Capítulo 16. Bruxas

Seguindo pela estrada Rude aproveitou para conversar com June.

— Você sabe se sua mãe tem parentesco com bruxas?

— Não. Eu só sei que ela fugiu de casa, foi emprenhada por meu pai e casou com aquele traste do prostibulo e eu nasci lá. Não conheci a família de minha mãe.

— Sua mãe tinha algum dom ou poder, alguma coisa estranha?

— Não que eu lembre, às vezes seus olhos ficavam lilás, mas como são azuis, parecia efeito de luz, só isso.

— Sua mãe deve ser filha de bruxa e por isso você consegue manipular os elementos.

— Eu gostei de aprender bruxaria, mas por achar legal e querer me vingar, mas agora, é muita responsabilidade.

— Nós precisamos de bruxos nas Alcateias, pois somos muito atacados por usurpadores, como a fêmea que está com meu pai, se fazendo passar por sua companheira, graças a bruxarias. — No final, ele já estava exaltado.

— Foi o que Merheia falou, ficou espantada de eu ter conseguido tirar a fêmea da masmorra. A prisioneira estava enfeitiçada e Merheia levou-a para ser purificada.

— Ela deve ser a minha mãe, vou passar lá para confirmar.

— Tem certeza que quer ir lá agora, a resgatada estava péssima, não vai gostar de vê-la assim.

— Eu decido isso, é minha mãe, caxaxho!

June ficou calada, pois sua vontade era gritar com ele também. Ele dirigiu até o mais próximo possível da cabana da bruxa, parou o carto e tirou a roupa, ela vendo, tirou a sua também e os dois se transformaram. O lobo Alfa negro, ficou maravilhado com sua fêmea, com a cor igual a dele e olhos vermelhos flamejantes.

Correram pelo restante do caminho, no meio da mata e chegaram à cabana da feiticeira. Não precisaram bater à porta, Merheia saiu com dois roupões, que eles vestiram assim que voltaram à forma humana.

— Oi, que foi, por quê estão juntos?

— Somos companheiros, vim ver a resgatada — respondeu Rude, com pressa de saber de sua mãe.

— Calma Rude, entrem.

— Oi, Merheia, ele insistiu em vir, é meio descontrolado.

— É a mãe dele, June, tem direito de ficar ansioso.

— É mesmo a mãe dele?

— É mesmo a companheira dele? Já acasalaram? — perguntou Merheia puxando o roupão para ver o ombro.

— Paaara, não acasalamos.

— Onde ela está, feiticeira? — perguntou Rude, tendo percorrido toda a parte térrea da cabana.

— Lá em cima, no meu quarto, venha comigo. Mas você June, vá dormir, está parecendo exausta.

— Mas eu quero ver ela.

— Eles precisam de privacidade. Vá dormir.

June cruzou os braços e fechou a cara, olhando para ela.

— Você nem perguntou o que eu fiz, não quer saber.

Rude ficou aborrecido pela demora e foi até June, segurou seu braço e ordenou:

— Obedeça e pare de me atrapalhar, fêmea teimosa.

Ela rosnou e mordeu a mão dele que a largou. Ela marchou para o seu quarto, deixando-os sozinhos. Rude subiu com Merheia e entraram no quarto onde estava sua mãe. Ele esperava encontra-la péssima, mas era a mesma fêmea linda que conhecia.

— Mãe!

Ela se levantou da cama onde estava deitada e sorriu, feliz por vê-lo.

— Meu filho! —

Ela foi até ele e se abraçaram, tentando se consolar mutuamente, por todo o tempo que passaram separados. Ao se afastarem, lágrimas escorriam de seus olhos e a emoção era visível em suas expressões.

— Como ela conseguiu pegar você, mãe?

— Calma, querido, você precisa manter o controle. Foi seu pai, primeiro ela enfeitiçou ele na noite em que ele me levou para a festa de lua nova e ia me apresentar como sua Luna. Já estávamos acasalados, mas quando ela chegou na festa e tocou nele, então ele me rejeitou. Fui embora humilhada e ela ficou com ele, tive você e você sempre foi parecido com ele.

— Mas como te prenderam na masmorra?

— Fui atrás dele, tentando abrir seus olhos, mas ele me disse que era eu a intrusa, que estava mentindo e que você não era filho dele, pois eu não era sua companheira verdadeira. Então ela chegou e ele me levou para a masmorra e não sei o que ela fez, pois eu não conseguia me transformar ou fugir.

— Ela foi enfeitiçada de uma forma terrível, com magia de sangue. Haviam muitas teias envolvendo a loba e um véu invisível sobre o corpo, que impedia o Alfa de enxergá-la como sua luna. Foram horas desfazendo tudo, em outra dimensão. — contou Merheia.

— Precisamos desmascarar aquela maldita, como podemos fazer isso? — perguntou Rude.

— Será difícil, pois não sabemos quem é a bruxa de sangue que faz as bruxarias para ela — disse Merheia.

— Acho que June é descendente de bruxa, ela incendiou a casa onde estava sua família como se fosse natural.

— Como assim, ela fez fogo com as mãos e irradiou pela casa?

— Foi estranho, ela fez isso só em um lugar e depois o fogo a seguiu. Não a queimou, se mantinha distante,as queimava tudo conforme ia passando e quando ela saiu da casa, queimou tudo com imensas labaredas, como se tivesse vida.

— Ela matou alguém lá, digo, derramou sangue?

— Uns seis homens pelo que vi, parecia ter se lavado antes de sair, mas quando a levei para casa, notei sangue embaixo das unhas.

— Então você está certo, a mãe dela deve ser filha de bruxa, mas não herdou os poderes da mãe, mas June sim, herdou os poderes da avó ou avô.

— Ela deve morar po aqui.

— Se sim, consegue se ocultar muito bem, precisaremos perguntar a mãe de June.

— Infelizmente a mãe dela não está nada bem, foi muito maltratada e não tem sangue lupino.

— De qualquer forma,precisamos ir embora, a Luna não pode nos descobrir aqui, debe estar nos caçando. — disse a mãe de Rude, Catleia.

— Sim, vamos embora, consegue se transformar?

— Sim.

— Obrigado, feiticeira, é melhor irmos e vou levar June, também é perigoso ela ficar por aqui.

— Perdi minha aprendiz, não é mesmo,l mas depois que tudo isso se resolver, me traga ela, ainda tem muito pra aprender.

— Tudo bem, mas ela será minha Luna e também terá muito o que aprender por lá.