June e morava na Casa da Cruz, um conhecido prostíbulo, onde todas as mulheres que vendiam seus corpos, eram filhas do dono. Iniciavam sua labuta, ainda crianças e eram agredidas, caso não agradassem os clientes. June havia sido agredida só por ter tido seu primeiro sangramento e não poder mais servir aos clientes que a preferiam infértil.
— Pobre criança, quantos anos tem?
— 14. Sou a mais velha de minha mãe, mas não sou filha do meu pai, minha mãe disse, que ele a pegou na rua, já grávida e por isso tinha tanta raiva de mim. Minha mãe continua lá, por causa de minhas irmãs.
O médico ficou horrorizado ao ouvir a história e saber que haviam crianças naquela casa.
— Sua mãe não lhe falou nada sobre seu pai? — perguntou Kurt.
— Ela contou que foi como um sonho de fantasia e que meu pai era forte e pegou-a na floresta, quando ela fugia de casa, porque apanhava em casa. Depois de fazer o que fez, ele foi embora e ela ficou grávida, jogada na rua, sem casa e sem comida.
— É uma história muito triste e espero que você fique boa e consiga ter uma vida melhor. — disse o doutor.
— Descanse,enina e coma tudo que lhe dermos, assim seu corpo terá forças para se curar. — aconselhou Kurt.
Assim, os dias foram se passando e ela foi melhorando. As duas pernas, tinham ferros que ajudavam os ossos a ficarem no lugar, mas ela já conseguia mover as pernas sobre a cama, inclusive dobrar os joelhos. O Alfa foi visitá-la novamente e até gostou de vê-la bem, mas ordenou que ela fosse embora, assim que tirassem os ferros, ou ela serviria de pasto, para os homens sem fêmea.
O doutor Malek ficou preocupado com a situação da jovem e conjecturou secretamente, um meio de salvá-la de um destino tão cruel. Levaria ela para sua própria casa e de lá, viajariam, assim que ela estivesse bem de saúde, para a cidade onde moravam seus irmãos, que amariam cuidar de uma jovem tão sofrida.
— Doutor, quando o senhor acha que ela estará bem? — perguntou Kurt.
— Não demorará muito, jovem Kurt. Ela está se regenerando muito rápido, diria até que parece uma loba, mas não é, o que é uma pena.
— Já marcou uma data para tirar os ferros?
— Você está me parecendo mais ansioso do que a paciente, Kurt. Gostou dela?
— É só preocupação, doutor.
— É bom que seja, ela é humana e você encontrará sua companheira, não será justo para com ela, que já sofreu tanto nas mãos dos homens.
— Claro doutor, eu sei de tudo isso e só quero vê-la bem.
— Você é um jovem bom e talentoso, terá uma excelente carreira e um dia me substituirá. — O doutor Malek deu uma palma nas costas do rapaz e foi para sua casa, terminando seu turno, assim como Kurt.
Mas Kurt também queria ajudar a garota e preparou para ela, uma cabana pequena na floresta. Seria bom que ela tivesse onde ficar e não vagasse na rua como aconteceu com sua mãe. Sabia, através das fêmeas da Alcateia, como era difícil não ter um macho para protegê-las. Assim, se embrenhou na floresta para mais um dia de arrumação, faltava colocar a janela e a porta. Depois traria a cama com colchão e os utensílios.
O tempo de tirar os ferros finalmente chegou e June estava ansiosa. Ela havia se tornado uma menina alegre e saudável, bem diferente da que um dia foi trazida, toda ferida. O doutor Malik retirou os ferros e ajudou-a a ficar de pé e andar pelo quarto. Ela andou bem e ganhou roupas para se arrumar e no dia seguinte, sair, finalmente, do hospital.
— Esta será sua última noite aqui, mas não se preocupe, amanhã voltarei para buscá-la e a levarei para sua nova vida.
— Confesso que estou com um pouco de medo, doutor. Nunca vivi fora de casa.
— Entendo, criança, mas vou te ajudar, você vai aprender a viver uma nova vida.
— Obrigada, doutor, obrigada, Kurt.
— De nada, June, foi um prazer cuidar de você. — disse Kurt e se foi com o doutor.
Mas o rapaz não se distanciou, ficou esperando e quando viu que não havia ninguém pelas redondezas, pegou uma cadeira de rodas e entrou pelos fundos na clínica, seguindo até o quarto de June. A garota se espantou com a entrada dele no quarto, mas sorriu quando viu a cadeira de rodas, pensando que era uma brincadeira.
Ele pediu que ela vestisse a roupa que ganhou e depois sentasse na cadeira e foi empurrando até o lado de fora, saiu pela calçada cimentada e quando chegou a beirada da floresta, adentrou por um caminho de terra, que se transformou em uma trilha. Só então ele a tirou da cadeira, escondeu a cadeira no meio das folhagens e foram andando por um bom tempo até chegar a cabana.
— Esse será seu novo lar, June. Preparei tudo para você, com muito carinho.
— Você fez uma casa para mim, por quê? — falou ela, sorrindo, entusiasmada.
— É uma cabana simples, mas você ficará bem, aqui, cuidarei de você.
— Mas o doutor disse para eu esperar, que ele cuidaria de mim.
— O nosso líder não permitiu que você ficasse e o doutor a levará embora e te deixará na cidade sozinha. Não quero que vá e sofra, June.
— Mas o doutor…
— O doutor obedece ao líder.
Ele abriu a porta com uma chave e entrou primeiro. Acendeu um lampião e chamou-a para entrar e conhecer o que ele preparou para ela. Aos olhos dele, era ótimo, mas aos dela, era um lugar precário, escuro, no meio da floresta, onde podiam aparecer animais e não tinha segurança ou conforto. Sentou-se na cama e o colchão era tão fino, que sentia as ripas do estrado, mas não reclamou.
— Amanhã, quando clarear, você poderá sair e ver que tem um rio atrás da cabana e poderá se banhar. Tem tudo o que precisa, sabonete, shampoo, creme dental, escovas de dente e para o cabelo, toalhas e algumas roupas. Também tem comida.
— Tem como fazer a comida?
— Tem um fogareiro, mas depois te ensino a cozinhar lá fora, com carvão ou madeira.
Para Kurt era tudo simples e fácil, como em um acampamento, esqueceu que ela é uma mulher que nunca saiu de casa, principalmente para ir à floresta.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 61
Comments
Hellen Vitoria
tadinha
2025-01-03
1
Claudia Claudia
Espero que ela fique bem que consiga se restabelecer para sobreviver nesse mundo aonde sobrevive os mais fortes
2024-11-29
1
Angela Valentim Amv
Mas que coisa tomara que o Kurt não tenta fazer nenhum mal a ela .
2024-11-09
1