Rude chegou rápido à fronteira da Alcateia Flor de Lótus. Era muito ligeiro e passou fácil, com um salto, pelos guardas. Se aproximou do local onde os lobos costumavam acasalar e começou a farejar. Procurava o cheiro de seu pai, mas percebeu primeiro, o cheiro do doutor e não ligou, pois ia na direção da cabana da feiticeira, sorriu:
— Doutor, o senhor é um safadinho.
Foi seguindo em direção a cachoeira, onde sabia que seu pai gostava de ficar. Encontrou o resquício do cheiro dele e de sua companheira, mas haviam mais dois odores estranhos, um de lobo morto e outro de…
— Não pode ser, mas… — puxou o ar com mais força, tentando sentir melhor o aroma maravilhoso, que só podia ser de sua companheira.
Porém, o doutor também esteve ali, embora tenha tentado disfarçar o cheiro e se ele não estivesse tão empolgado para sentir o aroma de sua fêmea, não teria notado. Então, resolveu seguir a trilha do doutor até a cabana da feiticeira, já que era menos perigoso do que ir à clínica.
Ao se aproximar sentiu melhor o cheiro de sua companheira e ficou empolgado, porém percebeu que também havia uma trilha com o cheiro dela bem forte, saindo da casa e indo em outra direção. Resolveu arriscar e bateu na porta, várias vezes, mas ninguém atendeu.
Acontece que Rudy chegou no exato momento em que Merheia estava no platô, com a resgatada, e June, já havia saído correndo para a cidade, indo para casa de Rosa, onde pretendia planejar como entraria na casa de la Cruz. Rude não resistiu e foi atrás de sua companheira, não a conhecia, mas não a perderia, por nenhum outro assunto.
Rude entendeu onde ia dar o caminho feito pela fêmea e parou na mata próxima a casa, para observar. Ficou ali por muito tempo. Precisou caçar para se alimentar e tomou banho no chuveiro da piscina, tarde da noite, mas a espera valeu a pena. Ela saiu com Rosa para colher umas frutas no pomar.
— Ela é linda! — disse em voz alta, pois tinha voltado a forma humana para tomar banho e permaneceu assim.
— Sim, ela é linda e é minha filha. O que faz aqui, Rude?
Rude estava com atenção tão focada em sua fêmea, que se descuidou e não percebeu a chegada do doutor por trás dele. Virou só a cabeça para fitá-lo e responder:
— Vim atrás do cheiro de minha companheira — quase rosnou as palavras querendo dar a entender ao médico, que ele não se metesse no seu caminho.
— Então, ela é a sua companheira. É um orgulho para mim, mas um trabalho pra você. Ela teve uma infância muito difícil com a mãe.
— Não interessa, ela é minha e não serei como meu pai. Terei só uma fêmea e será ela.
— Quer entrar, te arranjo uma roupa.
— Não, quero que você me confirme uma coisa: houve alguma confusão na noite da lua de sangue?
— Sim. Houve a morte de um jovem recém transformado.
— No mesmo lugar do acasalamento dos Alfas…entendi tudo…estive no lugar e provavelmente esse filhote que a luna espera, é do jovem, que foi morto sem nem perceber.
— Exatamente. June percebeu um cheiro ruim…
— June? O nome dela é June?
— Sim. Os Alfas ou a Luna, não sabemos, viram ela no local e prenderam ela no calabouço, mas ela conseguiu fugir.
— Como? Aquele calabouço é inexpugnável.
— Merheia e eu ajudamos.
Na verdade, nem Malek sabia como ela tinha conseguido chegar até os andares superiores e para serem resgatadas pela feiticeira.
— Entendi, ela não viu mais ninguém lá?
— Preciso ir, se não quiser entrar e nem ser visto, se esconda, pois elas logo estarão atrás de mim.
Malek saiu andando e deixou o Alfa sozinho com seus pensamentos, pois ainda não era o momento para falar sobre sua mãe e estava preocupado com a June, pois ela parecia estar planejando alguma coisa para fazer e fazer sozinha. Voltou para casa e entrou, ajudando as duas com as cestas de frutas.
*
Quando June chegou a casa de Rose, foi uma festa e a mulher até chorou ao ver que ela estava bem. Em um instante, começou a preparar grandes almoços e quitutes para alimentá-la, pois achou que ela ainda estava muito magrinha.
Malek chegou do trabalho mais cedo e sentou com elas para conversar. June contou para os dois, as coisas que desconfiou e porquê foi atrás do cheiro ruim que sentiu e acabou sendo capturada pelo casal de Alfas.
— Você não deve contar isso para mais ninguém, filha. É muito perigoso lidar com o que não conhecemos.
— O senhor acha que a Luna é uma bruxa?
— Merheia diz que não, que ela é só uma lupina, mas deve estar aliada com alguma bruxa muito potente, capaz de enganar um alfa e uma Alcateia inteira.
— Então, o senhor acha que ela usou o jovem e depois disfarçou para o Alfa e ele matou o jovem.
— Talvez ele fosse o verdadeiro companheiro dela e ela deu um jeito de acasalar com ele, mais disfarçou para o alfa e ele para não deixar ninguém duvidar do filhote que ela poderia vir a ter, matou o rapaz, para não suscitar dúvidas.
— Isso tudo é muito ardiloso, não pensei que no mundo sobrenatural também existissem essas coisas, mas também, eu nem sabia que existia mundo sobrenatural.
Todos riram e Rosa tratou de mudar de assunto, pois estava ficando muito pesado, além de parecer uma bela de uma fofoca da vida alheia.
— Comprei um vestido lindo para você querida, essa noite vamos a uma festa do hospital onde Malek trabalha e queremos que vá conosco.
— Eu nunca fui a uma festa. — disse June, preocupada.
— Não fique ansiosa, querida. Estaremos o tempo todo com você e seu pai quer lhe exibir. Não vê como ele está todo orgulhoso de ter uma filha linda como você?
— Está bem, então.
June ficou pensativa, talvez aquela festa viesse bem a calhar para seus planos. Primeiro porque ela teria um álibi e depois, poderia descobrir se, na festa, teria algum dos homens que a tocaram na infância. Estava pronta, e se vingaria de todos, naquela noite, porém, seria na casa de La Cruz.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
daddi
ele deveria ter falado que achou a mãe do Rude.
2024-12-12
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Hellen Vitoria
hihi o sogrão chegou bem na hora kkkkk
2025-01-03
0
Rosangela Lelis Pedro
Não tem fotos deles...imagino ela uma criatura de aspecto frágil linda mas já sabemos o quanto é forte
2024-11-25
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